Sem muito o que assistir, procurei um filme de terror e optei por dar a chance pra esse, que nem tenta esconder o tema no título.
É um filme bom até, mas não difere tanto dos muitos produtos de zumbis que existem por ai, e nem traz grandes novidades, sem a menor possibilidade de "restaurar o fôlego" desse subgênero de terror.
Na prática, é quase um genérico de The Walking Dead, lidando com as mesmas premissas, mas com zumbis que gritam e correm.
Zumbis que Gritam
A única ideia do filme que me soou original foram os zumbis, numa versão que mistura os enraivecidos, como os vistos em "Quarentena", sua cópia de Hollywood "REC", ou "Extermínio (24 Years Later)", mas com um diferencial legal deles gritarem ao invés de rosnarem.
Faz até sentido, já que pessoas normalmente gritam, é a forma como ameaçamos uns aos outros, então em uma posição insana, seria muito mais lógico um monte de infectados berrando antes de devorar geral.
Isso atrapalha um pouco o suspense afinal, dificilmente alguém seria pego de surpresa por um zumbi berrador, mas o filme sabe lidar com isso colocando eles em um tipo de "repouso silencioso" quando estão sem ter o que comer ou atacar. Lembra um pouco "The Last of Us" e o repouso dos bichos estaladores.
De resto, mesmo de sempre, é gente canibal querendo pescoço alheio pra assim, aumentar o número de pessoas no grupinho de degustadores de gente.
O Princípio do Fim
Se passando em tempos pós pandemia, o longa aproveita esse tema tão recente de isolamento e investe muito tempo apenas nisso. Acompanhamos um cara, que vive o luto da recém falecida esposa, testemunhando uma nova praga que toma lentamente o mundo, e se espalha abruptamente em uma versão violenta e zumbificadora.
Daí, ele segue todas as ideias de qualquer aspirante a sobrevivente que já viu muito filme, e decide evitar multidões, e se preparar pro pior.
Quando tudo vira uma lambança, ele sai pro mundo pra buscar mais suprimentos, desbravando uma nova sociedade de sobreviventes.
É quase um Zumbilância, mas sem comédia, e tudo pende pro suspense, incluindo a situação atual do mundo.
Abusando de comparações, é a mesma premissa de "#Alive", com a incerteza sobre a situação mundial pela falta de comunicação, só que diferente de lá, o protagonista tem bastante eletricidade gerada por painéis solares, o que também não muda muita coisa.
Nessa hora percebi que meu grande plano de sobrevivente, de me isolar com uma casa de painéis solares, um poço, um pequeno lago e uma plantação de batata, iria terminar em desastre.
O Problema são as Pessoas
Como em toda obra de zumbi que se prese, as coisas já são ruins com os mortos vivos, mas pioram por conta dos vivos, sejam os que querem apenas lutar pela vida, ou os que querem tirar proveito.
E aqui não enrolam, já colocam o cara presenciando atrocidade de piratas no mar, e assistindo várias consequências das ações humanas, que em seu individualismo apenas pioraram o que já tava ruim.
E pra quem acredita que na hora do aperto geral vai se abraçar e ajudar, este filme retrata bem a natureza humana.
Por outro lado, no desfecho o protagonista tem até um pouco de sorte, já que encontra algumas pessoas que o ajudam a lutar, ou pelo menos motivam ele a isso.
O Gato
Ah, se tem algo que eu gostei foi o Gato, e aqui dão aula de como usar um personagem animal em situações de suspense. O protagonista tem um gatinho de estimação de nome feio, que ele cuida e leva pra todo canto, mas o gatinho não é mudo, como no caso daquele outro filme (Lugar Silencioso Dia 1);
Ele mia, ele pede comida, ele reclama, e isso cria situações tensas pro seu dono, que apesar de ama-lo muito, tem que se segurar pra não fazer besteira.
Mas felizmente nada tão pesado ocorre, ao menos não com ele.
As Crianças
Zumbis é terror, morte e horror, então quando há crianças em um filme do tipo, ou ele pega muito leve, ou pega muito pesado. Digamos que "Apocalipse Z" fica no meio termo, sem exagerar, mas aproveita a oportunidade pra impactar.
Há uma cena, de um bebê, que é bem tensa. Mas de resto ele apenas mostra como crianças podem ser complicadas de manter vivas num apocalipse.
Narrativa
De resto, é um filme que mostra apenas um dia comum, na vida de um cara que não tem mais o que fazer, além de tentar a sorte e encontrar a irmã que tá num "lugar seguro".
E na jornada de preparo para chegar até ela, ele conhece pessoas, como a vizinha fofoqueira do bairro (útil pra coletar suprimentos), ou o pirata ex-militar bilíngue, que acaba se tornando um aliado precioso.
Isso ele faz enquanto também luta com memórias do pior dia da vida, quando sua esposa se foi, e vivendo em meio a uma situação de morte alastrada, ele é forçado a se deparar com a realidade e erguer a cabeça, ou se entregar de vez.
Ele não é um salvador do mundo, nem é um especialista em áreas que se destacariam numa situação assim. É só um advogado e empresário, que tem seu gatinho, então não há tanta ação em torno dele. É bem diferente por exemplo do filme "Guerra Mundial Z", e o peso do protagonismo não é um manto de invisibilidade pras ameaças.
Curioso que, em uma última comparação, lembra o conceito de "Zom 100", em que a perspectiva de viver se altera quando não há mais tantas opções lá fora.
Encerramento
Um filme da Amazon, e feito na Espanha, que não se saiu nada mal. O uso de efeitos práticos é grande mas, aparece apenas a partir da segunda metade do longa.
Quase não se vê as multidões de zumbis e, os figurantes só correm e berram como todo bom zumbi berrador, e as vezes praticam um parcour.
Não há quase nada de horror, eu diria até que nem é bem um terror, tá muito mais pro lado do suspense e drama, mas no geral, compensa assistir pra matar o tempo.
Felizmente a moda de "Hollywood faz melhor" parece ter acabado com a ascensão dos streamings, se não provavelmente eles mandariam um novo The Walking Dead, se bem que, é praticamente a mesma história.
Só que nesse apocalipse, zumbis se propagam somente por mordidas e beijos, e adoram uma balbúrdia... então é só evitar carnaval e tá geral bem... fica a dica.
See yah!
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