CríticaMorte: The Flash - O Filme - Melhor Improvável

Como fazer um filme sobre paradoxos temporais e multiverso, que seja diferente de tudo que já inundou o universo do cinema de hoje? Bem, em meio a uma bagunça sem fim, a DC junto da Warner encontraram uma resposta pra isso, e transformaram em um filme.

É diferente de outras ideias, e só nisso ele já consegue ser um ótimo exemplar de originalidade.


O filme do Flash é engraçado, uma comédia heroica repleta de piadas, que se complementam inclusive com suas atuações e efeitos especiais, além de situações que não buscam elucidar a problemática atual dos filmes DC, mas sim favorece-los, com uma brecha para que continuem falhando e acertando, randomicamente.

Essa brecha é perfeita, pois ajusta o padrão de filmes em live-action da DC para algo mais "caótico", sem precisar trazer uma ordem para eles, diferente dos filmes da concorrente, que já se encontram tão misturados e interligados que mal da pra ver um, sem se sentir forçado a ver todo o resto.

Enfim, eu gostei dessa obra, e falarei tudo o que achei sobre ela a seguir.

Boa leitura.

Eu não queria assistir The Flash, pois estava cansado de filmes de heróis, e a balburdia feita pela DC junto à Warner em seus recentes lançamentos apenas desagradou mais do que tudo. É sempre um tiro no escuro, não tem como saber o que será bom ou o que não será: Mulher Maravilha foi ótimo, Mulher Maravilha 2 foi uma tragédia; Liga da Justiça foi ridículo, Liga da Justiça - Zack Snyder foi longo de mais, mas bem melhor; Esquadrão Suicida foi uma vergonha, já O Esquadrão Suicida foi uma obra prima que rendeu spin-off em forma de série chamada Pacificador, que também foi uma obra prima.


Vê onde eu quero chegar? Pois é, nem eu... mas deixa eu tentar explicar...

O universo que a DC construiu nunca foi idealizado para ser visto como algo conectado e amarradinho. 


Temos filmes individuais (que eles chamam de Elsword) que funcionam muito bem sozinhos, tipo O Coringa, ou O Batman. Mas também temos trilogias, como a do Cavaleiros das Trevas, ou sagas como do Super Man "Clássico". Até mesmo há séries de humor como aquela do Batman, e por ai vai.

Séries existem aos montes, a grande maioria criada por divisões secundárias da Warner e lançadas de qualquer jeito, como a própria do Flash. A principio ela era boa, e conforme continuou existindo ela foi se transformando em algo horrível que, por mais que tentasse consertar seus erros, pecava mais ainda e destruía mais ainda. O ápice dela foi quando reescreveu a realidade mesclando todas as séries de forma oficial (em Crise nas Infinitas Terras), e isso só prejudicou ainda mais o conjunto.


Então, depois de tanta confusão eis que vieram com a proposta de fazer mais um filme que mexeria com essa loucura e tentaria arruma-la. O Filme do Flash seria o famoso "Flashpoint", o momento em que o herói velocista viaja ao passado pra impedir a morte da mãe, e altera todo o universo, criando uma nova linha do tempo, dando origem a uma nova leva de realidades e histórias, sem jamais poder retornar ao que era antes, mas também sem desfaze-lo.


Essa solução foi usada nas obras originais DC, os quadrinhos, para dar mais liberdade aos roteiristas e ilustradores, permitindo que todo tipo de história fosse escrita, e todo tipo de traços fosse aceito, isso era o "Elsword", obras sem ligação com sagas pré-existentes, e nem mesmo a obrigação de tal.

Era o multiverso sim, mas não com uma cronologia obrigatória que apenas os fãs mais fervorosos poderiam entender. Era só uma bacia de macarrão (melhor analogia que já vi).


O filme do Flash serve como uma continuação, um recomeço e uma reestruturação de tudo que já foi criado no cinema. Isso é bom, não é perfeito como a ideia de mesclar tudo que a Sony teve em Aranhaverso, mas é uma boa alternativa pra lidar com tantos filmes soltos.

Tudo que existiu antes, permanece existindo, e tudo que virá, existirá dentro da bacia, mas o fato de tudo ser macarrão e se entrelaçar não significa que tudo seja um único fio de macarrão. São vários, jogados lá, temperados, e prontos pra degustação.


Pelos trailers, é fácil achar que o filme seria algo repleto de fanservice e referencias baratas, e foi exatamente isso que pensei, o que também evitou que eu me esforçasse para vê-lo.

Porém, mesmo tendo referências, elas são muito mais que isso, pois significam que o filme tem consciência de onde está mexendo.


Ele não brinca com o passado, anulando-o ou modificando-o só para tentar criar algo melhor depois, tipo a loucura que o filme do Homem Aranha - Sem Volta para Casa fez. Ele assume que os problemas existem, que a continuidade é impossível, e que qualquer mudança gera consequências drásticas em qualquer direção do tempo, por isso, apenas decidem não mudar nada.

E o mais curioso é que o filme ainda assim muda tudo. Ele termina dando um novo antigo rosto para o Batman (George Clooney), assim como também recria o conceito dos "Novos 51", dando carta branca para a Warner recontratar quem quiser, ou dar os papeis de seus heróis para novos atores.


Independente do que façam a seguir, os diretores, roteiristas e artistas em geral tem liberdade agora, para tratarem seus personagens como quiserem e acharem melhor. Não há mais nada que os prenda a uma contínua linha cânone de realidades conexas, pois em Flash aprendemos que isso é besteira.

Porque brigar por algo não fazer sentido junto a outro filme? Consequências ignoradas, continuidade esquecida, atuações ruins, efeitos especiais de baixa qualidade, troca de elenco, troca de cenários, escolhas diferentes de figurinos, tipo... tudo isso nunca deveria ter feito parte de uma bolha de regras.


O que Flash faz é estourar essa bolha nos ensinando a ver tudo de forma ampla, sem esperar que tudo seja respondido ou resolvido, sem esperar finais bons ou ruins, ou sequer finais.

É um filme divertidíssimo que brinca com crossovers, com possibilidades, com participações especiais, com tudo um pouco, só para nos ensinar a curtir os momentos.


E o mais bacana, é que ele ainda é um filme de origem, mesmo que não soe como tal. Ele mostra o nascimento, crescimento, construção e evolução do Flash, mas não de um jeito convencional. Nós assistimos um Flash Veterano, lidando com um Flash Calouro, ambos lado a lado aprendendo juntos, até que tudo resulte no Flash final.


E olha que, apesar dele não se levar a sério, ele reescreve o conceito de "Universo Cinematográfico DC", pois é impossível assistir um novo filme ou série sem compreender que, por mais que personagens surjam com o mesmo nome, todos estão em seus próprios universos, em suas próprias linhas do tempo.

O melhor de tudo é poder compreender, por exemplo, que os dois filmes de Liga da Justiça, por mais que sejam cortes diferentes de um mesmo filme, são plausíveis e ambos existem simultaneamente. Entender que tudo pode continuar a qualquer momento, basta que ideias boas existam, da mesma forma que ideias ruins podem ser barradas caso não agradem, isso é ótimo.


Fizeram uma sábia escolha, pois agora podem se quiser dar continuidade ao que foi mostrado em Flash, ou não, e criar coisas totalmente novas, recontar histórias por perspectivas não exploradas, refilmar o que já existe, e o mais irônico é que, mesmo que tudo isso seja feito ignorando Flash, ainda faz parte do que Flash fez.

Um filme inteligente, engraçado, e muito bem filmado.


Gostei da referência que fizeram ao Eric Stoltz, pois isso casa com a grande problemática Warner/DC e seus recentes atores. Ele era o ator cotado pra ser o Marty McFly no filme De Volta para o Futuro, chegou a filmar o filme inclusive, mas foi substituído de última hora pelo Michael J. Fox. Isso ocorreu pois o diretor do filme queria Michael no papel desde o começo, mas estava em negociações com o estúdio que tinha o contrato do ator na época, e no meio tempo filmou com Eric.


Sendo bom ou não, com ou sem conflitos, o filme teve que ser refilmado pois conseguiram o ator para o papel, e apesar de ter sido algo complicado, resultou na trilogia de viagem no tempo que conhecemos, como conhecemos.

E se, uma mudança no passado fizesse com que Michael nunca pegasse o papel? O filme seria tão famoso quanto foi? Teria formado uma trilogia? O Marty McFly seria tão bom quanto? Pois é, é isso que Flash explora.


Sua história gira em torno dessas possiblidades. Pequenas mudanças moldando universo inteiros e os reconfigurando. Ele refaz por exemplo o filme do Homem de Aço, mudando algo que nem ele tinha controle, mas provando que o efeito borboleta é totalmente imprevisível.

Além disso, a forma mostrada de "Tempo" aqui é inédita. Gostei do Batman de Michael Keaton dando uma lição rápida usando macarrão. É totalmente perfeito! O tempo é uma linha reta que não se ramifica, mas sim se mistura caso seja modificada. O passado e futuro mudam, e não apenas o futuro, é uma forma teórica que na prática, encaixa com tudo o que assistimos na DC... e serve de contraponto à linha teórica da Marvel e suas ramificações.


Os efeitos especiais existentes em Flash são espetaculares, e por mais falsos que soem, são perfeitos no contexto em que se aplicam. É que, bebês voando, heróis de outros universos explodindo, gente tomando murro em alta velocidade, ou apenas cachorros caindo, são muito mais legais de se ver com um efeito menos "humanizado" e mais abstrato.


Quando vi que o diretor alegou que tudo foi proposital pois, era a visão do Flash enquanto corria, eu jurava que era uma piada. Mas pior que faz sentido, pois enquanto corre, tudo soa artificial pra ele, tudo é frágil, delicado, tudo é passageiro de mais.

O que difere o real do falso em nossa percepção visual? Detalhes faciais, profundidade, traços de expressão, partículas, enfim os detalhes. Mas será que um velocista notaria esses detalhes? Pra mim, o filme foi muito mais incrível mostrando tudo mais simplificado.


Enfim, para mim, O Flash fez o impossível: Me fez voltar a acreditar no potencial dos filmes da DC.

Não me vejo mais ignorando-os por medo de serem ruins, nem ansioso por aguardar obras primas. A vontade que sinto hoje é de, sentar, e assistir o que puder, pra ver se tem coisa boa ou não.


Por fim, vale mencionar que apesar de ser um filme repleto de heróis, com Flash, vários Batmans, vários Supermans (e Girls), ainda assim é um filme com destaque única e exclusivamente no Flash.


Sim, eles fazem bons (na real, excelentes) momentos para cada herói, mas o foco sempre volta pro velocista, e não da pra não ser assim. 

Ps.: A ideia do Flash precisar de comida como combustível é muito boa!

Achei um ótimo filme, e não imagino ele melhor.

É isso.

Amanhã tem mais...


See yah!

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2 Comentários

  1. eu gostei muito do filme o ezra miller se entregou para o papel bem essa e a impressao que eu tive....a cena pos creditos com o aquaman dizem que se passa no universo do james gun devido ao dialogo

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    1. O Ezra conseguiu convencer como adolescente chato e adulto preocupado! Ele realmente ficou ótimo.

      Pior que se analisarmos os universos, ele teria começado no do Zack Snyder? Porque tipo, o Batman conhecia o poder de viagem temporal do Barry, mas ele só usou isso no Snyder Cut, ou to enganado? E no fim, já que é George como Bruce Wayne, não seria do outro diretor, do Batman e Robin (Joel Schumacher)? Ou talvez seja só mais uma nova variação com eventos e atores semelhantes né sr.

      Enquanto assistia nem me liguei nesses detalhes, só fui curtindo kkkk.

      Obrigado pela leitura, comentário, e recomendação sr Rodrigo. Valeu mesmo a pena ver.

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