SérieMorte: 1899 - Mais uma série cheia de perguntas, sem respostas.

8 episódios de mais "Complexo de Lost", eis que outra obra dos criadores de "Dark" entrega exatamente o que sabem fazer de melhor: Criar perguntas de mais que não tem como responder, pra descarta-las por inteiro ao dizer que nada importa.

Porém, ao menos a jornada aqui é um pouco mais satisfatória, e polêmica é claro. Mas falarei por partes, do que "1899" foi capaz de fazer.

Boa leitura.

Já começo dizendo que gostei muito de como tudo foi desenvolvido. A história começa de forma lenta e meio desinteressante mas, a cada episódio (de 50 minutos em média cada) surgem mais dúvidas e mistérios que nos fazem ponderar a respeito. 

Mas, pra qualquer um que já esteja familiarizado com o estilo da obra, a verdade fica escancarada ainda no primeiro episódio, bastando uma única cena (totalmente desnecessária, a cena de todo mundo tomando chá ao mesmo tempo) pra nos dizer que tudo que assistiremos, não vai importar.

E não vai mesmo! A sensação que tive ao terminar essa série foi exatamente a mesma que tive ao terminar "Dark": Senti que joguei meu tempo fora.

Apesar das muitas histórias contadas no emaranhado de tramas serem plausíveis, envolventes, incômodas, e até assustadoras em alguns instantes, no geral nada disso teve significado, com algo imposto para descartar a necessidade de responder tudo.

A solução que criaram não é um "plottwist" de explodir mentes... é apenas uma decisão preguiçosa pra desconsiderar a necessidade de dar respostas, ou pelo menos tentar.

E isso me incomoda tanto, pois repito, a jornada até o final não foi ruim, só que o final sim, pois inviabiliza a jornada. É tão simples!

Explicando melhor...

"1899" é uma história de uma embarcação que tá viajando pros EUA, levando um número grande de tripulantes e passageiros, misturando Primeira Classe, Trabalhadores e Terceira Classe, no finalzinho do século 19. Todo mundo tem suas razões para estar no navio, e seus segredos, sempre relacionados as suas vidas passadas, que são também mostradas a cada episódio, criando eventos fantasmagóricos, temporais, e até monstruosos, dentro e fora daquele simples navio.

A cada episódio as coisas ficam um pouco mais bizarras, com situações implausíveis e inexplicáveis, e cada vez mais mistérios brotando, aproveitando pra simular o protagonismo de personagens randômicos só para nos confundir, para que percamos o foco da real e fraquíssima história que está sendo contada.

Bem, tirando o enredo, o destaque fica pra miscigenação de pessoas e nacionalidades, que rendeu inclusive uma mescla de idiomas riquíssima, em atuações extremamente bem feitas.

Na versão dublada isso foi ligeiramente alterado, e perdeu-se esse grande brilho da obra, com as vezes sendo citado o esquema da nacionalidade diferente, mas nunca partes como: frases não entendidas; ou erros de comunicação que acabam prejudicando o entendimento dos personagens, o que acaba agravando as situações é claro.

No lugar das frases não entendidas por idiomas diferentes, temos o acréscimo de nomes e mais nomes, onde os personagens adoram se chamar pelos nomes (muitas vezes nem tendo sido apresentados), o que é desnecessário. Esse apego à identidade é algo que a série em sua originalidade natural, nos faz querer descartar (o que é um baita conselho, não se apegue).

A banalidade com que ela lida com vida e morte é uma igualmente gentil dica, que nos alerta sobre como tudo pode ser frustrante no fim, e infelizmente, um grave erro da série foi descartar o choque da perda ainda no 6° episódio ao nos revelar a verdade parcial.

Nem parece que fizeram isso conscientemente pois ainda buscam nos causar alguma emoção ou comoção com as mortes finais, quando na verdade, já nos encontramos anestesiados pelo que assistimos, e pela exposição tão descarada do enredo. 

Contudo há de se considerar que é um belo show. Sejam os mistérios, as reviravoltas, as memórias e traumas revividos, e a confusão causada ao longo da viagem, tudo isso é maravilhoso de se acompanhar, e bem intrigante sim.

A cena do "Tic Tac" mortal, aquilo foi apavorante, mas também foi uma delicada e bem escolhida abordagem pra se livrar de alguns pequenos empecilhos, e até mesmo gerar respostas pra uma pergunta final que foi bem encaixada: E os figurantes?

É que em um episódio descartam os figurantes tudo pra dar ênfase a trama principal e forçar uma conexão entre os personagens, mesmo que não houvesse nenhuma. É só pra nos manter engajados e de algum jeito na expectativa de mais, mas no fim tudo se revela simplório mesmo, pois tudo se resumia apenas a um personagem.

Porém, muitos momentos são impactantes. Todas as passagens por memórias, ou o momento do Motim, ou a parte que faz o Navio parecer um navio fantasma, tudo isso foi bem manjado. (Me lembrou muito "Man of Medan")

A série consegue abordar diferentes terrores em auto mar, e quase nos engana com as variadas possibilidades. É sem dúvidas uma excelente série de Terror Marítimo, e que nem apela pra animais ou pirataria. Da pra aproveitar bem, mas uma hora ou outra tudo tinha que acabar, e acaba mal.

Pra muitos talvez seja a resolução ideal, um final que responda a tudo de um jeito sucinto. Só que eu enxergo isso pelo lado perdido entende? É que de que adianta passar 7 episódios conhecendo um monte de personagens com segredos, vidas passadas, romances e vínculos, se tudo isso se perde no 8º, ao dizerem que era tudo uma farsa?

Sei lá, eu me senti realmente traído, pela segunda vez. Fica fácil fazer qualquer história complexa se no fim, basta ignorar a complexidade.

Eu busquei entender referências, como o besouro verde e seu significado, e eu consegui, a série me deu as respostas: O besourinho abria qualquer porta, pois ele era a personificação da ideia da liberdade. Mas, cadê o significado e relevância dessa tal resposta se... no final o besouro nem existe, ou melhor, a própria ideia nem existe, ou seu idealizador!

Foram tantas boas tramas jogadas fora, e mesmo que elas tenham alguma importância pra seus personagens, eles também foram jogados fora. Isso é revoltante pra mim, pois sei, posso aproveitar a trama de cada um individualmente, como um filme assistido para recordar depois...

Mas a própria série descarta a opção de recordação alegando que, primeiro: Todo mundo vive tudo outra vez independente do fim. Segundo: nada do que vivem é real.

Perdoe-me pelo spoiler, mas o que posso fazer? Isso não tem como comprometer sua diversão ao assistir, afinal saber que tudo não passa de uma simulação feita pra UMA ÚNICA PESSOA, não vai estragar nada, se a parte importante mesmo são os mistérios e segredos, e as complexas tramas que assistimos até chegar nessa resposta de descarte.

Cara, o pior é que eu sabia que ia ser assim. No instante em que vi que tava tendo esquisitice de mais, e que tudo tava indo pra caminhos inexplicáveis de mais, mexendo com todo tipo de elementos fantasiosos e de ficção científica, já me indaguei "Eles não conseguirão responder tudo". 

Mas eles tentam, e tentam muito, tem muita coisa que é sim respondida... porém perde sua significância no desfecho, ao gritarem que é tudo em vão, o que também descarta a necessidade de cobrir os rastros das dúvidas restantes (o que é o aparelho maluco, o que são os códigos, o que as cartas significam, porque tinham 3 navios se eram todos os mesmos, etc etc etc).

E não deu outra, eles não responderam. Fiquei triste pelos romances descartados, os triângulos amorosos completamente esnobados, os vínculos emocionais estabelecidos sem significado, ou até as evoluções de personagens que, não tiveram valor, afinal eles esquecem tudo depois, e pior, eles nem existem!

"1899" é um título bem escolhido pra dizer que tudo não passa de uma simulação espacial estilo holodeck de imersão total, para uma personagem numa Estação Espacial de colonização, em 2099. Ela dorme num sonho simulado ao lado de outros passageiros e pronto, é o que assistimos. Sua simulação em um looping.

Mas o impasse está no fato dela querer sair da simulação, antes da hora, antes de chegar em seu destino, e por isso entramos de gaiato numa trama toda mirabolante e com frescuras.

A grande resposta caso você tenha terminado e tenha tido alguma dúvida, é que o sistema não queria que ela despertasse por isso fez todo aquele show com pai, filho, marido, capitão, gueixa, cafetã, triângulo amoroso, navios paralelos e por ai foi.

Mas fica tranquilo, se a Netflix não for processada pela brasileira que escreveu Black Silence (Mary Cagnin) eles deixaram o mistério sobre o irmão da protagonista, que manipulava o sistema, em aberto pra gente ficar na expectativa.

Sem contar que seria muito fácil contar mais uma história em uma nova data, tipo "1599" e ambientada em um novo evento, pra jogar outra bomba de frustração na nossa fuça. 

A fórmula de Dark deu certo, agora aguenta.

Sobre "Black Silence"...

Pra quem não sabe, a brasileira acusou a Netflix no Twitter por ter se inspirado em sua obra e não ter lhe dado os créditos, citando muitas semelhanças de seu quadrinho lançado em 2016 com essa série de 2022. No entanto tirei um tempo pra apreciar o trabalho dela, disponibilizado gratuitamente em seu site e cheguei a conclusão que...

Não tem nada parecido com a série, exceto o desfecho em parcial, por se tratar de algo espacial.

Na verdade este é um ponto que achei interessante... o que mais estragou a série ao meu ver, foram os elementos que da pra se comparar com o que tem no quadrinho.

Os mais chamativos são: O fato de ser uma tripulação, o fato de serem miscigenados, o fato de surgirem piramides em seus olhos, o fato de ter uma Pirâmide Negra no deserto, e principalmente, o fato de ser no Espaço.

Mas nada disso é igual, e nem mesmo tão parecido assim. Explicando:

O Quadrinho conta a história de um grupo em missão de exploração espacial, para buscar um planeta habitável pra humanidade. Boa parte da história gira em torno de um cientista problemático, e uma capitã rabugenta, além de alguns poucos personagens secundários, como uma moça clone, um cara que curte ela, a assistente da capitã que é fã dela, etc.

Não é um grupo grande, e estão numa missão aparentemente suicida e sem retorno, pois as viagens levam tempo de mais, e gastam recursos de mais. Daí o doutor problemático fica tendo crises e confrontando a capitã até que a grande reviravolta surge...

Um parasita ocular derivado da Pirâmide Negra gigante que encontram num planeta deserto, passa a levar as pessoas ao suicídio e, uma a uma, eles vão se matando, alegando ouvir vozes "deles", o que interpreta-se como os alienígenas na mente deles.

Daí a história se desenrola até a Capitã decidir partir, apesar de conseguir fugir sozinha, ela no final mostra o parasita nos próprios olhos, após acordar da Criogenia.

Tripulações

Certo, o esquema de ser uma tripulação, comandada por uma Capitã rabugenta lembra um pouco o começo da série com o Capitão que também transparece um aspecto rancoroso. Mas, são características comuns em pessoas no comando, afinal elas precisam impor respeito... e é apenas isso que se parece.

Na série, o Capitão em momento algum decide "abandonar a missão", e ele na verdade desvia o navio pra resgatar outro navio, indo contra a vontade e objetivos de sua própria tripulação (o que até ocasiona um motim). Nada disso tem no quadrinho, nem mesmo qualquer referência.

Vale mencionar que não há nada que remita à embarcações, seja naval ou espacial. A grande estação espacial que usam só serve de cenário em poucas cenas, e para viajarem eles usam Criogenia e Salto Espacial (o que leva segundos em uma nave sim, mas sem destaque).

A série mostra em seus 7 episódios uma viagem longa de barco, que é plenamente justificada e bem construída, uma viagem que não é atoa, e inclusive está presente no enredo... que depois é descartado claro, mas está presente.

Miscigenação

Não há nenhum idioma diferente no quadrinho. Tudo que tem são pessoas de etnias diferentes. E isso nem recebe muito espaço na história, no máximo quando as duas moças negras conversam sobre uma se inspirar na outra, por ter lutado por seus direitos e tal. Mas, nenhum detalhe é posto na mesa, e fica apenas entrelinhas as intenções do rápido diálogo, tanto que isso perde rapidamente o foco quando a Capitã responde com arrogância a fã, mencionando que ela lembrava a irmã dela, e ela não curtia a irmã.

Já a série tem como um de seus fortes a adaptação de múltiplas nacionalidades, e até círculos sociais. Tem de tudo um pouco, o que é muito agradável de acompanhar, e dinâmico, explorando gêneros, etnias, idiomas, culturas e até crenças diferentes.

Pirâmides

No quadrinho a Pirâmide é um elemento chave que causa a morte de todos. Ela é a razão do parasita ocular surgir, que só pode ser identificado pelas intenções suicidas e ações violentas da vítima, além dos triângulos que surgem no lugar da pupila.

Agora na série, isso serviu apenas como um tipo de harmonia poética pra retratar quando alguém acordava de uma ilusão, gerada pelo simulador. As pessoas que tinham seus olhos marcados com pirâmides só estavam despertando de alguma lembrança simulada.

E em momento algum isso causa suicídio. Na verdade, o único momento em que as pessoas são levadas cegamente a se matarem, é explicado por outro evento da série: Elas foram levadas pro descanso pacífico.

É que é explicado que aqueles que lutavam contra suas emoções acabavam sofrendo com os eventos da simulação, resistindo o bastante conscientemente, pra ver ela ser resetada no fim, morrendo sempre de forma amargurante. Já quem aceitava a simulação e curtia a viagem no barco, sem ligar pra conflitos emocionais, apenas sucumbia na hora do "Tic Tac", assim que a simulação começasse a se desligar pra reiniciar, e se matavam pacificamente, se jogando no mar.

Quem morria assim nem tinha ideia que tava morrendo, e apenas acordava mais uma vez no início da simulação, sem lembrar de nada. E... sem pirâmides nos olhos.

Os únicos que sofriam com pirâmides eram aqueles que lutavam contra seus passados, ou sofriam por suas emoções.

Pirâmide Gigante

No quadrinho ela era um elemento que encontraram no planeta e mal estudaram, nem mesmo buscaram entender quem ou o que a criou. Confesso que logo me veio à mente aquele elemento espacial dos jogos "Dead Space", sabe o cristal alienígena que transforma geral em monstro, jogando frases em suas mentes, e brincando com suas memórias? Então... é exatamente a mesma coisa, mas as pessoas ficam só com os olhos com pirâmides mesmo.

Na série esse é um ponto que achei completamente randômico: A Pirâmide Negra grande no meio de uma das memórias simuladas. Não parece ter explicação praquilo, assim como também não há explicação pra forma como representaram o erro no sistema (nesse ponto me lembrou muito a anomalia vista no jogo "Control", dos cristais tomando conta de tudo).

Isso até mesmo foi ignorado em dado momento (a única personagem afetada tava com sua mão desfazendo, e do nada, isso parou pra concluir a trama de outro jeito).

Mas isso é sim explicado como "Núcleo do Sistema" pois logo depois que o pai do garoto muda o código do sistema, o detalhe que aparece na pupila da esposa dele muda, e ao invés de uma pirâmide, é algo referente a simulação que ambos criaram juntos.

Ou seja, a simulação do navio era sustentada por essa grande Pirâmide, que era seu núcleo mesmo, e isso se confirma quando ela é modificada.

Outra vez, apenas um elemento solto que tem um design semelhante, mas em nada se parece no enredo. Aliás, o esquema das vozes tem na série, mas são apenas chamados das memórias simuladas. Não é a Pirâmide chamando, nem nenhum parasita, são só lapsos de lembrança que passam a visualizar.

Espaço

E por fim, enquanto o quadrinho se passa completamente no espaço (sem simulação alguma tá, exceto um momento que treinam viagens espaciais por simuladores mas, é muito breve) aliás, se passando mais num planeta desértico mostrando dias e mais dias de pesquisas e interações entre os astronautas...

A série já mostra quase tudo se passando num navio, e em ilusões simuladas, memórias em cenários diferentes, como guerra, fazendas, casas incendiadas, mansões no meio de pedregulhos, enfim... nada de espaço ou deserto.

No entanto, no final do último episódio, a personagem desperta de seu sono, voltando pra realidade e vendo seus demais amigos tudo dormindo, todos no espaço claro.

Numa vista rápida e comparação de cenas até parece, mas conceitualmente, e narrativamente, são eventos extremamente diferentes.

A reviravolta do quadrinho é a capitã acordando de um sono criogênico pra viagem espacial de volta pra casa, contaminada com o parasita da pirâmide.

Já a reviravolta da série é a protagonista acordando de uma simulação, e descobrindo que foi tudo um sonho gerado por computador enquanto ela e todos os demais tripulantes da nave dormiam pra uma viagem longa, sabe-se lá pra onde, em uma missão de sobrevivência.

Logo, as cenas não tem nada de semelhante narrativamente, apesar de visualmente se lembrarem.

Talvez, os desenvolvedores tiveram sim alguma inspiração técnica em elementos do quadrinho, mas não, não foi plágio algum. Na verdade são elementos diferentes de mais, e que em nada lembram os quadrinhos, e vice versa.

Pela arte até pode soar parecido, mas ao ler a história, fica fácil distinguir a diferença. Porém, eu acho que a autora de "Black Silence" fez um trabalho triunfal, e merecia sim pelo menos ser citada nos créditos especiais, pois fica claro que tiveram alguma inspiração sim em alguns detalhes de sua obra.

Só que são trabalhos totalmente diferentes, e Black Silence é até melhor.

Voltando pra 1899, o que me desagradou, foi o descarte que deram pra tudo que desenvolveram tão bem, por falta de criatividade ao gerar uma conclusão satisfatória.

A ênfase que dão em dezenas de personagens torna-se uma enrolação desnecessária, de uma trama que se resume a uma mãe, que perdeu o filho, se traumatizou, e dormiu no espaço, gerando memórias falsas pra descansar enquanto viaja, ao lado de milhares de outras pessoas, todas ignoráveis.

É o complexo de "Dark".

E é isso.

Espero que tenha gostado do texto...

See yah!

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2 Comentários

  1. Ficou excelente essa analise, apesar dessa série não prender minha atenção,depois da sua analise vou assistir até o final.
    Parabéns muito nom mesmo, se puder fazer uma analise do filme The girl withall the gifts !!

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    1. Obrigado, obrigado mesmo. Aliás depois de ver me diz o que achou. Vai que tu gosta do resultado igual Dark rs.

      Bem, já estou devendo um artigo sobre o documentário do Spotify, mas pode deixar, por ser filme é ainda mais tranquilo. Assistirei.

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