SérieMorte: Doctor Who - 14° temporada - Especial - David Tennant de Volta!!!

O primeiro episódio da leva de 4 especiais de Doctor Who, trazendo David Tennant uma vez mais como Doctor, finalmente saiu! A BBC produziu, e agora está na Disney.

E, apesar da nova casa de exibição, a qualidade da série não caiu, e até deu um upgrade em relação a temporada anterior (mesmo ela também sendo bem agradável).


Com uma filmagem um pouco vintage, e efeitos especiais supreendentemente bem trabalhados, mesclando prático e digital com maestria, o Doutor voltou pra 2023 com uma nova breve saga, antes de sua nova regeneração a longo prazo.

Foi tecnicamente a primeira vez que o rosto dele retomou uma antiga forma, voltando 3 gerações, mas o mistério sobre essa mudança, e a busca pelo desconhecido, não prejudica a parte mais agradável da série: O fato de ser antológica!

Então, falarei o que achei a seguir.

Boa leitura.


Gênero não-binário... depois de uma temporada inteira com Doutoras femininas, voltando pra forma masculina agora, eu não imaginava que iriam já emplacar na discussão de gêneros tão cedo. Mas eles o fazem, com força porém igualmente com cautela e segurança.


Acontece que nada é só jogado pra bater meta ou balançar bandeiras, e a temática do gênero sexual se relaciona diretamente com a existência do próprio Doctor.

O interessante é que mesmo falando bastante disso, o foco do episódio de estreia não se perde nem se distancia da natureza de "Doctor Who". Ele é preenchido com ação, novidades, humor, ficção científica e reviravoltas inteligentes, mas ao mesmo tempo adere a proposta moderna que tanto fomenta a mente jovial.


Sem delongas, uma personagem não-binária recebe muito destaque já no primeiro episódio, e eu particularmente cheguei a me incomodar inicialmente, por achar que era algo fortuito e só pra "causar", quando na verdade, era uma peça chave pro desfecho do episódio em si, e de um dos grandes dilemas do Doutor.

O Primeiro Episódio


A filha de Donna, chamada "Rose", escolheu o próprio nome assim como seu pronome, assumindo a aparência feminina, apesar de ter nascido no gênero masculino.


A história de estreia desse novo arco surge para explica-la, mas indiretamente, através de várias incursões aleatórias que colidem umas com as outras, levando Doctor em seu novo rosto, diretamente pra Donna, a única pessoa que ele nunca mais poderia se encontrar.


É que, Donna no passado foi sua Companion, da versão "David Tennant", e deixou o cargo involuntariamente quanto acabou absorvendo a mente do Timelord e se viu em risco. A solução encontrada na época era apagar suas memórias, para que ela pudesse viver seus últimos dias em paz.


Tal solução funcionou, para sua companion, mas o Doctor passou a lutar contra as memórias, levando as suas próximas regenerações, sempre cada vez mais traumatizadas pela separação de seus companions.


Ele passou pela versão depressiva (11° Doctor, Matt Smith) a versão com Alzheimer (12° Doctor, Peter Capaldi) e a versão emocional (13° Doctor, Jodie Whittaker), todas elas enfrentando de alguma forma as dores da perda de seus amigos. Até que, seu rosto retornou a forma do 9° Doctor, como 14° retrogrado.


Só que, com tudo fazendo ele reencontrar Donna, a única que manteve as memórias apagadas (em outras tentativas ele também teve de voltar atrás), agora ele é forçado a desfazer sua solução, e assumir o fim da amiga.


Contudo, eis que aparece a personagem não-binária, filha biológica de Donna, que herda seus genes e também a carga de Timelord que ela carregava.


Ambas juntas eram capazes de vencer o trágico fim, então seguindo a lógica, o tempo que o Doctor deu para sua amiga viver, foi o suficiente pra ela vencer a maldição que a mataria.


E aliás, o nome "Rose" que ela adotou ao escolher seu gênero, é uma direta indireta ao maior amor da vida do Doctor, a Rose, companion que antecedeu Donna. Sua filha escolheu esse nome sem perceber, usando as memórias escondidas do poder de Timelord.


Mas o curioso é que mesmo esta sendo a história principal, ela é contada como secundária, dando espaço pra aventura do Meep.


Um ser alienígena que caiu na terra em uma nave de escape, aparentemente perseguido por outros alienígenas.


Daí a Unit (organização que defende o planeta contra seres espaciais, criada justamente pelo Doctor... indiretamente), aparece e ajuda a conter a ameaça.


Mas, Doctor é forçado a trabalhar com Donna, pois a filha dela achou o Meep, ser que inclusive não tem gênero definido (e faz questão de falar disso), e é um dos animatrônicos/efeitos especiais mais espetaculares, fofos, e também assustadores que já vi na série.


Ao entender o que o Meep é, e descobrir a verdade sobre a ameaça que chegou na terra (nada de mais, ele é um ser maligno que quer conquistar planetas, e um exército vem caçando ele pelas estrelas), ele é impedido.


Mas pra isso, a mente de Donna tem de ser aberta, fazendo ela lembrar tudo o que viveu com Doctor, para ajuda-lo na missão. E ela quase morre por causa disso, mas sua filha também relembra tudo o que eles viveram (como parte dela), e todos completam o que seria a essência Doctor Who.


Apesar da resolução facilitada, e a liberação dos poderes de Donna assim como o excesso que a mataria, apenas por um "querer mútuo" dela e sua filha, o episódio funciona bem para trazer ela de volta, sem manchar o universo Who.


É que assim, o poder e peso das memórias e conhecimento de um Timelord é algo grandioso de mais pra uma pessoa sozinha carregar, mas, por causa do tempo longo que Donna viveu, e Rose também (15 anos poxa), e o fato do poder ter ficado adormecido, isso ajudou elas a resistirem, até simplesmente abrir mão de toda essa energia.


Por fim, tudo termina com um gancho para a nova aventura, com Donna cometendo um pequeno deslize e acionando a TARDIS de forma um pouco desastrosa, e assim a antiga dupla ganha mais uma aventura.


Observação: Um novo "poder" foi adicionado ao catálogo do Doctor, com sua Chave de Fenda Sônica conseguindo produzir paredes de energia sólida, que ele desenha no ar, e pode usar como projetores.


E até escudos, o que pode ser uma senhora arma futuramente.
    

Além disso, a TARDIS agora é Gamer... o que me fez achar essa a melhor formatação dela em todas as eras!


E bem, estou feliz com o que assisti.

Mesmo com mais uma vez vendo os pronomes neutros em destaque, a história em si se adapta, e é bom ver que não é pura lacração.

Espero ver mais qualidade e narrativa nos próximos episódios, que acompanharei com entusiasmo.


Afinal, me tornei fã de Doctor Who!

É isso.

Episódio 2


Bem, não há muito a se dizer. O segundo episódio "Wild Blue Yonder" (nome de uma música militar tocada pela Tardis no começo, provavelmente por ela estar brava com o Doctor) é morno, mostrando só uma jornada em dupla em um lugar vazio no meio do nada.


O mal que ataca Doctor e Donna é uma entidade do vazio, que toma a forma deles, e também acessa suas memórias, mas não há nada aproveitado disso pra criar algo "maior".


E não há nada tão grandioso nele, apenas muito mistério que se conclui sem consequências.


Tirando o fato de que por causa da instabilidade da Tardis, Doctor acaba sem querer mudando a palavra "Gravidade" pra "Mavidade" ao influenciar Isaac Newton em sua descoberta, o resto do episódio nem parece importar tanto.


Há discussões sobre o "Fluxo" e as dúvidas de Doctor, mas nada disso é aprofundado.


Ao meu ver acaba sendo só um episódio qualquer, que perde seu efeito depois que sabemos do final.


O único mistério deixado no ar é quando Doctor cita a superstição do sal, pra tentar enganar suas cópías, e ao fazê-lo, fica preocupado com o que isso pode causar ao universo, uma vez que eles estavam no limite do universo.


Mas se algo acontecerá, será em outro episódio. Tudo acaba de fato com um conflito não resolvido, ao se encontrarem com a vô de Donna esperando por ela, e a Terra passando por um novo apocalipse sem explicação.


Como sempre, Doctor criando o caos.

Episódio 3

Este foi simplesmente o episódio mais cheio de informações já feito na história de Doctor Who.


Neste episódio há referências a eventos de todas as temporadas, incluindo a geração clássica, tudo para culminar numa "Bigeneração".


Aqui nasce o 15° Doctor, ou 14° Parte 2... enfim, é quando David Tennant passa a bola para Ncutti Gatwa, primeiro Doctor negro, e o doutor mais sentimental de todos até então (mas ainda há pouco sobre ele.


Contudo, aqui também acontece pela primeira vez a "bigeneração", onde um Doutor ao morrer simplesmente dá vida a outro doutor. Na lógica, David permanece sendo um doutor Who, com imortalidade, regeneração, poderes e sua própria Tardis.


E Ncutti virou o novo rosto, sem qualquer desvantagem e sua própria Tardis. Tudo isso só acontece por causa do Toymaker.


"Toymaker" é tipo o "Máskara", um ser tão poderoso, mas tão poderoso, que a realidade é um brinquedo pra ele. Ele pode reescrever o universo como bem entender, e faz tudo só pra jogar, tendo seu maior rival o Doutor.


O personagem só foi visto originalmente em um episódio nas temporadas clássicas, e após ser derrotado, nunca mais apareceu (nas séries pelo menos, mas teve suas histórias, poucas, em spin-offs e livros).


Ele era um ser fora da realidade que podia manipular tudo e era obcecado por jogos, então faz vários jogos com o Doutor da época, e seus companions (se não me engano, foi um tipo de especial de 4 episódios, mas 3 deles se perderam).

Seu retorno não é atoa, pois após a "brincadeira com sal" no limite do universo, meio que Doctor invocou o travesso vilão pra realidade. 


O cara é tão poderoso, mas tão poderoso, que ele reestruturou Doctor em dois ao tentar mata-lo. Pode-se dizer que parte da ação veio do próprio Doctor, que ao se regenerar ainda se recusa a deixar o velho rosto, e isso forçou a bigeneração.


Mas os poderes dos domínios do Toymaker também influenciaram nessa loucura, permitindo que a realidade se dobrasse.


Mas, não é a primeira vez que David Tennant preserva seu rosto em um Doctor "aposentado". Em temporadas passadas, sua mão havia regenerado em um corpo totalmente novo, mas sem a "imortalidade". Este permaneceu existindo em um universo próprio e feliz, vivendo com Rose.

Contudo, a nova versão duplicada não possui desvantagens, tem todos os corações, memórias, enfim, é o Doutor. Porém, ele pode relaxar com sua nova família (a de Donna), pelo tempo que eles existirem ao menos, podendo voltar ao jogo a qualquer momento.


Seria a forma de fazer David Tennant oficialmente o Doctor Eterno... o que pra mim não foi uma boa decisão, mas ainda assim achei bem interessante.


É que, rompendo a regra da regeneração cria-se precedentes para que outros atores mantenham o papel e isso quebra um tipo de tradição da série. Porém não vou reclamar, achei irado ver os dois Doutores interagindo e é bom saber que dá pra voltarem a qualquer momento.


O doutor negro é divertido, e meio sentimental (ele abraça seu "irmão" demonstrando tremendo carinho). Ele também assume de bom grado a nova fase do doutor, se desprendendo dos traumas (deixando eles praticamente pro David) e seguindo viagem, com uma cópia da Tardis.


A Tardis também de duplicou (Toymaker realmente fez uma bela bagunça na realidade), sendo um tipo de presente de vitória para os Doutores que venceram o trickster.


Por fim, é bom citar que a história de fundo também é muito boa. Tudo isso acontece por causa de uma risada que afetou a mente de todas as pessoas do planeta Terra. Essa risada estava escondida em todos os aparelhos televisivos, incluindo dispositivos portáteis, e tecnicamente, foi tudo um grande plano de Toymaker.


Ele se aproveitou da criação da Televisão, para incluir uma mensagem subliminar com um boneco feito por ele, a primeira imagem televisionada no mundo, que secretamente sorria e hipnotizava a todos através das décadas.


Há até uma bela crítica à sociedade moderna e geração do cancelamento. Uma baita mensagem, que vem contraditoriamente em uma série que parecia estar entrando na onda da militância, mas na verdade segue suas próprias regras.


Isso é genial, pois inclui mistério que pouco a pouco e resolvido e revela a existência dessa figura, que a principio nem parece ser tão medonha (afinal, 60 anos que não aparece), mas pouco a pouco vai conquistando nosso temor e também simpatia.


O ator que fez o Toymaker nessa nova personificação foi Neil Patrick Harris, e gente, ele é espetacular! É hilário, e perturbador, quase lembrando o Mestre de John Simm, cheio de trejeitos, mas também com um sotaque bem carregado.


Falando do Mestre, apesar de sua morte definitiva em temporadas anteriores, ele também volta, como um dente de ouro do Toymaker. Parece que o brincalhão pegou ele/ela pra um jogo em troca de sua vida, mas ele perdeu e teve essa transformação em dente como punição.


Mas, com a derrota de Toymaker, e banimento da realidade (é o que Tennant pede como recompensa), o dente fica livre e bem no final, é visto sendo pego por uma mulher (aparentemente).


Parece que este é o último episódio de David Tennant por hora, apesar de que há uma chamada pro especial de Natal.


Normalmente, especiais assim trazem a Regeneração do Doutor, ou algum evento realmente importante de troca de elenco. Como o 15° Doutor já deu as caras, fico pensativo sobre o que pode rolar.


See soon.

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