AdaptaçãoMorte: Castlevania - Nocturne - As Diferenças entre Jogos e Série/Anime

Não foi a primeira vez que a Netflix adaptou uma das sagas de Castlevania, mas foi a primeira vez que me vi obrigado a comentar a respeito.


Essa "adaptação" de um dos jogos da franquia é uma absurda releitura que consegue transformar, agregar e desenvolver conceitos que haviam no jogo, mas não foram tão explorados assim, além de trazer coisas novas e tão bem mescladas que fazem parecer parte do original, quando estão bem distante disso.

Essa é talvez a pior adaptação que já assisti, mas a melhor história inédita inspirada em um jogo que já pude testemunhar. Ou seja, é surpreendentemente incrível!

Falarei tudo a respeito e, ao longo do artigo deixarei links para os posts que falam melhor de Castlevania. Também darei alguns spoilers mas, nada tão sério nem detalhado. Meu foco é comparar e explicar o anime com os jogos.

Boa leitura.


Mais Uma Nova História para Richter Belmont


"Castlevania - Nocturne" (Castlevania: Noturno) não é inspirado em "Castlevania - Rondo of Blood", mas assim como muitos outros jogos tipo "Castlevania - Dracula X" ou "The Dracula X Chronicles", ele usa a história base de Richter Belmont (o 10° jogo no oriente) ou ao menos alguns de seus personagens, para desenvolver uma história própria.


Pra quem não sabe, Dracula X e Rondo of Blood são basicamente os mesmos jogos, em plataformas diferentes, que tem Richter Belmont como protagonista, mas suas histórias destoam tão significativamente, além de serem tão diferentes em muitos detalhes, que no fim acabam sendo como duas "realidades alternativas" de um mesmo conceito.

O mesmo se repete em "Nocturne", que seria um tipo de história antes dos eventos de Rondo of Blood ou Dracula X, só que não. Isso pois muito é mudado em prol de uma trama mais inédita, e tem tanta coisa nova que a gente pensa "isso não tem nada a ver com os jogos" ao mesmo tempo que pensamos "caramba, é igual ao jogo"... isso pois muitos elementos remetem ao já visto nos consoles, mas em uma narrativa totalmente inédita.


Richter tem mais personalidade, tem sua origem explicada, tem trejeitos característicos de um jovem rebelde mas, responsável, e ainda por cima tem uma baita de uma família. 

Esse conceito familiar histórico já foi abordado antes, um destaque dou para "Castlevania: Mirror of Fate" que faz uma releitura da história geral da franquia, dentro da série "Lords of Shadow", e mostra um pouco mais de elos familiares diversos, apesar de também ser uma releitura da série principal e mudar muita coisa...


Metade do elenco que o acompanha é uma releitura muito melhor trabalhada, do que os mesmos personagens vistos nos games, e a outra metade são criaturas, ideias e pessoas novas, incluindo vilões, que incorporam a ideia de Castlevania, mas nunca estiveram em Castlevania.


Castlevania sem Castlevania


O título ocidental da franquia sempre é esse, pois as aventuras costumam rolar no grandioso castelo do Conde Drácula, o maior vampiro de todos e inimigo dos Belmont. Só que nessa história, ele é esquecido. 


Drácula é citado brevemente e raramente, como algo perdido e só mais um de muitos males que assolaram a terra. O vilão da vez, é uma condessa e vampira que se auto intitula deusa, e tem poderes avassaladores, além de ser muito mais forte que o Drácula (pelo menos ela acha).

O anime passa bem a ideia de que Richter tem como oponente ela, aliás, não só ela, mas outro vampiro poderosíssimo, que matou sua mãe na frente dele, e este seria seu nêmeses. 


Cada personagem tem seu próprio arco e vilão, e uma história profunda e tão rica em detalhes que o anime vai muito além de uma mera história sobre o Castelo do Drácula, e conta algo sobre "O Mundo do Drácula".

Vale lembrar que a franquia no oriente tem outro nome, ou melhor, outros nomes. Mas eu explico isso no artigo sobre Castlevania - Rondo of Blood.


A Animação


A arte usada é meio americanizada, e tem um estilo que em frames, engana como se fosse um 2.5D, com bordas bem delineadas, uma arte fluída, sem tantos detalhes mínimos mas com uma anatomia bem executada. Mas na hora da ação, é tudo bem caótico, quebrado, e um pouco difícil de acompanhar.


Não que seja feio, mas também não é dos melhores animes já feitos. Sua arte vai mais pelo caminho do vislumbre idealístico, onde a gente pensa "nossa, não sei o que ta rolando, mas achei lindo".

E, é cheia de violência gráfica, mas nada tão perturbador ao ponto de nos fazer vomitar. Vampiros tem cabeças arrancadas, sangue jorra pra todo lado, pessoas vão morrendo aqui e ali, mas apesar de tudo ser explícito, não chega a ser tão gráfico assim.


Não tem vísceras saindo, nem torturas longas, é tudo na base do corte rápido e com vermelho escorrendo, e as expressões de medo pra representar a dor. 


Tem Nudez e Muito Mais!


Aparecem personagens peladões, mas é aquela "nudez censurada" sem mostrar nada de mais, graças aos ângulos da câmera. 


Além disso, não creio que é por ser uma obra "Netflix" mas, idealização de gênero bate o ponto aqui, mas não chega a ser forçado, nem mesmo "explícito", pois os relacionamentos são condizentes com as personalidades e importantes pra construção dos personagens. 


E quem são os Personagens?


Apesar do anime ter apenas 8 episódios de menos de 30 minutos cada (é bem rápido de assistir), sua história compensa muito ser assistida e, não quero conta-la em detalhes. Mas, não posso falar dele sem explicar pelo menos por alto o quanto os personagens mudaram.

Vale dizer que eles "mudaram", mas foi para melhor. Todos mantiveram o que tinham de positivo, e ganharam uma releitura muito mais profunda no que confere desenvolvimento. 


Richter Belmont



Começando é claro pela estrela do show, que é quase como um coadjuvante no todo, pois só passa a brilhar no final e olhe lá... ele é um Belmont, de um clã de caçadores de vampiros e criaturas da noite, que nunca teve um treinamento completo.


Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem, e o vampiro que a matou ainda o deixou escapar para viver com a tia, na França, em plena época da Revolução.


A mãe de Richter é Julia Belmont, uma guerreira poderosa, que usa o famoso chicote da família, e magias de vários tipos (por ter parte da linhagem de uma bruxa ancestral, mostrada na outra animação diga-se de passagem), mas Richter perdeu o dom da magia depois do trauma de vê-la morrer, herdando apenas o chicote.


Mas, a série/anime faz questão de contar como ele vai recuperando sua força, e vontade de lutar, conforme se depara com ameaças cada vez mais fortes, e conforme sua nova família e amigos sofrem.


O ponto alto da série é quando ele ativa seus poderes, em uma claríssima referência aos seus especiais dos jogos, mas que fica muito mais épico graças a música que toca (justamente a primeira música do seu jogo), e toda a carga emocional que acompanha.


Richter tem uma aptidão sem igual com o chicote e mesmo sem as magias, ele já era um baita de um caçador de Vampiros. Mas, ele não tinha tanto contato com eles, o que já difere de sua natureza nos jogos. Lá, ele era um caçador aposentado por assim dizer, que só volta a caçar Vampiros pra salvar a namorada... que aliás, mudou muito viu.


Ps.: Parece coisa mano, mas na dublagem chamam ele de "Richiter" com  destaque no "chi". Cara, eu chamava ele de "RICHARD"! E depois de aprender a chamar de "Richer", descubro que chamava ele errado até assim. Voltarei a chama-lo de "Ricardão".


Annette


De uma mulher branca com cabelos roxos, o amor da vida de Richter virou uma mulher negra, escrava, "dobradora da terra" e  "macumbeira".

O curioso é que, nada disso foi posto gratuitamente, e a cultura do Candomblé ganha um baita destaque em Castlevania, com um anime retratando a Escravidão, a magia ritualística derivada dos Orixás, e uma visão um pouco exagerada e fantástica, mas ainda assim retratada dessa religião africana.


Ainda por cima, no contexto de "Nocturne", o estudo dessa religião em contraste ao cristianismo e outras mais, só alimenta a profundidade da trama, e eu fiquei admirado com o que vi.


Annette tem o poder de manipular Ferro e Terra por conta de sua ancestralidade com Ogum, seu orixá. Ela também é capaz de invocar Papa Legba, um espírito sempre invocado antes de grandes rituais, que a ajuda a focar seus poderes.


As referências ritualísticas e tradicionais do Candomblé são gritantes, mas também há muito da Escravidão mostrado, como a revolução dos escravos, a luta pela emancipação, o combate contra Senhores de terra (alguns retratados como vampiros), e por ai vai.


Por ser tão versátil e poderosa, Annette ganha lugar como co-protagonista, e apesar de não mostrar romance com Richter ainda, há momentos de aproximação entre os dois.


Nos jogos, Annette é só o par romântico de Richter que ele precisa resgatar de Drácula... e nunca chega a ser jogável (se fosse, seria épico usar os poderes que ela mostra aqui), tendo pouquíssimo desenvolvimento e sendo mais uma simples "princesa a ser resgatada". 


Aliás, Maria, que lá é muito mais significativa mas também é só uma donzela qualquer pra ser resgatada, recebe muito mais destaque aqui.

Outra coisa, no "Drácula X", Annette é irmã de Maria, enquanto em "Rondo of Blood" elas nem se conheciam. Tudo sempre varia muito nas histórias de Richter.


Daí agora ela foi direto pra Umbanda.


Maria


A pequena garota invocadora de bichinhos, que é um dos melhores personagens de se controlar no jogo, aqui cresceu um pouco mais, mas ainda é tão incrível quanto.


Maria é uma evocadora, prima de Richter, que vive com a mãe e ele na França. Só que, ela é também uma líder revolucionária que luta pela liberdade de todos, justamente pra retratar a revolução francesa, tendo como alvo os ricaços e aristocratas, que porventura também são vampiros. Ela também luta contra os privilégios do clero, mais especificamente contra a igreja cristã.


Apesar de ser uma ativista, o anime não ignora seu aspecto arcano e também cita que a bruxaria é algo mal visto (falando até das famosas fogueiras), mas ela esconde suas habilidades, destinando elas apenas para os combates ao lado de seu primo, contra as criaturas do mal.


Ela é tão rica em habilidades quanto sua versão nos jogos, e aliás, vale lembrar que no jogo de Richter é possível controlar Maria como um recurso extra de gameplay, com ela sendo muito mais forte e versátil que Richter (e bem mais divertida).


Ela pode invocar pássaros, tigres, tartarugas, mas aqui eles todos fazem parte dela, parte da alma dela, e há todo uma passagem pra explicar o quanto eles são mais que meras invocações animais.


E pra variar, sua trama não se resume a ser suporte de Richter, com sua mãe e pai tendo grande relação com a história geral. Porém, Maria é ainda uma criança (apesar de estar muito mais velha que sua versão dos jogos), por isso ainda tem a clássica fraqueza emocional.


Tera


A mãe de Maria se chama Tera, mas pouco se parece com a Tera (na verdade em nada se parece, mas da pra entender no que se basearam pra cria-la). Ela é russa e fugiu de sua terra natal para a França, depois que sua irmã foi capturada e transformada em vampira (posteriormente morta por ela) pela grande vilã da história.


No jogo, ela era uma Freira de cabelos verdes achada num cemitério, já aqui, é a tia de Richter, uma feiticeira poderosa que lança rajadas de diferentes elementos dos dedos.


Além de ser a mãe cuidadosa, riquíssima em personalidade e com um passado bem misterioso, ela também é uma baita guerreira, sempre lutando ao lado da filha, que apesar de também ser um tipo de bruxa, usa poderes diferentes dos dela.


Esse vínculo familiar foi uma escolha sábia, pois expande o universo de Castlevania a algo além de "Belmonts vs Drácula". E Tera sendo a tia toda poderosa de Richter, mostra que há muitos outros no ramo da caçada por ai.


Também há um desfecho terrível pra Tera, mostrando que ninguém está a salvo na trama, o que também vale pros personagens no jogo original. Lá, haviam desfechos diferentes pra eles, dependendo das ações do jogador (e cada jogo tinha suas próprias consequências). Geralmente Annette era quem sofria com isso, mas nessa realidade, o leque de possibilidades é muito maior.


Contudo, a liberdade criativa foi longe em Tera, e parte dela foi transposta em seu "amado", o Bispo/Padre, que acaba sendo a parte religiosa da freira.


Personagens Originais


Juste Belmont, o Avô de Richter


Ele aparece do nada, e juro que quando o vi pensei "Oche, o Alucard de barba?" mas, não era ele. Este era Juste Belmont, avô de Richter e pai de Julia, que não parece ter se importado com a morte dela.


Ele cita que era o maior bruxo da família (constatando que Trevor e Cipher terminaram juntos) mas que abandonou o caminho do chicote, ainda caçando, mas por dinheiro.


Ele também demonstra total perda da fé na luta contra as criaturas da noite, e ainda diz que se afastou de seu neto propositalmente. Mas... é estranho ele aparecer assim.


Parece que ele surgirá depois com mais força de vontade, uma vez que foi através da decepção e desilusão dele que Richter decidiu voltar a acreditar em si, mas isso tudo fica por ai mesmo, afinal a história nem acaba. E bem, ele é um personagem de "Harmony of Dissonance", jogo da franquia no Game Boy Advance.


O Padre


Nas histórias de Drácula sempre é preciso um Necromante para ajuda-lo, o Padre em nada se parece com um, mas ao mesmo tempo assume uma característica em comum: Ele é um invocador.


Assim como sua filha, sua habilidade de trazer criaturas de outro mundo é usada mas, ele usa os corpos de rebeldes mortos, para invocar demônios, daí saindo a trama das Criaturas da  Noite.

É algo um pouco supérfluo confesso, pois depois que os vampiros surgem em massa, a existência de um exército de monstros soa insignificante, e todo o significado do padre fica de escanteio. Mas, sua história é ótima pra desenvolver mais e mais Tera e Maria, além de toda a ideia de Revolução Francesa na qual a trama inteira se passa.


Ele sendo do clero e sua filha (bastarda) sendo uma ativista da revolução, faz com que a briga entre ambos seja muito frutífera pra história.


O confuso do Padre é que apesar dele ser bem religioso e temente a Deus, ele também foi capaz de fazer um pacto com um demônio (ainda não revelado) para ganhar uma máquina de criar monstros. No mínimo contraditório isso.


O Cavaleiro do Padre


O padre tem um exército de devotos armados, e o principal é só um cara genérico, forte, e gay. Isso não tem nenhuma importância, mas é destacado pra fazer ele ter um vínculo profundo com um vampiro, e ajudar a contar sua história.


Apesar de ser um zé ninguém, o cara e esse vínculo acaba conferindo uma vantagem enorme pra ele em lutas, onde ele tem suporte de seu namorado... isso ficaria irado no jogo, se ele existisse.

Mas tanto ele, quanto seu namorado, são personagens originais do anime.


Olrox, o Vampiro de Olhos Verdes


O primeiro grande antagonista, que por incrível que pareça também é inédito e pra variar, pra lá de interessante, é um vampiro extremamente forte, que mata a mãe de Richter (sofrendo na luta, mas por causa de um vacilo de Richter usando suas magias).


Ele em momento algum se parece um vilão, apesar de ter transformações de vampiro e ser bem ameaçador, e ele deixa claro que seu assunto com Julia era estritamente pessoal. Mas, isso faz com que Richter ganhe um inimigo.


Ele não é ignorado pela trama, e não demora pra ser trazido de um passado longínquo pro mesmo lugar onde Richter está, embora seja por pura coincidência, e ele parece ter seus próprios objetivos que vão além dos de seus conterrâneos.


Enquanto os vampiros de tudo quanto é parte se reúnem para receber um "Vampiro Messias", ele chega para investigar, e até ajudar (sem ser percebido) os heróis na luta contra o mal. O porém é que ele ainda é inimigo, querendo ou não, e mesmo que a trama o coloque em momentos vulneráveis, pra destacar suas fraquezas e partes humanas, ele ainda é aquele que está fadado à morte.


Apesar de ser implacável, poder virar sombras, uma serpente dragão, e invocar caveiras fantasmas, ele ainda é um baita mistério, citado como um "dragão" (talvez em alusão ao drácula), mas também afastado de mais de tudo e todos, até dos verdadeiros antagonistas.


Obs.: Apesar de Olrox aqui ser bem diferente, existe um vampiro chamado Olrox nos jogos, no "Castlevania Symphony of the Night", que é continuação do título do Richter. 

O Olrox do jogo é só um chefe dentre vários, bem poderoso, mas nem falas possui e em nada se parece com este (só veste roupas roxas como ele). Tirando um poder ou outro que usa, e o fato de ser bem imponente, o Olrox do jogo é só um dos muitos servos de Drácula. Se bem que, ele tem bastante classe pois tenta convidar Alucard para jantar antes do combate (vampiros sempre são cultos), o que acaba lembrando sua versão educada do anime. Além disso, Olrox seria inspirado no vampiro do filme "Nosferatus", que por sua vez era inspirado em Drácula.


Ele tem até uma forma mais forte de vampiro, só que ao invés de dragão, ele vira um monstro grande e verde, ainda humanoide... ah ta, entendi agora de onde tiraram que ele é o "Vampiro de Olhos Verdes". Boa reciclada no personagem... deram muito mais destaque pra ele no anime.


Vampiro Escravista



O antagonista de Annette é seu antigo Senhor quando ela e sua mãe eram escravas. Ele também foi quem matou sua mãe, por ser uma ritualista em suas terras, tudo na frente dela.


Uma história semelhante a de Richter, mas no caso Annette não se tornou uma caçadora logo de cara. Ela demorou muito pra aprender magia de seu povo, e ainda mais para se livrar das correntes, e só então pôde caçar os vampiros. 


Apesar dele ser seu inimigo, ele não é tão poderoso e a vingança dela vem tecnicamente de forma fácil.


Aliás, são tantos e tantos vampiros que ele passa a ser só mais um no massacre. Eu mesmo confundi ele com outro que Richter arrancou a cabeça (e a esposa, também vampira, optou por guardar pra si).


A ideia é dizer que todos os vampiros na época eram manipuladores e aristocratas, ricos que dominavam o povo por escolha própria, como se fossem gado. E, isso foi uma ótima abordagem, que se mistura bem com os ideais da Revolução Francesa e da Abolição da Escravidão.


Drolta Tzuntes, a Vampira de Cabelos Rosas

    
Apesar de muito forte e bem chamativa, ela não parece nada além de uma capanga da verdadeira vilã, mas, é sua grande mensageira e braço direito.


Ela é só uma vampira genérica que é sensual, e tem unhas expansivas, além de poder voar.


Não tem equivalente nos jogos, e é uma criatura gerada pra ser a porta-voz da grande "Messias". Também não falam muito dela, então provavelmente sua história ainda será contada.

Ps.: Se Olrox é de "Symphony of the Night" então provavelmente essa vampira é inspirada na Succubus, um demônio vampiro que tem praticamente o mesmo visual, mas é só um chefe (bem importante na história por ser um pré-requisito pra salvar Richter, mas nem nome tem).


Isso significa que muitos dos personagens aqui se inspiram tanto no jogo de Richter, quanto no de Alucard.


Erzsebet Bathory, a Messias


E essa vampira sim é bem incrível, ela só é anunciada o tempo todo, todos se curvando a ela, e temendo seus poderes, mas fica difícil entender o quão forte ela é.


Até que ela aparece, com a habilidade MANIPULAR OS PLANETAS. Ela pode realinhar os planetas e corpos celestes como quiser, e o faz para trazer um Eclipse Eterno.


Isso permite que os vampiros vaguem quando quiserem, o que por si só é mais que o suficiente para fazer ela ser a mais poderosa.


Mas ela vai além! Ela tem um escudo de energia que a protege de qualquer magia, pode voar, e tem ancestralidade com uma deusa (aparentemente tomou o sangue da deusa egípcia da guerra, Sekhmet). Assim, ela também é imbatível, e o anime acaba num ponto em que não há forma de vencê-la.


Difícil imaginar que ela seria mais forte que o Drácula, mas se comparar, ela é. Contudo, ela não tem controle pelas demais espécies de criaturas sombrias, e se alia com o Padre para invocar monstros do inferno, só pra ter um exército ainda maior (se bem que só com os vampiros ela já tava de boa).


Outro detalhe é que ela traz a mitologia egípcia pra mistura de religiões, mas não é explicado muito, apenas dito coisas soltas em conversas rápidas.


Edouard


Um cantor de ópera inexistente no jogo original, que aparece como aliado de Annette, mas acaba se desenrolando como algo muito maior, ajudando a contar uma parte curiosa da franquia. Aliás, o fato dele ser cantor é importantíssimo pra seu desenvolvimento...


Edouard acaba se tornando uma criatura da noite, e através dessa transformação, o lado desses monstros é melhor explorado, explicando exatamente de onde eles vem, o que pra mim foi uma novidade.


Os monstros diversos além dos vampiros seriam como possessões invocadas de diferentes demônios, em corpos humanos. Pra piorar, eles não tomam apenas os corpos para se personificarem, mas as almas dos humanos falecidos, o que abre precedentes pra uma série de reviravoltas.


O fato da personalidade de Edouard subjugar seu demônio e retomar o controle do novo corpo, mesmo após ele já ter morrido, e mesmo sob controle de outra pessoa, é algo que faz a trama crescer muito, dando esperança, e espaço para que coisas maiores ocorram. Além de explicar de onde os monstros vem, ainda deixa implícito que nem todo monstro é mau!


Para um jovem Belmont que nem sabe o que são as criaturas, lidar com seres nefastos junto aos odiosos vampiros é um baita começo de jornada... infelizmente tudo acaba se limitando a isso.


Alucard


E por fim, sim, o eterno filho de Drácula aparece!

Só que no final, já praticamente nos créditos, como um raio de esperança mediante ao caos instaurado.


Achei incrível que ele foi retratado praticamente no mesmo estilo artístico de Symphony of the Night, e ele é tão imponente quanto.


Explicando: Alucard e Richter Belmont possuem uma relação talvez até mais profunda que a que ele teve com o Belmont ancestral de Richter, e seus jogos são interligados como uma sequência.

O jogo em que Alucard aparece se chama "Symphony of the Night" e ele surge logo após o "Rondo of Blood" de Richter. Sua missão é apenas resgatar Richter, e impedir a volta de seu pai, e ele é um caçador de vampiros, mesmo sendo um vampiro.


A união sequencial desses dois jogos é uma novidade na franquia pois, geralmente cada história e título se passa em sua própria era, com outros Belmonts ou caçadores no protagonismo. Mas, colocar Alucard (que já havia aparecido como aliado em Castlevania 3, ao lado de Trevor Belmont e Cipher, a mesma história que foi adaptada no outro anime da Netflix) em uma história própria, mas se passando logo após a história de um Belmont menor como Richter, fez com que o próprio Richter ganhasse muito mais destaque na franquia (é um dos personagens mais famosos), e ainda fez esse vínculo entre dois jogos.


Me lembro como fiquei surpreso ao descobrir o Castelo Invertido do jogo original, e nunca me esqueço do quanto adorei este jogo. Então ver o personagem ser trazido pro anime com tanta fidelidade, foi legal de mais.


Além disso, Alucard só chega a conhecer Richter em seu próprio jogo, no Symphony of the Night, e por mais que o anime seja uma releitura bem livre, estou curioso pra saber mais sobre como ambos se relacionarão.


E digo isso pois, lamentavelmente, 8 episódios não foram suficientes pra contar a história.


Uma Temporada Incompleta


"Castlevania - Nocturne" serve só de introdução para seus muitos personagens, mas deixa tudo em aberto para uma continuação. Ele praticamente exige que o anime ganhe uma segunda temporada, pra fechar as muitas pontas soltas que deixou.


Nem um dos problemas foi resolvido, e o mal vence no fim. Ainda ficam um monte de dúvidas como "Quem foi o demônio do pacto do Padre?" ou "Onde está Drácula" e a principal "Como tudo acaba?", e nem mesmo há um "continue" no fim.


É triste ver que, mesmo tendo uma história tão rica, não foram capazes de estabelecer um desfecho satisfatório, forçando e dependendo de uma continuação.

E nessa continuação, a promessa é o misterioso Alucard ajudando Richter e sua turma a vencer a vampira da vez, e acabar com o Eclipse. 


Por mais que eu tenha curtido a experiência, esse final aberto foi como um murro no estômago, e tornou a experiência um pouco desagradável. Porém, fizeram uma boa escolha ao colocar Alucard pra puxar a nostalgia... ainda que isso soe pouco perante o gigantesco abismo na história em termos de conclusão.

O jeito é esperar pela segunda temporada... não por querer mais, mas por querer saber como é o fim.


Parece até que dividiram de propósito... e que tudo já tava pronto, com a introdução, o meio e o fim sendo quebrado em três partes de 8 episódios cada.

Enfim, bora esperar e torcer pra ser bom.


E outra coisa... poxa Konami... mais uma boa história, que daria um ótimo jogo... 

É isso.

See yah!

Postar um comentário

24 Comentários

  1. Só mais uma série fraca com roteiro de "aí aí cristão malvado", perda de tempo. Bom que não vou nem perder tempo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já é assim desde a primeira temporada

      Excluir
    2. O tenso é que há potencial na série, pelo menos vi boas ideias.

      Excluir
    3. É a animação tá realmente muito fluída, tá muito bonito, só que esse clichê deixa toda a história previsível demais kkkk

      Excluir
    4. É o maior problema na hora de roteirizar... torço pra que a "segunda parte" não ferre tudo e consiga contar a história sem enrolar ainda mais.

      Excluir
  2. Netflix sempre faz isso, pega uma série e usa para seus propósitos, atacar a fé cristã, desconstruir personagens, mudar roteiro são coisas muito comuns, nada a se espantar

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Já é assim desde a primeira temporada

      Excluir
    2. Sempre deve-se tomar cuidado ao falar de religião... mas talvez tiveram essa ideia pois nos jogos particularmente, há uma mistura de culturas por causa das épocas retratadas e culturas. Mas, dá pra tirar algo bom, só precisam ter cautela.

      Excluir
    3. Fico feliz por você ter respondido de boa, e não esculachando igual algumas pessoas. E realmente a animação tá linda. O meu problema não é criticar a igreja, isso várias séries fazem bem, o problema é o maniqueísmo, de cristão mal, não cristão bom. Fica parecendo que é a religião da pessoa que determina o caráter, sendo que o que determina o caráter é um conjunto de fatores

      Excluir
    4. Nem grila, sempre tento ser respeitoso. Opinião é algo que deve ser compartilhado...

      Cabe a nós sempre respeitarmos.

      Excluir
  3. Os principais pontos que toda série ou adaptação da Netflix faz são:
    Mulher "empoderada": check
    Casal gay: check
    Troca de personagem branco por negro: check
    Colocar religião de matriz africana como algo bom e cristianismo como ruim: check
    Cristão malvado: check
    Branco malvado: check
    Rico malvado: check

    Depois falam que isso não é previsível, essa fórmula já é antiga já, nem sei porque os caras nos comentários estão surpresos kkkk

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É assim desde a primeira temporada

      Excluir
    2. Não posso negar, notei tudo isso. É um padrão Netflix que já se espera em tudo quanto é obra deles... chega a ser risório. Mas, ao meu ver, gostei mais dessa temporada que daquela versão de 4 temporadas lançada antes.

      Excluir
    3. O padrão Netflix é esse mesmo kkkk

      Excluir
    4. Chato que isso ta tomando proporções cada vez maiores. Mas sinto que estão se ajustando (na verdade torço pra que se ajustem).

      Excluir
    5. Você pode criar um Instagram próprio para seu blog, geralmente é melhor do que usar o seu pessoal, o alcance é maior

      Excluir
    6. Uma ótima dica, porei em prática.

      Excluir
  4. Só deixar mais um comentário. Seu blog é muito bom cara, Excelente. Tem que divulgar mais para o pessoal conhecer melhor seu trabalho, reconhecimento você merece. Só do fato de você não xingar igual alguns blogueiroa fazem já mostram que você é muito gente fina, e merece todo sucesso do mundo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Poxa obrigado sr!!! Isso me deixa feliz.

      Eu sou péssimo pra divulgação (irônico né) mas, vou tentar rs. Espero que mais pessoas conheçam meus textos!!! E, seja bem vindo sempre.

      Excluir
Emoji
(y)
:)
:(
hihi
:-)
:D
=D
:-d
;(
;-(
@-)
:P
:o
:>)
(o)
:p
(p)
:-s
(m)
8-)
:-t
:-b
b-(
:-#
=p~
x-)
(k)