CríticaMorte: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Esperei sair no streaming pra assistir, e não me arrependo.

Este não é o tipo de filme que eu pagaria pra ver no cinema, mas também não é o tipo de filme que eu não pagaria pra assistir. Ele é bom, divertido, meio bobo de certa forma, mas entretém o bastante pra compensar as 2 horas nele investidas.

Marvel e Disney não fizeram feio nele não, e até mesmo as "participações especiais temporárias" ficaram espetaculares. Eu realmente gostei.

Falarei melhor disso, sem dar tantos spoilers.

Boa leitura.

Quando eu disse "meio bobo" é por achar a história deste filme bem fraquinha. Da pra resumir em uma frase: Wanda paga caro pelo que fez na série dela e o Doutor Estranho que limpa a sujeira.

De início eu fiquei meio incrédulo e injuriado com a proposta deste longa, pois eles pegaram a personagem principal da série "Wanda e Visão", e jogaram a redenção dela no lixo. Mas tudo vai se justificando conforme a história é contada, não de forma convincente ou satisfatória, mas pelo menos com sentido.

A proposta "multiversal" presente já no título também não é mal utilizada. Temos várias versões do Doutor Estranho, e de outros personagens, mas o que se destacou foi a presença dos grupos que, até então, ainda não foram apresentados no Universo Cinematográfico Marvel.

Não deve ser segredo pra ninguém que, o Professor Xavier está no elenco, e é interpretado pelo próprio Patrick Stewart, ator que deu vida ao personagem na versão X-Men da Fox.

Considerando a compra do estúdio pela Disney, era de se esperar uma tendência a favorecer os filmes Marvel, mas também dar a graça aos filmes da Fox, então deram crédito ao personagem, mantendo-o canonizado mesmo que, em um universo (ou vários universos) diferente(s).

Não que isso signifique tanto, afinal depois do que fizeram no Aranha 3, já é de se esperar que qualquer medinho de usar os personagens tenha desaparecido completamente. Ainda que me surpreenda terem tanta resistência em validar os personagens já vistos no cinema pelo outro estúdio, é bom ver que aos poucos vão brincando com essa ideia.

O Xavier que surge tem até a trilha sonora clássica, e uma Cadeira de Rodas ainda mais clássica. Faz parecer que é o personagem das versões animadas e não dos filmes, o que de certa forma é bom já que ele tem um fim definitivo aqui.

O mesmo vale pra todos os outros, mas o que achei legal é que, com a breve aparição deles, pode-se dizer que há planos futuros para trabalhar com tais "equipes".

É que, além do Xavier, que representa evidentemente os X-Men, ainda aparece um Inumano (equipe ainda não apresentada oficialmente em nenhum filme que eu saiba), e tem a Capitã Carter, neste caso uma personagem multiversal apresentada antes no What If (animação canônica).

Apesar disso, ela não parece ser a mesma versão que vimos lá, e caso fosse, torna-se ridículo seu descarte tão repentino e gratuito só pra, engrandecer a ameaça da Feiticeira Escarlate.

Outra equipe antecipada é a do Quarteto Fantástico, com Reed Richards, o Senhor Fantástico ou "Homem Elástico", surgindo (pra ser descartado rapidamente mas, surgindo). Neste caso ele não foi interpretado por nenhuma de suas versões passadas, mas teve uma boa caracterização... pena que durou pouco.

Teve também a Capitã Marvel, versão da Maria Rambeau (mãe da Mônica, que apareceu lá em Wanda Vision) mas, não é tão icônica assim. 

Esse grupo seria os Illuminati, responsável por "tomar decisões difíceis". É uma boa adaptação dos quadrinhos, que geralmente reúne as mentes mais brilhantes e sempre resulta em decisões que pioram tudo ao invés de melhorarem, justamente o que é mostrado aqui.

Aliás, ele nem é mencionado, mas o Tony Stark deve ter ajudado eles de alguma forma, visto que tem Ultrons trabalhando pra eles. Achei esquisito nem mencionarem os Stark... mas okay.

Tudo era fácil de se resolver, tanto que a maior ameaça aqui é só a Wanda, poderosa sim, implacável sim, mas não invencível. Tanto que, no fim, ela mesma se derrota, pois tudo que a motivava era uma breve confusão. Sem demônios em sua mente, sem planos maquiavélicos, sem distorções dimensionais bizarras... a mulher só tava sofrendo, AINDA, depois de sua suposta redenção na série.

Por isso que digo que Doutor Estranho que limpa a bagunça, ao passo em que ele próprio acalma sua confusão. Sua paixão platônica pela Christine Palmer sempre levava suas versões ao caos, foi o que vimos no What if dele, e até temos uma outra versão que cometeu o mesmo erro (e se parece com a de What if, mas não é). No entanto, ao acompanhar os erros de Wanda, a versão MCU do Doutor Estranho consegue se tornar a melhor versão já vista, sábia, e que consegue se decidir corretamente.

De certa forma, aqui ganhamos um Doutor Estranho perfeito, mas perdemos pra sempre a Wanda. Irônico, pois a série dela fez parecer que ela seria importante no futuro, mas acabou que não. (Aliás, o Doutor Estranho Zumbi com a Capa dos Mortos é épico, e não tem nada a ver com o zumbi de What if)

Sobre a nova personagem, a America Chavez, é incrível.

Um MacGuffin racional e ciente de sua importância, que nem precisa ser explicado para que saibamos o quão é crucial pra toda a história. Ela tem o poder de atravessar universos criando Portais Estrela, e mesmo que não saiba como usar, ela usa isso o tempo todo.

O roteiro faz algumas concessões que não são ignoradas, e chegam a ser explicadas algumas vezes, tudo para que ela apareça ali junto do Doutor Estranho que queremos. Em resumo: De todos os infinitos universos, foi justamente a Wanda do universo "principal" que caçou ela, e foi justamente o Doutor Estranho do universo "principal" que a salva. Mas eles fazem isso sem saber um do outro.

Este é um ponto que me incomodou um pouco... é muita coincidência jogarem os problemas e soluções tudo no universo principal, sendo que os outros parecem ter coisas até mais perigosas rolando, mas que acabam sendo diminuídas ou ignoradas. O esquema de "Incursão de Universos" por exemplo, é uma ameaça bem grande mas que, soa pífia por não ter consequências grandes (basicamente, universos inteiros podem colidir uns com os outros caso haja rompimento entre as barreiras dos universos).

Chavez parece um bom acréscimo ao MCU, e enquanto sai a Wanda, entra essa nova heroína mais jovem, com poderes não tão grandes, mas fortes, e únicos. Ela pode ser bem divertida se for mais usada, afinal ela quebra as realidades! Pena que, tecnicamente, a Wanda também fazia isso (em teoria ela tinha poder pra mudar a realidade inteira, a America só consegue saltar entre universos), e mesmo assim não foi bem utilizada.

Outra coisa que achei bem idiota foi mais uma vez, a solução para lidar com Thanos surgir, e ser bem diferente do profetizado por Estranho no filme Guerra Infinita. Mais uma vez ele passa por mentiroso agora que uma outra derrota do titã louco foi canonizada, em mais um novo universo.

Sei que, depois dos Eventos de Loki, a existência dos multiversos pode ter facilmente desencadeado nessas soluções, e isso é inquestionável... mas que é meio bobo isso é. Os caras mal se resolveram depois da grande catástrofe, tanto que o próprio Estranho ainda está buscando seu lugar no mundo 5 anos depois do blip, sem nem ser mais o Mago Supremo, e tipo... já parece algo pequeno.

Mas, sério, eu não me vejo mais empolgado com as empreitadas dos heróis Marvel. Parecem agora só histórias bobinhas com resoluções simplificadas... isso desanima.

Da pra assistir e curtir, apesar dos efeitos especiais deste longa serem bem medianos (boa parte deles é risível), ele é bonito e bem elaborado.

Por mais que seja uma história curta, ela não é sem graça, e é bem contada.

Temos um teor de violência mais elevado pros padrões Disney, mas até isso ficou relativamente leve (algumas mortes iniciais são bem tensas e chocam um pouco, mas não demora até começarem a pegar mais leve). Ficou me parecendo que censuraram no pós edição.

O filme não tem nada de terror, mas tem umas cenas meio bizarras com monstros e fantasmas, e a própria Wanda da uns jumpscary as vezes. Mas nada assusta, por isso acredito que seja um filme fácil de digerir.

E é isso.

Repito que gostei, mas não vi nada grandioso neste novo título do Estranho. Ele perdeu a força depois do que foi mostrado no Aranha, pois seu melhor golpe foi o multiverso.

Caso veja, sei que não vai se arrepender.

Aliás, o filme tem 3 cenas pós crédito: A segunda anula a primeira, e a terceira é pura zoeira.

A primeira mostra o Doutor Estranho despertando um poder maligno... com um dos efeitos mais toscos de "terceiro olho" que já vi. Falso de mais.

Mas a segunda mostra ele já dominando esse poder e saindo junto com uma nova aliada, talvez de outro universo, pra consertar problemas multiversais... e sério como que aprovaram esse efeito???

E a terceira mostra um cara que o Doutor Estranho amaldiçoou voltando ao normal, é uma piada do filme mesmo.


Agora sim, é isso.

Obrigado pela leitura... espero ter falado o suficiente.

Desculpe se fui breve de mais, mas não vejo muito pra comentar. Ir além só vai me fazer falar a história toda do filme.


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4 Comentários

  1. Eu posso estar enganado mas acho que essa terceira cena pós-credito é exclusiva do Streaming...ou será que eu sai muito cedo...não sei, kkkkkkk.

    Os Filmes da marvel deram uma bela decaída depois do End Game, sei la, pra mim acabo ali, o que veio depois é só filme de super herói, não eram mais aquela coisa, eu pareço muito velho falando isso kkkkkkkkk, mas infelizmente, é verdade.

    Eu assisti esse Doutor Estranho dois dias depois do lançamento, no cinema, não me arrependi, nem sinto que era algo que não poderia perder, não sei...sentimentos confusos por esse filme kkkkk.

    Mas é um bom filme, alias, essa parte que você disse que ele acaba ''contradizendo'' a série Loki, eu não sei, mas acho que ''Linha do tempo'' e ''multiversos'' são coisas diferentes, e o fato dos vingadores, e especificamente os Vingadores não derrotarem Thanos poderia ocasionar na destruição da Linha do Tempo, por isso aconteceu, agora, Thanos foi derrotado em outros multiversos por outras pessoas, e em cada um deles havia outras 14.000.605 futuros possíveis, já que deveria ter pelo menos uma variante do Doutor Estranho por lá...

    acho que to me confundindo todo, me parece a mesma coisa agora kkkkkkkkk.
    Porque cara, Thanos não é uma ameaça multiversal com as joias do infinito, como visto antes, elas são inuteis fora do universo respectivo, então por quê raios ele ganhar poderia ocasionar a quebra na linha do tempo???
    Bicho...to confuso kkkk.

    see yah

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    1. Não não, você tá certo, ou pelo menos tecnicamente certo. No MCU os Universos Alternativos nascem por causa de variações no tempo, que é o que Loki fala. Uma mudança no curso do tempo gera todo um universo novo (tipo do Loki velho, da Loki garota, do Crocoloki, do Thor Sapo, etc). De certa forma até os universos totalmente viajados como aquele de tinta são meras ramificações de mudanças no tempo.

      Mas, considerando que nada mais impede o surgimento dos universos paralelos, e que estes surgem de qualquer ponto no tempo, nada impede que agora, Doutor Estranho esteja errado, mas naquele ponto no tempo, em que a Organização que o Loki derrubou ainda atuava, ele estivesse certo. Naquele momento, de fato existiam 14.000.605 futuros e em nenhum havia vitória. Mas, naquele momento, Loki ainda não tinha aberto o Multiverso, e a TVA mantinha tudo travado na linha 616 tecnicamente. Mas agora que tá tudo liberado, caso o Doutor Estranho usasse a Pedra do Tempo outra vez, ele ficaria infinitamente olhando os futuros possíveis, e acharia infinitas maneiras de vitórias. Tudo pois, agora há o multiverso, e antes não. De certa forma ele viu esses futuros dentro do tempo de tolerância que a TVA permitia para mudanças até rompe-las sem criar multiversos, e só haveria derrotas nesse sentido... faz sentido.

      Então o esquema do Thanos era só com o universo principal. Somente nele ele era a grande ameaça da vez. Nos que surgiram após Loki (e nesse sentido, como a influência da TVA em impedir multiversos ocorria em qualquer linha do tempo, antes, durante e após os eventos base da jornada de Thanos) já não o tinham como ameaça principal, ou majoritária. Foi o que vimos no caso do Ultron Infinito, que surgiu por causa de realidades alternativas, justamente pelo rompimento da TVA do Universo 616. Detalhe: Ainda há a TVA em outros universos, como visto no final de Loki, mas ela não consegue conter o multiverso mais.

      Ou seja, Estranho viu de fato 14 milhões de futuros, dentro da realidade 616, e via eles falhando pois a TVA ia lá e cortava eles antes de gerarem um futuro alternativo. Agora isso já não se aplica mais.

      Minha reclamação foi puro mimimi.

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  2. Ótimo texto sr Morte,achei o filme muito bom,na minha opinião a Disney deu mais liberdade ao Sam Raimi com relação à violência, o design das criaturas tá muito bom,a feiticeira quando quer arregaça, tem alguns defeitos mas pra mim foi bem melhor que ultimato,espero que mantenham o Sam Raimi no quadro de diretores da Marvel.

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    1. Concordo, isso deu um tom diferente pra obra. Mas ainda senti que seguraram um pouco o freio do cara. Talvez se tivessem dado mais liberdade, ficaria mais assustador e impactante.

      Aliás, valeu sr Mário. Adoro quando comenta.

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Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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