O Filme Achado de Hoje: Livestream - Outro Streaming de Terror

Livestream - 2025


O nome é meio genérico considerando os tempos atuais, mas até que valeu a pena assistir. Não é um daqueles filmes surpreendentemente assustadores mas ao menos acerta no realismo, desde que ignoremos alguns fatores.

É a história de um grupo de influenciadores que viajam pra uma cabana numa cidadezinha afastada, pra passar a noite com seus fãs em live, algo que acaba em pouco menos de 2 hora seguidas.

O filme é contínuo, num formato bem mais realista que o comum, usando plano sequência disfarçado de livestream ininterrupta, e escala rapidamente de uma noite boba de jovens conversando, pra um massacre da serra elétrica.

E o mais interessante em tudo isso é que tem brasileiro metido no rolo. 

Mas, bora falar mais a respeito a seguir, e tem spoilers.

Boa leitura.


O Streaming


O filme inteiro é plano sequência sem corte, e creio eu que usaram pequenas distorções da câmera pra corrigir taques ou emendar possíveis falhas, mas os cortes, se existem, são indetectáveis.

E isso valoriza muito a obra já que a proposta do gênero é sempre ser realista. O problema é que há duas falhas gigantescas que facilmente distraem e afastam da imersão, sendo elas a posição da câmera, e os comentários.

É que durante toda a live, há pessoas comentando, em múltiplos idiomas (incluindo português) e elas estariam assistindo ao vivo o que está ocorrendo. Mas, todos são ignorados pelos streamings, o que faz toda a obra parecer irreal.


Primeiro que a ideia do streaming é conversar com o público enquanto filma tudo, justamente por isso há a opção de comentários. No filme, os personagens ignoram os comentários, muitos deles extremamente pertinentes e que mudariam o desfecho de tudo, inclusive no final já que os espectadores testemunham tudo e avisam dos perigos.

Não só é um erro ignorarem o público, como acaba soando falso quando fingem dar atenção. Num momento do filme, a protagonista lê comentários falsos que nunca apareceram no livestream, pra sustentar a continuidade da história.

Agora quando era realmente relevante ler para saber o que ocorreu, algo que inclusive seria a primeira reação de qualquer pessoa numa situação parecida, ninguém nem pensa, nem cogita tal ideia. Apenas seguem a trama como se tudo fosse gravado.


E de fato, parece que gravaram tudo primeiro, depois soltaram online como uma falsa streaming só pra pegar os comentários reais de pessoas curiosas. Claro que, diferente do que a live aponta, não surgiram 1 milhão de visualizadores simultaneamente. Provavelmente convidaram algumas centenas de pessoas pra garantir comentário e deixaram assim.

O segundo problema é a posição da câmera e o próprio celular usado pro show, afinal além dele ficar na horizontal, algo totalmente irreal quando se trata de streaming (é regra, vai gravar no celular tem que ser na vertical), ainda há o erro grotesco da tela sempre gravando.

Celulares são pequenas tábuas que não ficam de pé sozinhas. Ao soltar o aparelho, a tendência é ele tombar, e virar a câmera seja pro chão ou pro teto, algo que NUNCA ocorre neste filme.


Mesmo quando soltam o aparelho, mesmo quando sem querer perdem o controle da gravação, mesmo quando propositalmente desviam a câmera, ela sempre está filmando algo, nitidamente pra variar.

Isso vai contra qualquer lógica, e automaticamente derruba a veracidade da gravação. Caso fosse uma câmera de mão, beleza, ela tem toda a estrutura necessária pra se manter de pé e gravando. Mas celulares não... a menos que a streaming estivesse usando algum aparato pra manter ela fixa na posição, como um Pau de Self ou algo do tipo. Mas nada disso está presente em cena.


No fim, a impressão que dá é que usaram mesmo uma câmera comum de mão pra gravar, mas esqueceram de adaptar isso ao roteiro e mantiveram "Celular" no texto, o que não condiz com os eventos.


O brasileiro


O filme é inglês, os eventos são nos EUA, mas há um brasileiro no elenco que não tem medo de falar nosso idioma.

E ele é bom ator, pelo menos fluiu bem e não soou falso nem na comunicação com seus colegas influencers, nem com seus momentos abrasileirados e soltos.


Entre palavrões e referências populares tupiniquins, o cara brilha legal e rouba o protagonista da dona do programa.


E de certa forma todos no elenco se saem bem, o que por si só garantiria um realismo bruto bem decente. Uma pena que a posição da câmera me distraiu muito.


Os Comentários


Da pra dizer que os comentários são um show a parte, já que eles interagem diretamente com o que assistimos e é divertido ver que as pessoas pensam o que nós pensamos. 

Entre coisas como "Tô entendendo nada, traduz pra mim" ou "Negócio falso, ta respirando dá pra ver", os comentaristas mostram reações naturais ao que assistimos, e é sempre legal acompanhar algo assim.

Infelizmente todos são ignorados e acabam não participando diretamente da trama, o que poderia e aliás, deveria ser obrigatório na obra. Se os personagens se direcionassem pelos comentários, e talvez cometessem erros críticos levados pelo que foi dito pelos seguidores, isso causaria uma sensação de culpa terrível na gente, e apenas elevaria a experiência a outro patamar.


Inclusive não é a primeira vez que vi um filme que usa tal formato, sendo "Deadstream" e "Spree" dois excelentes modelos que deram certo.

Deadstream conta a história de um cara numa cabana buscando por experiências paranormais, que é guiado pelos comentários a cometer alguns erros. 


Spree é a história de uber falso que está prestes a cometer sandices, enquanto interage com seus seguidores motivacionais.


Nos dois casos, comentários fazem parte, e ajudam na trama, já aqui, isso apenas é deixado de lado.


A história


Por fim, dá pra resumir a trama da seguinte forma: 5 jovens numa cabana são mortos por uma família psicopata.

É como assistir Massacre da Serra Elétrica, versão moderninha, o que com toda certeza seria funcional, se não ignorassem detalhes importantes.


Aliás se parar pra analisar, é literalmente "Massacre da Serra Elétrica" mas sem uma motosserra erroneamente nomeada na tradução de serra elétrica.


A sequência dos eventos é a mesma: Policial corrupto que tem vínculo com a família estranha, família estranha com um parente com problemas sérios psicologicamente, e o massacre um a um com a família reagindo a isso.


Até o fim, clássico do letherface no banco de trás do carro é "imitado". O que me faz pensar na possibilidade deste longa realmente ter tentado fazer referências ao outro filme, ou apenas tudo ser uma baita coincidência.


Em todo caso, não creio que seja um dos piores que já vi, mas também não entra na lista dos memoráveis.

Apenas fico triste pela escolha errada da câmera.

E... #rippedro #ripcindy. Foram os únicos personagens que na minha singela opinião mereciam ter sobrevivido.

É isso.

See yah!

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