E se um dia alguém tivesse a brilhante ideia de fazer um filme sobre My Little Pony, versão terror? Unicórnios pistolas da vida chifrando geral, será que seria uma boa ideia mesmo?
A "A24" costuma apresentar excelentes filmes de terror (Maxxxine, Hereditário, etc), o que deu pra eles certa credibilidade... então ao descobrir que fizeram um filme sobre Unicórnios, e ainda por cima com alguns atores renomados, logo imaginei que poderia sair algo bom daí, mesmo sendo praticamente impossível.
Cavalos com chifres assassinos? Não sei não...
Só assistindo pra ver se valia a pena investir em tal história e, me arrependi. É a mesma ideia de fazer filme de Fadas do Mal chamado "Os Observadores" (aquele filme da filha do M. Night Shyamalan), só que sem acertos, apenas erros e bobagens em tela.
Então, bora lá pro filme de terror com equinos chifrudos.
Boa leitura.
Cavalos do Mal
Fiquei pensando como que poderiam fazer um filme sobre cavalos assassinos, afinal o que faz um Unicórnio ser perigoso é só seu chifre, sendo que na lógica ele é apenas um cavalo mágico. Ainda por cima nas lendas de tais animais mágicos eles possuem propriedades curativas, e são quase que entidades celestiais que não oferecem risco.
É preciso fazer um malabarismo narrativo surreal pra conseguir transformar criaturas tão majestosas em seres assustadores, e ainda por cima seria preciso um roteiro muito bom pra tornar uma história assim no mínimo interessante.
E este filme não consegue nem uma dessas coisas. Na verdade ele é tão bobinho e genérico que acaba apelando pra comédia, uma comédia muito fraca, pra mascarar os fracassos em sustentar seu terror.
Ele investe em gore inclusive, gore barato feito por CGI, e ainda assim falha miseravelmente em transmitir algum tipo de terror ou horror.
Nem sequer usam cavalos de verdade em cena, apenas monstruosas figuras equinas de pura computação gráfica, horrivelmente encaixados em tela, no meio da escuridão pra economizar gastos e esconder as falhas, e ainda assim, é tão mal feito que até um filme B que usasse atores com máscaras de Unicórnio se sairia melhor.
Daria pra salvar o péssimo roteiro com umas cenas mais pesadas e visualmente perturbadoras, mas o filme parece ter medo de arriscar, como se alguma criança fosse parar pra ver algo do tipo, e insiste em esconder o gore, com distanciamento da câmera ou cortes secos, sendo que isso é tudo que ele tem pra oferecer de terror.
Em questão de suspense então, inexistente. A história é tão ruim que dá pra antecipar o final nos primeiros 10 minutos, já que ela é completamente previsível:
História de
"A Morte de um Unicórnio"
Um pai, interpretado pelo Homem-Formiga (Paul Rudd) e sua filha, interpretada pela Wandinha (Jenna Ortega) viajam por uma floresta numa estrada super bem pavimentada, rumo a um chalé de investidores, que o papai precisa convencer a aceitar um grande investimento.
No caminho, sem querer querendo eles atropelam um cavalo, e ao checar o corpo descobrem ser a Princesa Celestia, sem asas.
Então a Wandinha toca no chifre dela e fica chapada, enquanto o Homem-Formiga diz "hoje não" e esmaga o que restou do bichinho na tacada.
Daí eles vão pro chalé, levando o corpo do animal no porta-malas, e descobrem lá que por conta do sangue espirrado neles, eles foram curados de pequenas doenças, como miopia e acne.
Por ironia do roteiro, o investidor era um cara rico e com câncer terminal, que não demora até descobrir que o animal ainda respirava, e pior, tinha sangue com propriedades curativas que ele poderia usar para se curar, e para investir!
E assim, depois de matarem o animal outra vez, agora com tiro na testa, eles levam ele pra um laboratório improvisado e descobrem inúmeras formas de aproveitá-lo.
Tudo até os pais da Celestia aparecerem, querendo a filha de volta, e começam a galopar em torno do chalé, perfurando geral com seus chifres. Eles são grandes, mas ninguém consegue notar um cavalo de 2 metros de altura se aproximando pra esquivar.
No fim, o investidor, sua esposa e boa parte dos funcionários morrem, sobrando só o mordomo que foge, o Homem-Formiga e a Wandinha, junto do filho da família dos vilões, interpretado pelo Eustáquio de Crônicas de Narnia, também conhecido como Colin do Black Mirror (Will Poulter)...
Que tenta de algum jeito tirar proveito do chifre da Celestia e morre com uma patada.
Assim, sobra a Wandinha, que vê seu pai morrer por uma flechada do Eustáquio, e chora. Então os pais da Celestia simpatizam com a dor, pegam os corpos da filha deles, e do pai da Wandinha, e ressuscitam geral, fechando o filme com um final feliz.
Mas, a polícia chega, trazida pelo mordomo dos ricos, e leva o Homem-Formiga e a Wandinha em cana, até os unicórnios aparecerem e galoparem ao lado da viatura e, numa atitude benevolente e heroica, salvarem seus novos amigos tacando eles de um barranco.
A A24 Errou
É isso que o filme tem a oferecer, uma história boba pra caramba, efeitos especiais risíveis, e um humor bem sem graça. Acho até que se incluíssem risadas artificiais de auditório o filme ficaria mais divertido, com umas piadas tipo o Mordomo olhando torto fazendo mais sentido se alguém reagisse a isso.
A história, como deu pra ver em nada se assemelha a terror. Sem suspense algum (o que poderia ajudar muito a transformar os Equinos em seres mais assustadores, tipo "Tubarão"), tudo só se baseia no já esperado animal violento no meio do nada, caçando as pessoas com as armas que possui.
Mas isso não explica os personagens burros que colocam suas nucas encostadas em paredes finas sabendo que o animal perfura tudo com chifres longos, e a tendência suicida de todo o elenco em evitar se esconder em locais altos, e se expor em lugares escuros, abertos, onde os animais rápidos podem facilmente atingi-los.
Se trocasse o unicórnio por um rinoceronte, um tigre, um leão, um urso, a história seria tão ridícula quanto. Tem que ser idiota de mais pra se deixar atacar por animais tão violentos estando em grupo, armado, e protegido em um chalé com 2 andares.
E, nem da pra considerar a justificativa do "Precisamos capturar" tipo o que fazem em "Anaconda" ou "Jurassic Park", pois mesmo tendo qualquer que fosse a razão (aqui seria a de pura ganância farmacêutica), não tem pra que ter pressa e tentar resolver tudo em uma única noite, a mesma da grande descoberta, sem equipamentos, sem preparo, sem planejamento.
Tudo é rápido de mais, e ignorante de mais. E com isso confirmo que não da pra fazer um filme bom de terror sobre Unicórnios.
Talvez, quem sabe, até daria pra fazer algo assim, usando efeitos práticos com próteses bizarras dos bichos, e trabalhando mais na história pra encaixá-los, transformando o lado místico deles em algo mais assustador. Tipo um filme onde pessoas que acreditavam em unicórnios os caçam pra provar (tipo Troll Hunters... hoje tô bem nas referências), e descobrem que eles são muito mais violentos e assustadores do que os contos de fadas mostram... mas nem isso fizeram.
Na verdade, o filme é meio perdido, não sabe como encaixar os animais na história e apenas vai jogando fatos aqui e ali pra adaptar os próprios fatos, à péssima narrativa. Se ao menos os figurões do chalé já soubessem dos animais ali (explicaria eles morando lá por exemplo) já daria uma ótima razão pra tudo acontecer.
Mas também não tem nada disso.
No fim, A Morte de um Unicórnio prova que nem a A24 acerta sempre. Transformar cavalos mágicos em máquinas de matar poderia ser genial, mas com um roteiro preguiçoso, CGI risível e zero suspense, o filme galopa direto pro esquecimento.
É isso.
Obrigado pela leitura, desculpe se falei de mais...
See yah!
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