CríticaMorte: Os Observadores - Cadê o Shyamalan?!

Um conto de fadas com uma pitada de terror, é disso que se trata "Os Observadores".


Na verdade senti um pouco de frustração ao assisti-lo, pois sendo um longa produzido pelo M. Night Shyamalan, eu queria ter notado ele em alguma parte, com suas famosas aparições. Mas não só isso não acontece, como a obra nem tem aquelas clássicas e mirabolantes reviravoltas que o diretor costuma inserir em seus filmes.

Até porque este não é um filme dirigido por ele, mas sim por sua filha, Ishana Night Shyamalan. Um pouco triste por isso, mas no geral é um filme legalzinho.

Falarei o que achei com alguns spoilers.

Boa leitura.


Fadas do "Terror"


Spoiler adiante, o filme é sobre fadas... se bem que na lógica é mais sobre uma variação mista de fadas com metamorfos, mas não surpreende em nada.

A história é um tanto quanto claustrofóbica, mantendo os personagens trancados em uma floresta sem poderem escapar, e o terror está nas supostas criaturas que os observam de noite, mas eles não podem ver pois um espelho os impede.


O mistério é tudo o que segura o filme, e esse mistério é abandonado ainda no segundo ato, tirando toda a graça da obra. A gente já sabe que as criaturas que observam existem mesmo, e estão lá só de olho, mas o filme estica o suspense com a natureza das tais criaturas.


É que até certo ponto, usam o clichê esquema de esconder os monstros pra dar a suspeita se são reais ou não. Caso o espectador esteja familiarizado com outros filmes assinados por um Shyamalan, já vem aquela certeza de que de fato nunca serão totalmente reais. Só que, abandonam o tal clichê e escancaram as criaturas de um jeito bem bruto, botando todo o suspense de lado.


Suspense este que não é muito compensador. Os Observadores seriam fadas sem asas que observam pessoas em um cubículo, e assumem a forma delas com o tempo. Mas, eles só podem sair de noite, e tem uma tara estranha em assistir os outros, mas não curtem serem vistos e matam quem o faz.


O que seriam essas fadas?! Bem, são só seres da floresta que não suportam a luz do dia, e perderam as asas por causa dos humanos, que as traíram e prenderam por magia ali naquele matagal. Então elas são forçadas a viver no subsolo de dia, e de noite saem para caçar objetos e coisas que adentram a floresta, pois não podem se distanciar muito dela.


Mas, pessoas as vezes entram na floresta, e nunca mais conseguem sair (presas na mesma magia), então existe um bunker no meio da floresta onde essas pessoas se alojam, seguindo as dicas da mais velha ali, para sobreviverem pra sempre. As fadas não entram no Bunker e ficam observando do lado de fora, por um vidro espelhado e mágico (é tudo mágico), e as pessoas só precisam aceitar que nunca mais viverão normalmente.



O doido é que o filme até poderia impactar com essas informações, mas ele as revela de um jeito tão expositivo que tira até mesmo a sensação de descoberta! Alguém precisa vim e literalmente narrar tudo pra gente, pra que entendamos o óbvio.


Sem Emoção


Até teria algum tipo de terror decente nisso, mas o elenco é tão catatônico que tira a vontade de assistir.


Além da protagonista, tem mais 3 personagens, uma velha, uma moça e um rapaz (já esqueci o nome de todos). Todos eles são entediantes, e forçam uma atuação ainda mais entediante. É tudo só sem emoção mesmo, eles parecem robôs, tanto que eu jurava que no final teria a revelação de que eram todos Fadas enganando a protagonista.


Mas, nem isso o filme soube aproveitar, e no fim é só um aglomerado de atuações ruins, que é muito difícil relevar considerando que a história inteira é só essas 4 pessoas conversando.


Sem Sentido


O filme é sobre essas 4 pessoas presas numa floresta mágica que esconde a saída por magia, tendo de caçar de dia pra terem o que comer, e se esconderem em um cubo vidrado no centro da floresta de noite, pra serem vigiados pelos observadores.

Mas há uns furos, aliás, verdadeiros buracos negros, que impedem o espectador de imergir na trama. Não bastasse a ausência de atratividade nos personagens, o roteiro é muito ruim em seus detalhes.


O que você pensaria se tivessem várias pessoas trancadas em um cubículo por meses? Fedor! Eu logo pensei em fedor. Imagina o futum que taria no lugar. 


Regras precisariam ser ditas certo? Por exemplo, onde os personagens fariam suas necessidades? Eles se banhariam? Como adquiririam água? Alimentos então? Qual o sistema de organização deles?

Nada disso é sequer cogitado pelos personagens, quem dirá discutido. O máximo que tem é um momento onde dizem que cada um tem uma função ali, mas mostram um cara pegando corvos pra comer, e uma moça pegando plantas, e ai esquecem outras necessidades básicas de sobrevivência.


As únicas regras ditas são aquelas referentes ao período noturno e convívio com as criaturas, mas toda a noção social é jogada completamente no esgoto, o que só torna tudo um completo absurdo.


Erro esse que nem faz sentido já que, é isso que o filme teria pra contar ora essa! 

Mas, ao invés de falar dessas coisas sociais, ele opta por focar em suspense, gente parada temendo o desconhecido, e conversas sobre passados irrelevantes, como a constante retratação do passado da protagonista.


Ela teria matado a mãe quando criança, causando um acidente de carro, e isso é lembrado e relembrado o tempo inteiro, com alucinações e visões muitas vezes IGNORADAS pela personagem. A gente vê as alucinações correndo ao fundo, mas a personagem ignora tanto, que até nós passamos a ignorar e considerar apenas um monte de loucuras do filme. Isso é péssimo pro terror...


Pois faz parecer que nada disso importa... e pior, o filme tenta fingir que importa mas não importa, e ele não se ajuda em nada.

É tudo muito sem significado, mas parece que acham que tem algum significado, como o Papagaio que a protagonista carrega, o hábito dela em imitar os outros (inclusive tendo causado a morte da mãe indiretamente), o fato dela ter uma irmã gêmea (totalmente superficial), o fato dela ficar se fantasiando como outras pessoas, o fato da protagonista adorar observar os outros e desenha-los, tipo, tudo tende a apontar pra algo espelhado como se fossem mensagens ocultas de algo mais profundo...


Mas não tem nada de importante nisso. São um monte de coincidências atoas, que soam importantes e harmônicas com o filme, mas no fim das contas não são.



Demora pra Acabar


O filme termina mas não aceita que terminou e se obriga a continuar. 

Ele não tem o que falar ou mostrar, bota todas as cartas na mesa, mas continua se auto empurrando pra lugar nenhum.


Aí o filme fica se esticando, querendo dizer que tem algo muito impactante pra revelar e não revela.

O fim mesmo, onde revela que sim, uma das pessoas era uma Fada, é também tão se graça e supérfluo que sinceramente, era previsível.


Quando falta explicar a razão da fada poder viajar de dia, o jeito que explicam é ainda mais supérfluo: É filha de um humano com uma fada, uma nephilim.

Do nada o filme se transforma em uma obra de ficção com mutantes que viajariam pelo mundo soltos e tipo, o tema anterior se perde.


Pra quem espera ver um filme de terror e suspense, acredite, este não é uma boa opção.

Ele não entrega nada interessante, e não vai além do óbvio. Tem mortes?! Até tem, mas são de personagens sem o mínimo de carisma, então nem isso impacta.

O que resta nele, são os efeitos especiais e direção de arte, contando com trilha sonora... e é tudo muito, mas muito genérico.


Ele não assusta, ele não surpreende, ele nem mesmo impacta, e cai no esquecimento rapidamente... tanto que eu nem lembro mais do que falar de tão irrelevante que foi.

Me revolto ainda com o fato do M. Night Shyamalan nem aparecer! Ele era tipo o Stan Lee dos filmes de terror, e agora cadê? Ou será que eu observei mal o filme dos observadores?!

Enfim... é isso.

See yah.




Uma Imitação sobre Imitação


Ué não acabou ainda?!

Ah tá, tem isso, o filme parece simular um modelo "Shyamalan".

Sabe, eu sempre notei que os filmes do M. Night Shyamalan, bons ou não, sempre acertavam na mesma coisa: Plot Twist.


Todo filme dele se obriga a ter uma reviravolta que não casa com o tema, ou que viaja tanto na batatinha que pega qualquer um de surpresa. Então é um padrão observável, que eu já notava mesmo antes de saber quem esse cara era.


Na real eu já consumi vários trabalhos dele sem nem me ligar que eram dele, como A Vila, Sexto Sentido, A Visita (um dos meus founds footages favoritos), Fim dos Tempos, Fragmentado, Corpo Fechado, Tempo, e por ai vai. Mas independente de notar que eram obras do mesmo diretor, eu sempre notei que no fim a reviravolta era mirabolante ao extremo, e causava estranheza mas, satisfação ao mesmo tempo.


Aí veio esse e, me pareceu uma simples imitação. É um filme que tenta abrir espaço pra reviravolta, mas quando ela finalmente chega, não dá uma sensação de estranheza e satisfação.


É só um final qualquer, um monstro descobre sua natureza e vai embora e, é isso.

Aí tentam falar que ela tá la observando a protagonista mas, isso também não é muito significante. Afinal, pra que ela iria observar a protagonista se ela não tem vinculo algum com ela?!


É bobo... é difícil explicar, eu só achei sem importância.

Enfim, agora sim, é isso.

See yah.


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