CríticaMorte: Stopmotion - O filme mais lerdo que já vi

Um filme de terror sobre a arte do Stopmotion! Pra quem tem pavor desse tipo de filmagem (como eu), esse é um prato cheio de possíveis traumas pra toda vida. Pelo menos seria, se soubessem o que estavam fazendo.

Este filme é lento, chato, demora muito pra começar e quando começa não sabe bem o que mostrar. É um tipo de filme que atrai pela premissa, e afasta nos seus primeiros 20 minutos só pela atuação da galera. Antes só fizessem um curta com bonecos medonhos em stopmotion que valeria muito mais nosso tempo, mas não, o filme se estende, tenta criar um contexto, mas a história é ridícula, os personagens também, e a própria filmagem é muito mal feita. Pior de tudo, é que ele não assusta, nem perturba, apenas incomoda por ser ruim.

Enfim, já que perdi 2 horas da minha vida vendo isso, bora explicar o que o filme é.

Boa leitura.

O Medo de Stopmotion

Quando vi o trailer desse filme (da Shudder aliás) logo fiquei ansioso pra assistir, já que eu sempre tive um medo enraizado de bonequinhos bizarros filmados em pausas.

Até vídeos humorados, ou filmes infantis, tudo que tem stopmotion me fazia ter pesadelos (sim, eu tive pesadelos com Coraline). Então como amante de terror, óbvio que ia querer isso pra minha vida! Então esperei e esperei até o filme lançar, tomei coragem, e comecei a assistir.

Então aos poucos, fui curado! Não temo mais stopmotion.

E olha que eu pensava que era impossível estragar um filme de terror sobre Stopmotion, afinal, o que torna a arte de stopmotion tão assustadora (pra mim) é quando ele é mal feito, fica tremido e mal finalizado, o que cria uma sensação tão esquisita e medonha que me faz lembrar aqueles tempos de Mestre dos Brinquedos e filmes de baixo orçamento, sem CGI, que usavam da arte pra suas criaturas e monstros.

Erra no Certo e Acerta no Errado

Imaginei que um filme sobre tal arte, nem precisaria se esforçar pra dar medo, pois bastava fazer uns bonecos toscos o filme inteiro, se mexendo como monstrinhos miniatura com problemas de frame, que eu já me borraria todo.

Só que então, o filme é tão ridículo, que até os bonecos feitos de carne real e pele falsa pra embalsamar são, apenas feios mesmo. O jeito como eles se movem em nada lembra stopmotion e a parte bizarra dessa arte. Eles são fluidos, dedicaram muito tempo pra mexe-los milimetricamente e, essa superprodução e cuidado pra torna-los mais fluídos só tirou todo o terror deles.

Então, ficaria a critério do enredo preencher o medo certo? Já que querem empurrar animações bem feitas com criaturinhas feias, então a história teria de servir de palco pro terror, correto? Eu logo imaginei que o filme falaria sobre bonecos de stopmotion ganhando vida e matando seus criadores... caramba, só isso me deixaria perturbado por dias.

Mas não, o filme é sobre uma mulher com esquizofrenia que enxerga uma versão criança dela, não sabe tomar decisões sozinha, e surta, matando o namorado, a cunhada, e depois ela própria.

Pra chegar nesse clímax, são quase 2 horas de gente conversando lentamente, cortes secos de câmera pra economizar com transição e cenários, e as vezes um pouco do "filme" que a protagonista tá fazendo com stopmotion. Aliás, vou nem enrolar, bora contar a história dessa coisa.

Resumindo a História do Filme

Certo, tudo começa com uma mulher que trabalha fazendo curtas com stopmotion, e é filha de uma mestra na arte, mas que perdeu os movimentos das mãos e agora a usa como sua ferramenta de trabalho.

Assim, a mãe ordena e dita o que a filha deve fazer, e a filha só aceita e faz, movendo os bonecos, fotografando, e fica nisso por horas.

A gente literalmente assiste a pior parte de se trabalhar com stopmotion, que é a parte dos bastidores, a parte em que as pessoas ficam lá horas mexendo coisinhas milimetricamente, pra fotografar, depois editar, e só então assistir 10 segundos de animação. 

E isso se repete, e repete, sem dizer pra que o filme serve, sem explicar pra quem será vendido ou apresentado, sem nem explorar as personagens, tanto do curta quanto do próprio longa. Nós não sabemos o nome de ninguém, não sabemos o que fazem ou desejam na vida, apenas vemos duas pessoas unidimensionais, fazendo stopmotion.

Então a mãe tem um derrame, e o filme finge que é um momento de terror com ela dizendo pra filha não se mover e tal, mas só é muito chato, muito tedioso, e demora pra terminar.

Quando termina, o filme já joga a gente pro namorado da mulher, e um grupo de amigos que também parecem trabalhar com stopmotion. Mas eles mal conversam, e ela vai pra uma balada, depois decide visitar a mãe no hospital, e por fim, muda de casa.

Ela leva os bonecos da mãe pra terminar o curta dela, mas ai uma menina chatíssima aparece e começa a interromper o trabalho dela, criticando, e no fim tomando o controle do projeto, dizendo pra ela destruir tudo e começar de novo, sua própria história.

Ai a menina conta a história de uma garota na floresta, que recebe a visita de um monstro das cinzas ao longo de 3 noites, mas sem falar muito do roteiro nem nada. Ela vai ditando pra mulher o que fazer, assim como a mãe dela fazia, e ela só faz.

Fica óbvia a mensagem, mas o filme ainda tira um tempo pra explicar em uma conversa desnecessária, que a mulher era tão incapaz de trabalhar sozinha que dependia de outra pessoa pensando por ela. A menina era quem assumiu o papel da mãe dela, mas o pior é que, depois o filme revela que a menina nunca existiu.

Ela era fruto da imaginação dela, uma projeção dela infantil, que faz seus desejos virem a tona. Ela vai surtando, pegando os bonecos e usando carne congelada neles, depois usa carne de animal morto, e por fim usa carne humana, remodelando os bonecos com o corpo do namorado e da cunhada.

No fim, ela se mata, assiste a própria morte, e vai dormir numa caixa em espírito.

Resumindo a História do Curta

Antes do curta derradeiro começar, tem a história que a mãe tava construindo, de um ciclope que encontra a noiva ciclope morta. Sem graça, o projeto é trocado pro curta da menina.

Este, que é revelado aos poucos, mostra uma menina sendo construída com diferentes materiais, até se tornar o mais próxima de humana (com partes humanas reais mesmo), enquanto sua pequena narrativa é fotografada.

Ela é feita de pano, e foge por uma floresta enquanto é perseguida por um monstro, até entrar numa casa.

Na casa ela recebe a nova forma, com creme de embalsamar e carne congelada, e passa a ficar com medo do monstro que a observa.

Enquanto isso, no mundo real, a protagonista passa pelos mesmos eventos mas, com uma criatura fantasiada mesmo, e muito mal enquadrado.

Ela também passa a alucinar com a boneca ganhando vida e tentando pegar carne dela.

Então o monstro ganha uma forma nova feita com carne de raposa e cinzas, mas não faz nada pois a protagonista enrola pra continuar o trabalho, com medo do que aconteceria na segunda noite.

Então depois de muito enrolar, e usar drogas, a mulher decide continuar e escuta sua menina interior, que fala que na segunda noite o monstro tocaria a garota. Mas a mulher tenta mudar isso, e no fim, ela própria é representada como um boneco de cera de embalsamar, fugindo da criatura.

Depois disso, o monstro enfia uma bola preta na boca dela (que devia significar algo) e pronto, ação feita.

A mulher já tá totalmente maluca, sai desnorteada fora de cena e acorda num hospital, onde descobre que a mãe morreu, e termina com o namorado atoa. Mas, depois ela foge do hospital, vai pra casa, fica fuçando a ferida na perna, pois a menina disse pra ela usar carne humana no monstro.

Ai o namorado dela chega, com a cunhada, e ambos tentam ajudar ela, mas ela mata os dois. A cunhada com um tripé na goela, e o namorado jogando da escada e depois sufocando (ninguém vence a mulher louca com perna ensanguentada, e aliás, nada é explícito ta, as mortes ocorrem fora da câmera).

Ela então arrasta os corpos pro apartamento, esquarteja eles (também não é mostrado), e faz bonecos com eles, tamanho família, animando a parte final em que o monstro faria algo com a menina.

Porém o monstro muda de direção, persegue a mulher, e assume uma nova forma, uma forma humana com máscara e abandonando o stopmotion de vez. 

Mas ai a mulher começa a descascar o próprio rosto, que vira massa de embalsamar, e dá pro monstro comer. Ele devora ela, e no fim, ela acorda morta.

Assiste ela mesma caída no chão. 

E o final é ela indo pra caixa, afinal, ela era só mais um boneco.

Finalizando...

Nos dois casos, nas duas narrativas, o filme é chato de mais. É um acumulo de falhas, como a trilha sonora ruim, sons abafados sem sentido, falas baixas, diálogos fracos, atuações robóticas e mortas, e uma composição de cenário tão sem inspiração que torna tudo muito simplificado.

O que teria de bom no filme, seria a atuação da menininha chata, mas até isso é desperdiçado com ela sendo revelada como uma alucinação já no início, e tirando a graça dela em suas aparições.

Do nada os caras metem um Boneco de Ventríloquo no filme mano, o que isso tem a ver com stop motion? É uma cena tão perdida que nem se encaixa em nada (ocorre quando ela ta na baladinha usando drogas).

Ainda colocam uma garota com pálpebra pintada pra parecer com os olhos do boneco, e mano, que isso? Alguém tava muito drogado quando pensou nessa cena, como algo que causaria medo.

Poderiam ter feito algo muito melhor com o tema, e era acerto garantido! Mas por  alguma razão tentaram fazer um negócio cheio de pseudo-metalinguagem, achando que tavam arrasando na autoria, quando no fim das contas só criaram um negócio tedioso de mais, e pior, que nem assusta.

E olha que quem ta falando isso é o cara que tem medo do Pingu! É sério mano, tem até uns curtas no YouTube que sabem ser perturbadores com stopmotion, e não basta muito pra isso! É só botar bonequinhos tremidos que quem teme, vai morrer de medo.

Agora isso aqui? Não assusta nem criança.

É isso. Falei tudo que podia.

Tem cada filme ruim que encontro, só por deus. To pra assistir o "Imaginário" do ursinho maligno, que tava parecendo promissor. Mas agora... vish. Sei não hein.

See yah!