O Filme Achado de Hoje: V/H/S/2 - Ou S-VHS (Os caras não decidiram o nome direito)

A franquia VHS possui atualmente 6 filmes, mas eles não são exatamente enumerados. Por ser uma franquia antológica, a ordem deles não afeta em nada a qualidade, e podemos assistir qualquer um esperando a experiência completa. Os filmes que existem são: VHS (o primeiro), SVHS (o segundo), VHS Viral (o terceiro), VHS 94 (o quarto), VHS 99 (o quinto) e VHS 85 (o sexto).


Porém, apesar de ter assistido e escrito sobre quase todos os VHS (clique nos nomes e verá os artigos), teve um que eu apenas ignorei, mesmo assistindo, por odiar o resultado. Inclusive me recordo de ter escrito o texto, mas jamais o publiquei e apaguei por vergonha.

Hoje, depois de tanto tempo, decidi assistir novamente essa obra prima da indecência  com gore disfarçada de terror, e acabei mudando minha visão sobre ela. Consegui entendê-la melhor.

Enfim, bora falar tudo sobre "Super VHS".

Boa leitura. 


A Origem do "SVHS"



Como deu pra notar, a partir do quarto filme passaram a adotar a ideia de enumerar pelos anos retratados, criando um padrão mais simples, e optando também por mudar o nome do segundo filme pra "VHS2". Mas no começo a coisa era mais voltada pro tipo de Fita usada no projeto.


Conceito mudou, mas a ideia permaneceu a mesma sempre, e apesar da qualidade variar bastante, todos os filmes tem seus méritos e adotam o gênero Antológico junto do Found Footage com maestria.


"S-VHS" que depois foi renomeado para "VHS2", era pra ser um found footage com Fitas no modelo "Super VHS" (Super Video Home System, que tinha 480p), que daria continuidade a história sobre tipos de mídias usadas em filmadoras, com terror por trás. Provavelmente depois dela viria algo como o "D-VHS" e talvez pularia pra "CD", "DVD", "Bluray" e por ai ia.


O título era só pra ilustrar essa história paralela de evolução, o que talvez daria muito certo, e influenciaria na qualidade visual com o tempo. Mas como a marca em si fez fama, preferiram preservar o VHS e estacionar nesse gênero. Assim, os filmes que sucederam apenas repetiram a fórmula, com curtas de autores diferentes, misturados e fingindo terem sido gravados em VHS. 


Sobre a Qualidade


Diferente do primeiro filme, este acaba mirando em qualidade técnica e horror, além de ter um cota de sacanagem por curta (parece até que os produtores ordenaram que os diretores de cada curta, dessem um jeito de incluir algo sexual em suas tramas), e foi exatamente isso que me desagradou.


O sangue em si é tão bem feito, que as vezes passam dos limites e escancaram coisas que podem até traumatizar os mais fracos pro gênero. Por exemplo, em um dos curtas um cachorrinho morre em uma queda, e eles só dão um close na cara do animal agonizando... isso é muito pesado.


Por ter sangue de mais espirrando na tela, eu fiquei meio espantado, e bastante impressionado, até que apareciam pessoas nuas e eu me confundia. 


Afinal, que tipo de filme eu tava vendo? O primeiro VHS também tinha cenas assim, mas eram no mínimo condizentes com a narrativa, já aqui só é gente pelada atoa e sem razão alguma pra isso.


O filme é cheio de gatilhos, com histórias sobre suicídio, morte em massa (envolvendo crianças inclusive), esquartejamento, e o negócio vai muito longe. Porém, o que me fez odiar ele foram os zumbis, simples assim.


Três das 5 histórias são sobre Zumbis, e uma delas nem faz sentido pois apenas mistura um monte de ideias e joga na tela do nada, com zumbis brotando sem razão alguma.


Foi visceral, e uma das histórias é incrível, apesar de também flertar com humor (o que por pouco não destruiu o curta), mas no geral, com o tema voltando e voltando, apenas pareceu repetição.

Felizmente, dá pra aproveitar e até mesmo se assustar com todos os curtas, mesmo com nudez gratuita e carne melada pra todo lado, os gritos, barulhos estrondosos, as imagens e a forma como as histórias são contadas (além de suas resoluções) é eficaz no terror. Ele fala sobre zumbis, demônios, fantasmas e até mesmo alienígenas, então acaba sendo um prato cheio pra quem gosta do gênero.


Eu, que já sabia das histórias, fiquei arrepiado com elas, o que me fez tentar entender porque odiei tanto tudo isso, ao ponto de apagar meu rascunho... e cheguei a conclusão de que sou chato pra um caramba.


Resumindo os Curtas


Aqui, vou dar um resumo básico pra cada curta, sem entrar em todos os detalhes, afinal, compensa assistir. Mas vou dar spoilers então, esteja avisado.


Tape 49


Essa é a história que amarra e justifica todas as outras, mostrando um casal encontrando as fitas que assistiremos.


A cada curta, um pouco da história deles é mostrada, com mistério e terror, e é como se enquanto assistíssemos, eles estivessem passando por cosias sem que víssemos. Segue o mesmo conceito do primeiro filme (inclusive faz alusão a ele com um dos vídeos que aparecem de fundo sendo dos jovens que assistiram as fitas naquela ocasião).


Apesar de serem as mesmas fitas, de uma coleção de um cara viciado em coisas bizarras, quem as oferece pro casal assistir é um jovem, que acabou encontrando elas e as estava estudando em uma casa abandonada.


O casal em si é uma dupla de detetives particulares que vão procurar o tal garoto, a pedidos da mãe dele, e acabam apenas achando a casa abandonada com as fitas aos montes, um notebook gravando tudo com um vídeo do garoto falando, e muitos monitores preparados pra serem assistidos.


Enquanto alguém estranho anda pela casa ao fundo e ninguém nota, a jovem que começa a checar as fitas passa a ficar cada vez mais imersa, e no fim, ela tira a própria vida.


E o cara que tava com ela, tenta ajuda-la como pode (grita por socorro...), e simplesmente decide assistir mais uma fita pra tentar entender o que houve, depois disso, ele termina de ver o vídeo do garoto no notebook, descobrindo que ele se matou no final. 


Porém ele também se levantou em seguida, com a cabeça estourada mesmo, e estava andando por lá enquanto eles assistiam fitas.


A garota também se levanta (ou seja, Zumbi), e ao tentar fugir, o cara cai nas garras do anfitrião morto vivo.



Phase I Clinical Trials


Um homem que perdeu a visão de um dos olhos, ganha a chance de recupera-la ao se submeter a um teste clínico de uma prótese ocular digital. 


Então, ele ganha uma Câmera no Olho, com a pequena desvantagem de ter suas imagens transmitidas para o hospital para estudos (ferrando com sua privacidade).


Porém, o terror não é esse, e sim uma anomalia que surge no uso de próteses do tipo, e o cara começa a enxergar fantasmas com seu olho digital, tomando altos sustos. 


Uma outra usuária de tal tecnologia aparece para ajuda-lo a entender (e a gente também), explicando que no caso dela, ela escuta os mortos, mas aprendeu a conviver com isso e agora quer ensinar ele.


Mas isso não dura muito, a garota logo fica pelada na frente do cara pra dormir com ele, e assim afugentar o fantasma do tio tarado dela (não procure lógica), e no fim, ela morre afogada puxada por fantasmas violentos, sendo que tecnicamente ela deveria saber como evita-los.


Isso pois, uma vez que os fantasmas percebem que a pessoa sente eles, eles ficam agressivos, e começam a tentar atacar, ganhando mais força conforme as pessoas os percebem. 


E o protagonista é uma anta, e faz questão de dar atenção aos fantasmas ao invés de ignora-los, dando força suficiente pra eles conseguirem até mesmo puxar eles.


No fim, o cara arranca o olho tecnológico, mas de nada adianta e ele só morre pelas mãos dos fantasmas do mesmo jeito, só que agora sem poder enxerga-los.


Nesse caso, o filme tem uma boa técnica, a justificativa da câmera é plausível (apesar de bem absurda), e até simulam os piscares do cara (as vezes esquecendo de incluir quando deveriam, mas da pra relevar). O efeito de reflexo é muito bom, e nas vezes em que ele fala consigo mesmo no espelho, parece mesmo ele, e que a câmera está no olho dele.


Porém, a pressa pra acabar logo a trama tira um pouco da imersão. A presença da garota que do nada vira uma tarada sexual, é muito desagradável e repentina, e não combina com o resto da trama.


Além disso, os fantasmas são clichês, contam uma história por trás de suas aparições (o pai e filha que morreram na casa, o tio tarado que provavelmente abusou da sobrinha, etc), mas eles tem uma aparência "maquiada" de mais, perdendo um pouco do impacto.


Mas assustam assim mesmo... e apesar da inclusão de barulhos digitais de sustos, isso não compromete a qualidade do found footage.



A Ride In The Park


E se víssemos um zumbi pela perspectiva dele? 


Essa é a melhor história do compilado, mostrando uma pessoa comum, um ciclista que estava numa trilha na floresta, sendo mordido por uma zumbi que surge do nada, e virando parte da invasão de zumbis, com uma GoPro na cabeça (tinha na bicicleta também mas ele deixa pra trás).


É basicamente um dia de zumbi! E acaba sendo interessante pois a agonia da transformação é muito realista. Porém, conforme ele "aprende a ser zumbi", um tom de humor toma um pouco os holofotes.


Não chega a ser humor mesmo, mas tem cenas como ele tentando comer uma carteira, ou os coleguinhas zumbis aparecendo e fazendo caras de bobos, que dá um tom bobo pra tudo. Mesmo com tripas pra todo lado, e o desfecho subsequente em que uma festa infantil é massacrada pelos devoradores de carne, é difícil não rir um pouco por conta do jeito bobo dos zumbis.


Mas, a história é séria e se leva a sério, com o protagonista sofrendo golpes, e no fim mostrando um pequeno traço de humanidade, quase como se lembrasse quem era, mas optando por tirar a própria vida em seguida.


Tudo é muito bem feito, e pesado, até as cenas bobinhas. A justificativa da câmera é impecável e mantida até o fim, com até um jeito criativo de fazê-la mostrar o protagonista antes e depois da transformação, mas sem jamais abandonar o gênero.


A trilha sonora as vezes existente também é adicionada de forma realista e conforme o que o próprio ambiente proporcionaria, então no fim das contas é um dos melhores curtas found footage da franquia VHS.



Safe Haven


Essa é a história mais tosca de todas, que tem tudo pra ser incrível e perturbar, e consegue causar incômodo, mas também consegue ser estúpida pelos exageros e falta de foco.


Tudo começa com uma equipe de jornalistas entrevistando um líder de culto tailandês, que controla uma comunidade de devotos no meio do nada, onde ninguém de fora pode entrar.


Mas, ele decide ceder acesso à equipe de jornalistas, com a promessa de que ele terá mais visibilidade e talvez até mais devotos com a matéria.

Sempre falando em tailandês, a equipe dá andamento a entrevista, visitando o lugar, e descobrindo os podres de lá. Era uma comunidade repleta de crianças, abusadas pelo líder de lá, e também adultos que sofreram lavagem cerebral para servi-lo.


A ideia era que o lugar era sagrado, e os prepararia para os portões do paraíso, todos guiados pelo grande Pai, o líder de lá.


Porém durante a entrevista, a redatora acaba mostrando sinais de gravidez, e confessa pra um dos produtores, em particular, que está grávida dele. 


Pra piorar, ele era melhor amigo do noivo dela, o diretor do projeto, e tudo isso ainda é escutado pelo próprio diretor através de uma câmera escondida.


Moral da história, a coisa fica séria entre eles e um problema na equipe surge, mas nem dá tempo disso ser desenvolvido ou resolvido, por logo em seguida, tudo vira o caos na comunidade.


O Pai de todos começa a falar no rádio pra se matarem, e doarem suas vidas, e as crianças começam a tomar veneno, os adultos usam armas de fogo uns nos outros e neles próprios, e é um banho de sangue.


O líder vai lá e mata o único que ficou na sala com ele, por ele interromper ele (cena pesada alias), enquanto a moça grávida é levada por um grupo de mulheres junto do líder, pra induzir um parto prematuro.


Enquanto o diretor testemunha tudo isso e ainda é pego no final, executado a queima roupa por um dos membros do culto (que se mata depois), o melhor amigo dele (que engravidou a noiva dele) assiste a morte dele, e depois vai salvar a garota. Mas, assim que chega nela, uma grande explosão acontece.


O líder aparece, balbucia algumas palavras e explode (sem bomba, ele apenas explode). Depois da explosão, uma pessoa sai andando pelo teto da sala em chamas (e nunca mais aparece).


E por fim, o cara encontra a amiga dele, com a barriga enorme, e as demais mulheres segurando seus pés e braços possessas e em desespero. 


Ele tenta ajudar, e depois de tirar todas elas, a barriga da mulher é rasgada de dentro pra fora.


Detalhe que nem é a primeira mulher grávida torturada que ele encontra, antes disso ele acaba vendo uma mulher morta, mas com a barriga grande também, que acorda como um zumbi na última hora (mas ele foge).


A amiga dele não suporta o nascimento da criatura com chifres e gigante que sai dela, e o cara corre, vendo mais um monte de atrocidades aleatórias. 


Até um casal tendo relações sexuais ele vê, em meio a um monte de zumbis adultos, crianças zumbis (estudando), e o amigo dele zumbificado.


Tudo isso rola enquanto um som de sirene forte é tocado ao fundo, como se tivesse uma bomba chegando, e o bicho grande com chifres que nasceu sai correndo atrás dele.


Ele consegue chegar ao carro, e dirige até ser derrubado pela criatura que o persegue.


Apesar de sobreviver ao impacto, quando o cara sai, o demônio que nasceu aparece acima dele, tem até asas, e chama ele de "Papai", fechando o curta com o cara chorando.


Nem preciso falar que a história fica toda maluca do nada né? Por mais bem feita que seja (o gore é explícito e muito gráfico), a justificativa pras câmeras é bem idiota, apenas fazendo surgirem câmeras ao acaso (ele deixa uma câmera ligada no carro pra que?), e sem uma lógica interna descente. É como as câmeras de segurança, que estão por toda parte, mas não tem uma função real (nem tem sala de segurança pra monitora-las), além de servir como fonte pra mostrar mais cenas aleatórias.

O curta é criativo, até de mais, e acaba enfeitando muito pra não contar nada.



Slumber Party Alien Abduction


Por fim, o mais simples de todos é o dos garotos que gostam de pregar peças uns nos outros, e terminam com uma abdução alienígena mortal.


Usando uma câmera clássica e uma GoPro, as crianças registram todas as traquinagens que fazem com seus irmãos mais velhos, em uma casa no lago (no que seriam suas férias ao que parece). 


Um grupo de jovens adultos e outro grupo de jovens menores ficam tirando uns com a cara dos outros, sem perceber que algo acontecia paralelo a isso, no lago.


Eles acabam testemunhando criaturas alienígenas surgindo as vezes, mas não dão atenção até ser tarde de mais, e elas começarem a atacar.


E basicamente o que acontece são explosões de luz, gritos, barulhos altíssimos... 


E os Alienígenas no formato Gray, devorando as pessoas enquanto as sequestram, aos berros.


Um cachorrinho que era usado nas pegadinhas, com a câmera na cabeça, acaba sendo a vítima final, registrando a última abdução, e morrendo em seguida.


E, é isso.

Esse curta tem um encerramento brusco, e praticamente mostra um grupo grande sendo dizimado em minutos, por pura desatenção. Mas, é bem frenético, e aterroriza pela sensação de emergência que ele lança.

Ainda tem os métodos do alienígenas, que usam barulhos e luzes pra confundir as pessoas durante seus ataques, e isso desnorteia até mesmo o espectador.


Acaba sendo um bom encerramento, que é seguido pelo último trecho da história que amarra todas as outras, e dá um bom final ao filme.


Considerações Finais

Bem, hoje venho me retratar frente ao VHS2, que por muito tempo considerei ruim de mais, e agora sei que ele apenas não é perfeito.

Ele tem falhas, mas elas não estragam a obra, e ela assusta o suficiente pra servir como ótimo filme de terror. Nunca será tão realista quanto o primeiro, mas se esforça pra entregar ao menos efeitos práticos e enredos decentes.

Vendo o que a franquia se tornou hoje, facilmente este é um dos melhores VHS, e compensa assistir (se tu curte terror com muita groselha e bife).

Enfim...

Obrigado pela leitura.

E não se esqueça que, caso queira mais artigos do tipo, pode ler a "Lista da Morte 2.0", onde compilei todos os Found Footages dos quais já falei (e outros gêneros também). Só clicar no nome.

See yah!


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