Em Abril de 2025 começou a nova temporada do Doctor Who, prevista pra acabar em 24 de Maio de 2025 (esse tipo de previsão é inédita, e é comentada diretamente na série, como parte da história), e não começou tão mal, apesar de estar muito longe de ser o que a série foi um dia.
Atrás de uma nova companheira, o Doutor começa sua nova jornada pelo tempo e espaço, com mistério e muita ficção paradoxal, e as firulas temporais com os deuses percursores que essa nova fase vem trazendo.
Enfim, bora comentar a respeito... episódio por episódio.
Primeiro Episódio
Logo de cara o Doutor já é mostrado caçando uma nova parceira de viagens, e agora é uma enfermeira, mas ela não tem a menor vontade de ser um membro de sua tribulação TARDIniana.
Contudo ela é capturada pra uma aventura contra sua vontade mesmo, e entra num baita paradoxo.
Ela em sua juventude ganhou uma estrela de presente de um namorado, através de um simples certificado de compra espacial, e um vários anos depois os habitantes do sistema solar daquela estrela vieram ao planeta Terra para leva-la ao seu reino.
Contudo, no caminho até ele o tempo se dobrou, pois já havia no planeta um certificado de compra da estrela exatamente igual ao dela, que ela leva, e isso faz ela chegar com um atraso de 6 meses ao planeta.
Paralelo a isso, o Doutor tenta encontra-la desesperadamente, como se já a conhecesse e antecipasse todo o problema, e a persegue, chegando ao tal planeta no mesmo dia em que ela foi levada, ou seja, 6 meses antes dela chegar.
E, enquanto ele prepara o terreno se aproximando das pessoas de lá, que viviam sob controle das máquinas tempos, ele consegue ajudá-la a escapar do destino terrível de se casar com o "Gerador de AI", uma máquina soberana que controlava todos os robôs.
A coisa fica mais complicada quando ela simplesmente decide se entregar pras máquinas pra se casar com o robô supremo, e descobre que aquele robô era seu namorado do passado, que chegou até o planeta muitos anos antes (acredito que séculos antes).
Ela em sua viagem havia dito para os robôs buscarem ele e cobrarem ele pois ele quem comprou o certificado, e eles fizeram isso, mas passando pela rachadura temporal o que os jogou séculos antes ali.
E o curioso é que os robôs nem existiam nessa época, e ele acabou sendo um tipo de colonizador do tal planeta, subjugando o povo e se convertendo em uma máquina pra viver por séculos e um dia buscar sua amada na Terra.
E com toda essa estranheza paradoxal, a garota chega com o certificado e o conecta ao dele, gerando assim uma explosão paradoxal que faz ele deixar de existir, e o planeta ficar em paz.
E aí, ela decide voltar pra casa sem nem dar chances de se aventurar com o Doutor, inclusive questionado a sanidade dele. Uma das pessoas que mostraram entusiasmo por acompanhá-lo, uma moça que estava nos 6 meses ao lado dele no planeta, morre na frente dele e ele só chora um pouquinho e já caça uma nova parceira. Até eu estranharia.
Mas o Doutor não consegue levá-la, pois a TARDIS não consegue voltar pra data exata da qual saíram. Ainda por cima, o mundo parece ter sido destruído na mesma data: 24 de Maio de 2025.
E fica o mistério sobre o que rolou... ou melhor: Rolará.
Sobre o episódio
Tá, ele é uma ficção científica temporal muito forçada. Esquecem várias regras e conceitos de Doctor Who pra inventar alguns novos conceitos e tentar justificar essa bagunça toda mas, é cheio de furinhos chatos que te juro que nem dá vontade de apontar.
O cara ter um certificado igual ao dela não faz sentido, afinal ela quem possuía ele no fim das contas; Ele se só jogado arbitrariamente no passado enquanto ela foi pro futuro também não; as máquinas simplesmente existindo pois elas vieram do futuro e pertenciam àquele lugar... é tudo só um monte de conceitos paradoxais toscos tacados aleatoriamente pra parecer algo inteligente.
Aí me pergunto: custava escrever algo mais pensado? Parece que tão com dificuldade pra criar uma simples história com Daleks ou Cybermans da vida, e querem toda santa hora empurrar um robô novo e genérico pra fingir autenticidade quando na verdade, nem roteiro tem pra isso.
Criam mais uma porcaria de máquina que sempre existiu, e dane-se todo o passado de Doctor Who. Inclusive, se haviam eles em algum passado e alguma saga anterior os tivesse mostrado, a explicação esdrúxula de que eles sempre existiram, pois quem os criou não importa, é porca de mais pra se considerar algo no nível de Doctor Who.
Se é que Doctor Who ainda pode ser considerada uma série "inteligente", já que vem se mostrando bem fraquinha em explorar viagens no tempo e espaço, fatos históricos e afins. Tudo tá soando só um monte de contos bobos e infantis, fingindo algo que não são.
A nova companheira
E aí tem a nova garota da TARDIS, uma enfermeira chamada Belinda, de aspecto indiano (mas britânica) que já representou um personagem antes, a Mundy Flynn. Não sabe quem é ela? Bem, tinha uma personagem secundária na história da bomba da temporada anterior, que é tão importante, mas tão importante, que ninguém ligou.
E aparentemente ela tinha uma antepassada, chamada Belinda Chandra, que tem exatamente a mesma cara que ela (só pra usarem a atriz Varada Sethu pro mesmo papel). O que não importava lá, agora importa já que Doctor do nada sabe reconhecer o rosto da galera de longe.
A obsessão dele pela personagem no começo nem se justifica no episódio, levando a acreditar que há coisas não contadas ainda, mas na verdade isso também cria artificialidade no roteiro, como se tudo estivesse sendo jogado ali pros roteiristas posteriores se virarem.
E os fãs ficam esperando algo genial e profundo e só surge mais uma Ruby Sunday mesmo. Aliás, uma companheira incrível e com muito potencial, que foi desperdiçada num roteiro de temporada muito fraco.
Agora vem a Varada Sethu e sua dupla atuação, pra sugerir algo que vai resgatar mistérios não percebidos da primeira temporada, mas sei lá, eu não boto minha mão no fogo dessa vez.
O segredo da vizinha
Ainda tem a outra personagem, agora chamada Lucy, que é a mesma velhinha que quebra a quarta parede na temporada anterior, e termina sem explicações, e volta a aparecer ainda como vizinha de uma companheira possível do Doutor, mesmo que ela more em outro lugar.
E fica aquele mistério claro, quem será a mulher? Nem colocam os nomes dela no crédito afinal, provavelmente será a reviravolta de final de temporada dessa vez.
Pra mim, foi um começo melhor que o da primeira temporada (meu deus aquilo foi perdido de mais), mas ainda assim, estou na defensiva. O bom é que o episódio dois é tão incrível, que só ele já compensa pela temporada inteira mesmo se ela for uma porcaria.
Episódio 2
Lux
Até o momento é o melhor episódio de Doctor Who até hoje, só não supera "Não Pisque"
Maluco que episódio surreal foi esse? Tem drama, tem ação, tem metalinguagem, tem crítica social, e tem quebra de quarta parede, de tantas formas que eu nem sei como falarei disso!
O episódio mostra Doutor e Belinda tentando voltar pra 24 de Maio de 2025 (ah essa data, essa data!), o tempo em que tudo parece ter parado, mas acabam caindo em uma noite de 1952.
Só que a questão é, há algo ocorrendo nessa data, um dos deuses do panteão dos Progenitores surgiu, o "Lux", sendo ele a personificação da própria Luz, e assim como os demais, ele odeia o Doutor.
Por coincidência, eles se enfrentam mas, tudo vai muito além disso.
O Desenho e a Arte
Primeiro vamos falar do Lux, que se projeta através da luz da lua em um filme animado, assumindo a forma de um desenho. Ele passa a aprender sobre a vida e evoluir, mas acaba também prendendo 15 pessoas que estavam no "cinema", e é isso que chama a atenção do Doutor.
A parada do Doutor naquele ponto é aparentemente aleatória mas, sabemos que nada é realmente aleatório em Doctor Who, então por alguma razão do destino ele foi puxado pra esse confronto.
Mas sobre o Lux, ele é pura luz, uma entidade criada para representar a luz e nada além disso, só que se aproveitam da ideia pra mostrar como a arte do cinema (também conhecida como 7° Arte) é consolidada.
Com um uso espetacular de luzes, efeitos especiais, efeitos práticos, arte digital, tudo só é enriquecido aos nossos olhos. Tá num nível muito acima do que já assistir na série e pela primeira vez devo dizer que isso que é CINEMA.
O personagem é divertido mas assustador ao mesmo tempo, a interação dele com o elenco é realista mas ainda mantendo aquele aspecto 2D, e há transições de estilos artísticos.
Praticamente ilustram pra gente a evolução da arte cinematográfica, desde o movimento até o som, tudo é construído ali na nossa frente, gradualmente.
Tem até uma parte surreal em que o Doutor e Belinda (sua companheira) entram num filme, e passam por etapas da animação, ganhando camadas físicas, conforme ganham camadas emocionais. É GENIAL.
A Quarta Parede
A melhor parte de toda a história com toda certeza é quando o Doutor e sua companheira rompem a Quarta Parede, indo além do convencional.
Gente, ele sai da série!
Ele conhece fãs que estão assistindo a série (Lizzie, Hassan e Robyn), ele conversa com eles, ele escuta suas críticas, ele até fica meio decepcionado quando os fãs dizem que preferem David Tennant (não desse jeito, mas falam que o melhor episódio de todos foi "Não Pisque", aquele dos Anjos que é da temporada do David Tennant).
E no fim ainda tem todo uma reviravolta sobre existência, uma discussão sobre o que torna algo de fato real, e por ai vai. Gente é absurdo de incrível de ver.
Sem contar que tudo tem uma carga dramática enorme, preenchendo nossos corações com aquele sentimento que somente Doctor Who raiz consegue... e quem diria, CONSEGUIRAM!
E metafísico, é mágico, é místico, é brilhante, sendo assim perfeitamente condizente com o deus do panteão da luz. Cinema gente, cinema.
O Racismo da Época
O episódio ainda encontra tempo pra debater questões raciais, e o faz sutilmente, sem ignorar a época em que se encontra. Por tudo se passar em 1952, o tema é mais sensível e não é ignorado.
O mais incrível é que o fazem sem precisar destacar nada, e há até uma rápida passagem em que fazem aquela clássica reviravolta de alguém racista que não parecia ser, apontando o dedo quando menos se espera. Mas isso é feito justamente pra subverter nossas expectativas, e nos levar pra outro lado da história.
Achei genial como souberam abordar o tema sem dar tanta ênfase, nem se desviar do foco principal, sem tirar a Luz do Holofote! E no fim, tudo só ficou amarradinho e coeso.
Isso que é Doctor Who!
A Lacração Lacrada
Achei engraçado agora... no segundo episódio aconteceu algo bem curioso que me fez pensar que talvez, os equívocos de Doctor Who sejam provocados por pessoas na equipe tentando mudar sutilmente os significados, e não necessariamente a produção inteira.
Eu costumo assistir tudo com legendas, pois sempre desconfio da dublagem, e nem sempre vejo no áudio original, além disso ajuda na hora de separar as imagens enfim, eu notei logo no começo do segundo episódio que tentaram muito empurrar uma linguagem neutra, sendo que não há nada disso no material original, e o que salvou tudo foi a dublagem.
Explicando: na cena o Doutor fala a frase "Você tem namorado, namorada, outro tipo de rolo?" na dublagem, enquanto na legenda está escrito "Você tem namorado, namorada, namorade?" o que já deixa bem claro que houve uma mudança chamativa ai. Então fiquei curioso pra ver qual das duas era mais fiel ao original, já imaginando que tivessem incluído "they" de algum jeito na conversa.
E pra minha surpresa, não tem nada de "they" ou a linguagem neutra americana. A frase original é "Do you have a boyfriend, girlfriend, other friend?" como uma piada interna não ao gênero, mas à palavra "friend" que significa "amigo" e também "namorado" caso colocada junto de boy ou girl. É tipo uma zombaria leve com o próprio idioma falado, o que é engraçado, e não inclusivo.
O pessoal da dublagem notou e mudou a piada com "outro tipo de rolo" enquanto o pessoal da legenda quis aproveitar a brecha pra mudar o contexto.
Esses pequenos detalhes passam desapercebido mas mudam sutilmente todo o discurso da série, que já é bem sensível pelos temas que vem abordando, e isso pode prejudicar bastante a ideia original.
Enfim, achei legal comentar isso pois venho observando esse tipo de desvio narrativo o tempo inteiro, soando como se tivesse um grupo de fato infiltrado tentando passar uma mensagem, por cima da mensagem original da série (e outras produções). Aliás, outro detalhe: Estou assistindo diretamente no streaming da Disney Plus e a legenda é oficial deles.
Indo um pouco mais fundo vi que tem coisas diferentes em outros idiomas também. Em espanhol (entendo um cadinho) o Doutor fala na dublagem "¿O que tienes? ¿Novio, novia, otra variante?" enquanto na legenda colocaram "¿O que tienes? ¿Novio, novia, amigo?" que nesse caso tenta preservar a piada mas a perde um pouco.
Poxa mano, a gente nem pode mais confiar nas legendas e traduções oficiais! Isso é mancada com o consumidor.
Outra coisa que a dublagem brasileira soube adaptar do inglês, enquanto a legenda falhou miseravelmente em algo bem significativo.
Cinema, Cinematógrafo, Picture House.
No inglês, Doctor chama o cinema de "cinema", só que em 1952 não era assim que cinemas eram chamados. O jovem com quem ele conversa fica admirado com a palavra mas o corrige chamando de "Picture House", e para o português a dublagem fez o excelente trabalho de se atentar a isso, e traduzir para "Cinematógrafo", adaptando o diálogo de "palavra nova" para "redução da palavra" e mantendo o significado de tudo isso.
A legenda por outro lado ignorou, chamou de "Cinema" mesmo e simplesmente rejeitou a informação.
O curioso é que esse pequeno detalhe técnico serve pra ambientar a viagem no tempo, e não é algo a ser ignorado.
Questões Raciais
O episódio é riquíssimo de mais para se esnobar os significados, e inclusive tem bastante da questão racial nele, afinal nos anos 50, o racismo era pesadíssimo.
E fazem questão de mostrar como o Doctor vem lidando com sua nova aparência, enfrentando essa questão de queixo erguido. Ele não ignora nada, a história não ignora (sua nova companheira mesma fica abismada quando ele fala que era proibido negros em lanchonetes em determinado horário), e tudo isso serve pra elevar a criatividade e responsabilidade da série e seus produtores com o que estão contando.
E mais uma vez, a legenda deturpa algo que o Doutor disse, e que já é carregadíssimo de significado, e transforma em lacração forçada. Parece pouco mas olha que bizarro:
O Doutor depois de explicar o racismo da época é questionado pela companheira e responde "Eu já vi mundos serem destruídos, e as vezes espero que as pessoas destruam o mundo, enquanto isso eu brilho". Essa frase não é atoa, ela significa que o Doutor repudia o racismo e a época em que isso era normalizado, mas ele entende que foi uma fase da humanidade.
Isso não o afeta, isso o revolta mas não o afeta, e ele apenas continua vivendo, tanto que em sua citação de que ele já destruiu mundos serve pra mostrar que até ele teve fases questionáveis, mas a vida segue. Ele destruiu mundo, e aprendeu com isso, cresceu. O ruim faz parte da evolução, é triste, mas ele entende isso.
Na legenda, meteram um "Eu já revolucionei mundos, e as vezes espero pessoas revolucionarem", a ideia parece similar mas, o uso de "revolução" evoca aquela fase em que as pessoas passam a se levantar, balançar bandeiras e lutar por seus direitos. Não está errado, mas está fora de contexto e num momento que distorce a mensagem original.
O episódio não é sobre questões LGBT, mas sobre questões Raciais, e isso é diferente. O tom que deram na legenda destoa do tom que o próprio Doctor usa, que a própria série usa, distorcendo a ideia.
Felizmente a dublagem conseguiu respeitar isso. No áudio original a palavra usada é "topped" (no lugar de revolução ou destruição), que significa algo como "derrubar". Ou seja, o tom da frase era pra destruição mesmo, e não pra revolução.
A legenda e sua equipe de tradutores fizeram basicamente um desserviço com a série, e felizmente os dubladores tiveram mais esmero pelo conteúdo.
Por fim, a Previsão
Com isso se dá o fim do segundo episódio da temporada, que já parece estar começando a caminhar pra uma direção muito mais pensada e complexa do que a anterior.
O desafio do Doutor não é seu gênero, ou sua raça, mas levar sua companheira de volta pra 24 de Maio de 2025.
O irônico nisso, é que estamos caminhando pra essa data. Escrevo hoje em 07/05/2025... este artigo está se atualizando com o tempo e conforme assisto, mas algo me diz que algo muito louco ocorrerá dia 24 deste mês... no mundo real, e não apenas em Doctor Who.
A velhinha misteriosa que ainda não se revelou direito, aparece neste episódio também, no final, apontando pra Tardis e falando sobre o show, quase quebrando a quarta parede (confesso que ela me da um pouco de nervosismo pois parece uma ideia ruim da primeira temporada do Ncuti Gatwa que querem aproveitar), mas ela dizendo que dia 24/05/2025 tudo acabará... me assusta!
E essa sensação é algo que também pertence a atmosfera de Doctor Who.
Ta lindo isso... Disney e BBC acertaram muito agora.
Aliás, os fãs permanecem existindo e criticando, achei isso fofo de mais, me senti representado! E discordo do que disseram sobre o desfecho. Souberam "vencer" a luz, com mais luz, e isso foi uma solução genial ao estilo Doctor Who. Nada de previsível!!!
Episódio 3
Terror e suspense... voltam ao Doctor Who
Em referência a um episódio antigo de Doctor Who, inclusive do David Tennant, retomaram um inimigo e uma estética de terror, porém apesar de terem sido eficientes, senti que faltou um pouco de criatividade.
Apesar do que penso, nem posso reclamar tanto.
No episódio antigo, o Doutor de David Tennant viaja com Donna (sua companheira na época) pra um planeta chamado "Meia-Noite", só pra descansarem num resort. Só que depois de não entrarem em acordo, Doctor viaja sem ela em um ônibus de turismo, pra visitar as minas de diamante, enquanto Donna fica relaxando.
Só que apesar dela não participar, o Doutor passa por uma história macabra ao lado de outros tripulantes do ônibus, num conto claustrofóbico onde uma entidade não visual, surge causando terror e tomando a forma das pessoas. Meio que ela invade a cabeça de alguns deles, como se os possuísse, e tenta se passar por eles, mas todos tentam descobrir com quem a entidade está até que no fim, uma moça se sacrifica se jogando do ônibus com a pessoa que estava possuída.
Aqui, a história já começa milênios depois, mostrando esse planeta completamente destruído, e a ameaça bizarra de volta de um jeito diferente.
De volta ao Planeta Meia-Noite
Doutor e Belinda viajam quinhentos mil anos num futuro bem distante, por outro desvio tomado pela TARDIS para chegar até o século 21. E dessa vez, eles vão um pouco mais empolgados já que não tem escolha, com Belinda aproveitando a ideia e se vestindo a caráter.
Só que logo de cara eles caem no planeta inóspito, com o Doutor usando sua clássica Carteira de Autoridade pra se passar por um comandante de um grupo de soldados, que está indo resgatar possíveis sobreviventes de uma incursão naquele planeta.
O Planeta era uma antiga mineradora, e do nada todos começaram a se matar, e conforme investigam ele descobre e se lembra que já esteve lá, mas no passado, sendo a época do Resort.
Apesar da lembrança o problema não é tão parecido, e eles encontram uma única sobrevivente deficiente auditiva, com quem conversam por um tempo até as coisas desandarem.
A moça era inocente, mas a entidade atrás dela, que as vezes aparecia por meio segundo (arrepia) era maligna e queria trucidar qualquer forma de vida.
Então o episódio passa a ser descobrir como derrotá-la, enquanto vários do grupo são mortos (jogados pro alto, sem qualquer violência explícita, chega a ser infantil), e sobra apenas o Doutor e uns pingados, até ele descobrir que usando mercúrio das tubulações, poderia improvisar um espelho, e assim fazer a entidade atacar ela mesma.
No fim eles correm, mas a entidade de algum jeito os alcança e infecta a Belinda, gerando um momento dramático que rapidamente é contornado com a capitã do exército se sacrificando, dando um tiro na companheira do Doutor e puxando a entidade pra ela, correndo em seguida pra se jogar num poço sem fundo.
Moral da história, resolvem o problema com sacrifício novamente, mas no final acaba tendo um suspense sobre uma das sobreviventes, ouvindo sussurros.
Bom uso de Inclusão
A vítima principal é surda, por isso passam a usar linguagem de sinais para se comunicarem com ela. Além da tradução visual feita pela tecnologia dos caras, ainda há a TARDIS que facilita comunicação em outros idiomas pro Doutor e sua companheira.
No geral, esse esquema de linguagem é bem abordado e usam a vítima para ajudar a explicar bem isso, mostrando mais do que falando. Mas não é só pra isso que ela serve...
A personagem acaba sendo uma peça chave pra entender a entidade, já que ela não é afetada como os demais (levada a loucura) por ser surda. Isso faz com que ela não escute os sussurros e não seja manipulada.
Mas isso não devia acontecer com os outros personagens possessos, e nesse ponto eu notei um errinho de continuidade em relação ao episódio antigo. Afinal, a criatura conseguia literalmente tomar a mente da pessoa, e agora ela apenas fica atrás dela como um encosto.
A Entidade das Costas
Apesar de bem bizarra a ideia de ter algo atrás de você que as vezes aparece pra dar um oi, mas você nem tem certeza se viu ou não, isso não é de todo bem usado aqui.
Assusta, mas foge um pouco da lógica. A criatura mata qualquer um que fique posicionado diretamente atrás da pessoa que ela assombra, mas isso é totalmente arbitrário. Tem vários momentos em que as pessoas ficam de costas pra entidade, inclusive um em que a vítima surda dá uma volta completa, e ainda assim ninguém é afetado.
Isso não seria um problema se uma das soluções que encontrassem para fazer a entidade aparecer, não fosse literalmente ficar atrás dela. Só de passar atrás dela a pessoa já morria, o que já cria um monte de buracos na lógica.
Tem um momento em que a Capitã corre com a entidade encostada nela e fica visivelmente de costas pra todos, e ninguém é atacado. Mesmo que haja uma diferença milimétrica na posição exigida pela criatura, é muito vago isso.
Diferente do que ocorre no episódio antigo, onde ela possuía e manipulava, quase copiando a pessoa pra se passar por ela, e não necessariamente ficava nas costas dela.
O Restante...
Comparação à parte, o episódio atual não é de todo ruim, e cria uma tensão crescente com relação a entidade.
Porém senti que não souberam reutilizá-la tão bem assim. Sei que a ideia era trazer algo do passado e fazer referências, mas no geral não me agradou.
Outro ponto importante é a citação constante de que a humanidade e a Terra não existem mais, e nem são lembradas, dando a entender que algo muito ruim aconteceu no passado. Apesar de nem falarem de 24 de maio de 2025, fica nítido que o planeta não resistiu a algo nessa data, e o Doutor precisará impedir.
Preciso dizer que isso sempre me incomoda nas aventuras de Doctor Who, onde certos paradoxos nascem sem um planejamento aparente. Ele viaja pra um evento no futuro e fica perplexo ao ver que o passado foi mudado, quando na verdade ele já esteve nessa época antes e nada disso foi comentado.
Ele estranha que ninguém sabe da Terra sendo que ele já foi em tempos assim e sabe que a Terra é um marco da história, e ainda assim isso só acontece agora. Nunca antes teve tal paradoxo e isso só afeta ele nas aventuras atuais... sei lá, acho forçado.
Ainda tem a vizinha misteriosa (que eu sempre confundo com a Ambulancia da temporada anterior, que também era a mesma cara) que reaparece e mais uma vez faz mistério, mas eu juro que estou com medo do que querem contar com ela. Se tem algo que ficou mal resolvido na história da outra temporada, foi a de que a TARDIS sempre esteve conectada a uma entidade invisível, e se estão planejando trazer isso outra vez, só por Deus viu.
O Nome do Doutor
E antes que me esqueça, teve uma coisinha que me deixou preocupado. Há um momento em que o Doutor confronta a entidade quase abraçando a vítima, e diz que sabe quem ela é, e em seguida, com um olhar de pânico, ele sussurra que a entidade sabe seu nome.
Isso é alarmante de mais, já que apenas 1 pessoa em toda existência (além do próprio Doutor) sabe seu nome, sendo ela a River Song, sua falecida esposa. Ninguém mais sabe, e esse mistério perdura desde o início da série em sua fase clássica, e nunca ousaram mexer nisso.
Agora de repente colocam um personagem misterioso que sabe? Estou preocupado.
No episódio "Meia-Noite" da 4° temporada da segunda fase, o foco é a Rose e a perda dela, e o mistério gira em torno dela. Essa entidade estranha que possui geral nunca é explicada e fica por isso mesmo, sendo aquele tipo de mistério solto sem necessidade de explicação pra manter a tensão, algo corriqueiro em Doctor Who. Só que, se querem usar esse momento pra explicar que a entidade está conectada ao Doutor desde aquele tempo, isso vai de encontro à loucura da TARDIS possuída da temporada anterior, e mais uma vez ofende nossa inteligência.
Esse tipo de alteração canoniza elementos dispersos ignorando pontos importantes de outras histórias, as passagens de tempo, as mudanças, tanta coisa! Não me agrada em anda isso, nem a direção que tudo está tomando.
Episódio 4
Dia de Sorte
Certo, certo, não sei se é coincidência mas o episódio posterior ao da entidade invisível, é um solo de uma ex-companheira do Doutor, no qual ele quase nem aparece, algo que se assemelha muito ao "Meia-Noite" com o "Vire a Esquerda", episódio sequencial na época que mostrava um dia da Donna sozinha, antes de ter conhecido o Doutor, mudando a realidade.
A história é bem diferente mas segue o mesmo padrão, agora com Ruby Sunday vivendo normalmente após ter deixado suas aventuras com a TARDIS, e entrando num romance, e partindo daí a história toda aborda ela, a UNITY, e o Doutor quase nem aparece.
A ideia é mostrar que o mundo passa por apuros e os ex-companheiros importam à sua medida. As ações da Unity, a vida da Ruby, tudo isso é o que o episódio mostra, com ênfase claro em Ruby e como ela seguiu adiante, feliz com suas duas mães, mas ainda marcada pelo tempo com o Doutor.
Mas além disso, ele também trabalha um pouco o surgimento de um novo vilão: Conrad, um humano normal que simplesmente não confia no Doutor por conta do seu passado, e sua educação, e as Redes Sociais juntamente dos jovens mal informados da nova geração, que não aceitam as coisas como são e questionam o governo.
Tem umas indiretas ai e te juro que ver Doctor Who balançar a bandeira do "fake news não" me deixou perplexo, mas ao mesmo tempo, entendi a gravidade da situação.
A História
Conrad era um jovem esculachado pela mãe, que em 2007 viu a TARDIS aparecer pela primeira vez, e dela testemunhou o Doutor e a sua companheira Belinda, instalando a máquina que o Doutor criou pra tentar mapear o tempo e voltar pra 2025.
Só que, ele passa a guardar rancor, e conforme cresce testemunha o misterioso Doutor uma vez mais, saindo de sua TARDIS ao lado da sua ex-companheira, Ruby, enquanto caçam uma criatura chamada Shreek.
Até aí, tranquilo, é só aquele esquema do tempo invertido e encontros convenientemente com O MESMO DOUTOR, mas em etapas diferentes de sua vida. É ai que ele passa a stalkear a Ruby.
Ambos acabam se conhecendo em um Podcast que ele faz sobre as anomalias do mundo, que aliás são totalmente conhecidas no mundo todo em 2025 (todos sabem bem que aliens existem pelas muitas invasões que já rolaram), e Ruby concede sua entrevista pra Conrad, falando um pouco sobre o Doutor e suas aventuras.
No fim eles se apaixonam, e ela descobre que ele tinha sido marcado como caça pelo Shreek do passado, e provavelmente seria caçado, então ela tira do bolso um frasco do antídoto (conveniente não?) e entrega pro rapaz, começando ai um relacionamento mais sério.
Só que, numa noite, quando aparentemente um par de Shreeks aparecem para caçá-lo, Ruby em sua defesa convoca a Unity e é revelado que eram farsantes.
Os monstros eram amigos de Conrad e ele próprio era membro de um grupo que queria expor que a Terra é plana e os caramba.
Por isso, a Unity começa a ser questionada, os jovens passam a divulgar que ela é falsa, criam trends que botam a verdade em cheque, e isso vai prejudicando a Unity.
Até que no fim, o próprio Conrad invade a sede, se arma, e tenta tirar a verdade à força enquanto transmite tudo ao vivo, e é colocado pra correr por um Shreek real que eles soltam.
Só que não acaba ai...
Além da Ruby ficar bem chateada pela traição, o Conrad não se dá por satisfeito e mesmo preso, ele ainda nutre ódio pelo Doutor, que aparece do nada puxando ele pra TARDIS e dando um esculacho verbal.
Que não funciona, e só faz o cara ficar ainda mais revoltado com o Doutor. Assim, ele cria um inimigo.
Que pra piorar, ainda se alia à velhinha vizinha misteriosa, que agora mostra que está aos poucos montando seu grupo de vilões. Ela provavelmente é um dos deuses do Panteão.
Coincidências de Mais
Apesar de nem contar com o Doutor, é um episódio legal e consegue surpreender pela reviravolta de Conrad.
Os efeitos práticos se misturam aos digitais e, ele enrola um pouco, mas funciona.
O problema é só a quantidade ridícula de conveniência...
Conrad conheceu o mesmo Doutor em três etapas diferentes? Esquisito isso... sendo que o Doutor se regenerou já 14 vezes, uma delas se passando justamente em 2007.
Meio que poderiam ter aproveitado pra incluir outras aparições dele mas, colocar ele com a Belinda foi forçado viu... sei que querem voltar ao tempo certo mas precisava fazer uma parada rápida em 2007? Não me soa lógico isso.
A instalação da máquina que o Doutor criou pra ir rastreando o tempo parece boba, ele poderia ir pra 2025, um dia antes do dia que a TARDIS não consegue, e ficar lá uai. Mas querem dar umas voltas sem razão, com ele visitando etapas espaçadas por milênios e influenciando muitos pontos pra que exatamente?
O Doutor final que conversa com ele por exemplo, é o mesmo que acabou de deixar Ruby, e não o que já conheceu a Belinda, e é Conrad quem menciona isso: "Você já conheceu a Belinda?"
Credo mano, parece algo tão chulo, vago e vazio. 14 rostos, viagens por planetas, tempos e dimensões, e o mesmo humano encontrou Ncuti Gatwa virando seu maior rival nessa saga?
Gosto da ideia de uma pessoa normal ser o grande vilão, mas assim tá estranho.
(assistindo, escrevendo, publicando...)
See soon.
0 Comentários
Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.
Emoji