E começa a nova fase do Doctor Who, agora com um doutor mais excêntrico e feliz, e uma companion cheia de mistérios e ávida por descobertas. Um novo inicio por assim dizer, assim como foi a temporada de 2005, reapresentando esse universo de ficção e fantasia para todo uma nova geração.
Só é meio confuso saber por onde começar...
Falarei mais a respeito e o que achei a seguir.
Boa leitura.
Um Começo Desajeitado
O primeiro problema que não consigo evitar de falar é o início perdido da série, ou de sua nova temporada. É que, tudo começa a partir do segundo episódio, citando o que ocorreu no anterior muitas e muitas vezes, sem jamais explica-lo adequadamente.
Temos a nova companion mas nada de explicação de como ela apareceu, temos o novo Doutor mas nem um sinal para dizer quem ele é e porque está tão diferente da sua versão feminina (Jodie Whittaker) anterior, e isso é um pecado de continuidade.
Eu sei que tiveram os 4 especiais de Doctor Who em 2023, onde o queridíssimo eterno 14° Doctor (David Tennant) ganhou uma versão permanente (até o episódio 3), e se dividiu neste, que seria o 15° Doctor, mas os especiais se encerram tecnicamente no 3° Episódio, sendo o 4° o início da nova temporada, perdida ali no meio deles. A nomenclatura de "Especiais" foi um erro grosseiro de divulgação, pois na verdade, toda essa passagem de 4 episódios é uma Temporada por si só.
O 4° Episódio, que nos mostra a chegada de Ruby Sunday, a companion nova da nova jornada, foi jogado como Especial, quando isso não é bem verdade.
Seguiram uma tradição clássica da saga, com os Especiais de Natal normalmente fazendo a transição dos Doutores, ou apresentando novas companions, e isso é bom. O chato é a constante necessidade de mencionar o tal episódio erroneamente jogado uma temporada antes, sem nunca necessariamente mostra-lo, fez a estreia da nova temporada bem confusa de se acompanhar.
E no que isso é ruim? Bem, a sensação de ter perdido algo é gigantesca, ainda mais pra quem está começando uma nova fase na série. Afinal quem que vai pensar "Poxa, preciso ver os ESPECIAIS, para entender a nova temporada" sendo que até hoje, os especiais eram sim "opcionais" (apesar de ser bom assistir todos pois sempre tem alguma transição).
Fica evidente que o alvo dessa série é o público mais jovem, mas perdem isso facilmente criando esse gancho com o passado, e forçando a procura pelo material prévio. Se a série começa no tal episódio 1, dos bebês espaciais, então que ela realmente comece nesse episódio.
O chato é que não, ela pula o primeiro pra já começar meio confusa cheia de informações novas, e antigas, jogadas juntas, o que faz o episódio ser meio maçante, forçado e sem graça. É companion superpoderosa de passado misterioso, é Doutor eletrizado e agitado ao ponto de se tornar vexaminoso, é "tendência a visitar bebês" como tema recorrente (sendo que, na lógica, essa é a primeira aventura, então de onde tiraram que é algo comum?), e por ai vai.
Ao meu ver, é bem chato ter de voltar uma temporada pra procurar os episódios especiais perdidos e assisti-los só pra começar a entender referências do que seria uma nova etapa do famoso Doctor Who.
Se parar pra pensar, o retorno lá de 2005 com Christopher Eccleston no papel de 10° Doutor foi bem melhor como reapresentação da série, e ele não fica tentando explicar o filme que existiu antes dele, nem tenta fazer referências ao passado o tempo todo. Ele inicia ali, e dali surge todo uma leva de fãs (e olha que nem foi a melhor temporada hein).
Episódio 1 - Bebês no Espaço
Tirando da Continuidade...
A série está meio cansada e carregada de clichês, sendo bem desagradável e sem emoção, mesmo mostrando muita animosidade.
O novo Doutor é bom, mas está acelerado no papel, se jogando com entusiasmo num personagem novo e interessante, mas ignorando que há uma carga nele.
Pelo menos é isso que soa no "primeiro" episódio, onde temos o sorriso do Doutor estampado em tela, suas expressões de surpresa destoando da própria trama, e toda sua agitação causando incômodo e inquietação.
O cara não para! Ta correndo o tempo todo, gesticulando a toda hora, e isso é bem esquisito de ver. É forçado, apenas isso, pra mostrar que esse é o Doutor animado mas, pesaram um pouco a mão na atuação.
A história inicial ainda por cima é tosca, pra não falar coisa pior. Bebês Espaciais que não envelhecem, e estão presos em uma estação em forma de bunda? Cara?!
Ai tem umas bocas colocadas com CGI em bebezinhos reais, que estão visivelmente ASSUSTADOS em cena, e a gente tem que comprar que eles estão falando normalmente? Tipo... os olhos falam gente, os olhos falam.
Ai tem o Doutor agitadão, em paralelo a bebês que não podem pedir por socorro pois há CGI tapando suas bocas, e caramba, isso é muito perturbador.
O conto era pra ser fofinho, e é bem medonho no sentido ruim, trazendo desconforto por conta da produção da série, e não do enredo. É que, é normal em Doctor Who as histórias de Fantasia Espacial tenderem pro bizarro e perturbador, com terror e as vezes até horror. Mas, nesse caso, eu senti foi pena dos bebês.
Tudo isso só pra falar que eles estariam sendo assustados por um Bicho Papão de catarro, que no fim é só mais um deles (mas mal projetado pelo sistema), e pra fazer o Doutor simpatizar até mesmo com uma criatura feia, bizarra, e criada para ASSUSTAR.
É pra criar um senso de existência e dar aquela mensagem de "Toda vida importa", sendo que, se pararmos pra analisar com um pingo de decência, não é possível ignorar que deixar um monstro criado pra causar medo em bebês, preso em uma câmara como se fosse um zoológico para as crianças verem ele, é uma péssima solução pro problema.
Aliás, vale mencionar a brincadeira com paradoxo temporal mostrada no começo do episódio, onde Ruby pisa em uma borboleta e isso acaba mudando a linha do tempo por completo, fazendo com que ela própria vire uma reptiliana no mesmo instante, simbolizando que a realidade mudou no futuro. Mas, o Doutor ressuscita a borboleta (o que é muito importante), fazendo tudo voltar ao normal.
Contudo, "Gravidade" permanece sendo "Mavidade", e aquela alteração feita pela versão de David Tennant ainda não foi corrigida, e talvez nunca seja.
Observação: Há uma parte no episódio em que vários ex-tripulantes adultos da nave dos bebês e que abandonaram eles (e todo o projeto) fazem depoimentos contrários a decisão de abandona-los. Dentre eles, há uma senhora que tem certo destaque com algumas falas a mais, mas fica por isso mesmo.
Voltando para a Temporada Anterior
Aí me vi na obrigação de retornar ao passado, naquela temporada de especiais, que eu interrompi justamente na saída de David Tennant e entrada de Ncuti Gatwa, pois minha impressão na época era que na futura temporada, o personagem seria devidamente introduzido e os especiais seriam apenas um bônus. Balela, pura balela, e na verdade tudo só foi mal organizado e catalogado dependendo do streaming.
Episódio 4 Especial - A Igreja da Rua Ruby
ou
Episódio 0 - Temporada 14
Esse é um episódio bom, e ele também é extremamente necessário, e um pré-requisito essencial pra temporada. É tolice coloca-lo como um mero especial a parte.
Nele, somos apresentados a Ruby Sunday, a nova companion do novo Doctor, mas também somos brevemente apresentados ao novo Doctor.
O Doutor é mais do que excêntrico, ele é bem diferente de todos que já o personificaram, e nem é pela cor. Ele é muito mais emocional (ele chora, isso é incomum), é mais versátil e um inventor até mais inovador que sua personificação anterior.
Talvez por ter sido uma mulher antes, ele também parece ter gênero fluído e não faz a menor distinção de masculino ou feminino. Visivelmente é homem, mas ainda tem trejeitos femininos e isso se mescla de um jeito curioso (vê-lo de saia na balada foi estranho mas, faz total sentido).
Sobre Ruby, sua história de origem é um mistério, mas o mero mistério não é descartável ou opcional como a temporada faz parecer ao se iniciar pelo episódio 2, fingindo ser o 1.
De fato a primeira aventura envolve bebês, a própria Ruby, que é órfã nascida na véspera do natal e foi adotada por uma cuidadora de crianças. A coincidência com relação a atual descoberta do Doutor após a temporada Flux, de que ele seria um bebê adotado pelos senhores do tempo, de outra dimensão ao que parece, acaba coincidindo com o tema deste episódio natalino.
Duendes (perfeitos na minha opinião) gostam de surfar no tempo, se aproveitando de coincidências pra conseguir suas refeições, preferivelmente bebês. Então se deparam com Ruby numa maré de azar, fomentando esse azar até que um bebê seja adotado pela mãe adotiva dela, exatamente na véspera do natal, assim como foi com ela no passado.
E então o Doutor surge, tentando salva-la enquanto vislumbra esse mar de coincidências. Mas, no final, ele próprio precisa viajar ao passado pra impedir que a bebê Ruby seja levada pelos duendes (que viajam pro passado dela pra rouba-la), eliminando eles, mas também testemunhando um ponto que pode se tornar um grande paradoxo.
Ele vê a mãe de Ruby saindo de cena, mãe biológica que Ruby busca nos tempos atuais, e provavelmente será uma de suas maiores motivações nas viagens do tempo com o Doutor.
O episódio tem de tudo, até mesmo um musical (sim, um musical) com os duendes fazendo uma senhora música pra devorar bebês, e o próprio Doutor se mostra um bom músico.
Ou seja, muitas mudanças vindo de uma vez só, com novas espécies sendo mostradas, a gravidade mudando totalmente pra mavidade, e por fim, o novo Doutor.
Isso que é uma reintrodução do universo Who, me fazendo questionar: Não começaram nesse episódio por quê?!
E na boa, faço nem ideia de quem seja Davina Mccall, interpretando ela mesma como uma ponta absolutamente dispersa. Ela aparece algumas vezes, tendo destaque, mas é só uma vizinha chata da Ruby, que as vezes parece conseguir quebrar a quarta parede, sabendo que assistimos, e também conhecendo o Doutor, mas ninguém nota isso.
Episódio 2 - O Som do Diabo
Maestro não é o Mestre
Então, esse episódio é a personificação da cafonice, mas ele também teria tudo pra dar certo, se não desse errado. Acaba sendo rápido de mais, não conta muita coisa, e não tem uma boa construção.
É que, a ideia dele é basicamente abordar a música, em uma problemática na qual toda a música do mundo desapareceu, a partir de um novo vilão. Mas, apesar de brilhante, tudo é mal executado.
Começando pelo vilão Maestro (interpretado por Jinkx Monsoon), que é absurdo e genial, mesmo sendo a pura nata da Lacração. É que, ele é uma entidade mística jamais vista pelo Doutor, que é a personificação da música, e filho do Toymaker / Mestre dos Brinquedos (sim, aquele vilão magistral visto no Especial).
O problema é a quantidade de erros por tradução que simplesmente deformaram sua imagem. Primeiro, a ideia de chama-lo de "elu" sendo que, essa reclassificação de gênero acabou sobrando e não tem importância aqui. Independente da discussão de gênero, o termo original "they" como gênero neutro se aplica ao idioma inglês, e é algo difundido naquele idioma. A questão no português é outra e não se aplicou corretamente nesse caso, parecendo só algo adicionado gratuitamente.
Por exemplo, em certo momento o Doutor se refere ao Maestro como "descendente" do Mestre dos Brinquedos, sendo este sim um termo técnico neutro correto pra entidade. Mas depois chama de "filho", e nesse caso fica bem errado afinal, ele não se identifica como masculino. Ai o problema é que, na lógica, nada disso faz a menor diferença! Só torna tudo um pouco mais confuso e difícil de absorver, criando uma discussão atoa, em um episódio que já é confuso por si só.
Por outro lado, ainda atribuíram o nome "Maestro" ao personagem, que ironicamente em muito se parece com o nome do maior antagonista do Doutor, o "Mestre". Porém, o nome Maestro é pela conexão com a música, onde o Maestro é um regente musical.
Na dublagem isso foi compreendido, e chamam o personagem adequadamente, mas na legenda... fizeram uma bagunça que facilmente confunde. Eu fiquei me questionando se o Mestre teria retornado, agora como um Queer, o que não incomoda mas, seria basicamente a mesma ideia imposta no próprio Doutor de Ncuti Gatwa, soando até como falta de criatividade.
Mas na verdade, uma coisa não tem nada a ver com outra, e esse personagem é inédito, tanto que ele estranha o Doutor, e vice-versa.
"Maestro" por si só é espetacular, e seus exageros são muito legais de assistir. A interação com o Doutor, esclarecendo que ele é tão poderoso quanto seu pai, é bem interessante, mas não chega nem perto do que foi o Mestre dos Brinquedos.
Ainda assim, é um bom vilão, colocado para levantar dúvidas na cabeça do Doutor sobre o que ele viria a enfrentar agora, e deixando claro que tem coisa pesada chegando, já que ele não é o único parente do Mestre dos Brinquedos aparentemente.
Mas, num combate musical muito mal feito, o Doutor, Ruby e até os Beatles conseguem derrotar essa entidade, e trazem a música ao mundo novamente.
Contudo, o episódio não se basta nisso e precisa enfiar um musical forçado que, faz tudo ficar bem sem graça.
E ainda tem uma aparição da versão infantil do Maestro (que aparece no começo, citado como seu progenitor) mas, isso é mal explicado e torço pra seja melhor abordado em episódios futuros, pois ficou pra lá de confuso.
Ainda tem todo o mistério sobre Ruby, e mais uma vez ela vira centro das atenções, quando a música em sua alma ressoa com o vilão, e começa a nevar. Ela é tão "errada", que até o vilão abandona sua posição de antagonista temporariamente para interagir ao lado do Doutor e até soltar alertas sobre sua companion.
Há outros detalhes legais no episódio, como um momento incrível no qual a trilha sonora faz parte da narrativa! Como o vilão manipula e domina a música, até a música do episódio é composta por ele, e em um momento ela captura Ruby, tocando a música de fundo, e fazendo até o Doutor quebrar a quarta parede falando sobre ela ser uma arma do vilão.
É muito maluco isso, mas infelizmente é mal feito, e dava pra terem aproveitado muito mais essa ideia.
Enfim, é um episódio repleto de potencial, mas que não entrega nada de mais no fim.
Tem algumas referências à saga clássica de Doctor Who, citando até mesmo a Neta do Doutor, chamada Susan (que eu desconheço pois não vi a geração clássica), pois eles viajam aos anos 50 para conhecer os Beatles, onde encontram o problema com a música, e onde aparentemente o Doutor esteve acampado por um tempo. Mas não interagem para não causar outro paradoxo temporal.
De resto, é só um episódio bem genérico, pra mostrar que o Doutor e sua companion manjam muito de música.
Observação: Uma mulher trabalhando em uma cantina ganha algumas falas a mais, e bate de frente com o Doutor sobre comida e vendas, mas ela acaba não tendo relevância no resto do episódio.
Episódio 3 - Boom
Paradíssimo
E tudo vai piorando em qualidade, de enredo a elenco.
O episódio 3 é em um único cenário, onde o Doutor deveria ficar parado em uma Mina Terrestre prestas a explodir, em uma guerra num planeta vazio, por um exército formado por religiosos vestidos de soldados no futuro.
A ideia era essa, ele sem poder se mover e tendo de resolver a situação mas, nem mesmo ficar parado ele consegue (o que vai contra a lógica do episódio o tempo todo). Ele não pode se mover, mas não segura a gesticulação caricata de seu ator, e o roteiro ignora isso pra fingir que a gente não percebe.
E, a história é isso, ele preso na mina que nunca vai explodir e sabemos disso, e muita conversa com os poucos soldados e personagens que aparecem.
A guerra em si é contra nada, e o grande vilão é o sistema de Ambulância que estaria corrompido e promovendo a própria guerra, matando os soldados feridos. Daí tem uma crítica sobre o sistema capitalista fundado em meio a guerra, e também indiretas à religião.
A Ambulância consegue matar os soldados e transforma-los em potes de carne, com uma IA automática criada com a mente deles. A IA em si se projeta em hologramas, mas ela não é muito inteligente e apenas imita a personalidade das vítimas, contudo, o pai de uma garotinha consegue migrar sua consciência parcialmente, e vai se revelando durante a conversa com o Doutor.
O Doutor cita sua filha mais uma vez (dando a entender que ela será uma peça chave na história geral da temporada), e faz a IA do cara ajudar ele a atacar as Ambulâncias por dentro, mas nada é mostrado direito. Inclusive é tudo bem fortuito, pois a filha do cara vai pro meio de um campo de batalha do nada, pra que a história continue andando sem que o Doutor saia do lugar.
Enquanto isso, Ruby leva bala, cai quase morta, e tem a breve chance de conhecer seus parentes pela leitura genética da Ambulância, mas a máquina não encontra ninguém, e começa a nevar. Neva sempre que Ruby ta em algum momento de clímax, mas nunca acontece nada com isso, e ela quase morre.
No fim, o pai resolve o problema, faz as ambulâncias trabalharem direito e fim de guerra, afinal o doutor revela (da forma mais expositiva possível) que nunca houve alguém contra quem lutar naquele planeta, e era tudo um erro do sistema.
O episódio acaba assim, com o Doutor indo embora deixando a garota órfã pra trás, com uma soldada que também perde o único amor da vida dela (num romance empurrado e sem vontade). Moça essa que surge tão rápido quanto sai de cena, e não tem importância (além de ser a causa de Ruby tomar tiro). O cara morre de uma cena pra outra também, sem o mínimo de impacto, e é triste ver o quanto algo tão pesado soa insignificante no meio da ladainha do episódio.
Fraquíssimo, é um conto mal escrito e mal dirigido, parado e ausente de emoção.
E aliás, como se não pudesse faltar um momento de lacração gratuita, o Doutor chama Ruby de lésbica enrustida na cara dura, mandando ela se casar com uma soldada pra debochar do nome dela. É uma cena vexaminosa e sem lógica (é só pra fazer uma piada com os nomes delas mas, totalmente repentino).
Observação: A IA que aparece nas Ambulâncias é a mesma senhora vista na cantina do episódio anterior.
Epísódio 4 - 73 Jardas
Viagem no Tempo à Moda Antiga
UAU, esse sim é um episódio fod4.
Sei nem o que falar dele, é simplesmente a essência de Doctor Who. E olha que mesmo os 3 anteriores sendo pra lá de decepcionantes na minha opinião, compensa MUITO passar por eles (ou ignorar se quiser) pra chegar nesse.
"73 Jardas" é uma obra prima, que retrata um tipo de Paradoxo de Bootstrap, e tudo acontece tão naturalmente, que quando percebemos isso é tarde de mais e resta apenas nos impressionar.
99% dele é só com Ruby, e o Doutor some logo no começo, sem dar explicações. Aliás, há poucas explicações (na verdade não há), e boa parte do episódio é marcado por suspense e interpretação.
Ruby vive uma maldição estranha quando ela e o Doutor chegam no País de Gales, nos tempos atuais mesmo (2024), só pra ir na praia ali em Gales. Doutor comenta sobre um evento futuro de um ministro maluco de Gales que iniciaria uma guerra nuclear (citação meramente curiosa que ele interrompe ao perceber que está dando spoiler do futuro pra Ruby), e logo em seguida eles sem querer destroem um Círculo de Fadas, um simples ritual de aparência infantil isolado ali perto do mar.
O problema é que a partir desse momento, Ruby começa a enxergar uma mulher a 73 jardas dela, mulher grisalha da qual ela não pode se aproximar (sempre se afastando a 73 jardas). A mulher gesticula, mas não da pra ver com muita clareza quem é, e nem dá pra ouvir o que ela diz.
Então o episódio todo é Ruby aceitando a existência dessa mulher que a persegue. Todos que ela pede pra que conversem com a mulher por ela, simplesmente se assustam e passam a se afastar dela e de Ruby pra sempre... e isso acontece até com as pessoas que ela mais ama, como a mãe dela, sem nunca explicar o que houve.
Ela chega até a ganhar apoio daquela moça da organização secreta, Kate Lethbridge-Stewart, que ajuda as ex-companhias do Doutor, e até ela cai na maldição não resistindo, nem dando explicações, e apenas abandonando Ruby pra sempre.
No fim, Ruby chega naturalmente no spoiler que o Doutor citou, já mais velha e ai ela percebe que pode tentar impedir o evento nuclear. É irônico isso pois normalmente, o Doutor fala pelos cotovelos e muitas citações ou são easter eggs, ou só balela sem importância no episódio, mas nesse caso virou algo crucial que ele disse sem pensar.
Daí ela se aproxima do ministro antes mesmo dele ser eleito, vira uma falsa apoiadora, e quando finalmente ele é eleito e vai botar em prática seu plano nuclear, ela usa a maldição da mulher distante para fazer com ele fuja dela pra sempre, ferrando com sua candidatura.
Mas apesar disso solucionar um problema vindouro e previsto pelo Doutor, isso não explica quem é aquela mulher, e Ruby apenas envelhece mais e mais, chegando em seus 93 anos de idade.
Sem nunca reencontrar o Doutor, e tendo perdido todo que ama, e sem jamais ter descoberto a verdade pela neve que surgia perto dela, Ruby chega em seu leito de morte, sozinha, e lamenta por ter sido abandonada a vida inteira.
É aí que a morte pessoalmente a recebe, e era aquela moça, que na verdade era ela própria! Aí ela muda de papel, virando a morte e surgindo lá no País de Gales, no passado, a 73 jardas de si mesma, mas agora como a velhinha Ruby.
E ela tenta alertar para que Ruby e o Doutor não quebrem o Círculo de Fadas, pra não reiniciar o loop. Isso funciona... e assim o episódio acaba com um evento perdido.
Vontade de Assistir Reestabelecida
A ideia por trás desse episódio é brilhante e é perfeitamente executada. É isso o que eu sempre espero ao assistir Doctor Who... algo que me faça pensar, refletir, e querer rever pra me ater aos detalhes.
A simbologia da morte, pelo que entendi, é o fato da moça aparecer a 73 jardas, sendo isso pra representar os próximos 73 anos que Ruby viveria. Ela tinha 20 anos quando tudo começa, e ela volta pra Tardis idosa, 65 anos depois (contabilizando 85 anos). Mas, ela reaparece no leito de morte ainda mais velha, e mesmo não citando, da pra deduzir que ela chegou à 93 anos.
Eventos do tipo, onde a companion ou até o Doutor vivenciam longos períodos, reiniciando eles posteriormente, são até comuns. Mas um como este em que Ruby protagonizou não são costumeiros, e por mais clichê que soe, acaba em um círculo antológico perfeito.
Inclusive, há uma citação da Kate quando se encontra com Ruby que esclarece que até ela sabe que toda aquela realidade seria apagada posteriormente, e diz isso sem medo.
Também fica esclarecido que nessa saga e fase do Doutor, eventos de natureza paranormal são mais comuns e estão percebidos. Antes, era comum aguardar por uma explicação voltada pra Ficção Científica que revelasse que nada era totalmente paranormal, mas as coisas mudaram agora, e nem tudo é explicado pela ciência do Doutor.
Aliás, fica estabelecido que Ruby é heterossexual e ela inclusive tem 3 namorados do sexo masculino durante seu envelhecimento, mas nunca dão certo por causa da mulher estranha. Ou seja, o Doutor está errado sobre ela.
Esse episódio acaba sendo bem mais subliminar, e tem várias pontadas sociais e psicológicas, o que enriquece muito seu enredo. A trilha sonora ainda ajuda muito dando um tom mais sério, mas há alguns momentos bobos, como toda a cena do Pub onde vários personagens secundários brincam com Ruby contando sobre lendas de fadas e maldições galesas.
Enfim, tem uma parte em que falam de abusos sexuais subliminarmente, e Ruby lamenta por não conseguir salvar uma assistente do ministro. Nada é mostrado ou dito, mas entende-se que ela era abusada, e por pouco Ruby não passou pelo mesmo.
Observação: A moça misteriosa reaparece aqui também, conversando com Ruby no começo do episódio, apenas como uma mulher qualquer que está andando nas montanhas.
Episódio 5 - Ponto e Bolha
Doctor Who sem Doctor Who
Esse também é um baita episódio, com uma carga de terror pesadíssima, e ainda por cima uma parte tocante de terror social (focado em puro racismo).
O episódio inteiro quase não tem a presença do Doutor, com suas rápidas aparições sendo via projeção, só para tentar ajudar a protagonista, já com sua companion ao lado.
A protagonista é uma moça mimada, rica, jovem, que vive numa bolha, literal e figurativamente falando! Tudo se passa em um mundo onde todos vivem uma vida aparentemente perfeita, cegos para o exterior e focados apenas em suas telas em forma de bolha, projetadas em torno de suas cabeças.
Vivem nas redes sociais, conversando com amigos e ignorando o mundo, até que uma raça de criaturas surgem devorando um a um, como um verdadeiro self service.
Como ninguém liga pro mundo exterior, as criaturas que são lentas e quase nem andam, tem pratos cheios entregues facilmente a elas, guiados pelos dispositivos nas cabeças das pessoas.
É tanta metalinguagem nesse episódio, que o torna ainda melhor do que já seria se nem tivesse essas mensagens ocultas.
Ele é uma introdução decente ao universo de Doctor Who, mostrando justamente a perspectiva de alguém que não está nesse universo. A forma como a história é mostrada por dentro da bolha e não por fora, é simplesmente perfeito pra mostrar quem é o Doctor e como suas tramas funcionam.
Além disso, mal notamos a questão racial, até que isso seja escancarado em nossa fase com um baita choque de realidade.
Afinal, o Doutor de Ncuti Gatwa é negro (sem contar que aparentemente o personagem também é gay agora), e isso não é ignorado narrativamente, mostrando pela primeira vez o doutor sofrendo rejeição, não por seu sexo (o que ocorreu com Jodie pelo público e nas histórias), mas pela etnia.
E gente, se no episódio dos bebês eu senti raiva pelos exageros do ator, aqui eu simplesmente chorei pelo tanto de emoção e significado que um simples grito teve. Meu deus, eu amei esse episódio, pois ele fala do racismo, sem precisar escancarar isso, mas causando revolta, e passando a mensagem inclusive pra quem está na bolha ainda.
Além de tudo isso, ele é movido por terror claustrofóbico, sem mostrar violência mas deixando tudo ali, implícito, e quando algo ocorre é medonho, mas rapidamente "censurado", não pelo show em si, mas pra alimentar mais ainda o terror.
Afinal, pra alguém que vive em uma bolha e de repente testemunha um mundo muito cruel e hostil fora dela, a decisão seria apenas voltar pra fantasia, até que sua vez na fila da morte chegue.
Episódio 6 - Ladino
Se é Pra Lacrar, Lacra Direito
Nem vou perder tempo falando muito desse episódio, é apenas ruim.
Questões narrativas, ele é uma "aventura" parada, que se passa numa festa de gala do século XVIII, onde alienígenas metamorfos estão brincando de cosplay (usam muito essa palavra sendo que nem faz sentido), vestindo a pele de pessoas para um casamento entre eles, e o Doutor junto de Ruby acabam parando nessa confusão por pura coincidência, já que só estavam querendo dançar um pouco, num século antigo, pra fingir que estavam na série "Bridgerton".
Como se não bastasse o fato de ser super sem criatividade, a história ainda tenta forçar a barra com um romance relâmpago entre o Doutor e um caçador de recompensas chamado Ladino, que estava lá para caçar a raça de metamorfos.
É tudo muito abrupto e sem química, e nem falo apenas do fato de enfiarem goela abaixo uma tensão sexual no personagem principal, mas a construção do tal par romântico, que não tem nada de interessante. Na verdade quase não tem falas, é sem graça, não chama atenção e nem intriga, ele é apenas um cara genérico que colocaram neste episódio pro Doutor beijar, e se apaixonar a primeira vista, sendo que isso nunca aconteceu antes em toda a franquia.
Mas beleza, também empurram uma despedida surpresa da Ruby, como se isso realmente fosse acontecer já que o grande mistério da temporada é a natureza natalina dela... então, acaba sendo muita encheção de linguiça só pra no fim terminar mostrando Ruby sendo salva, e o amor da vida do Doutor se perdendo.
E pior que ainda fazem uma referência a aliança de casamento, com o cara pedindo o Doutor em casamento e ele negando, pra no final ele colocar a aliança... desrespeitando profundamente a memória do único casamento que ele já teve em todas suas versões.
Mais pareceu que os escritores deste episódio nem sabiam o que era Doctor Who, metendo uma chuva de referências a outra série, chamada "Bridgerton", tão citada que por pouco não achei que era só um comercial promocional dessa série, travestida de Doctor Who.
Questões de ficção científica ou viagem temporal, não há nada aqui, e as criaturas são tão genéricas, que mais parecem máscaras fabricadas em uma competição de maquiagem, com aparência facial de pássaros alienígenas, mas muito ridículas.
Essa "nova espécie" apresentada é simplesmente uma desgraça em design, e muito mal elaborada. Até um Dalek da geração clássica tinha mais estilo que essas próteses com penas toscas.
Ponto fora nesse episódio, e na verdade deu vontade de parar de assistir. Se de fato não fosse minimamente curioso o jeito como o Ncuti Gatwa incorpora um Doutor mais festivo, que inclusive esconde o luto com um sorriso, juro que pararia de acompanhar essa versão aqui, e esperaria pela próxima regeneração.
Mas, também ainda há Ruby, que Millie Gibson consegue tornar tão querida e divertida, que forma um par perfeito e AMIGÁVEL entre os dois. Antes mantivessem apenas eles essa doce amizade, e parassem de tentar emplacar o lado gay do Doutor, pois sério, é desnecessário isso. Ou faz direito, ou nem tenta... e não é jogando um personagem qualquer em um episódio sem graça, que vão por exemplo compensar o romance de Doutor e River Song.
Sabe o pior de tudo? O episódio tem uma das melhores cenas da temporada, onde o Doutor é escaneado e aparecem todos os rostos de suas antigas vidas. Tal cena nem faz sentido afinal, é impossível que um dispositivo em uma nave espacial que não viaja no tempo, em pleno século XVIII, consiga não apenas identificar um Senhor do Tempo, como ainda é capaz de projetar suas identidades anteriores, apenas por escanear sua memória. Um tanto quanto forçado isso, mas da pra relevar, só pela cena em si.
De resto, episódio ignorante e ignorável.
Episódio 7 - A Lenda de Ruby Sunday
A Mentira dos deuses
Pra um episódio duplo de fim de temporada, não deixa a desejar, mas também não é uma das coisas mais criativas feitas em Doctor Who.
Nele tentam responder quem é a mulher que aparece em todos os outros episódios, a senhora de idade que empresta o rosto pra personagens figurantes, mas também tenta explicar quem é a mãe biológica de Ruby, e a razão de sempre nevar quando ela pensa no dia em que nasceu.
Também tem uma tonelada de referências a coisas do passado da franquia, incluindo a geração clássica, como citação da neta do Doutor, personagens antigos reaparecendo (já bem velhos), menções a atores que faleceram, e coisas que estão ali só pra enrolar.
Afinal é tudo um desvio pra fingir que tudo foi escrito pensando em uma continuação de mistérios antigos da franquia, quando na verdade é mais daquela nova onda de deuses misterioso que o novo Doutor está enfrentando.
E apesar do bom efeito especial no fim, bem medonho diga-se de passagem, com uma divindade de aspecto egípcio se personificando... tudo acaba por alto e em total mistério, aberto pro episódio 8 que seria o derradeiro final.
Desaponta um pouco ver como o episódio desrespeita a franquia, com uma coleção de referências vazias e sem significado já que tudo é descartado no fim.
E, a leva de personagens novos, a UNIT sendo submissa ao Doutor e ele comandando tudo como se sempre fosse o chefão, engana muito quem é novo na série. Ele nunca teve essa proximidade com a associação, na verdade ele a criou, mas ele nunca atuou como diretor ou nada do tipo. Ele está tanto para líder da UNIT, quanto para Presidente do Mundo, uma nomenclatura que só serve pra atestar um status superior e dar liberdade pro personagem fazer o que quiser, mas que não significa nada.
Episódio Final da Temporada
Romantizando o Abandono
Que final ruim viu, as respostas pras perguntas máximas são tão idiotas que tornou toda a experiência um desperdício de tempo.
Ruby não é filha de ninguém importante, é uma moça adolescente que abandonou ela e pronto. Mesmo assim, o episódio final responde isso como se fosse a coisa mais apoteótica do mundo, resolvendo até o problema da morte de todo o tempo, como se algo simples, apenas pelo suspense e mistério, fosse o suficiente pra derrotar um deus.
O grande vilão da vez, o deus da Morte Sutekh, que se revelou no final do episódio anterior, é um resgate de um velho inimigo de um episódio de um dos antigos Doutores clássicos...
Que de tão esquecível precisou ser explicado com direito a imagem dele em sua versão antiga.
O lado bom é que assim da pra entender que ele não é nada tão importante, e pior, o jeito que trouxeram ele de volta foi num pseudo retcom, dizendo que ele nunca foi derrotado de fato, e ficou atrelado a TARDIS durante todas as temporadas que vimos, sempre colado nela, mas invisível e imperceptível, se alimentando das viagens, e marcando cada pouso do Doutor com a morte (nem faz sentido isso, afinal a TARDIS já chegou a ser destruída, e inclusive ela se copiou pro outro Doutor nos episódios especiais, tecnicamente nem sendo a mesma TARDIS que ele usou nas aventuras antigas.)
Como a TARDIS é tomada pelo vilão, e pilotada por ele, o Doutor passa a usar uma memória remendada da própria TARDIS pra viajar, algo que simplesmente vai contra a mais simples lógica de Doctor Who (afinal, agora ele pode viajar pelo tempo só de imaginar que pode!).
A mulher velha que aparecia em todos os mundos (apenas nesta temporada, pois é uma besteira inventada por ela), é um "arauto da morte", criado pelo Sutekh como sua marca, para que no dia em que se revelasse e matasse o mundo, todos os mundos em que o Doutor esteve também morressem automaticamente.
E isso é de uma estupidez tamanha e ignorante, que nem critico a resolução forçada que o roteiro trouxe.
O vilão não mata apenas o Doutor e a Ruby, pois ele também queria saber o final da novela! Ele queria saber quem era a mãe da Ruby, e isso segurou ele tanto, que no final ele é derrotado na porrada pelo Doutor, jogado no limbo entre as realidades, e ainda por cima inverte todas as mortes que causou ao longo de todas as eras (apenas a partir da revelação dele tá), só porque o roteiro quis.
O Doutor mata um deus, levando ele pra passear de coleira na TARDIS, sendo que um monte de regras estabelecidas antes na franquia são desrespeitadas pra isso. O Doutor não mata, ele presa pela vida inclusive de grandes divindades, a TARDIS não viaja se tiver presa a algo, tipo a coleira com as portas abertas (inclusive já teve reviravoltas ocasionadas justamente por essa impossibilidade dela).
E nem vou falar dos inúmeros paradoxos que surgiriam de uma reviravolta absurda dessas afinal, linhas do tempo inteiras foram afetadas por um deus único, que não teve consequência posterior.
Depois de ver Ruby descobrindo que sua mãe biológica é uma enfermeira qualquer que nunca foi atrás dela, e que seu pai era um qualquer também que vivia com os pais, a série nos ensina que vale a pena ir atrás de quem nos abandonou bebês, chama-los de pais, e ignorar por exemplo a pessoa que cuidou da gente a vida inteira!
Eu só me senti péssimo pela mãe adotiva da Ruby, que sorri é claro, recebe a mãe biológica e entende a animosidade da filha, mas ainda tem que ouvir ela chamando a mulher que a abandonou (E NUNCA PROCUROU) de mãe.
É terrível isso, mas é a essência do que Doctor Who se tornou.
O pior é que é o fim de Millie Gibson como Ruby, não por morte, mas por escolha dela em deixar o Doutor. E nem tudo é respondido sobre ela, pois o roteiro é fraco suficiente pra nos expor que a neve que surgia quando ela lembrava do aniversário, não tem importância. Que o fato da memória da mãe dela apontar na direção do Doutor, também não tinha importância.
Empurram inclusive que a mãe dela apontou foi pra Placa da Rua, pra escolher seu nome, coisa que não faz o menor sentido! Afinal, era uma memória, uma recordação de algo que nunca aconteceu de fato. O Doutor que pirava nessa memória, e na boa, qual a lógica da mulher abandonar a filha numa igreja e depois parar no meio da rua, apontando pra uma placa?????????
Eis uma das piores temporadas de Doctor Who, que só se salva pelo carisma de Ncuti Gatwa, ainda tentando muito impor seu estilo no Doutor mas demorando de mais pra se encontrar.
Pior foi a frase que ele deu de despedida pra Ruby, falando que ela o fez enxergar família como nunca antes... frase esta que veio justamente depois dele ter sido uma Mulher, que viajou com um vovô, uma tia e um neto, uma família que inclusive ELA CHAMOU ASSIM NO FIM.
É de menosprezar a saga da Jodie Whittaker, que pode não ter sido das melhores, mas com certeza foi mais família que essa.
Minha Opinião Sobre a Temporada 2024
E claro, ainda ficaram dúvidas, como a história da neta do Doutor, relembrada e possivelmente não foi atoa, e a estranha mulher idosa (os caras vão trazer um monte de idosas agora), o que muito provavelmente também vai ser uma exumação da saga clássica, pra manchar ainda mais a reputação da franquia.
Depois de um roteiro tão cheio de buracos e bifurcações que só davam voltas e se destinavam a lugar algum, eu duvido muito que algo bom virá disso ai. Na verdade passei a ter medo do que Doctor Who pode se tornar.
E veja bem, eu to pouco me lixando pra cultura Woke ou Representatividade, na verdade eu gostei de algumas coisas mostradas aqui, e acho que a série poderia muito bem se favorecer de outras perspectivas usando o novo rosto do Doutor. Só que caramba, precisam se esforçar mais pra criar bons roteiros, e menos enrolações.
Enfiaram uma Rose trans sem qualquer profundidade ou importância em relação a sua sexualidade ao ponto de justificar sua exposição. Não faz diferença alguma ser menino ou menina, então pra que relembrar isso dizendo "Nossa, você é tão linda" pra cada novo personagem que interage com ela?
Enfiaram um Doutor gay, negro, super sentimental e emocional, que nem explora essa natureza de forma digna. Gente, em nenhuma das versões do Doutor ele caiu de amores a primeira vista por uma garota ou garoto, nunca teve isso, mas agora teve então, aceitemos que agora que ele é gay, ele é assanhado também.
E no fim ainda colocaram um elenco geriátrico que mais deu vergonha alheia do que trouxe nostalgia. Eu sou super a favor de resgatar antigas passagens, fazer referências, ter participações de elencos passados, e amarrar histórias que ficaram em aberto. Mas extrapolaram de mais aqui, ignorando que teve uma nova fase inteira depois da Clássica, e resgatando apenas coisas lá do passado que provavelmente ninguém da nova fase vai se interessar em assistir.
Dá até pena ver que antigos companions do Doutor ficaram travados no tempo, e não sabem mais viver sem pensar no Doutor.
Desculpe se soei ignorante agora, mas eu passei a acompanhar Doctor Who por curtir a ficção, curtir o terror fantasioso, gostar muito das reviravoltas e da tecnicidade empenhada em suas histórias. Nunca foi algo simples, e era sempre algo rico tipo o episódio das 73 jardas... que agora apenas soa ridículo e sem significado.
E tipo, é isso.
Eu esperava tudo nessa temporada, menos algo completamente ignorável... e é isso que ela é.
Pior que eu achei a Ruby uma personagem tão curiosa, e no fim, não era nada.
See yah.
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