Série: Invencível - 2° Temporada

 Invencível - 2


Um pouco fora de época eu sei, afinal já estamos na terceira temporada e vim falar da segunda, mas é que só optei por assisti-la agora.

E pra minha surpresa, foi melhor assim do que acompanhando semanalmente.

A série baseada em quadrinhos é super promissora pelo excesso de agressividade e violência envolvendo super heróis, algo que deixou muito claro na primeira temporada, mas então ela passa a "pegar leve" na segunda.

Com pouquíssima ação, raras situações violentas, e uma quantidade absurda de dramaturgia e diálogos, a experiência pode ser resumida como entediante, pelo menos pra mim.

Mas, bora explicar melhor isso.

Boa leitura.

O que é Invencível?


Fazendo sátiras aos heróis mais famosos conhecidos, como Liga da Justiça e Vingadores, dos grandes estúdios DC e Marvel, o mesmo criador de The Walking Dead (Robert Kirkman) fez questão de criar essa história mais cruel, se alinhando até com outra obra de super heróis malignos ou violentos (The Boys), ambos produtos que vieram pra sacudir o mundo geek.


A história fala de um pseudo Super Man, que na verdade era um infiltrado do seu planeta natal, e depois de conquistar a confiança do mundo e reunir os maiores heróis em uma pseudo Liga da Justiça, ele faz questão de executar todos a sangue frio, pois era tudo parte de um plano do seu império, para tomar controle de planetas por todo o universo. O problema é que esse Super Man (chamado Ominiman) tinha se envolvido com uma humana, feito uma família, ao bom estilo Clark Kent, justamente pra ajudar com sua infiltração... mas disso saiu um filho, e este filho herdou os poderes do pai, contrariando seus ideais dominadores.


É sobre esse filho, conhecido como "Invencível", que toda a trama se desenrola, mostrando seus dilemas pessoais, sociais e profissionais, enquanto tem de lidar com ameaças terríveis, com seus próprios poderes, e até mesmo seu próprio pai.

Tudo isso já fica bem claro na primeira temporada, explicando bem que o Ominiman é o vilão, e o Invencível é provavelmente o único que poderá contra ele. Mas, tudo acaba ai, no começo do embate.


O Problema das Mortes


Então veio a segunda parte dessa história (que só pra constar vai muito além nos quadrinhos), onde conhecemos o desenrolar de uma nova pseudo Liga da Justiça, formada por heróis mirins aspirantes a novos presuntos na mão do Ominiman, juntamente com a evolução do protagonista, enquanto ele também lida com romance atrás de romance.

O que mais me desagradou nessa temporada foi o menosprezo ao estilo mais marcante de Invencível. Me lembro muito bem de ter me espantado com o nível de violência gráfica presente na primeira temporada, e o jeito como subverteram a ideia dos superpoderosos, que até então estavam sempre sendo representados no áudio visual como benevolentes e charmosos.


De repente surgem massacres, cabeças explodindo, tripas voando pra todo lado, e tudo tão explicitamente que beirava um filme de horror em forma de desenho animado. Mas, era tudo parte da essência dessa história.

Na segunda temporada isso fica de escanteio, dando espaço pro lado mais humano do Invencível, e dos heróis substitutos dos que morreram, e também de personagens coadjuvantes. Na verdade, até os vilões tem seu lado humano exposto, dando tanto espaço pra que isso seja trabalhado, que mais parece um projeto de direitos humanos expondo como todos tem um lado bonzinho.


Inclusive, passam um pano enorme pro Ominiman, justificando suas ações, e colocando ele como um Anti-herói, e não como vilão. Afinal, tudo que ele fez foi por uma disciplina militar de Viltrum, e ele ainda não tinha despertado sua consciência humana, algo que é feito aqui.

Paralelamente também vemos o herói filho dele tendo de aceitar que não pode namorar uma humana, pois isso traz muitos problemas pra ele, tanto a insegurança a qual ele submete ela pela proximidade, quanto a ausência dele constante diante de suas funções como defensor da justiça.


Com relação as dezenas de demais personagens, esses dilemas sociais também ocupam muito tempo dos episódios, sempre mostrando eles se apaixonando, ou buscando algum envolvimento com alguém, ou simplesmente procurando suas razões de vida.


É absolutamente chato de se assistir. Conversas longas, tediosas, que dão lugar nos últimos momentos pra embates rasos contra vilões feitos de qualquer jeito.

Mal parece uma série de ação com super heróis, e sim uma novela animada.


Três Momentos

Há apenas três momentos que confesso que agradam, e se encaixam no padrão estabelecido lá da primeira temporada, mas infelizmente eles são apenas pequenas partes de episódios isolados e pior, eles mal tem destaque.


O Massacre dos Heróis 2.0


O primeiro a comentar é o Massacre dos Heróis 2.0, que tenta mostrar a fragilidade dos mocinhos diante seus desafios, e novamente trazendo a tona que nem os mais fortes são imunes.


Contudo, apesar de ser um baita show grotesco de sanguinolência, tudo é "remediado" com uma anestesia terrível já no episódio seguinte, trazendo todos os feridos a vida, e ignorando as baixas.


E o pior é que isso não é feito usando o clássico recurso do Multiverso ou das Viagens no Tempo... ainda. Esse recurso chega a ser aplicado na série mas em outro momento, e neste, apenas revertem mesmo a situação, dando soluções absurdas e nada críveis para que todos os heróis saiam sem sequelas, de situações extremas.

O Multiverso


O segundo momento a comentar é justamente o que compete "Multiverso", pois apesar de ser algo já muito batido e corriqueiro que encheu o saco, Invencível brinca também afinal, eles podem uai.

Aqui, o vilão principal da temporada é um cara que tem o poder de abrir portais entre dimensões, e que surgiu num universo onde Omniman e seu filho se uniram pra dominar a Terra. Ou seja, um universo onde o Invencível é vilão.


O problema é que piora, pois ao procurar outros universos, o cara descobriu que em todos os Invencível também se aliou ao Ominiman, e todos os universos aparentemente já estavam ferrados. Então, o plano dele é unir todas as mentes de suas variantes (que não possuem seus poderes, afinal ele é o único em todos os universos a ter isso), para que ele tenha conhecimento sobre todos os universos e possa ajudar a humanidade em algum mundo onde a união dos vilões ainda não aconteceu.


O mundo que ele escolheria pra isso seria o do nosso Invencível, onde ele ainda está enfrentando a ideia de se unir ao pai, só que esse cara comete alguns erros e no fim, perde o controle das memórias somadas e apenas guarda rancor pelo Invencível, decidindo se vingar daquele que ele julga o mais fraco.


Nada disso realmente importa e é tudo bem genérico e sem graça, mas o ponto que quero chegar é que no final, no grande combate contra ele, o protagonista vai para outros universos onde se encontra com versões parodiadas da Marvel e da DC.


Mas especificamente o Homem Aranha, e o Batman. 


Tem também outras referências como ao MadMax por exemplo, mas a parte mais engraçada é ele interagindo com o miranha (que no caso está com as cores trocadas pra não dar ruim com direitos autorais), quem deixa claríssimo que é uma variação do homem aranha, já que ele diz que "Vem tendo problemas com multiverso também". Lembrando que o cabeça de teia foi meio que um dos primeiros heróis a mexer com multiverso no aranhaverso.


Então tem o Batman, que só tem a capa aparecendo enquanto o Invencível cita a ironia de seu nome (Homem Morcego), mas sem falar com todas as letras que é "Batman". Nesse caso a sátira fica meio redundante já que existiu uma paródia do Batman no universo de Invencível, e ele já deveria estar bem familiarizado com o personagem. Inclusive, em outro episódio aparece um substituto do Batman Genérico dele, e eles interagem bastante.


Mas beleza, eu achei essa brincadeira legal de ver.


A Indireta dos Animadores


A terceira coisa legal é a justificativa eficiente que dão para a péssima animação em algumas partes. Não são todos os episódios (apesar da grande maioria ser mediano pra ruim), mas usam e abusam de recursos simples pra entregar uma animação mais ou menos, só que fazem questão de nos explicar isso, do jeito mais direto e hilário possível.


De um episódio pro outro (numa continuidade terrível de mal executada), colocam o Invencível e sua namorada humana numa convenção de anime, com os personagens coadjuvantes parados ao fundo, e o pior nível de animação imaginável. Inclusive, usam mais cenas estáticas com falas mexendo a boca do que tudo nesse episódio inteiro.

Em dado momento, Mark (que é o nome humano do Invencível) pede um autógrafo de um animador/desenhista que ele é muito fã, de um herói fictício cachorro, e toda a cena é uma sátira à péssima animação.


Com ele explicando enquanto o próprio anime ilustra muito bem pra gente, ele fala como os animadores relaxam em certos momentos, para poder entregar o produto a tempo, e acabam usando táticas pra enganar o público, como longos diálogos, personagens falando enquanto escondem a boca, ou então pessoas no fundo não se movendo mas 


A Redenção de Omniman


E ainda tem um quarto momento, sendo a parte controversa é a redenção do Ominiman, que não forçam tanto assim pra justificar. Ele servia ao império Viltrunamita, e era ainda um dos mais respeitados, e tudo que ele fez foi só mais uma de muitas conquistas planetárias. Contudo, ele foi afetado pelo filho, e passou a rever suas ações.


Ele aprendeu a ser um herói, e se importar com minorias e fracos, tanto que acabou salvando outro planeta que deveria conquistar, e novamente fez outro filho (que deixa pro Mark cuidar). 


Tudo isso vem como uma bomba pro Invencível mas, ao mesmo tempo, ajuda a explicar as intenções do pai dele, e inocenta-lo. Ainda por cima surgem os demais Viltrunamitas e eles são muito mais cruéis e insensíveis que o Ominiman, tratando sem um pingo de misericórdia seus alvos (incluindo o Ominiman, que é levado pra prisão deles pra sofrer mais por traição).


Mesmo vendo o que o pai bigodudo do protagonista fez, a série sabe nos explicar suas motivações e as implicações caso não fizesse isso, e começa a mostrar um lado mais humano, amadurecido pela convivência com a raça humana, e transformado por isso.

Ou seja, faz sentido.


O Resto Só Não Presta

E então sobra as sessões de terapia via anime, com pessoas conversando sobre como estão ruins e como poderão se superar, enquanto a trama principal caminha de qualquer jeito.

Fica muita coisa em aberta, várias pontas para continuidade, como personagens aparecendo de outra linha do tempo, ou personagem que nem explicados são, apenas tacados rapidamente no último episódio, e fica a expectativa pro que virá.

A segunda temporada é bem bobinha, tem pontos altos, mas no geral é fraca... mas na terceira tudo melhora.

Em todo caso, é melhor que nada...

Bem, é isso que eu queria falar.

See yah.

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