AnimeMorte: Overlord - Comentando o Anime do Caveirão

Venho acompanhando "Overlord" a anos, desde a primeira temporada, mas nunca me senti apto a falar a respeito, pelo menos não até agora.


Acabei de concluir a temporada 4, e achei que seria uma boa hora pra fazer um panorama geral não dela, mas sim de todo o anime.

Este anime é um Isekai que conta a história de um jogador preso no mundo do videogame, algo que pode soar mesmice mas, se torna criativíssimo graças ao fato do jogador em questão, já estar no auge de seu potencial, e ainda por cima ser o "vilão".

Claro, as coisas não se resumem a isso, e o anime é uma longa história política, com ação, violência, echi leve, um pouco de terror e muito humor, tudo isso junto com um monte de personagens interessantes, e um protagonista bem curioso.

Enfim, bora falar mais a respeito.

Boa leitura.


O Fim de um MMORPG


Overlord é a história de um jogador de YGGDRASIL, um MMORPG de Imersão Total, ou seja, mais uma daquelas histórias onde o protagonista se sente totalmente dentro de um jogo. O que difere essa trama de outras como Sword Art Online por exemplo, é que aqui ele não tem possibilidade de fuga.

Isso pois o jogador está preso no mundo do jogo, e não faz ideia do que aconteceu. 


Outra coisa legal é que, assim como o anime Isekai Ojisan, a história é mais sobre o fim de um MMORPG e sua experiência, do que sobre a descoberta em si.

O jogador era líder do clã mais poderoso do jogo, tinha todos os itens mais poderosos e raros, tinha o level máximo e era simplesmente imbatível, assim como todos seus amigos de clã. 


Mas, tudo chega ao fim, e um dia o servidor estava pra fechar, juntamente com o fato de todos seus amigos terem parado de logar. Um mal comum para todo jogador de MMORPG, pois o inevitável desfecho com a ausência dos demais, e a falta de desafios, torna tudo monótono e encerra a jornada, até então ilimitada.

Só que, numa despedida honrosa ao jogo, o jogador permanece online até o servidor ser fechado, mas ele não desloga. Isso prende ele no corpo de seu personagem, aparentemente pra sempre, em um mundo digital extremamente realista.


Pior ainda é que conforme ele explora, ele descobre que o mundo está mais vivo do que antes, quase como se ele tivesse sido teletransportado pra outra realidade.

Mas, junto dele estão seus amigos, não os verdadeiros, mas NPCs que cada um deles criou no passado, para gerenciar o clã. Era só uma mecânica do jogo, onde cada jogador podia criar um npc pra ser um tipo de serviçal dele, e eles haviam feito vários.


Munido de todo seu poder, o agora eterno Ainz Ooal Gown, passa a viver como um monstro dominador, que aprende mais sobre a sociedade na qual surgiu, e busca por um lugar nela, levando a Grande Tumba de Nazarick (sua guilda) junto.


Os Monstros são os Mocinhos


Ainz é poderoso, respeitável, mas ele também tem uma baita desvantagem no mundo em que surgiu, já que como uma proposta divertida de jogo, ele e seus amigos criaram a guilda apenas com Monstros. Ele é um esqueleto mágico, e cada um de seus amigos era uma criatura diferente, deixando pra trás seus npcs que também são criaturas.

Não é a primeira vez que vejo um isekai que aborda essa perspectiva, e é fácil comparar com o anime do Slime, ou o da Aranha. Inclusive, todo o foco político da busca de um status social digno por parte do mocinho, no corpo de uma criatura maligna, é algo que se repete nos outros animes.


Aqui isso muda um pouco pois o protagonista é todo poderoso desde o começo, e não tem pra onde evoluir fisicamente. Ele não tem fraquezas, e suas vulnerabilidades ou necessidades foram subjugadas completamente. Ele não tem nem de se alimentar ou dormir (na verdade ele nem consegue), e apenas existe, sendo completamente imparável.

Tanto poder, e ainda por cima o preconceito do mundo sobre ele, que tem a aparência medonha de um monstro, poderia fazer com que ele vestisse o capuz e assumisse uma posição de vilão, mas, ele faz o oposto, segue a humanidade dentro de si (a voz humana dele pode ser ouvida quando ele pensa), e tenta conduzir seu clã pra algo bom.


E olha que seus NPCs são (quase) todos malignos, e gostam de fazer a humanidade sofrer, mas Ainz busca mediar isso, tratar todos como iguais, e convencer todos que um mundo bom é melhor que um mundo destruído.

Tarefa essa difícil, e isso que prende a atenção, onde ele reeduca seu clã, sempre contando com o respeito tremendo que todos os monstros tem por sua força, e por ele como líder. 


Excesso de Personagens


O chato é que, apesar de ser divertido acompanhar o grande Rei Feiticeiro dominando tudo e todos, com estratégias de conquista e política, também torna-se maçante o excedente de personagens.

Cada temporada tenta focar em um problema, com um elenco a parte, sejam de humanos vivendo ali no mundo no qual ele surgiu, ou monstros com sociedades próprias que ele conhece, e adiciona à sua guilda. Porém, são tantas caras e nomes que acabam abarrotando o enredo, e mesmo sendo dispensáveis, tomam tempo de mais de tela.


Ainda há os personagens "principais", que precisam disputar por esse tempo com os coadjuvantes, e no fim todos acabam não tendo um desenvolvimento satisfatório.

São os NPCs, cada um criado por um dos amigos jogadores do Ainz, que apesar de serem interessantes, facilmente tem seus nomes esquecidos por alguém que não seja fanático por eles (eu mesmo já esqueci todos). 


São os NPCs menores, criados para auxiliar na guilda, ou que servem de "Mob" pros npcs principais, e são tantos, que chega a um ponto onde apenas param de nomeá-los, como o caso dos Guerreiros Mortos.


São os muitos e muitos heróis que aparecem pra enfrentar os monstros, mas o próprio anime faz questão de escancarar que nada pode bater de frente com Ainz, tanto que o maior herói de todos, é ele próprio (ele assume uma identidade secundária pra ser seu próprio nêmeses).


São os seres humanos, que também tem suas vidas, histórias longas, comunidades, mas tudo isso é desperdiçado e serve de mero drama pra mostrar que nas ações de Ainz, os genéricos também sofrem.


E ainda assim há mais um monte de elencos extras, sendo apresentados mais e mais, com novos detalhes desse mundo, e novas "ameaças", sendo que no fim nada realmente é uma ameaça.


Expectativa sem Retorno


Eu me vi acompanhando na esperança de testemunhar uma reviravolta extrema, que fizesse jus ao tempo investido, como por exemplo um traidor surgindo dentro de Nazarick, ou o próprio Ainz achando uma fraqueza que desconhecia.

Mas não, o anime todo é só sobre como ele é poderoso, e como ele consegue tudo o que deseja e almeja, sempre com o respeito de todos, e sempre sem jamais ser questionado.


É quase como "One Punch Man", onde o cara tem tanto poder, que quase não vê sentido na vida e busca incansavelmente por algo para desafia-lo. Só que, Ainz está na busca de seus amigos, ou algum vestígio do jogo YGGDRASIL.

O grande objetivo dele é fazer seu nome ser conhecido no mundo todos, tornando-se conquistador do mundo inteiro, benevolente mesmo sendo um monstro, mas temido por seu poder.


Isso pra que talvez, algum outro jogador que possa ter sido levado pra la o encontre. O porém é que no meio de todas as tramas secundárias entrelaçadas, e o jogo político que ele se encontra, quase não há referências aos mistérios do passado de Ainz.

Não são mostrados flashbacks do passado, não sabemos nem como ele é, nem como seus amigos eram. O que temos são informações vagas, algumas poucas lembranças meramente citadas, ou os nomes dos personagens de seus amigos mencionados pelos NPCs, como deuses.


Ainz busca por eles mas, não vemos ele realmente procurando, e ele também não compartilha esse desejo com seu novo clã. Afinal, os NPCs nem sabem que são npcs, tanto os seus monstros, quanto os humanos que vivem no mundo.

Ele próprio não sabe se são mesmo NPCs, se aquilo ainda é só um jogo, ou se é uma realidade alternativa. Então ele procura respostas em segredo, e o irônico, é que em pouquíssimos momentos há indícios disso.


Em 4 temporadas, o primeiro detalhe que talvez fale a respeito do jogo em si, só é citado.

Mesmo assim compensa assistir.

Overlord é daqueles animes cheios de conversas, com pouca ação, e muito mistério.


Quando há ação, ela é meio desenfreada, e até empolgante, mas tudo que somos levados a querer ver de verdade, é o Ainz mostrando o quanto é poderoso.

Fica chato ver que no fim das contas, ninguém importa além dele (pois os personagens são todos muito carismáticos, mas descartáveis), mas dá pra curtir bastante.

Eu curti.

Enfim, é isso.

See yah!


Postar um comentário

0 Comentários