AdaptaçãoMorte: Parasyte: The Grey - A continuação de Parasita

Ta ai, uma série coreana quase live action de um mangá/anime, que é perfeita.

Com apenas 6 episódios, ela conta uma história original e própria, sem relações diretas com a obra "Parasita", mas contraditoriamente criando uma relação simbiótica com ela.


Além de interessante, diferente de obras com monstros ou criaturas fantásticas, o forte dessa série está em sua história, e toda sua originalidade, além do tema baseado em "Organizações Sociais", e a forma como ela é contada. 


É um tipo de terror, mas é um terror muito voltado pro suspense, e não pra ação ou susto, o que até surpreende já que na lógica, tudo se sairia melhor se apostasse em violência gráfica das criaturas mostradas.

Mas é exatamente por não fazer isso, que a série se sai perfeita, e ainda impacta em suas decisões. 

Enfim, falarei mais a respeito a seguir então, boa leitura.



O Que é "Parasita"


Engraçado a escolha de nome dessa série, que além de ser coreana, ainda leva justamente o título de um filme de terror famosíssimo, que simplesmente rendeu o primeiro Oscar de um filme de língua estrangeira (justamente da Coreia, chamado "Parasita" de Bong Joon Ho) e tipo, não tem absolutamente nada a ver com ele.


E não só isso, a série também não tem muito a ver com o anime da qual deriva. Na verdade, tudo que ela usa do anime, são os Parasitas insetos que possuem as pessoas. A história no entanto é completamente independente, ao ponto de nem ser preciso conhecer o original pra aprecia-la, mas também servindo como um tipo de "continuação" (contraditoriamente pra variar).


A decisão de colocar "The Grey" como subtítulo é justamente pra anunciar que não é um live action do anime, porém utiliza-se do mesmo universo pra contar uma história boa, e até faz uma referência final genial conectando as obras.


Aliás, o jeito como apresentam Shinichi Izumi, protagonista de "Parasyte: The Maxim", é muito bem bolada. Na Netflix, quando uma série termina, ela normalmente se conecta com similares, fazendo um anuncio prévio em paralelo durante os créditos finais, e caso o espectador fique interessado, ela já passa pra próxima série automaticamente.


No caso de Parasyte, ela termina com uma cena dando close na mão direita de Izumi, que pra quem conhece a obra original, sabe que é um parasita. Mas, sem explicar exatamente qual a situação atual dele (que está em fase adulta só pra variar, o que dá certo spoiler de seu futuro no anime), o anúncio pra série seguinte (justamente o anime) faz uma sutil harmonia com essa cena, mostrando justamente o parasita de Izumi.


O melhor de tudo isso é que, a série nunca nem cita ele na história toda (só nesse finalzinho), e nem precisa cita-lo já que toda sua narrativa se concentra em uma nova protagonista, que não tem a mesma condição dele, mas é tecnicamente da mesma "espécie" que ele. Então, tudo acaba funcionando junto, mas estando separado.


A Nova Protagonista


A protagonista de "The Grey" é uma mutante, resultante da união de um parasita (Heide) com um humano (Su-in), que por circunstâncias do acaso não funcionou corretamente, e fez com que ambos hospedassem o mesmo corpo ao mesmo tempo.


Enquanto com Izumi o erro foi o parasita ter se alojado na mão dele, e não no cérebro, com a Jeong Su-in a união rolou por uma situação de vida ou morte. O parasita precisa salva-la pra sobreviver, e faz a escolha de ignorar o cérebro dela, e salvar o corpo. Assim, mesmo aparecendo na cabeça dela, ele na verdade está vivendo dentro do corpo dela.


Isso tem grande importância pois, erros assim criam essa anomalia onde um parasita não pode existir fora do corpo que capturou originalmente, e nem pode mudar de corpo. Aliás, explicando os "Parasitas", eles são criaturas de origem desconhecida (prováveis aliens) que tem como única função uma ordem que receberam ao nascerem: "Dominar o cérebro humano e sobreviver". 


Como cada parasita lida com a ordem varia, mas a maioria apenas opta por encontrar um ser humano, se alojar no cérebro dele, e assim controlar seu corpo, tomando sua consciência pra si, e caçando outros seres humanos.

Na série, somos apresentados a pobre Su-in que adquire uma consciência secundária, posteriormente nomeada como "Heide" (adaptação de Hyde do conto "O Monstro e o Médico"), ela sendo apenas o parasita que pode se projetar por alguns minutos (até 15 minutos), e assumir controle do corpo.

Por pura sobrevivência, as duas coexistem, em um mundo bem hostil pras duas.


A Filosofia de Parasita


Algo que fiz questão de mencionar no meu texto sobre "The Maxim" é que "Parasita" vai além de uma simples história pra assustar ou chocar, ele é uma arte filosófica sobre a vida.


Aqui isso é mantido, e ganha mais um ponto interessante onde nos mostram que a vida varia com base em sua perspectiva.

O mais incrível é isso, onde não sabemos se os vilões são vilões, ou os mocinhos heróis, pois nada disso é exatificado. Na verdade, talvez o uso de "Grey" como subtítulo seja uma forma de fazer alusão ao fato de que nem tudo é Preto ou Branco, e sim com tons diferentes de Cinza.


Temos a Su-in, mas além dela temos vários personagens que tem muita importância, e todos eles possuem igual peso na trama, cada um carregando uma reflexão de vida que explica suas decisões, e objetivos que ditam o rumo da narrativa, exatamente como a vida faz.

É fácil pra gente como espectadores notar que, tudo se resolveria se todos sentassem e conversassem, explicando seus objetivos e compartilhando suas ideias. Mas como cada individuo tem sua própria razão pra lutar, todos apenas se enfrentam na busca de um superar o outro, quando nada disso era de fato necessário.


Então o tema principal da obra surge:


A Organização



A história inteira é sobre o conceito de se organizar, seja em grupos, seja em ideias, seja montando planos pra chegar a algum lugar, ou apenas fugir de algo.


A estrutura dela em si já é uma explanação da organização, contando uma história com várias perspectivas que colidem em um mesmo objetivo: Todos querem sobreviver, mas cada um o faz de um jeito muito individual.

A protagonista é órfã, solitária, trabalha mas tem um passado que pesa em sua memória, então ela se acha insuficiente na própria vida. Até que "Heide" surge.


Heide nasceu pra sobreviver, tudo que precisava fazer era continuar sobrevivendo, comendo humanos e, pra isso, se aloja no corpo da protagonista, porém quando o faz ela está quase morta, forçando ela a sacrificar tudo pra conseguir sobreviver.

Assim, Heide se torna dependente de sua vítima, e precisa protege-la pra continuar sobrevivendo, aprendendo assim sobre a humanidade, e nutrindo sentimentos e emoções por quem parasita.


O Policial (Chul-min) é alguém já velho, mas que teve um coincidente passado com a protagonista. Ele a ajudou a escapar de uma vida repleta de violência, quando ela denunciou o pai pros policiais, e apesar dela se tornar órfã depois disso, e vitimizada pela sociedade por ter agido contra o próprio pai, o policial passou a estender a mão pra ela.


Contundo, nas novas condições em que ela se encontra, ele não sabe exatamente como agir. Na perspectiva do policial, ele não acredita que ela seja um parasita, ele apenas conhece a parte em que ela sofreu, ele só conhece o quanto a vida foi cruel com ela, então ele faz de tudo pra protegê-la, pra dar forças a ela, mesmo que isso contrarie a própria realidade.


A Professora Militar (Choi) contudo, é alguém que pensa o completo oposto que o policial. Ela testemunhou o surgimento dos parasitas da forma mais cruel possível, o amado dela morreu na frente dela, e ela precisou aceitar isso, aprender com isso, e se tornar uma força contra os parasitas.


Acreditando que qualquer um que tenha isso no corpo já deixou de existir, ela os enfrenta com total letalidade, e sem misericórdia, exceto em casos onde o parasita pode ser-lhe útil, como rastreador para outros parasitas, função essa que seu marido ocupa até tudo mudar.


Ela é a grande líder da Organização Grey, que caça os Parasitas, mas ela não é a única na luta.


O gangster (Seol Kang-woo) é um coitado que testemunhou o surgimento dos parasitas e todos os piores resultados possíveis, perdendo todos que amava. 


Ele ainda por cima era uma vítima da sociedade, sendo obrigado a se unir aos grupos mais perversos pra continuar sobrevivendo, e sendo caçado por isso.


Mesmo assim, o cara acaba se deparando com a protagonista, e se une a ela, não por sentimentos (o que seria clichê) mas por simpatia. Ele entende ela, aprende com ela, e conhecendo a situação conflituosa dela, ele vence o próprio ódio, pra ajuda-la.


Aliás ele é muito importante pra Su-in, tanto que sem ele, o parasita dela nunca conseguiria se comunicar com ela. Apenas 1 pode ficar ativa no corpo, e ela só consegue ter consciência da existência dela depois que ele conhece ambas.


Apesar disso, há um momento em que se encontram na mente dela pra conversar, e onde se entendem melhor. Heide é uma baita psicóloga.

Os Parasitas contudo também tem suas razões pra fazerem o que fazem. Todos surgem da mesma forma, ovinhos caídos do céu que brotam suas formas iniciais, as quais se aprimoram nos corpos que entram. Porém eles são inteligentíssimos, e criam suas próprias interpretações do comando inicial.


Um deles, ao combinar sua mente com a de um líder religioso, cria a interpretação de que formar uma Organização seria o jeito mais eficiente para cumprir o comando, e além disso, ele entende que pra isso ele teria de tomar o controle de toda a "Organização Humana", assim provendo a perfeita sobrevivência.


Outro assume o papel de uma mulher que, segue ele cegamente, confia em suas falácias até notar o conceito da traição, e por ai vai.


Cada parasita vai adquirindo sua consciência do mundo, e nota-se que o hospedeiro acaba influenciando (apesar de na grande maioria ele já surgir morto, afinal eles precisam tomar a cabeça deles por inteiro pra existirem, normalmente), e todos trabalham em prol da própria sobrevivência, e com suas próprias noções morais.


De certa forma até mesmo os personagens mais vilanescos são justificáveis, como no caso do "traidor", que fez o que fez por pura sobrevivência. Legal até como a série nem mantém a traição dele como segredo, expondo tudo pra gente desde o princípio, mas impactando com a revelação da razão dele fazer o que faz contra a própria espécie.


Nós acompanhamos essa história se desenrolar, sem saber quem está certo ou errado, mas entendendo cada um por suas individualidades. É curioso como no fim, conseguimos entender a todos, mas nem por isso simpatizamos com todos.



Vale a Pena Assistir


Sem dar spoilers o que posso dizer é que compensa muito assistir.


A história vale muito a pena, e ela nunca cansa ou enrola. Na verdade é uma experiência rápida, mas super compensadora.

Inclusive, ela respeita muito o material original, não por questão de fidelidade aos detalhes, mas por respeitar a essência da obra. A sensação aqui é a mesma que se tem no anime, mas em um novo conto.


Teve até um momento que eu jurava que tinha de parar de assistir, pois tudo ficou "Akami ga kill" de mais. Uso esse termo pra referir a animes/séries que acabam chocando de mais, repentinamente, e me fazem querer parar pra não sofrer mais.

Fiz isso com o anime "Akami ga Kill", o qual um dia eu ainda retomarei, mas também fiz com outras obras que admiro muito como "To Your Eternity". São contos excelentes, mas que possuem pontos onde a crueldade fala mais alto, e isso vai fundo no peito.


"Parasyte: The Grey" não tem cenas de violência constantemente, mas quando tem é de chocar, não pela cena em si, mas pelo momento em que ocorre. A história prepara bem o terreno pra que sintamos o mesmo que os personagens envolvidos, então nesse sentido, não há do que reclamar.


Eu só não gostei das cenas de ação e lutas, ou de perseguições, por serem tremidas e agitadas de mais. Mas, isso não é nada perto da ótima história.

Ela tem começo, meio e fim, e como citei faz uma conexão com a obra do anime no fim, só com aquela mão esticada, mas é algo muito rápido, e sem tanta importância pra quem não conhece o anime (mas, recomendo assistir o anime também, afinal é muito bom).


Qualquer coisa, pode ler meu texto sobre "Parasyte: The Maxim", onde explico bem como tudo é por lá.


Enfim, mais uma obra decente pra lista! Ainda bem.

Obrigado pela leitura.

See yah!

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2 Comentários

  1. Hmm realmente parece muito interessante. Curioso que no fim até lembrei de Elfen Lied, acho que também por isso de cê falar que simplesmente para de ver algo por não querer mais sofrer. Este anime aliás... Demorei um bom tempo pra terminar mesmo sendo curto. Confesso que a história é boa mas forçam muito na violência e na sexualidade. Mas o fim é de chorar...

    Bom, e falando em choro e coisas pesadas eu ainda tô lendo Naruto, mangá, e Berserk também (super pesado mas confesso que não me emocionou tanto) que é realmente bom mas... Digamos que realmente não me tocou muito mas ok, tô gostando!

    Bom e agora será que teremos review de Pânico 2, já? No aguardo, cê prometeu! E K.G também, hein? Tô esperando! No mais, ótimo trabalho!

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    1. Elfen Lied.... eis um anime que eu gosto muito, mas também tenho trauma de tanto que sofri na época...

      Eu to assistindo One Piece... triste Marine Ford...

      Logo sairá o review sr Marcio, obrigado por ter tanta paciência rs.

      See yah sr.

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