O Filme Pedido de Hoje: Kung Fusão - Kung-Fu Hustle

"Stephen Chow", um nome que se repetiu e acabou por chamar minha atenção. Ao assistir mais um filme de Kung-Fu humorado, notei a participação desse mesmo diretor, mas também de um mesmo ator, e acabei finalmente me dando conta que era o mesmo cara.


Um tipo de "Adam Sandler" chinês, com veia para filmes de artes marciais parodiadas, esse diretor e ator se saiu bem em Kung-Fu Futebol Clube, e então trouxe mais uma aposta, só que tendendo mais pro lado do drama.

Apesar de ser uma boa comédia (um pouco esquisita devido a incômoda e estranha técnica de "se levar a sério de mais"), Kung Fusão é outro bom filme do gênero paródia, mas com bem mais lutas e coreografias do que apenas piadas.

Falarei mais a respeito a seguir.

Boa leitura.


Adam Sandler Chinês?


Minha comparação ao ator Adam Sandler se deve não em questões físicas, mas ao fato de ambos serem atores que investem na carreira, tanto atuando quanto dirigindo ou produzindo os próprios filmes.


A filmografia de Stephen Chow não é grande, mas a ideia dele é muito semelhante: Replicar seu humor besteirol em filmes que até repetem o elenco.

Essa fórmula parece se repetir no filme "Kung Fusão", contudo ele é muito mais sério e sangrento que seu anterior "Kung-Fu Futebol Clube". Aliás, o personagem que o diretor interpreta tem até o mesmo nome "Sing", mas nem de longe é o mesmo.


Ele agora conta com uma temática mais voltada para um gênero "mafioso", com direito a mortes e muitos combates intensos extremamente coreografados, não só com muitos efeitos especiais, mas com lutas bem filmadas, sequências em câmera lenta, e eventos apoteóticos.


Tanto que a princípio, nem parece um filme de humor. No máximo há algumas coisas estranhas, que criam um desconforto por vergonha alheia, mas não risos. As partes hilárias vem pelo destoo repentino desse ar mais pesado, para momentos de pura galhofada.


E isso funciona, pela surpresa. Ninguém espera ver o cofrinho de um cara estampado na câmera bem no meio de um diálogo sério.


Da mesma forma um tabefe na cara dele que o faz voar do nada, é algo muito repentino. Por isso acaba sendo engraçado, mas igualmente incomum.


O filme também não indica protagonismos. Não da pra antecipar pra onde a história nos leva, pois o "personagem principal" mesmo surge em muitos rostos. Todos tem destaque, e a história é muito mais ramificada do que o normal.


A História


Tudo se passa em um mundo antiquado, onde a máfia do Machado dominou e controla tudo na base do medo. Porém, um cortiço pobre, controlado por uma senhora ranzinza e um velho tarado, acaba entrando no caminho dessa máfia, pela interferência de um visitante que finge ser parte dela.


No meio da confusão, descobrem que alguns dos moradores eram mestres de Kung-Fu, reconhecidos por suas técnicas únicas, e rolam várias lutas, até que mais mestres vão surgindo pouco a pouco, numa pancadaria sem fim.


Até que, os próprios donos do cortiço se revelam grandes mestres, mais poderosos que tudo, que são forçados a lutar contra contratados da máfia, que também são mestres cada vez mais terríveis.


A história se encerra com uma revelação, e o cara que começou toda a briga descobrindo ser ele próprio, um grande mestre do Kung-Fu. 


Mas tudo isso acontece de um jeito bem amarrado, e por incrível que pareça, bem conduzido (mesmo nessa bagunça toda).


O Humor


Difícil categorizar este filme como comédia, pois quase 80% dele é só drama ou ação, rola até suspense, e as piadas são poucas, ou muito sem graça.


São coisas infantis ao extremo que não condizem com a trama adulta que é mostrada. Citando o cofrinho alheio, não é o tipo de coisa que me faz rir. Mas reviravoltas ao estilo "Looney Tunes" sim. 


Uma história séria, que começa com uma mulher tomando um tiro nas costas, chega num ponto em que dois personagens se perseguem na estrada, como se fossem desenhos animados.


Ainda há a parte em que um personagem quer assassinar alguém, jogando facas, e acerta a si mesmo repetidas vezes. O contexto disso não é engraçado, mas visualmente é. Entende o conflito?!


Ele nos pega desprevenidos com essas coisas. Ninguém espera ver uma tia que parece a Dona Florinda casada com o Seu Madruga virando uma lutadora de Kung-Fu. É difícil não rir.



A Violência


Os combates mesmo são igualmente contraditórios. São lutas mesmo, com pessoas se machucando e sofrendo lesões, algumas morrendo no processo, mas ainda com piadas no meio.


Um personagem toma um murro no rosto e ele se machuca, sai sangue, é visualmente chocante, mas ao mesmo tempo é engraçado pois ele empurra os outros com o corpo fazendo voarem longe.


O exagero! Aquele exagero característicos de filmes de ação com artes marciais, é satirizado aqui dessa forma, mesclando comédia e ação mas, com um foco maior na ação.


Uma criança vendo isso provavelmente ficaria perturbada, e um adulto estranharia a graça, pois são mundos diferentes que não se misturam. Sabe o que isso lembra? Tom e Jerry.


Sabe aqueles desenhos como Pica-Pau, Tom e Jerry, os próprios Looney Tunes? Todos eles tinham violência extrema, as vezes partindo pro lado gráfico mesmo, e mostrando todo tipo de violência. Mas os berros dos personagens, as consequências com eles ficando em picadinho ou virando sanfonas, isso gerava humor.


Ver isso em um filme, com pessoas reais, é esquisito, pra dizer o mínimo. Mas funciona! O estranho é que funciona.


A Lição de Moral


O que menos se espera de um filme galhofa é que ele traga uma mensagem, mas isso ocorre aqui também. A história do personagem que o diretor interpreta é profunda, e é contada com detalhes soltos aqui e ali.


A infância dele, a escolha dele ser um vilão por não ter salvado alguém no passado, a dualidade de sua moralidade abalada, e a descoberta de que sim, ele salvou a pessoa, mas não do jeito que queria. Isso vai surgindo em tela e, é contado de um jeito claro, porém silencioso.


Chega a ser lindo, e o filme termina mostrando não os protagonistas iniciais, mas ele, realizando um sonho que nunca nem é citado, o que chega a ser poético.


O filme se revela ser uma história sobre ele, e não sobre todos os demais personagens vistos. Mas ao mesmo tempo, é sobre todos os personagens envolvidos. Apenas... cada um tem seu momento.


Outra Boa Direção


Stephen Chow fez sua mágica outra vez, só que agora se levando ainda mais a sério. É inclusive difícil diferenciar este filme de outros de kung-fu, pois os exageros não são tão destoantes assim. Tirando uma cena ou outra, contadas nos dedos, o que sobra é um bom filme de luta mesmo, com uma trama cheia de emoção, e até meio complexa.


Tem seus momentos vexaminosos, assim como também tem aqueles engraçados, mas é um filme muito mais pé no chão do que o anterior.

É algo único, sem apelações ou comparações.

É isso.

See yah!

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6 Comentários

  1. Se esse é mais pé no chão que o anterior kkkkk não sei nem o que esperar. Teve uma época que eu praticava Kung Fu (pratiquei durante 3 anos só), lá tinha as turmas de adultos e a das crianças. Depois de um tempo eu passei a auxiliar na aula das crianças, acredite, já veio criança me perguntar quando que ia aprender a voar kkkkk é difícil achar um filme de Kung Fu que não seja extremamente mentiroso (agora mesmo não consigo lembrar de nenhum) e a arte marcial acaba virando uma grande piada no final. Esse aí pelo menos deixa bem claro que está fazendo piada, inclusive já ri bastante assistindo.
    Vi que tu tá na vibe dos filmes malucos de Kung Fu, essa é uma das promessas que tu falou que iria cumprir? Kkkkk te desejo sorte se ainda tiver mais algum

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    1. Exatamente sr Ed. Uma das promessas mais antigas que devia, finalmente concluí. Acabei de postar o último filme.

      Então o sr é um mestre do Kung Fu!!! Curioso.

      Eu mesmo nunca pratiquei nada de esportivo, no máximo sei girar lanças, me sinto um ninja mas é só isso.

      Confesso que foi uma experiência legal assistir. Agora vou partir pra próxima promessa.

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  2. Outro filme bem daora, esse eu conheço desde os tempos do ensino fundamental, tinha um amigo que falava muito sobre e só depois de entrar no ensino médio que conheci o filme...
    Recentemente o assisti junto ao Kung Fu Futebol Clube e ri muito das piadas bobas que mostram no filme.

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    1. Feliz coincidência termos assistidos eles né sr Sieg! Uma alegria compartilhada.

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  3. se nao me engano esse filme tem alguns premios...vai ter uma continuaçao...o diretor falou isso a mais de vinte anos kkkkk

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