O Filme Achado de Hoje: Hell House LLC Origins: The Carmichael Manor - Outro bom found footage

O "Shudder" vem se mostrando um ótimo produtor de conteúdo no estilo "Filmagens Perdidas", e entre decepções garantidas nesse gênero, as vezes rolam acertos brilhantes. Fico feliz em dizer que o 4° capítulo da estranha franquia "Hell House LLC" conseguiu ser um agrado.

Mantendo a tradição de surgir em pleno Halloween, os filmes dessa saga geralmente focam uma história de Casa Assombrada, onde mortes rolaram e rolam. Entre tropeços e acertos ao longo de suas produções, dessa vez fizeram uma aposta diferente, mas também muito conectada ao que já fizeram.


"Origins" tem como objetivo contar algo que acontece antes do "Hotel Abbadon" (cenário dos três filmes anteriores), se passando em outro lugar (antes, durante a após os eventos dele), e sem ter qualquer relação com ele a princípio. Mas, ao longo do filme, que mistura Mockumentario e Found Footage (harmoniosamente diga-se de passagem), ele consegue responder questões antigas, e ainda assusta, e muito, como um excelente filme de terror.

Ele ignora muitas regras dos Found Footages, e faz questão de menosprezar conceitos e métodos para criar realismo, constantemente mostrando-se editado, falso, e completamente encenado. Porém, ele faz isso se levando a sério, e coloca seus personagens (e atores) em situações realistas, fazendo tudo ter uma nota de verdadeiro.

Mesmo cientes de que nada ali é real, a atmosfera, a trilha sonora, os gritos, e as reações dos personagens e o enredo conseguem tornar o medo bem real.

Este é um filme que me impressionou, mesmo indo contra tudo o que eu esperaria em um found footage.

Mas, bem, falarei mais a respeito a seguir, sem spoilers.

Boa leitura.

"Hell House LLC Origins: The Carmichael Manor" (nome gigante) é, como mencionado, o quarto filme da saga LLC. Eu cheguei a falar dos filmes em artigos diferenciados, onde falei do primeiro em uma lista sobre 10 found footages diferente, com o Hell House LLC sendo o quarto da lista (e pretendo dividir ela em 10 artigos pois ficou grande de mais), e depois fiz um texto único falando do 2 e do 3 juntos, todos falando da mesmo hotel, o famoso Abaddon, todos tradicionalmente saindo no Halloween.


Contudo este se passa em outro local, e não aborda a ideia das Haunted Houses. Ele é um documentário sobre uma moça que morreu, e deixou suas filmagens pra trás.

Mas, como um bom documentário, ele se desenrola enquanto nos revela as filmagens da moça, paralelo as informações para construir sua história, e relatar uma investigação minuciosa sobre algo muito maior do que as próprias filmagens.


É ai que tá o lado brilhante do filme. Ele usa as ferramentas proibidas da liberdade cinematográfica dos documentários, para enriquecer o material "found footage" e mascarar um monte de empecilhos que prejudicam o realismo.


Já nos informando coisas como "Estão todos mortos" e "Tudo aconteceu em 4 noites" eles tiram o elemento surpresa da gente, mas permanecem contando algo com um ar de investigação e mistério, e prometendo reviravoltas.


Algo que documentários certamente sabem fazer bem, sem se darem ao trabalho de respeitar aqueles que eles retratam, esse método acaba nos distanciando do material encontrado, forçando que não esperemos muito dele.


Achei curioso como cenas tensas e reveladoras são mostradas ainda no início do filme, mas mesmo assim eu me senti imerso e até dando confiança pra obra, pois fantasmas e aparições ao fundo eram apenas enfeite. 


Sabemos disso, já que o documentário continua relatando eventos com profissionalismo, como se estivessem nos levando pra verdades ocultas. E se tem algo legal de se ver é isso!


Pela liberdade, edições sonoras tornam-se mais do que opcionais, elas viram obrigatórias para dar ainda mais credibilidade ao documentário. Afinal, que tipo de documentário bota cenas de "terror" sem exagera-las com barulhos intensificados? A ideia é chocar o espectador, assustar mesmo, pra que o poder da história aumente.


Só que isso não significa que eles exageraram propositalmente, ou erroneamente. Muito pelo contrário, todo o terror trabalhado com o áudio aqui é bem feito, e totalmente funcional, além de conciliar com as cenas sem prejudica-las nem diminuir a verdade nelas.


Algo que seria impossível, pois os atores deram tudo aqui. Os gritos e choros são naturais de mais, e eles parecem mesmo assustados com o que tá rolando. O pânico presente e crescente a cada noite, depois do incômodo conforto que eles demonstram (mesmo vendo um monte de coisas assustadoras) é perfeito.


Os personagens aliás são uma garota chamada Margot, cineasta compulsiva que quer registrar tudo e todos a todo tempo, e gosta de viajar pra lugares supostamente assombrados pra investigar crimes antigos, tudo pra seu site.


Sua namorada Rebeca, que só acompanha ela por amor mesmo, mas tem um emprego e preza muito por ele.


E o irmão da protagonista, Chase, que tem um passado misterioso (assim como ela) e parece sofrer com problemas psicológicos, tomando até remédio.


Além deles, há os narradores/apresentadores do documentário, um colega da protagonista, e uma escritora, e também tem filmagens perdidas da família que viveu na mansão antes de morrerem (que são achados pela protagonista).


É ridiculamente maravilhoso ver o quão tridimensionais esses personagens são. Todos eles tem muito mais pra contar do que nos é revelado, e a gente torce por eles, não por simpatizar com eles, mas pra querer saber mais sobre quem são.


Só o fato de termos a informação prévia de que nenhum deles foi achado vivo, mas também ninguém foi encontrado morto, tirando o que supostamente as fitas mostravam, é capaz de arrancar a surpresa, mas entregar esperança.


Como espectadores, torcemos por personagens que mal conhecemos para conhecer eles melhor, conhecimento este que pode nunca chegar.


O trabalho do lado documentário, apresentado por duas figuras também misteriosas pra nós, que não estão nas fitas, mas são pessoas que receberam elas, assim como são as principais responsáveis por montar todo o material pra gente assistir (o que pra mim é a melhor justificativa do pós-found footage que já vi), só cria ainda mais mistério.


O que eles queriam nos contar? A narração constante, os cortes secos para filmagens diferentes, e até a adição de cenas de outros filmes achados, ainda mais antigos, vai melhorando a história e guiando ela pra um desfecho que, pode não responder muito, mas faz o suficiente pra intrigar, e assustar.

O filme tenta dar algumas pequenas respostas pra eventos que não tiveram muita atenção nos outros três, mas certamente se destacaram neles. O principal é o caso dos Manequins de Palhaço.


Juro que sempre achei isso esquisito, e todo filme de LLC tem esses manequins, que mais pareciam adultos gordos parados vestidos de palhaços bizarros. Mas, nenhuma das histórias tinha eles como foco.


Esta já parece caminhar pra explicação dessas figuras, mas ainda sem foca-los, pois como o nome sugere, a ideia é falar de "Carmichael Manor".

Isso seria uma mansão onde uma família chamada "Carmichael" teve um trágico fim, após um homicídio múltiplo, seguido por desaparecimentos dos supostos criminosos. 


A ida da cineasta para lá na tentativa de descobrir o que nem policiais conseguiram, em mais de 20 anos, chega a ser presunçoso da parte dela, tornando ela esnobe mas, humana.


E isso faz nossa atenção se voltar pra ela, e pras supostas aparições que a perseguiriam, mas, tudo se altera levemente, mostrando que tanto a mansão, quanto a família, quanto ela própria, tinham mais motivos para estarem ali do que podiam imaginar, e pior, todos tinham conexão com Abaddon Hotel.


No começo soa um pouco forçado. Eu pensei "Nossa, que mundo pequeno né?" mas, fui me recordando que as histórias dos filmes anteriores também se ligavam ao Hotel e conectavam histórias totalmente aleatórias, mas dando aquele ar de que todos tinham sido atraídos pra lá de propósito.


Mesmo sem depender de detalhes narrativos dos outros filmes, este ainda o utiliza como ponta para suas grandes reviravoltas, mostrando até pequenos trechos deles (só pra ilustrar, como um bom documentário faria) e ainda por cima, validando eles como "reais" para os envolvidos do próprio documentário.


É como ver um filme dentro de outro filme, e testemunhar os personagens acreditando no que veem. Pra mim deu certo.


Sem abandonar o gênero que iniciou a brincadeira, mas apenas o aprimorando, o universo de Hell House LLC ganhou força pra continuar, e gás para ir longe. Tanto que, ele termina com um gancho de curiosidade (com direito a pós crédito), praticamente exigindo que continuem.


E pelo ótimo desempenho visto aqui, eu acredito que valha a pena continuarem.

Me senti satisfeito com as respostas que deram sobre quem ou o que era o tal manequim de palhaço, e todas as questões levantadas sobre os personagens e seus destinos.


Há muito mais pra mostrar, mas o que mostram aqui é o bastante pra dar medinho.


Aliás, apesar de ser um filme de terror enclausurado, ele não se limita apenas a mansão não. Ele faz uso da floresta que a cerca, e do próprio documentário.


Sem contar que tem um trecho de "terror digital" que pra mim, é melhor que qualquer um que já vi antes. A cena da sequência de fotos no notebook é surpreendente e termina muito bem (ou mal, tudo depende da perspectiva).


Um show de horrores e terrores, que se constrói e completa muito bem. 

Adorei. Pode não entrar pro meu hall dos favoritos, muito pela complexidade narrativa (pra dizer o mais simples, ele dá voltas), mas é um dos melhores founds que consegui assistir.

É isso.

See yah.

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2 Comentários

  1. *Finalmente, um assombroso filme de terror found footage que, às vezes, fazia os cabelos da minha nuca se arrepiarem, meus amigos!! De qualquer forma, parabéns aos criadores deste excelente filme!! Para o canal King of Terror, no YouTube, ganhou mais um seguidor e continue postando filmes desse gênero, amigos!! Bom domingo, e até mais, pessoal!! Obrigado!! 🙏🙏👏👏👏😎😎👊👊🤘🤘😊😊😊🤔🤔[^J~]*

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    1. Não conheço esse canal mencionado mas, obrigado pela leitura.

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