SérieMorte: Black Mirror: 6° Temporada - Episódio 3 - Beyond the Sea (Terror Espacial)

A terceira passagem dessa ilustre saga é cruel, e toma um tempo muito maior que as anteriores. Este episódio leva 1 hora e 20 minutos, e apesar do tema ser principalmente uma odisseia espacial, ele aborda a psique humana e a questão de identidade, com bastante violência oculta... mas calma, eu vou explicar.

Falarei tudo a respeito a seguir... 

Boa leitura.

É o mais curto de todos, com o dobro de tempo

Então, apesar do episódio ser muito mais longo, ele é mais lento também, tomando muito tempo para que apreciemos ambientes e situações, sem pressa alguma pra chegar no clímax, um clímax inesperado sim, mas não tão impactante quanto os demais.

Pelo menos se olharmos no quesito "Black Mirror", onde a tecnologia mal usada sempre acaba por ocasionar situações desastrosas, o que ocorre aqui é um pouco mais humano do que mecânico, mesmo sendo muito mecânico... e olha que curioso, mais uma vez é algo que traz veracidade e plausibilidade.

Bem, eu falei dos outros dois episódios já, onde também explico um pouco mais sobre o que é Black Mirror, então agora focarei só no episódio 3. Caso não tenha visto ou lido os demais, clique aqui: Black Mirror.

Episódio 3 - Beyond the Sea

Dois astronautas estão muito longe da Terra, em uma missão espacial onde um só pode contar com o outro, por pelo menos 6 anos. Pra que não enlouqueçam, a NASA desenvolveu um sistema de "Replicas", onde deixaram as famílias dos Astronautas com robôs idênticos a eles, para que conectem suas mentes e vivam um pouco fora da claustrofóbica estação.

Cada um com sua família, com seus robôs anatomicamente corretos, repletos de sensores perfeitamente adaptados e desenvolvidos (são capazes até de chorar), revezam entre estar na Terra e na Estação... até que uma calamidade atinge um deles.

Após um deles perder sua Réplica, o outro, apesar de relutante a princípio, oferece seu próprio robô para que seu colega descanse a mente pintando quadros no planeta. E, por conta disso, eles revezam o uso de um mesmo corpo, que demonstra personalidades diferentes.

E assim cria-se a situação bizarra, onde duas pessoas dividindo um mesmo corpo conflitam sem saber o que uma fez ou deixou de fazer com ele, e com as pessoas que o cercavam. Talaricagem isso ai mano.

O episódio é bom?

Ele é excelente, o que acabou se tornando um agradável padrão nesta série. Os 4 anos que levaram pra desenvolvê-la fazem total sentido, pois cada episódio tem uma construção admirável e até então, não achei nenhum erro gritante (exceto aqueles que provavelmente são propositais).

Este episódio tem violência, muita, mas nada explícito. Ele também tem nudez, igualmente sem ser explícita. E é curioso como mesmo sem mostrar nada, ele ainda arranca agonia, pois sabemos o que houve, e só de saber já dá medo.

Ele também não foca apenas nos astronautas conflitando, pois ele mostra várias nuances da realidade na qual eles existem. Isso pois não é num tempo moderno, pelo menos não é o que parece pelas imagens mostradas, e tecnologia presente na época. Tudo soa como se fosse década de 70, com a música, os carros, os ambientes visitados, mesmo que saibamos que nessa época uma tecnologia tão avançada quanto robôs de upload de mente à distância não seriam nada plausíveis.

Mesmo considerando que seja uma tecnologia experimental da NASA (o que sim, poderia muito bem ocorrer e normalmente é o que acontece com as tecnologias em geral), é muito no passado, e tais avanços teriam refletido em tempos modernos, a menos que fossem algum tipo de segredo militar trancado a sete chaves.

Algo que não é, pois os experimentos estilo Avatar (difícil não comparar, afinal são pessoas usando corpos artificiais para viverem em outro ambiente) são públicos, e tão públicos que geraram uma alarmante reação de alguns extremistas.

Isso sim é algo da época, em que certas seitas muito mal orientadas e intencionadas, acabam por cometer atrocidades achando ser algo certo, mas apenas perpetuando tragédias em nome de uma noção deturpada e imoral de "sociedade". 

Curioso que isso também ocorre atualmente, mas com as redes sociais, mídias rápidas, e comunicação acelerada e ampla, acabam camufladas como opiniões e são ofuscadas, muitas vezes sendo chamadas meramente de "opinião". Ainda há muitos Charles Manson por ai, disfarçados de influenciadores digitais, coachs, gurus sociais, mentores, ou até blogueiros (algo que já tá até ultrapassado mas, tem ué). 

A questão é que isso é só um pequeno ponto abordado no episódio, que acaba focando muito mais da ideia do corpo compartilhado e aqueles que o vestiam. 

Existe alguma teoria aqui?

Não, não tem. Apesar dele lembrar muito um outro episódio de outra temporada, onde também havia um robô replicando humanos, o contexto é completamente diferente, e mesmo a tecnologia se parecendo bastante, o impacto e uso dela é diferente.

Pois aqui, a questão não é a máquina criando consciência ou algo do tipo, aqui são apenas as pessoas que a usam e como elas se sentiriam num corpo diferente. Isso também se parece bastante com outro episódio em que duas pessoas vestiam personagens em uma realidade virtual, só que novamente, é diferente aqui, pois é o mundo real, e são pessoas reais.

O ponto chave é justamente o que essas pessoas seriam capazes de fazer, estando abaladas, perturbadas, solitárias, ou apenas irritadas. A mente humana é muito mais perigosa que qualquer tecnologia.

Ps.: Enquanto escrevo meu irmão apareceu falando que não sei fazer a barba, e que agora ele vai me ensinar, botou a mão no meu ombro e disse "Agora é minha vez". Ele nem viu o episódio, mas a frase no exato contexto foi de uma coincidência assustadora... estou com medo.

Bem, continuarei assistindo e atualizando.

Aliás, sobre a reviravolta... o cara é pintor... ele apenas "pintou um quadro". O curioso é que independente do que aconteceu ou não, tudo ainda aconteceu. É muito bizarro, misterioso, e interessante.

Episódio 3 - Mazey Day

(clique aqui pro próximo texto)

Esse é uma bomba... 

Atualizando... Assistindo... Digitando...

See yah...

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2 Comentários

  1. Pelo que entendi desse episódio, o comportamento mais perigoso aí é a talaricagem. Comportamento que inclusive já rendeu outros episódios como "Natal" ou "toda a sua história". Ser humano é complicado... E concordo com você, tem muito Charles Manson por aí ainda, infelizmente...

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    1. Sr Ed!!!!

      E é, de tudo de errado que teve o pior foram as ações do cara, que se aproveitou da boa vontade do amigo e família e tentou tirar vantagem.

      Fiquei perplexo pela esposa do cara não ter caído na sedução do outro, e isso só destacou mais ainda a falta de caráter do astronauta depressivo. Foi o que mais me revoltou.

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