CríticaMorte: O Exorcista do Papa - O Constantine Barbudo

Pra um filme de terror com demônios e possessões, até que este faz rir bastante e é bem divertido, mesmo também sendo muito bom em causar medinho, sem precisar nem mesmo dos clássicos jumpscarys, ou qualquer suspense.


É estranho, mas este é um bom exemplar de terror, mesmo não sendo totalmente terror!

Falarei mais a respeito a seguir.

Boa leitura.

Então, por onde começar? 

O Exorcista do Papa é um filme rápido, que não enrola e vai direto ao ponto, então serei como ele: É um baita filme com ambição de ser uma franquia!


Na real, ele é praticamente o mesmo filme que "A Luz do Demônio", com um padre (ao invés de uma freira) exorcizando o tinhoso contra as ordens da própria igreja, e no fim se vendo alvo do capeta, num plano maior para invadir o vaticano!


O que muda é que, enquanto no filme da exorcista as coisas se perdem um pouco no final, e acabam não dando a devida importância ou mérito ao peso que um "exorcista corrompido" poderia ter, o do Papa acaba fazendo o oposto, e equilibra sua trama justamente com essa provável ameaça.


Tanto que, ao longo da narrativa temos apresentadas situações do passado onde o próprio capeta esteve puxando as rédeas da igreja, pra manchar seu nome. E nisso se enquadra por exemplo, o período da Inquisição, em que mulheres foram massacradas e taxadas de bruxas em nome da igreja.

Muitos filmes abordam isso, inclusive destacam os equívocos religiosos e desmascaram a própria igreja, expondo a real situação e injustiça pela qual muitas mulheres passaram, como por exemplo (e de todos o que pra mim é o melhor) o filme "Silenciadas" (outro filmaço, que recomendo!).


Mas, até então eu nunca presenciei um filme que fala abertamente da manipulação religiosa, e ainda tenta justificar isso, trazendo a tona não apenas o modernismo em confronto com o tradicional, mas também explorando conceitos psicológicos, físicos e é claro que o sobrenatural.


E o bacana disso é que o longa acaba se tornando mais interessante do que apenas um caso de luta do bem contra o mal, pois ele mostra várias camadas de uma história muito maior do que aquela que ele próprio conta.

E qual a história?

Resumidamente, um padre exorcista, tido como o melhor de sua época e que responde diretamente ao Papa, é repleto de maneirismos e livre pra exorcizar geral, mesmo a igreja não autorizando o procedimento sempre. 


Porém, ele não sai apenas expulsando o tinhoso do couro da galera, pois ele também tem convênio com psicólogos e psiquiatras e faz questão de peneirar o pessoal, tirando o encosto de quem precisa, e mandando os malucos direto pro tratamento na base do placebo.


Contudo, um dia ele descobre o capeta dos capetas e tem que lutar contra ele, munido de orações e uma fé inabalável, tudo pra salvar uma família composta por uma mulher, uma menina rebelde e um guri traumatizado. Isso enquanto vai se aprofundando numa macabra conspiração antiga, que vem coordenando sua própria igreja e aos poucos faz ele questionar seu aprendizado, ou pelo menos tenta.


E o filme é bom?

Pior que é. Ele não é um genérico de exorcismo como tantos outros, e mesmo puxando pra um lado mais covarde e pouco cruel (ninguém morre), ainda é cheio de efeitos especiais e práticos espalhafatosos, que nem tentam disfarçar que há algo sobrenatural escancarado e sem medo de agir.


Ainda por cima ele ainda flerta com a ideia da "dúvida" e tenta, muito sutilmente, subverter nossas expectativas gerando eventos fora do eixo, mas que acabam sempre retornando aos trilhos e voltando à mesmice.


Mesmice essa que não é ruim, e é bastante favorecida pela forma frenética com que tudo é contado e mostrado. O que sim, poderia ter sido ruim caso seguissem a regra de sempre, onde o terror diabólico escalona com suspense, e aparições duvidosas, até chegar no clímax onde a física some e todo mundo começa a voar. 


Porém, aqui, todo mundo já voa desde o início mesmo, não deixando dúvidas de que o coisa ruim tá bancando o magneto, e não perdoa ninguém.

O que prende nossa atenção não é a incerteza de que há ou não uma entidade maligna agindo, mas a dúvida de qual o plano real dela, e qual o interesse que ela tem no tal padre que dá título ao filme.


Por vezes me vi questionando exatamente isso, até que no fim entendi, e compreendi que a premissa era ambiciosa, buscando estabelecer um cenário amplo o suficiente para que mais uma franquia ganhasse luz verde.

E olha que no fim, o filme ainda declara que o tal padre faleceu em uma determinada data (o que ocorreu no mundo real é claro), mas isso não impossibilita que em caso de sucesso, continuações e até mesmo spin-offs surgissem inspirados nele, afinal ele teve tempo pra muito mais histórias. Essa só é uma delas.


O novo "Invocação do Mal"?

Foi exatamente o que aconteceu com "Invocação do Mal", e eu não me surpreenderia em nada se de fato botassem tal plano em execução, pois o que entregaram aqui é bom... só não assusta. Aliás, ele também se diz inspirado em eventos reais, de um padre chamado Gabriele Amorth, mas é aquilo né... exagero de Hollywood torna "biografias" em verdadeiros shows repletos de magia.


Seria mais um filme de investigação paranormal, com demônios envolvidos, e uma ou outra cena tensa, mas que nunca vai além do susto em potencial. Por muitas vezes o filme me causou desconforto, mas logo em seguida me acalmou com resoluções pouco ou nada negativas, como o caso da moça do pescoço torcido (foi um alívio, desapontador).


Pra um filme de terror, eu esperaria muito mais, um pouco mais de crueldade mesmo, pra chocar! Sem contar que o jeito debochado do padre, traz um conforto e segurança impossível de ignorar.

E as atuações de todos, apesar de boas, deixam a desejar (ainda mais a do garoto possuído que por causa das expressões exageradas, acaba não convencendo).


Enfim, eu gostei do que vi, mas pra mim este é mais um daqueles filmes de "heróis" com terror leve, tipo a da mãe vampira (Céu Vermelho-Sangue), o que convenhamos, é bom, pra gente rir e pensar.


Obrigado pela leitura... é isso.

See yah!
  

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