SérieMorte: The Last of Us - 1° Temporada - Episódio 7

Ousado... mas nada inovador.

Este episódio basicamente é a DLC do jogo original, o "Left Behind", mas com alguns cortes, e nenhuma adaptação, lamentavelmente.

Bem, falarei o que achei... e TEM SPOILER

Boa leitura.

Faltou Adaptar e Contextualizar

Pra começar, no jogo, quando Joel fica mal, Ellie se torna jogável e por um tempo ganhamos total controle dela. Então só depois que a história termina, podemos ver uma passagem, também jogada somente com a Ellie, mostrando como ela tentou ajudar Joel, mantendo o suspense.

Nessa passagem, paralelo aos eventos no presente, onde coincidentemente ela busca suprimentos num Shopping, ela se recorda da última vez que esteve com a melhor amiga, também em um Shopping.

Daí na série, mantiveram tudo dessa recordação, mostrando o flashback, revelando o passado de Ellie, mas sem mostrar o Shopping no presente, pois ela busca suprimentos numa casinha mesmo.

Aí que tá... ficou um encaixe estranho. O Flashback dela surge num momento que, não contribui em nada pro presente, e carece de justificativa.

Ellie ta tentando salvar Joel e se lembra da ex? Não entendi.

Mesmo que tenha sido pra mostrar que aquele era o momento de Ellie lutando, pra conseguir ao menos uma vez mudar o destino, isso não foi bem comunicado, pois o tempo de tela pra tragédia recente é sacrificadíssimo pra mostrar uma tragédia passada.

Mas, a história pelo menos foi bem contada. Conseguimos entender as personagens, e tem uma discussão sobre os dois lados da moeda.

É que Ellie é pró Fedra, enquanto sua amiga é pró Vaga-Lumes. Isso contribui pra uma clássica história de uma dupla de jovens de casas/famílias/lados opostos, que acabam se aproximando e indo contra as regras pra estarem juntos.

O bom é que ao menos este episódio consegue mostrar um pouco do impacto dessas duas organizações, naqueles que eles recrutam, e esse destaque faz-se bem pra nos explicar mais deste universo pós apocalíptico.

Só que ai que tá... tudo isso surge num momento em que nada disso faz sentido narrativamente. 

Não creio que a hora pra falar da Fedra vs Vaga-Lumes seja esta, pois isso desvia a atenção da "grande separação" e a urgência do herói é posta de lado, o que estragou o suspense do final do episódio anterior, e muito.

Poxa vida, o cara tá morrendo, e do nada somos levados pra conhecer o passado de outro personagem.

É legal? Sim, e gostei por exemplo de como mostraram um pouco mais da Fedra, com direito a cena do superior tentando induzir Ellie a se tornar líder. Mas, e o Joel?! Deixaram um clifhanger no episódio passado pra ignorarem tudo aqui?

É óbvio que a série contaria os mesmos eventos do jogo, disso ninguém tem qualquer dúvida, e em 6 episódios eles fizeram isso muito bem, reestruturando a narrativa pra que tanto o velho público (jogadores), quanto o novo público (espectadores) recebessem o conteúdo e o compreendessem. 

Então no 7° apenas, contaram uma boa história, que é idêntica ao que já havia no vídeo game, porém esqueceram de dar importância pra essa "reestrutura narrativa", pois como eu disse, o encaixe pareceu perdido.

Até porque, realmente é! Nessa parte era pro impacto da baixa do Joel aumentar muito, pois Ellie sofreria sozinha, e veria o quanto ainda é dependente dele, e o quanto precisa dele, mesmo sendo forte.

Isso foi deixado pro episódio 8, sendo que, a hora certa era agora. Abriram mão completamente do suspense, e do drama, sem motivo.

O Romance

Foi muito bem montado, explicado e mostrado. Por mais que envolva duas crianças, não exageraram nem alongaram de mais a cena, e mantiveram a inocência (eu não tenho certeza, mas é o primeiro beijo gay infantil da tv?).

O romance delas é bem justificado, e o momento mais íntimo vem no ponto certo pro impacto maior, mas pra mim não foi nenhuma surpresa, pois isso é algo que o jogo fez, e a série apenas repetiu... fora de contexto.

Por isso eu não consegui sentir a perda. Realmente achei tudo deslocado de mais, e o pior de tudo, é que isso afetou a minha reação inclusive com as cenas no presente.

Pois sim, a série não fica apenas no passado, ela volta pro presente no início, no meio e no fim. Porém...

Me senti distante do Joel aqui, e não consegui me emocionar com a atuação do Pedro Pascal. 

Ele não parecia estar sofrendo...

Mas felizmente Bella Ramsey mandou ver na sua versão desesperada de Ellie no presente, e a apaixonada do passado.

Série vs Jogo

Eu falo tudo da DLC no meu artigo de The Last of Us, se quiser dar uma lida só clicar aqui, mas basicamente repetiram tudo igualzinho.

Adaptaram poucas coisas, como por exemplo a inclusão de um jogo funcional na parte do Arcade, onde aqui, Ellie joga MK2 com Riley até enjoar.

Sendo que no jogo, nada funcionava e ela ficava na vontade.

Deram uma introdução maior pro período de Ellie em treinamento, o que é a única diferença considerável, afinal é onde tem o maior desenvolvimento do conflito entre as organizações Fedra e Vaga-Lumes.

De resto, tudo é muito idêntico. Até a dança das máscaras é igual.

E sim, ficou fiel, bastante fiel.

A parte chata é que, diferente do jogo, interromperam a história do passado no ponto da Infecção. Nós sabemos que Ellie sobrevive e a amiga não, e a interrupção que dão apenas deixa tudo muito vago, o que pra mim foi algo negativo.

Talvez no próximo episódio já comece com a amiga infectada, mais uma vez recorrendo ao flashback, ou talvez só ignorem isso como se, não fosse necessário mostrar. Mas em todo caso, não achei uma boa forma de terminar.

E o Resto?

Em termos de cenário, tudo muito bom, tudo muito bem feito.

As músicas foram bem escolhidas, e conseguem guiar nossas emoções.

Os efeitos práticos e especiais permanecem sublimes, no único zumbi que surge.

E, dublagem impecável!

Infelizmente, o episódio se perdeu ao não saber se encaixar, só isso. Mas se assistirmos ele isoladamente, é um perfeito complemento à série, assim como "Left Behind" foi pro jogo.

Fiquei meio decepcionado, pois achei que saberiam como e quando contar essa ótima história, mas no fim, só escolheram qualquer hora mesmo.

Espero que isso contribua em algo pro drama do próximo episódio, e que essa inversão de eventos seja proposital.

É isso.