SérieMorte: Alice in Borderland - 2° Temporada - Final Perfeito

Caramba, a série voltou com tudo e mesmo sendo um fim definitivo e espetacular, eu me vi querendo uma terceira temporada!

Alice in Borderland - Segunda Temporada


Mesmo não sendo realmente perfeita e tendo seus probleminhas, pra mim essa é uma segunda temporada perfeita!

Falarei mais a respeito e, evitarei spoilers (graves).

Boa leitura.

Lançada em 2022 na Netflix, essa é a segunda temporada de uma série japonesa pra lá de violenta, com jogos físicos e psicológicos repletos de suspense, mistérios e mortes. Mas, tudo retorna com muito mais impacto que antes...


Já no primeiro episódio ela nos prende e impressiona com uma cena de mais de 30 segundos de perseguição automotiva sem cortes! É simplesmente incrível como tudo é mostrado e literalmente conduzido, num tiroteio na estrada de tirar o fôlego.


Mas isso não é tudo, além da violência, há muitos combates e filmagens contemplativas, tudo feito e posto de formas que nos fazem admirar e aterrorizar. No entanto, dessa vez, eu diria que a série puxa mais pro suspense do que pro terror.

Há muitas cenas que demandam total suspensão da descrença pra funcionarem, como muitos momentos de luta ou certas resoluções, sem contar que boa parte da série se sustenta em drama, quando isso mal funciona, por não termos tanto envolvimento com os personagens.


Lembrando que demorou quase 2 anos pra segunda temporada sair. Mesmo havendo uma breve recapitulação dos eventos anteriores antes do início, além de muitos flashbacks rápidos (sem tomar tanto tempo de tela, mas constantes) que mencionam eventos da primeira temporada, ainda temos aquela sensação de distanciamento emocional, principalmente se assistirmos a segunda temporada sem apreciar a primeira pouco antes, como foi meu caso.




Talvez assistir as duas em sequência permita uma imersão maior e melhor, mas senti que pude aproveitar, mesmo tendo começado já da segunda, depois desse longo tempo de espera.

E pra ser sincero nem empolgado eu estava, acreditando que esticariam de mais uma história que se afastou pouco a pouco, ainda na primeira temporada, da premissa que pra mim era a mais chamativa: jogos mortais misturado com battle royale. Só que, caramba, como eu estava enganadíssimo.


A segunda temporada, mesmo com suas enormes e longas cenas de diálogos e muito drama, foi bem melhor que a primeira.


Talvez não por seus jogos, onde vários deles me pareceram simplórios e com desfechos não tão impactantes, porém todos eles surpreenderam, e alguns chegam a ser espantosos de tão inteligentes.


Assim como esperado, os jogos se resumem às 12 cartas restantes do baralho: Reis, Rainhas e Valetes de todos os 4 naipes: Espadas, Copas, Paus e Ouros. 


Aliás, as Zonas de jogo são definidas por enormes zepelins por toda a cidade, demarcando seus respectivos territórios, alguns se movendo, outros parados.


E agora a gravidade dos desafios é elevadíssima, descartando a dificuldade estipulada pelo número das cartas, e considerando agora a figura por trás delas. Ou seja, quem dita a dificuldade é o Mestre do Jogo (o Valete, a Dama ou o Rei) e o quão cruel ele(a) é.

Nesse novo desafio, todos os jogos contam com um Mestre de Jogo, quem deve ser derrotado tendo vantagens (ainda mais por escolher como, onde e quais jogos ocorrerão), e só nisso já rende muito material pra bem mais que 8 episódios.


Inclusive, me vi questionando a possibilidade vaga da temporada não se bastar nesse formato pra contar o que precisava dos 12 desafios mas, ela se basta.

Alguns episódios enrolam muito mais do que precisavam, novamente citando a carga dramática exagerada e sem grande impacto, mas isso não prejudica o desenrolar da trama, nem os desafios. 

São apenas 8 episódios, só que por exemplo, o primeiro grande jogo se estende basicamente pelos 3 primeiros (cada um com 40 minutos a 1 hora cada) quando podia ser resolvido apenas em 1 episódio. 


Claro que há os motivos pra tanta enrolação mas, enrolação é enrolação, e tem coisas que enchem o saco, e aí acabam mostrando dois ou três jogos num mesmo episódio, com certa "pressa".

Nos últimos episódios aceleram mais ainda, e muitos dos jogos nem são mostrados, apenas concluídos às pressas, mas isso até faz sentido considerando que nem todos os jogos contaram com a participação dos protagonistas.


E, o elenco é o mesmo da primeira temporada (removendo aqueles que morreram é claro), com direito ao retorno de algumas figuras que pareciam acabadas antes, estas até com muito mais destaque que na primeira temporada.

E ainda há espaço pra novos personagens, não só as figuras inimigas, mas também alguns coadjuvantes interessantes e novos membros do grupo, com muita personalidade e relevância.


Também há de se dar crédito aos desafios e como eles foram impressionantemente bem desenvolvidos. Seguindo aquela mesma regra dos naipes ditando o tipo de jogo, reserva-se muitos efeitos práticos e especiais pra todas as modalidades.

Jogos de Espadas sempre envolvem resistência física, e agora há bastante violência em muitos deles (não são todos, apesar de que naqueles onde não há violência física, há psicológica).


Jogos de Paus são aqueles desafios em grupos se confrontando e, apesar de não terem os desenvolvimentos mais criativos, conseguem puxar nossa atenção pros tipos de grupos e como eles se relacionam.


Jogos de Ouros estão muito mais inteligentes mas, recebem pouco foco (infelizmente). O melhor deles é tão complexo que é difícil "participar junto" mas, é bem surpreendente.


E Jogos de Copas são emocionalmente cruéis, agora em um novo nível psicológico profundíssimo.

Final da Alucinação: O Chá manipulou o fim?

Falando nisso, mesmo tendo me incomodado um pouco com a divisão dos grupos e narrativa fragmentada, com aparições e desaparecimentos estabelecidos por roteiro puro, senti um prazer gigantesco com a resolução múltipla dessa temporada.

Final do Apocalipse: Houve intervenção de outro mundo?

É que agora cada personagem tem seu núcleo narrativo, e suas histórias são contadas separadas do protagonista principal (Arisu), mesmo que no fim tudo acabe convergindo nele. E apesar de nem tudo ser totalmente respondido, pelo menos de um jeito definitivo, todas as respostas chegam, com muitos finais ao mesmo tempo.

Final "Matrix": Estão todos em animação suspensa?

A série entrega todos os finais que podíamos antecipar e mais!

Final "Round 6": É tudo um jogo de apostas?

Acho que esta foi a primeira série a mexer com todos os clichês possíveis de enredos sem uma solução fácil, e ainda assim, mesmo nos dando todas as respostas que precisávamos, ainda nos deixa com incógnitas.

Final "Pokémon": É tudo um sonho pós coma de bicicleta?

Tudo acaba de um jeito magistral e triunfante, não sendo nem bom, nem ruim, apenas "sendo", e nos dá tudo pra que aceitemos o fim, ou mergulhemos em teorias sobre continuações.

Falando do Fim e Tentando Explicar

Mesmo com tudo se resolvendo e respondendo, ainda tem aquela maldita carta final, aquela que serve justamente pra enganar, e que pode desfazer tudo o que vimos como desfecho: O Coringa.

Final Coringa: É tudo um plano pra vencer o Batman?

Mesmo me debulhando em lágrimas e soluços, torcendo pros protagonistas se reconhecerem e tal, eu ainda vi aquela cartinha e me arrepiei tanto, mas tanto, que to até agora assim.

Final Fronteira da Vida: É tudo uma experiência pré-morte compartilhada?

Repito que acho que esse é o melhor final possível pra uma série do tipo, e note que eu sou muito enjoado com respostas facilitadoras de fins de temporadas.

Veja por "Dark" ou "1899", onde também ousaram trazer uma resposta mirabolante e fora da casinha, que descartava a necessidade de mais respostas. Nessas séries sacrificaram todo o desenvolvimento narrativo em prol de algo chocante e facilitador, mas aqui... aqui o buraco é muito mais fundo, e dessa vez acertaram bonito.

Final Limbo: É tudo um teste pra aceitar seu destino?

Chutaram o balde e brincaram com todos os clichês possíveis: Alienígenas, Limbo, Coma, Realidade Virtual, Realidade Imersiva, Realidade Alternativa, Viagem no Tempo, Sonho, Alucinação, Insanidade Mental, Apocalipse, Catástrofe Natural, Isekai, e meu deus, foi de tudo!

Final Truman: É tudo encenado?

E mesmo assim, mesmo trazendo de tudo, TUDO FEZ SENTIDO. Todos os finais que entregam são críveis, e consideráveis.

Mais uma vez, cito o impressionante desfecho múltiplo onde, não importa o que você queira acreditar, você ficará satisfeito e insatisfeito ao mesmo tempo. Quem escreveu isso foi um gênio... e da pra notar a grande inspiração em Alice No País das Maravilhas.

Final "Projeto Almanaque": É tudo um looping temporal?

Uma série de televisão com finais alternativos consecutivos e paralelos, além de SUBLIMINARES! Aquela cena interrompida da única pessoa que se lembrava de tudo, ela responde qual o final verdadeiro, apesar de que também é possível encontrar referências a todos os demais finais que os validem, seja o mundo explorado por terceiros que descobrem coisas não divulgadas, ou respostas físicas anormais e incomuns para seres humanos, etc.

Final do Hospício: Estão todos loucos na Mesa de Chá.

A verdade é que, a Carta Coringa está lá para nos dizer que o final é como desejarmos que seja, e não necessariamente pra deixar "pontas soltas". O vento pode ter batido na mesa e coincidentemente sobrou só aquela carta, a única que não teve um jogo.

Fato é que o Coringa é a carta que mente, engana, ilude, mas também pode ser o que o jogador quiser que seja. Nesse caso, o que o espectador quiser.

Agora só falta chegar logo a terceira temporada, onde será a vez do UNO!

Final UNO: Sem espaço pra amizade.

Mas assim, como é uma série inspirada no Manga de mesmo nome, não acredito que haverá uma continuação. Ficaremos apenas com as teorias... e bem, eu gosto de considerar o final onde tudo é uma Alucinação  gerada pela Carta Final.

Espero que, caso façam outra temporada ou uma série derivada, não estraguem o perfeito encerramento em aberto que esta teve.

E é isso.

Feliz 2023!

See yah!

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2 Comentários

  1. Grande shady. Eu assisti e curti essa segunda temporada. Longe de ser perfeita, mas pelo menos não foi um desperdício de tempo jeje. Mas aquela metralhadora nunca acertar os mocinhos foi triste hehe. Continue com o belo trabalho!

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    1. Tive que fazer mó vista grossa pras mirabolancias técnicas, mas já comecei logo naquela parte em que o carro capota e ninguém sai voando. Ali já pensei "melhor nem esperar pela física". Tirando o final (que salvou tudo pra mim) eu acabo preferindo a primeira temporada.

      Sr Ivan, é bom te ver hein. Obrigado por comentar, o sr sabe o quanto isso me faz querer continuar.

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