CríticaMorte: Men

Dessa vez falarei de um filme que achei por acaso, após uma recomendação randômica no facebook. Alguém, que não me recordo mais, escreveu que este era "o melhor filme de terror do ano" e, fiquei curioso.

Trata-se de uma história sobre uma mulher que em meio a uma viagem para se recuperar de um trauma, se depara com inúmeros novos tipos traumas: Homens.

De forma bem alegórica, este filme mostra diferentes tipos de homens, e como estes podem afetar uma mulher, mas não exatamente de forma física, e sim psicológica. Claro, há as ameaças físicas sim, mas o filme tenta mostrar o abismo mental no qual uma mulher pode ser jogada quando atacada por homens.

E, assim como o título já deixa claro, o foco é mostrar a masculinidade em suas diferentes facetas, e demonstrar quão ameaçadoras podem ser, e manipuladoras.

Falarei tudo o que achei, e é tudo apenas minha opinião. Aliás, terá Spoiler.

Boa leitura.

Este filme pode ser de terror mas não é assustador nem apavorante. O que torna ele "terror" é a atmosfera perturbadora que ele causa, com seu enredo cheio de simbologia e mistério.

Sua história é sobre uma moça, que após testemunhar o suicídio de seu marido, decide se isolar em uma viagem pra se recuperar. Mas, durante sua estadia numa casa alugada no meio do campo, quase sem gente por perto, as poucas pessoas que ela encontra, mas especificamente homens, começam a afeta-la negativamente.

Intercalado à sua experiência na casa, com o ambiente, e com seu próprio passado, a protagonista conduz a trama por sua perspectiva, sem revelar logo de início o real tom da obra.

Somos levados a acompanha-la, já enganchados na suspeita dos perigos que a cercam, afinal, além de evidentemente abalada, a moça tomou a péssima decisão de viajar pro meio do nada, sem conhecer ninguém, e sozinha. Cientes que é um filme de terror, é normal esperamos o pior, e tentar antecipar os males, porém ele surpreende com uma perspectiva mais voltada pro suspense e ansiedade, do que pro terror visceral, espantoso e visual.

Mesmo a maior ameaça que surge não parece ser um perigo tão grande, apesar de imediato: A moça sozinha vai até a floresta e começa a cantar, inocentemente, e sem ter a menor noção de risco. Daí ela é perseguida, simples assim, por algo que a escuta, alguém, que ela nem vê direito e já escapa (aliás a música dela gruda na mente, pois é remixada naturalmente pelos ecos com os quais ela brinca).

Esse perseguidor a segue até a casa alugada e, fica aquele mistério sobre quem ele seria ou o que ele faria, mas não rola nenhum tipo de violência direta. O próprio estranho soa "inocente", mesmo estando perseguindo a moça, mesmo a ameaçando com sua presença e mesmo estando totalmente nu.

Curiosamente, isso causa incômodo, não a nudez dele, mas a tocaia dele. Ele ao fundo observando, e a moça não percebendo, esse é o ponto do terror. A incerteza do que ocorrerá, e a dúvida se tudo terminará de forma violenta.

Mas não, a proposta é muito diferente disso. O filme aborda a suposta fragilidade da moça diante os tipos masculinos que surgem, mas o foco é apresentar tipos de masculinidade diante uma mulher. É algo bem alegórico e simbólico, que se estende a todos os personagens.

O "nudista", estava na dele sem incomodar ninguém, até que uma voz angelical o encantou. Erroneamente ele aceitou aquilo como um chamado, e assumiu que era atenção voltada a si, perseguindo a dona da voz, sem se importar com a privacidade dela, sem dar espaço a ela.

Temos o zelador da casa, quem a recebe muito bem e em momento algum destrata a moça. Ele não indica qualquer interesse sexual nela e muito menos compromete a segurança ou privacidade dela. Ele age o tempo inteiro como um cavalheiro, sendo gentil e prestativo, e realizando suas funções conforme seu contrato com ela. Mas, basta saber que ela é viúva que, por uns segundos sua reação entrega seus pensamentos.

Mas ele se contém, e apenas continua sendo quem era diante a moça.

Infelizmente o mesmo não ocorre com os demais homens.

Ela encontra um jovem numa igreja onde ela busca conforto, o jovem, com uma máscara bizarra de pinup, pede inocentemente para brincar com ela de esconde esconde, mas assim que recebe uma recusa, ele se revolta, começa a ofender e ameaçar. Ele só é parado por um Padre que o interrompe e o expulsa.

Esse jovem é a representação do falso inocente e vulnerável, que se aproxima e na primeira rejeição, se converte em violento.

O padre é a representação do falso acolhimento, pois ele finge confortar, escuta os lamentos da moça (que conta sobre o suicídio de seu marido) e no fim, culpa ela por tudo, tentando abusar dela se sustentando numa fraqueza. Ele percebe que ela se deixa aproximar por sentir conforto, mas tenta ir longe e assim que ela percebe, escapa.

Posteriormente ela vai até um bar, onde lida com mais um tipo de homem: O observador e julgador. Alguns dos clientes que lá estavam param tudo pra começar a olhar pra ela, e ficam apenas assim, secando a moça, enquanto ela tenta beber algo. Apenas ela de mulher no local, todos apenas olham, e incomodam muito por isso.

Mas ela é salva pelo bom samaritano que lhe alugou a casa, quebrando o clima ruim, até que um Policial, o mesmo que levou o nudista, chega e alega que o cara já foi solto. Ele é a falsa segurança, o homem que diz ajudar mas na verdade só busca seus próprios interesses.

Ele soltou o cara por "falta de provas", e ainda disse que ele era inofensivo, o resulta em mais revolta por parte da moça.

Posteriormente ela vai pra casa, e é perseguida pelo nudista (que sim, estava próximo e não desistiu dela). E é nessa parte em que começa o ato final, onde tudo fica obscuro.

O Final Explicado

De início, a imagem do policial cercando a casa começa a incomodar a moça. Ela vai tirar satisfação com ele a perseguindo, e pronto, a bizarrice começa. O policial some rapidamente num piscar luz.

Então vários dos homens começam a surgir, um a um. Primeiro o nudista do lado de fora, que tenta entrar na casa, e causa bastante terror, até ser ferido.

Tem o zelador, que aparece, diz que vai ajudar como um cavalheiro, mas após confrontar qualquer ameaça, some dando lugar ao vilão.

Tem o jovem da máscara, que tortura um passarinho e depois começa a caçar a moça pela casa dela.

Tem um dos homens aleatórios no bar, que chega enorme e arrebentando as portas tudo, enquanto só reforça a ameaça.

Tem o padre, que tenta estuprar a moça, e quase consegue, até ela ataca-lo e feri-lo ainda mais.

E nessa parte, ela nota que todos os homens tinham os mesmos ferimentos (o braço cortado).

Então ela consegue fugir de carro, até atropelar o zelador, que era o único homem que ela confiava. Até ver que o braço dele também tava cortado. Não dá outra, ele se converte no mais violento de todos, arrancando ela pra fora do carro pelos cabelos, pegando o carro e tentando atropela-la, batendo com tudo na casa.

Ele quebra o pé por causa disso, e começa a se reproduzir, com a barriga crescendo, e dando a luz a outra versão masculina de si (aliás, cada nova versão infla e expele a próxima por vaginas que aparecem no corpo, as vezes na própria barriga, as vezes na genitália mesmo, as vezes na cabeça... é muito bizarro).

Os homens passam a nascer uns dos outros, numa cadeia constante (pois todos nasciam com os mesmos ferimentos mortais e renasciam consequentemente).

Tudo não passava da entidade masculina sobrenatural, que conseguia reproduzir os homens da mente da moça, na tentativa de alcança-la e seduzi-la. 

No fim, ele assume a forma do marido dela, que se matou pra tentar impedir a separação. Ele cometeu suicídio na frente dela, como uma forma de traumatiza-la, pois ela queria se separar e ele não. O cara era violento, e além de agredi-la fisicamente enquanto vivo, ainda a agredia com ofensas e ameaças, em surtos de desespero pra "manter a relação".

Esse era o último tipo de homem, que ameaça pra obter o que deseja.

Depois de uma conversa, a moça pega um machado e aparentemente da fim a criatura.

Mas a história não acaba, pois no final aparece a amiga dela (com quem ela tinha contato constante, e acaba pedindo ajuda), quem viaja quilômetros noite a dentro, até chegar lá e resgata-la.

Teoria

A surpresa é o fato da amiga estar grávida, com uma barriga grande, e longe. Ela não era a entidade (afinal não tinha ferimentos) mas... 

Apesar de nada ser dito, fica subentendido que o pai da criança era o ex-marido suicida dela, e a amiga na verdade era uma amante.

Faria sentido, ainda mais considerando que o cara chega a interceptar uma das conversas da esposa com essa mesma amiga, e apenas diz "o que essa vadia andou dizendo?" (isso em um dos flashbacks). Provavelmente um dos muitos motivos da separação foi a traição.

Mas, ela se manteve próxima da amiga, aprendeu a perdoa-la, e seguiu a vida buscando se recuperar do trauma.

Enfim, apesar disso tudo ser o que interpretei, o filme não chega a dar muitas respostas.

O forte dele mesmo nem são essas respostas, mas a forma como ele vai jogando tudo pra gente assistir.

Como eu disse, ele causa desconforto, e é um bom tipo de terror.

Caso queira assistir, não é ruim não, mas é bem incômodo.

É isso.

Obrigado pela leitura.

See yah!

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2 Comentários

  1. Senti ódio desses personagens rs o filme é interessante e concordo, é desconfortável.

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    1. Pior que é um filme bem... tenso. É um bom terro né, pelo menos incomoda kkk.

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