CríticaMorte: Super Mario Bros - O Filme

Existe um tipo de maldição relacionada aos vídeo-games, onde torna-se improvável a produção de boas adaptações cinematográficas. É muito fácil um jogo ir pras telonas e acabar sendo mal visto pelo público, tanto dos próprios cinemas quanto o original dos consoles, mas as vezes, um filme consegue ser satisfatório, seja pra um dos dois lados, ou até pra ambos.

Há vários exemplos de obras incríveis que fizeram um bom trabalho (na minha opinião, Silent Hill, Prince of Persia, Hitman, etc), mas de igual forma, há centenas de vezes mais obras que apenas ajudaram a consolidar a má fama. É fácil errar na hora de adaptar um joguinho, e por incrível que pareça, o filme que começou tudo isso... é bom.


Super Mario Bros, o Filme, que ousou tentar adaptar um dos jogos mais famosos na época, mas que foi terrivelmente mal sucedido aos olhos do público cinematográfico, e aos olhos dos fãs e de fato, como um filme, ele é tosco, bobo, infantil de uma forma exagerada, e completamente alucinado (não só pelo tipo de comédia da época, mas como um todo). Porém, ao meu ver, como adaptação, ele é excelente.

Controverso eu sei, e acredite, por mais que o filme seja ruim, ele é bom... mas pelos motivos que pouca gente valoriza. É justamente por isso que estou redigindo este texto.

Espero que goste da leitura, e torcerei pra que ao menos eu consiga me explicar.

Boa leitura.

Super Mario Bros é um filme estadunidense de humor pastelão, com piadas bobas e até repetitivas. A primeira adaptação de games optou por apostar numa visão mais humorada do material base, sem leva-lo em nada a sério. Curioso que essa abordagem por si só, se iguala a de muitas adaptações mais recentes (Sonic, por exemplo, ele também aposta na comédia, mesmo tendo um pouco de ação), pois sinceramente, jogos sempre foram vistos como algo mais infantil.


No entanto, não é isso que desagradou as massas. A visão mais surrealista outrora ultra realista (sim, ela pula de um pro outro randomicamente) consegue soar esquisita, e é facilmente confundida com uma má adaptação de algo fantasioso. Afinal, ao invés de usarem modelos digitais ou desenhos pra interpretarem os personagens conhecidos nos jogos, em live action, eles optaram por dar caras e bocas muito mais reais e brutas.

A adaptação não pegou apenas a ideia que Mario e seus jogos tentavam transmitir, mas sim toda composição, com personagens, atmosfera, caracterizações e enredo, e transformou em algo mais físico, mais verdadeiro, assim como uma boa adaptação cinematográfica deveria fazer.


Não se trata somente de agradar fãs dos jogos, é preciso saber construir os elementos dos próprios jogos e transmiti-los para que tanto quem os conheça, quanto quem não os conheça, consiga entender e absorver o conteúdo adequadamente.

Contraditoriamente não é bem isso que Super Mario faz, tanto que ele funciona como uma autoparódia, tanto do jogo quanto do filme em si, nos fazendo refletir sobre os significados aparentes do jogo e como estes poderiam ser refletidos na realidade.


E é ai que tá a genialidade ao meu ver. Ele desconstrói o que os jogos mostram, e transforma em algo mais verdadeiro, mas ainda tão alegórico e fantástico quanto o que os jogos criaram. Ao fazer isso, fica esquisito, mas estranhamente mais reconhecível e compreensível, desde que a gente force um pouquinho a arte da interpretação e nos deixemos levar tanto pela paródia, quanto pelo humor.

Muito do que ele mostra e conta é apenas uma releitura do que é mostrado originalmente nos jogos. Mas, ele também tenta reexplorar esses conceitos com jogos de palavras, piadas, brincadeiras lógicas e até subversões e conversões bem gritantes, ao ponto de soar irreconhecível.

Um forte exemplo, são os Blocos. Eles estão presentes o filme inteiro (pelo menos na parte em que os personagens viajam pra outra realidade, a qual transpõe todos os elementos dos jogos de forma muito mais sólida), mas não como "blocos", e sim como as pessoas que eles foram.


Uma grande questão do universo Mario gira em torno de uma explicação antiga posta em manuais do Super Mario Bros, um dos primeiros jogos do bigodudo. Nele, é informado que os muitos blocos encontrados no Reino do Cogumelo, eram habitantes "amaldiçoados" nessa forma. Porém, o herói destruía esses blocos pra poder avançar na história, e obter upgrades e itens, além das moedas, o que convenhamos, é bem estranho.


Isso foi abordado no filme, mas não com o herói espancando blocos nas ruas, e sim, com pessoas, muitas pessoas, andando e um lado ao outro, bloqueando o caminho.

O caos reina no local que o personagem e seu irmão entram, e a multidão que perambula está lá pra representar justamente, o aglomerado de bloquinhos ferrando com a passagem deles. Não é atoa, que muito do filme gira em torno deles tendo de dar um jeito de esquivar das pessoas, tudo mediante ao caos.


É esse o nível de reinterpretação do filme, é justamente isso que ele faz aos montes.

Mario, é encanador, algo dito em manuais mas jamais mostrado dentro dos jogos, no máximo com ele entrando em canos pra se teletransportar entre as regiões. Esse recurso não faz dele um encanador nato, nem mesmo torna ele um profissional da área, apenas faz com que ele use um recurso (que até monstros usam em alguns jogos, tipo as Plantas) dos cenários pra avançar.


No filme, Mario é um encanador e NUNCA entra num cano. Ele conserta canos, e é exímio nisso. Tanto que, muitos eventos do filme são solucionados por sua proeza e profissionalismo. O cara é tão talentoso, que usa e abusa de provérbios para tentar ensinar alguma coisa ao seu irmão, que também é encanador, mas apenas um assistente. 


Aliás, no longa ele carrega ferramentas, as quais servem muito ao enredo, e ainda por cima o destacam como um encanador. Ferramentas estas que nem são citadas nos jogos! Neles o personagem depende de itens mágicos como Flores e Cogumelos, mas nunca recorre a uma Chave de Fenda ou Fita Isolante!

Falando em Cogumelos, eis uma das melhores adaptações que já vi pra isso: Em jogos, Mario e seu irmão usam e abusam de Cogumelos Gigantes que os fazem crescer, e ficar mais fortes. Muita gente interpreta isso como fruto de alucinógenos afinal, Cogumelos tem essa propriedade. Mas... vem o filme e nos dá uma nova visão disso.


Nele, Mario e Luigi são constantemente auxiliados por fungos espalhados por todo o mundo que eles visitam. Esses fungos são explicados como partes do Rei da região, que foi transformado em um grande "Cogumelo", ou melhor, um Fungo gigante (que inclusive adapta a ideia de "Reino do Cogumelo", visto que este rei se espalha pelo seu reino, como um cogumelo!).


Viu? Eles não comem parte dele pra ficarem grandes ou doidões, eles apenas usam esses fungos pra superar obstáculos, seja se pendurando, seja... se pendurando... ou... se pendurando. Tá, muito do que eles fazem é usar os fungos pra se pendurar, mas pense de forma lógica e prática, qual a outra utilidade de um Fungo Gigante que se prolifera como uma praga por todo o mundo, mas que pensa e é senciente, afinal é parte de uma mesma entidade?!


E olha que em alguns momentos, esse grande fungo ajuda levando objetos pros heróis, como a bombinha no final do filme (que é um dos momentos mais legais diga-se de passagem), a qual ele tenta oferecer várias vezes ao longo dele.


Aliás, enquanto Mario nem percebe as conveniências que esse estranho organismo gigantesco traz constantemente, quem nota é Luigi, aquele que de início soa apenas como um assistente bobo, mas que está muito mais familiarizado com toda essa insanidade.




E olha outra adaptação ai. Mario é sempre o personagem do Jogador 1, enquanto Luigi é o secundário (na época nem havia Luigi Mansion, seu primeiro game solo), e aqui é bem isso que é mostrado, de forma subvertida.


Luigi que é o protagonista, mesmo Mario sempre trazendo as soluções de última hora, quem carrega o enredo nas costas e parece estar mais conectado com tudo é Luigi. 

Ele quem leva Mario pra outra realidade através de sua audácia/coragem/irresponsabilidade, pulando no desconhecido atrás de mulher. 

Ele quem toma as decisões heroicas e até negligencia a superproteção de seu irmão, que apenas tenta tirar ele dos problemas, assumindo assim o manto de herói aos poucos.


Justamente por isso, as cores de Luigi e Mario estão invertidas no começo. Quem ta de vermelho é quem deveria tar de verde e vice versa. Não é que Mario seja o jogador dois na conversão, mas, ele apenas é o assistente no começo, ainda longe de ser o protagonista, algo que ele só assume no confronto final, ao tomar as rédeas da situação, e finalmente se vestir de vermelho.

Legal que ele chega a passar pelo tom Amarelo nas vestes, o que pode até ser uma referência ao seu nêmeses de infância, o Wario... 


Algo que até corrobora com a cena em si visto que nela, Mario se comporta como um sedutor galanteador e que flerta numa balada pra obter uma relíquia que precisava de uma moça. Coisas que Wario jamais faria, muito menos o italiano... mas que nessa subversão existe.


Só aqui já citei mais 3 coisas curiosas: Garotas, Equipamentos e claro, Italianos.

O filme brinca com a nacionalidade dos heróis, que nos jogos são Italianos, ambos, mas aqui, nem de longe se parecem com isso. Na verdade, Mario é britânico e Luigi é colombiano, devida a nacionalidade de seus interpretes, porém... dentro do enredo do filme eles realmente não são italianos.


Tanto que, eles constantemente dizem odiar uma empresa concorrente que é Italiana (tem até nome italiano), e isso os torna rivais, com a tal empresa tentando boicotar seus trabalhos, o tempo todo!

Mesmo que em parte alguma do filme eles levantem a questão sobre suas terras natais, nem é preciso isso pra que notemos e percebamos o quanto eles se esforçaram pra mostrar que, nessa versão, eles não são nem mesmo europeus.

Sobre equipamentos, sim, Mario e Luigi acabam por usar coisas que remetem às suas armas dos jogos, tirando os cogumelos e os blocos é claro, temos a adaptação das Flores de Fogo e dos Pulos, no entanto é de um jeito muito mais científico e prático do que, ilusório e fantasioso.


As Bolas de Fogo que eles atiram derivam de Armas de Fogo, simples assim. Aliás, todas as Armas de Fogo encontradas no filme, não atiram Projéteis Explosivos ou afins, elas atiram literalmente bolas de fogo, ou rajadas de fogo, assim como visto o tempo todo nos jogos.

O Pulo destruidor que eles usam como artimanha pra esmagar tartarugas e seus eternos rivais, aqui também é mostrado, mas exatamente como um pulo destruidor, proporcionado por Botas Voadoras de Pressão.


É esquisito ver eles segurando armas e com botas gigantes de metal? Sim. Mas faz todo sentido num mundo mais real, pois pulos sobre-humanos que esmagam animaizinhos seriam muito longe de uma adaptação decente, quem dirá então flores que depois de comidas te fazem jogar bolas de fogo pelas mãos.


Garotas... se tem algo interessante é a forma como converteram a recorrente necessidade dos enredos de Mario em por uma donzela em perigo, geralmente a mesma donzela, que sempre é resgatada pelo herói em seus diferentes castelos.


Aqui, não vemos a Peach, que se tornou a principal donzela alvo de Mario em seus jogos. Nem mesmo vemos a Pauline (do primeiro jogo do bigodudo). Quem surge é Daisy, uma personagem B que apareceu pela primeira vez num jogo de Game Boy da franquia (Super Mario Land - 1989). Os caras foram longe, e pegaram uma personagem que nem mesmo era recorrente na franquia, pra servir de inspiração à donzela do longa.


Daisy é a princesa de um reino vizinho ao de Peach, e é tipo uma prima dela nos jogos (que acaba puxando sua asinha pro lado do Mario é claro). Porém, conforme o tempo foi passando, seu par romântico se tornou o Luigi, algo explorado em outros jogos que ela foi participando posteriormente (só jogo esportivo ou de puzzle, nada relacionado ao gênero principal da série).

Eu teorizo que o filme teve dedo nessa ascensão repentina da personagem, mas fato é que aqui eles fizeram uma mistura dela, com a própria Peach.


Daisy no filme é filha de um Cogumelo (o Rei da cidade dos Dinossauros, que foi transformado num cogumelo). Porém, ela foi criada no mundo humano, e por isso sua aparência puxou mais a caracterização da mesma nos jogos.

Ela só se torna mais parecida com a Peach quando volta ao reino, e é vestida de rosa, com uma saturação levemente amarelada na cabeleira (pela cor da região). No entanto, não demora até ela abandonar esse manto e voltar ao vestuário mais arrojado de sua versão humana.


Isso sem contar que Daisy em momento algum se relaciona com Mario, aqui. Na verdade, ela é o par romântico de Luigi, com ajuda até mesmo do próprio Mario, que busca auxiliar seu irmão/filho/assistente no relacionamento. Enquanto isso, Mario é mulherengo, e tem outras namoradas (plural pois, apesar de gordinho, velho e bigodudo, o carinha manja da sedução!).

Falando nisso, Luigi e Mario tem sua ligação familiar parodiada também. Originalmente, eles são irmãos (algo reforçado constantemente nos títulos de seus jogos com "Bros."), no entanto, no filme eles são mais como "pai e filho", com Mario tendo adotado Luigi por circunstâncias não reveladas.


Ambos moram e trabalham juntos. Os pais de ambos também já se foram, mas Luigi é muito mais jovem que Mario. Então, ele assume uma posição paterna, e de chefe também, enquanto Luigi se mantém como seu auxiliar e aprendiz.


Daí vem a piada, e referência. Nos jogos, nunca há o nome Luigi na capa (repetindo, Luigi Mansion nem existia na época), e geralmente é algo como "Mario Bros" ou seja, "Irmãos Mario". No jogo original que começou com a profissão de encanador (que não foi o primeiro jogo do bigodudo, mas depois comentarei a respeito), de fato os irmãos foram levados a encanamentos pra derrotar monstros nos esgotos, num jogo mó bobo de plataforma onde eles praticamente se enfrentam, paralelo às criaturas.

Eu lembro de ter jogado isso pra fazer o artigo de Smash Bros Melee, se não me engano, e achei bem chatinho, mas na época fez tanto sucesso que gerou a franquia. Pois é, a questão é que esse "irmãos" do título acaba meio ofuscado pelo grande "Mario", dando a entender pra todo mundo que são jogos apenas do Mario, e o tal Luigi nem faz parte sólida da franquia. Eu mesmo achava que ele era apenas uma skin colorida diferente do jogador dois, e nem me tocava do nome real dele.


Me julgue se quiser, mas fato é que Luigi nunca nem teve destaque, e isso é ressaltado no filme na icônica cena da apresentação dos Irmãos Marios: Mario Mario e Luigi Mario.

Tem explicação melhor do que o sobrenome da família ser "Mario", enquanto o nome inicial, ironicamente, é Mario também, de um dos dois?! Na verdade isso não faz sentido nenhum (acho que nem tem como registrar um nome assim no cartório, tem?) mas, a piada esta ai, e a referência também.


Essa brincadeira com nomes se estende a vários outros personagens, como os Koopa Tropas, que aqui, não são Tartarugas nem dinossauros, mas sim, pessoas (que descenderam de dinossauros, mas aí já é outro assunto), que são lerdas, bobas, burrinhas, sem desmerecer as tartarugas é claro (mas sendo uma referência à lentidão física delas, em relação à lentidão mental).


Não só isso, alguns dos personagens coadjuvantes são referências diretas aos "Filhos do Bowser", ou melhor, as crias de Koopa (nome original dele). Aqui não são filhos, são primos (e uma é até um tipo muito estranho de amante dele), mas estão lá para servir de referência.


Temos também o Toad, um dos eternos Cabeças de Cogumelo (que aqui não tem cabeça de cogumelo, mas tem um desenho muito sugestivo bem no topo, isso até ela sumir né), que só aparece como um tipo de fan-service por assim dizer, sendo um mero personagem chato que fica na cola dos protagonistas até ser descartado, ou melhor, convertido pra algo um pouco mais interessante.


Ele vira um Goomba, que mais uma vez subverte a ideia dos jogos em algo mais, plausível (apesar de irreconhecível!). Goombas nos jogos são monstros peludos com olhos grandes e bocas, mas quase sem corpo algum (da pra ver só os pezinhos).


No filme, são brutamontes musculosos enormes, com casacos de couro, mas com cabeças minúsculas, que acabam servindo ao vilão por ignorância e por não conseguirem pensar direito.


Inverteram as proporções, mas fizeram questão de bota-los no filme, de um jeito bem explicado: Suas cabeças foram reduzidas por terem sido submetidas a um experimento de reversão biológica.


As referências estão em muitas outras partes, como nos policiais de Koopa, que usam capacetes e roupas bem estranhas mas, são as versões live action dos Hammer Bro dos jogos, mas nesse caso, eles mantém suas formas humanoides.



E, isso também vira pro modelo prático, por exemplo. Yoshi, o eterno e fofo dinossauro montaria dos jogos.


Aqui ainda é fofo, e é um dinossauro, mas com um design bem mais arrojado, totalmente construído num modelo animatrônico que realmente parece um bicho de verdade, por mais monstruoso que isso soe.


Mas voltando aos Goombas, a explicação pra existirem é o vilão e sua capacidade de fazer com que suas vítimas voltem a estágios anteriores da evolução, seja parcialmente ou totalmente, tendo assim um controle sobre a natureza de quem ele quiser (tipo o rei, que ele tirou de campo revertendo ele ao estágio fúngico).

No mundo do filme, a Cidade dos Dinossauros é justamente um mundo subterrâneo desligado da realidade humana, onde os dinossauros evoluíram com os milênios e viraram criaturas humanoides bastante semelhantes aos humanos, mas é claro, com sangue frio.


E sim, o filme sustenta a si próprio na teoria da evolução, mas apenas pra trazê-lo um pouco mais perto da realidade (por mais viajado que seja os dinossauros virarem humanos repteis). A grande proposta atrás disso é a ideia de incluir Donkey Kong de forma "orgânica" na trama!


Afinal de contas, por mais que o macacão tenha deixado a franquia do bigodudo pra ser substituído por um dinossauro, eis que a verdade nos lembra que no início, haviam um Gorila segurando uma garota chamada Pauline, no topo de um prédio, e o bigodudo era seu único resgate possível!

Na época Mario nem encanador era, mas foi sua origem nos jogos. Origem essa retratada através da Teoria da Evolução, servindo única e exclusivamente pra sustentar a cena em que o rival italiano dos irmãos Mario vira um macaco, e Bowser debocha disso.


E por fim, chegamos ao grande Koopa, ou Bowser, que tem sua evolução retratada de forma bem icônica e até parecida a de seu eu nos jogos.


Lá, ele é um dinossauro que sequestra princesas e faz filhos... use sua imaginação.


Aqui, é um cara que descendeu dos dinossauros mas, sente nojo de todo o resto do mundo, e usa uma tecnologia pra manipular a genética e fase evolutiva daqueles que o rejeitam. Além disso, ele criou um exército e tomou conta do mundo inteiro, mas tem como principal objetivo reconectar o mundo humano com o dele, pra reinar sobre ambos.

Ele sequestra mulheres de todos os tipos, em busca da herdeira real que sumiu a muito tempo, a Daisy, por quem ele fica atraído (novidade), mas que acaba por fazê-lo fracassar.


No fim, ele acaba sendo vítima de sua própria máquina evolutiva, e regride à forma de um dinossauro, assumindo o aspecto de dragão soprador de fogo, ou melhor, dinossauro que atira fogo com sua arma, de cima de um grande caldeirão suspenso (referência ao caldeirão voador!).


Como deu pra notar, o filme se inspira nos jogos, mas converte isso pra uma percepção mais "séria", contraditoriamente debochando disso, com sequências de um humor leve e bobo.

Vai dizer que não é genial? Ele desce ruim pra caramba (no sentido de que é muito ruim de digerir), é um filme estranho de assistir, e as piadas dele são muito toscas, porém... não da pra negar que foi uma adaptação criativa, muito bem pensada e inovadora!


Falemos sério agora, ele como filme é uma catástrofe, não só pelo humor, mas pelas sequências de ação (se é que pode chamar aquilo de ação) e com certeza pela continuidade dos eventos.

A história é uma besteira muito simples: Mario e Luigi viajam sem querer prum mundo subterrâneo atrás da garota que Luigi tá afim, e lá se deparam com uma civilização de descendentes humanoides dos dinossauros e derivados, e acabam enfrentando o Manda-Chuva de lá pra impedir que ele acabe com a raça da mocinha. No fim, eles derrotam o monstro e salvam o reino, além de impedir que os dois mundos se fundam.


Assim, Daisy decide viver no mundo dos dinossauros com seu pai recém restaurado a forma humanoide, enquanto Luigi volta com Mario pro mundo humano, pra continuar o trabalho de sempre. Isso até Daisy precisar de ajuda e convoca-los.


Com uma história tão simples, é impossível imaginar uma montagem ruim, certo? Pois é, o filme é basicamente uma escola de como não se construir uma narrativa!

Ele é muito mal editado, com sequências mal arranjadas e falhas terríveis de trama. Um exemplo é a cena toda ferrada onde do nada, surge vômito nos pés do vilão e os heróis empurram ele pra máquina de transformação em dinossauros. Isso é algo importantíssimo pra trama, pois explica e explora a transformação final dele (que é lenta e gradativa, tendo seu ápice no desfecho) no entanto, é construída de um jeito corrido, e muito mal explicado.


Tanto que eu acho que vi uma versão censurada do filme, visto que senti falta de muita coisa pra que as sequências ficassem no mínimo divertidas ou, sensatas.

Ainda por cima, acabei vendo a versão dublada pela primeira vez que, confesso, é uma das piores dublagens que já vi. Cheia de cortes bruscos nas falas (corroborando com a censura) e com traduções que não deveriam ter sido feitas, tipo o "Toad" que é traduzido pra "Sapo" quando "Toad" é nome próprio.


Fiquei surpreso por não traduzirem Daisy pra "Margarida", uma vez que esse também é um nome traduzível. Daisy é o nome da flor que aqui se chama Margarida, e a tradução chegou a ser feita com um personagem da Disney (a esposa do Donald). Sempre fiquei confuso com a troca de nome, mas hoje entendi.

Apesar de tudo, mesmo com tantas falhas e sendo um filme tão terrível, tenho pra mim que Super Mario de 1993 é uma das melhores adaptações de jogos que já vi, pois ele não se leva a sério, mas faz suas adaptações de forma correta e bem relevante, mesmo que não consiga conta-las direito.

Vai dizer que tô errado?! 

Cena pós Crédito

Sabia que no final do filme surgem dois empresários japoneses querendo comprar os direitos de imagem dos primos do Bowser, pra fazer jogos inspirados na vida deles?


Esses empresários são interpretados por Jim Asaki e Matt Nikko, atores japoneses mesmo, mas representam Takashi Tezuka e Shigeru Miyamoto, como uma referência aos principais criadores da franquia Mario. Ambos são inclusive citados nos créditos.

Enfim, é isso.

Obrigado pela paciência e pela leitura, e espero que tenha alcançado meu objetivo...

Se não, ao menos tentei!

See yah


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7 Comentários

  1. A nostalgia corre pelas veias como o Toretto do veloiz e furioso, tá doido.

    Lembro-me como se fosse ontem de assistir à ''análise'' desse filme feito pelo Virsu do CCA, caraaaa, que nostálgico.
    Falando nisso...

    ''AH! Encanadores!''

    nunca vi uma animação tão grande ao ver um encanador, esse toad realmente manja de quebrar um cano...
    (ah não vey, não resisto)

    Não sei se foi intencional, mas tem uma imagem nesse artigo do Bowser com uma arma de fogo, e acima da imagem tem uma explicação sobre o Bowser nos Jogos, está escrito:

    ''Lá, ele é um dinossauro que sequestra princesas e faz filhos... use sua imaginação''

    E em baixo na imagem o Bowser fala:

    ''E agora, eu farei um macaco...''

    intencional ou não, eu ri pra caramba.

    Enfim, o que falar desse filme? Uma disgraça sem tamanho, mas pelo menos ele tem o social credit dessas intepretações engraçadas do jogo...

    ''What's ur name fella?''

    ''First name Mario, last name Mario''

    Apresentação com firmeza, +respect

    Pior que a história se repete:

    ''Grandma, you said you lived with the Great Hero of time... what was his name?


    Link Link''



    Miyamoto com tantos nomes possiveis, coloca logo exatamente o mesmo nome como sobrenome e nome...VEY!!!!!!!


    bom, agora ano que vem vamos ter um filme do Mario em que o Mario é o Star Lord, eu espero que seja bom...ou ao menos do nível do filme do Sonic né...aceitavel.


    See yah.


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    1. Belas palavras sr Wilson.

      E sim, cada imagem foi minuciosamente selecionada kkk.

      Bom que curtiu sr!

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    2. Mt obrigado meu amigo camarada, agradeço pelo seu gesto de genuína bondade acerca do produto do uso de 100% de meu encéfalo.

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    3. Você sempre me surpreende com sua dissertativa. Tu sabe escrever legal sr Wilson.

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    4. Nossa, obrigado! sempre que escrevo com essa linguagem meio excessivamente formal, ou é para fazer uma piada, ou fazer um sarcasmo...as vezes escrevo assim no zap e geral não entende kkkk; uma vez os cara chamaram a diretoria porque acharam que eu estava ofendendo eles e me achando com essa escrita, no fim estava apenas brincando...por sorte a professora por me conhecer a muito tempo, sabia dessa parada minha e eu sai sem problemas...mas né...


      Enfim, obrigado rs.

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