CríticaMorte: Rua do Medo - 1994 - Parte 1

Eu nem ia falar desse filme, pois vi sem qualquer pretensão para escrever. Tinha algo aparentemente de terror lá no catálogo da Netflix e optei por arriscar. Sem contar que, o "Parte 1" no título me chamou muito a atenção, afinal... os caras já tavam planejando franquiar?!

Bem, eu fiquei com uma vontade enorme de relatar o que achei, e nem sei se será significativo mas, segue minha opinião crítica...

Boa leitura, e vou evitar spoilers.

Ver o "Parte 1" no título já me fez pensar que esta seria uma nova série, ou apenas um primeiro episódio do que ainda seria lançado parte a parte. Achei curioso isso, pois bem recentemente vi uma matéria falando sobre a Disney + e a Amazon Prime estarem meio que na frente da Netflix, por lançarem suas séries episodicamente, enquanto a plataforma mais antiga tem o hábito de lançar todas suas séries em formato de temporadas prontas.

Daí pensei "Pelo jeito vão começar a lançar episódicos também?" e, confesso que pra mim não seria ruim.

É legal maratonar mas, se pararmos pra pensar, assistir toda semana um episódio novo e conversar a respeito por dias, é muito melhor do que assistir tudo de uma vez só e nem lembrar de tudo o que viu.

Enfim, independente do que pensei na hora, no final acabou que era apenas um filme mesmo, audaciosamente já preparando a continuação!

Pior que, na prática, parece mais que pegaram uma série pronta, no que seria a "primeira temporada", no padrão que adotaram de 8 episódios por temporada, e transformaram num filme, cortando e colando algumas partes pra dar continuidade.

E, fez sentido. Muito sentido. Várias das séries que assisti recentemente nessa plataforma tem conteúdo suficiente pra preencher um filme, arrastado. Se tirar introdução, encerramento, e cortar partes enroladas, daria fácil pra pegar essas séries e transformar em longas de umas 2 horas.

E pra mim, a impressão que deu, é que "Rua do Medo" é o resultado dessa ideia sendo posta em prática.

Inclusive, o conteúdo original do filme nem é uma ideia tão inédita assim, lembrando em muito American Horror Story (uma das últimas temporadas que vi trava justamente de um amalgama de eventos slashers).

Seriam histórias de terror slasher ambientadas em diferentes épocas, começando aqui com o período de 1994, mas já se preparando pra outras épocas, tanto que não se deram por satisfeito em por o ano em que a obra se passa, como deixaram o "Parte 1", pra deixar isso muito claro. 

Mas, do que fala exatamente esse filme? Simples: Adolescentes morrendo de besteira pra seriais killers.

Pra dar uma pitada de mistério, a história aborda uma rivalidade entre duas cidades que existe a séculos, onde a cidade mais ferrada, Shadyside, é também conhecida como "Cidade dos Assassinatos", pois de tempos em tempos, surge um assassino psicótico numa família aleatória.

Não satisfeito com isso, o filme também inclui na maldição da cidade uma suposta Bruxa, que se reencarnaria em pessoas boas pra causar os assassinatos, e posteriormente ainda controla múltiplos Zumbis desses assassinos ao longos das eras, que ressurgem juntos pra cumprir os desígnios da bruxa...

E é isso.

A gente fica la acompanhando as patacoadas de um grupo de jovens que, só tomam decisões idiotas e absurdas, e sobrevivem enquanto o roteiro achar que devem sobreviver, pois na hora que se tornam descartáveis, são descartados de um jeito tão gratuito que causa mais incômodo do que medo, ou tristeza.

Além disso, somos surpreendidos por um desfecho revolucionário onde, nada é resolvido e tudo continua, em um próximo filme, que na verdade é um prequel, que tem seu "trailer" mostrado logo no final, e tem tanta cena revelada que praticamente nos deram spoiler de tudo que virá, ao bom e velho estilo "Trailer do YouTube".

Não é um filme bom não... na verdade achei fraquinho e forçado, ao mesmo tempo. Ele até tem seus efeitos especiais e cenas de gore (poucas) bem feitos, além de contarem com bons vilões, pelo menos interessantes e, apesar de nada inventivos, inovadores ou criativos, ainda são bem a cara de filmes do gênero: Um cara de Máscara de Caveira e uma Faca; um Cara com Saco de Pano na Cabeça e um Machado; E uma Garota Fantasma com uma Navalha. Porém, eles foram tão mal utilizados...

É que, em filmes slashers, é de se esperar gente estúpida morrendo pra um mesmo assassino que, sempre tá na hora e locais certos pra pegar suas vítimas. Mas aqui os caras extrapolaram de mais na conveniência e também, na estupidez, o que tornou o trabalho desses vilões fácil de mais, e também ridicularizou eles... automaticamente.

Em dado ponto, é revelado que os assassinos seriam como zumbis mágicos imortais, que podem surgir onde quiserem, mas só atacam alvos específicos, identificados pelo contato com um determinado sangue.

Aí, os protagonistas do longa preferem se marcar como alvos, pra dar tempo da alvo principal passar pela solução mirabolante que encontraram pra salvar ela, e automaticamente, assinam a própria sentença de morte.

Tem um, que pelo amor de deus, o cara literalmente jogou sangue no próprio corpo, sabendo que os vilões viriam pra executa-lo, e ele podia facilmente só ter posto sangue em um pedaço de roupa, que teria exatamente o mesmo resultado! Claro, ele ainda estaria em perigo, mas não seria um perigo por estupidez, e manteria uma alternativa pra fugir.

Isso pois, os zumbis assassinos imortais de seriais killers do passado, evitavam e até ignoraram potenciais vítimas, caso elas não tivessem o sangue do alvo nelas. Isso não é uma regra absoluta, pois vários personagens morreram por serem bobões e falarem diretamente com os zumbis, mas, dava pra literalmente ficar quieto num canto e fingir que não os via, que eles passavam direto.

Mas não, a decisão deles é vexaminosa e incômoda, você acompanha um bando de personagens até que bem carismáticos, mas incompreensivelmente idiotas, numa sentença de morte que nem era deles!

Junta isso com um mix exagerado de músicas de época e acordes originais, que se atropelam sem nem nos dar tempo de escutar direito.

Sim, trilha sonora, é um ponto fraquíssimo do filme, pois você é pego assistindo e ouvindo duas músicas se sobrepondo, a todo tempo, e nem tem razão pra isso.

Tipo no começo, onde já tem uma trilha tocando, usando inclusive música de época, mas ela é substituída abruptamente por uma trilha original, ambas brigando pra ver quem é mais interessante pra cena. Cena essa que beira o ridículo de tão clichê.

É tosco, ainda mais com uma troca constante e repentina de músicas. Parece até que queriam criar uma identidade sonora  no filme, aproveitando a temática de épocas, mas exageraram tanto nas trocas que simplesmente, tudo fica esquecível.

O pior, é que ele tem boas ideias, tem um estilo cru e grosseiro de apresenta-las, mas são boas. Me senti assistindo um filme trash da nova geração, pois ele parecia algo "sério", no sentido de se levar a sério, mas o que entrega é um verdadeiro amontoado de decisões idiotas e sangue gratuito.

Aliás, os outros dois filmes que irão compor a trilogia já tiveram títulos e datas anunciadas, e pelo jeito já tão até prontos: Parte 2 - 1978 e Parte 3 - 1666. É um jeito ao menos diferente de se contar a história, e quem sabe, nos outros, as coisas fiquem melhores. Só pra constar, só fui ver isso quando fui pegar as imagens pra esse texto...

É que apesar de assistir na Netflix mesmo, costumo usar imagens tiradas dos trailers, pois não da pra fotografar na plataforma (sai tudo preto, os caras são mó mancada). E pra variar, o trailer já mostra cenas dos 3 filmes e não apenas do primeiro... ou seja, ta tudo pronto. Aliás, amanhã sai o 1978.

Algo curioso é que esses filmes são baseados em uma coleção de livros de terror jovem, que pelo que vi segue um padrão antológico, com contos macabros diferentes em cada história. Eu talvez até tenha lido algum na infância, mas eu sou péssimo de memória (se bobear, um livro que busco até hoje mas esqueci o nome faz parte dessa franquia... ele falava de um jogo numa caixa de cereais, onde aparecia um louva-a-deus invisível quando se aproximava o nariz... um dia encontrarei!)

Ver esse tipo de obra sendo adaptada assim, é legal, e eu me empolgaria bastante se fosse mais pelo caminho antológico, e não pra uma versão forçada de slasher com trash. Talvez, se tivessem feito ao estilo de "Histórias Assustadoras para Contar no Escuro", seria um pouco mais interessante, com essa mesma narrativa, mas num sentido menos trash, sem humor não intencional. Ao meu ver a maior falha foi essa.

É isso.

Se tiver afim de assistir, tomara que se divirta, mas não tenha grandes expectativas não. Amanhã, se compensar, falo do outro.

See yah.

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7 Comentários

  1. Uma curiosidade inútil é que R. L. Stone escreveu a série de livros infanto-juvenis "Goosebumps", que teve uma série homônima adaptada para TV.

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    1. Mentira!!!!!!!!!!!! Caramba eu conheço Goosebumps (gusbomps eu falava kkk). Assistia na televisão com minha família em fins de semana comendo pizza... eu nunca esqueço. Eu até vi o filme, e através dele aprendi que era uma adaptação de uma série de livros (eu acurto esse gênero aliás, só não sou bom leitor =/).

      Por um tempo também achei que meu livro perdido era um dos contos de Goosebumps... mas eu fiz umapesquisa rápida e não o encontrei entre eles.

      Mas, caramba, faz muito sentido. Tem um livro que li nesse estilo... era sobre vampiros (minha memória literária é simplesmente horrível), e teve uma adaptação cinematográfica também... eu só reconheci pois notei semelhanças entre o livro que tinha lido e o tal filme... e eu tinha lido o segundo livro, enquanto o filme adaptou o primeiro... acho que é Circo dos Horrores.

      Aliás, me desculpe por não falar muito de livros srta, eu sou bem fraco nisso atualmente. Mas, obrigado por essa curiosidade, pra mim foi muito útil. R.L. Stine tem meu respeito. Torcendo pra essa adaptação em filmes ficar bem melhor nos próximos.

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  2. Vencestes o receio sr morte,isso é ótimo. E que venham mais textos.

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    1. Criei coragem sr Mário. Se tiverem comentários, continuarei com essa pegada maluca de múltiplos tipos de textos... isso anima muito rs.

      Você é um exemplo de alguém que incentiva meu trabalho... obrigadão!!!

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    2. Se você não fizer eu não tenho material pra consumir,eu te agradeço e te incentivo,a maioria dos seus leitores também, ultimamente não tenho visto comentário de hater por aqui,isso é um bom sinal.

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    3. De duas uma: O site adquiriu imunidade ao ódio alheio ou, os caras desistiram de perder tempo discutindo kkk.

      Mas na real, eu to tentando ser um pouco mais educado desde as pancadas que levei em argumentos nos velhos tempos (quantas vezes já estive errado pacas e num quis admitir! Teimosia). Talvez isso esteja ajudando a manter um diálogo saudável, inclusive com quem discorda do que falo... acaba que mais compartilhamos informações do que discutimos. Já recebi recentemente alguns comentários contradizendo o que eu abordava, mas de forma bastante respeitosa... isso é ótimo.

      Claro, da saudades das brigas as vezes... rs.

      Bem, eu espero que as ideias fluam cada vez mais e consiga fazer textos xD. Vou tentar não forçar a barra também.

      E vlw ai sr Mário!

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