Crítica: Juntos - Together - Um filme sobre Fusão

Juntos

Together

Um filme de Casamento e de Fusão ao mesmo tempo.

Ri alto quando percebi do que se tratava, e ao invés de horrorizado, achei foi hilário.

Juntos é um filme supostamente de terror, que usa e abusa de Horror Body pra causar desconforto visual, junto de uma trama misturada com drama, suspense e ocultismo.

Mas na verdade mesmo, a história é sobre como o Gogeta se sente quanto se funde.

Nunca imaginei que fariam um filme sobre a arte da polimerização, mas cá está!

Boa leitura, e tem spoilers.

O Trailer Entregou Tudo

Como ficou bem claro pelos trailers, "Juntos" é a história de um casal apaixonado que começa a se grudar e colar numa estranha maldição, e o que resta pro filme fazer além de mostrar cenas bem grudentas, é tentar explicar o que é essa tal maldição.

E nem se esforçaram pra isso, afinal resumem tudo a "Casamento".

Sim, quando duas almas se fundem no matrimônio, se for feito do jeito certo, seus corpos se fundirão também e o resultado disso será chamado de "filho".

Claro que, se tirarmos a parte metafórica e apenas olharmos tudo por um lado super literal, a ideia estúpida de mostrar duas pessoas virando uma só se torna real.

E este é o ponto que tornou um filme promissor de terror numa comédia involuntária.

Horror Pra Caramba

Carne se misturando, muito efeito prático mesclado com digital pra passar a ideia de coisas se fundindo, e claro, um monte de alucinações pra incrementar em jumpscares, é isso que o filme tem de melhor.

O problema é que tudo se resume ao grotesco. Falta impacto psicológico, falta atmosfera. O resultado é artificial e vazio.

Duas pessoas com quem nem nos importamos estão passando por uma união instável e é isso.

Aí tem um lance deles serem apaixonados mas cada um ter um nível de maturidade emocional diferente, e o que resulta disso é aquela clássica história clichê de um casal nada perfeito, se apaixonando novamente até decidir virar um só.

A Justificativa da Magia

Apesar de uma enxurrada de alegorias e metáforas, o filme é muito direto no que quer contar e explicar.

Há uma água bizarra, que se tomada por um casal, une ele pra sempre de todas as formas.

E isso era cultivado por uma seita da floresta em matrimônios até tudo se perder por causa de uma tempestade, mas claro, que muitas pessoas ainda encontram isso sem querer querendo, e se autoamaldiçoam ao casamento.

Começando com um casal perdido (sempre casais se perdem mas nunca explicam), a ideia é investir no mistério do que aconteceu com eles, enquanto um novo casal surge e cai na exata mesma armadilha.

Sem serem induzidos indiretamente por nada ou ninguém, mesmo que haja espaço pra isso ainda mais com o desfecho revelando que há muitos outros casos antes deles e gente ainda atuando em nome do amor, o longa apenas se perde na ideia e apela pro horror mas sem conseguir se sustentar.

Então no fim, é risível. 

O Desfecho

No final o casal que lutou o filme todo contra a própria relação, e que deveria ter aprendido algo com a ideia de se unir forçadamente, decide se unir de bom grado e se funde.

Disso, nasce uma bizarrice que unifica a aparência de ambos, criando um personagem completamente novo, que poderia facilmente ser o filho(a) deles, mas é apenas eles, como um só.

Enquanto isso, o outro casal que havia caído na maldição acaba se lascando pois cometeram um erro antes de completar a fusão, e tá lá pedindo socorro na caverna até hoje. Detalhe este que inclusive se perde na trama já que eles não apareceram antes, apenas na rodada final, quando já nem causavam medo.

E aliás, até consigo entender o que quiseram mostrar aqui. Pela faca no pescoço da metade "cara", parece que ele tentou se matar antes da fusão acontecer. Mas não dá pra se unir com a outra parte morta. Dá pra notar isso tanto pela voz apenas da metade "mulher" saindo, quanto dos olhos e pele mortos da metade "cara".

A ironia é que se o casal principal não tivesse se apaixonado novamente no fim, eles também virariam tal aberração.

E é isso, apenas isso.

O professor que convenientemente mora ao lado da casa do novo casal, é também uma fusão que deu certo, e ele todo feliz acha que todos no mundo precisam ser assim também, então pra ele tá tudo certo esfaquear os vizinhos pra que a água mágica do lugar junte os dois da forma mais dolorosa possível.

A Parte Boa

O melhor do filme, é que ele acaba.

Pior que dava pro filme ter aproveitado mais a alegoria que tanto o alimentou no começo pra entregar um desfecho mais medonho, sem precisar de conveniências.

Apenas chegar e dizer que o vizinho sabia de tudo desde o começo, e que tanto o casal perdido antes, quanto o novo passaram pela mesma atrocidade por cometerem o equívoco de se aventurarem pela floresta, e tomarem uma água de procedência duvidosa, é muito forçado.

Se fosse mais na pegada de "Hereditário", onde haveria pequenas pistas mostrando que a seita ainda atuava secretamente, e que talvez o objetivo deles sempre foi formar fusões pela cidadezinha, isso faria mais sentido.

Se o filme se esforçasse mostrando que, talvez, quem sabe, todos na cidade fosse fruto dessa união, com pessoas de aparência estranha, quem sabe até mostrando no começo casais felizes, e depois mais pra frente personagens novos mas que estranhamente pareciam uma união daqueles casais, caramba, seria bem mais interessante.

Mas, se esforçaram mais em mostrar como a união prematura pode gerar conflitos, que ocasionam em uma relação problemática, do que fazer um filme de terror decente.

Conclusão

Por isso digo, que filmeco viu.

Acho esquisito tanto crítico pagando pau pra filmes ruins assim... parece até que a galera se esqueceu o que é terror.

Enfim, é isso.

Obrigado pela leitura, acredite é melhor ler do que assistir mas, caso queira conferir, boa sorte.

See yah!