Crítica: Premonição 6 - Laços de Sangue - A Moeda Assassina

Estava tão ansioso pra assistir o retorno de uma das franquias de terror estilo "horror body" mais famosas de todos os tempos, que é difícil esconder a frustração.


O novo filme de pessoas que tentam escapar da morte é bobo, e infelizmente nem chega perto do que seus ancestrais fizeram.

O enredo prejudica bastante o suspense, e o horror é simplório e rápido de mais pra causar algum impacto, além disso tudo é bem fácil de prever. 

A sensação ao assistir é muito diferente daqueles outros filmes, sem causar medo de aviões, caminhões em engarrafamentos, montanhas russas com defeito, shoppings nem nada que soe familiar ou inofensivo até ser tarde de mais... na verdade o filme não tem uma única cena marcante.

São só mortes acidentais bem rápidas e sem todo aquele "estilo zombeteiro da morte", tirando talvez a moeda que se repete no começo e fim, apesar de até ela nem ser tão memorável.

Enfim, bora destrinchar este filme.

Boa leitura.


Morte do Suspense


"Laços de Sangue" nem esconde e já entrega a premissa do longa no título (e nos trailers), onde todas as vítimas estão conectadas pelo sangue, pois um ancestral enganou a morte e agora ela tá corrigindo sua lista e atualizando, porém não vá pensando que isso responde o mistério de todos os 5 filmes anteriores.

Eu mesmo havia pensado que o filme tentaria amarrar essas histórias, explicando que todos os grandes acidentes que vimos até então, eram só uma correção a longo prazo por conta do erro inicial da morte, mas nada disso.


Por mais que o filme chegue a sugerir isso, nada é conectado dessa forma, e na verdade o "Laço de Sangue" é o equivalente ao "Grande Acidente" do filme.

Todo Premonição costuma ter um Grande Acidente que é previsto logo no começo e impedido, e a partir dele a Lista da Morte é feita. Esse acidente inicial é praticamente um padrão pré-estabelecido na franquia e predomina sempre.


Exceto aqui, onde o acidente rolou no passado, na década de 50, e apesar de tudo ele já foi "vencido", por tempo suficiente pra que vidas inteiras se formassem, pra Morte ter bem mais o que ceifar.

Uma mulher salva um monte de gente de uma "Torre de Vidro" onde ela e seu noivo sobem, depois de ter a premonição de todos morrendo. Mas, quem vê isso é sua neta 50 anos depois, tendo sonhos repetitivos mostrando pra ela que sua avó devia ter morrido.


Com base nisso, a neta vai vasculhar, e causa a morte da avó, criando assim a abertura que a morte precisava pra continuar matando geral (sendo que, na lógica, ela podia matar todos quando quisesse e não fez por puro capricho).

Essa mudança pode soar criativa, mas prejudica justamente o maior marco de Premonição. Geralmente, o acidente inicial é moderno, e por ser com inúmeras vítimas (as que veremos posteriormente tentando se salvar), isso marca muito o espectador.

O maior medo vem desse grande evento inicial, e transformá-lo em algo do passado e pra lá de ficcional, faz o maior trunfo se perder.


E por mais que a ideia seja causar medo por nossa linhagem, nos fazendo temer que nossos avós tenham de algum jeito sobrevivido aos esquemas da morte, e agora pagaremos por isso... é bem ridículo pra funcionar.

Sem contar que o alarde disso é incomum, e se famílias inteiras estão pra serem ceifadas, qual a graça de acompanhar isso?

O que intrigava em Premonição era o acaso, a possibilidade de qualquer um de repente virar um alvo, e de saber que acidentes ocorrem a todo momento. Mas, relacionar tudo de forma tão direta (uma mesma família) só faz tudo se tornar muito mais previsível do que já seria, caso usasse apenas a fórmula da premonição.


A Fórmula da Premonição


Essa tal fórmula consiste no primeiro alvo, ou melhor, a última vítima do acidente principal sobreviver, e a partir daí surtar e começar a ver padrões em tudo quanto é acidente, prevendo assim os próximos que ocorreriam.

A tentativa dessa vítima, que se converte no protagonista, em salvar as pessoas que desconhece e procurar esses padrões não só pra sobreviver, mas pra tentar ajudar os demais que já salvou na primeira previsão, é o que nos faz querer assistir.


Então uma vez que já sabemos a ordem dos próximos eventos (idade) e os alvos (familiares diretos), o que resta é assistir as mortes e os acidentes, o que poderia ser bem grotesco se não fosse ridículo (até mais do que já eram).


E a protagonista, que nunca teve uma premonição real, apenas viu o acidente real da avó, sai lutando pra tentar salvar todos sendo que ela nem tem tanta razão pra acreditar. 

Inclusive o sonho premonitório dela soa até mais ridículo que a premonição que inicia os filmes, pois quem que contou pra ela? A Morte? O Destino? Ela era especial porque? Tantas perguntas, nada de respostas.


Acidentes Sem Criatividade


Todos os acidentes são rápidos, provocados por algo bobo, e encerrados com alguém sendo perfurado na cabeça ou esmagado, na cabeça. 

Mesmo os mais longos e com sofrimento envolvido são igualmente bobos, indo muito além do exagero pra sustentar a hipótese do que ocorreria caso alguém fizesse o absurdo de se colocar em risco absoluto.


O trailer mostra algumas mortes que não rolam no filme, como a moça que morre numa porta giratória, mas acredite, as mortes do filme conseguem ser ainda mais ridículas.

São mortes como, um cara cheio de piercings (inclusive nos órgãos genitais) entrando numa sala de Ressonância, como se nem houvesse proteção contra isso.


Ou então uma família indo pra uma cabana repleta de espinhos, ferrolhos e coisas pra matar, achando que lá é um lugar seguro só porque alguém que morreu lá, sobreviveu por muito tempo.


Acidentes como alguém caindo num caminhão de lixo (é sério mano) e sendo esmagado é tipo... tolo até de mais pra aceitar.


E olha que to falando de uma franquia que já fez coisas como um cara morrendo numa churrasqueira, e duas moças numa sessão de bronzeamento... e juro que até nesses casos soava mais crível que aqui.

Pois aqui, os acidentes mortais não são consequências de pequenos erros sequenciais, e nem são surpreendentes ou imprevisíveis. Muito pelo contrário, são tão simples que a gente pensa "Só isso?" e sai meio decepcionado.


Humor e Subversão


Comédia e terror parecem irmãos que nunca se desapegam e convenhamos, virou moda fazer piadinhas no meio de filmes pra assustar. Só que geralmente essas piadas são pra nos deixar confortáveis e propensos ao choque que vem com imagens fortes, e não apenas como deboche.

O que Premonição 6 faz é puro deboche, dando voz a personagens bastante carismáticos pra enfrentarem a morte, sem que haja consequências diretas.


Inclusive enganam com o trailer, mostrando um dos personagens mais hilários sofrendo acidentes que nem ocorrem de verdade no filme, entre outras coisas.

Se a intenção era brincar com nossa expectativa e surpreender com algo mais voltado pro grotesco, isso não funciona.


Efeitos Especiais


Os efeitos deixam a desejar, e apesar de serem viscerais e talvez agradarem quem goste de sangue e carne exposta, confesso que de todos os Premonições este filme foi mais ridículo e repetitivo.

Todo o horror body se resume a cabeças explodindo, no máximo um queixo deslocado mas, no geral é gente esmagada e sangue pra todo canto. Parece uma descrição bizarra mas acredite, acontece tanto que rapidamente passamos a notar que é tudo só efeito digital.


Além disso, não choca, pelo menos eu não me vi chocado em momento algum, pois são coisas esdrúxulas de mais, e nada plausíveis. 

Perdi tudo quando vi um cara morrer pra um cortador de grama por pisar num caco de vidro... um suspense lascado pra mostrar uma resolução tão tosca.


Acho que o problema nem é o desfecho, pois é claro que gente morta vai causar desconforto, mas a ausência de uma construção decente pra isso.

É tipo o final, onde um trem vem e bum, esmaga geral. Tudo é só rápido, sem intensidade, sem suspense, sem uma boa montagem, nem consequências ao fundo. Difere por exemplo de todos os acidentes finais de todos os demais Premonições (que geralmente também são colossais), e cito até o acidente do Metrô, que é puro suspense seguido de horror.

Aqui, é só mais do mesmo que o filme foi tacando atoa, sem reviravoltas, sem nada criativo, sem sequer algo que nos faça ter medo.


Antigo Elenco


E não espere participações especiais ou citações, nada disso rola, tirando é claro o negão que sempre "ajuda" as vítimas a tentarem achar um jeito de saírem dos tramites da morte.

O cara que trabalha com corpos é melhor amigo da vó da protagonista, e foi a pessoa mais jovem que ela salvou no passado, quem teria morrido depois dela.

Então pra ele, faz sentido lutar pra evitar que os herdeiros dos sobreviventes morressem, mas ao invés disso ele apenas ajudou a boa velhinha a sobreviver, e posteriormente passou a trabalhar cuidando dos mortos.

E claro, ele desiste de lutar agora, que sabe que ela se foi e provavelmente ele será o próximo em breve.

Inclusive, ele diz que está com câncer, igual ela, e é questão de tempo até a morte chegar pra todos.

Se ele desistiu, pra que perder tempo vendo os outros lutarem. Este é o ponto em que o filme perde todo o interesse do público.


A Moeda


E claro, tenho que falar da moeda... mano... o filme gira em torno de uma moeda que deveria matar centenas de pessoas, mas não consegue... aí a morte espera até finalmente usar essa moeda pra matar os herdeiros dessas centenas de pessoas.

Genial hein... sendo que no fim mais um monte de pessoas que não tinham nada a ver com a moeda morrem.


Ou a morte tem muitas listas pendentes (trabalhinho mal feito hein), ou o filme apenas não soube empregar sua ideia de "Laços de Sangue" corretamente, e foi atirando pra todo lado.

Pior é que ignoraram tanto as consequências que talvez, se parassem pra mostrar um pouco das outras vítimas paralelas, o filme se tornaria mais interessante.

Fico triste por notar que talvez, o terror esteja completamente arruinado por falta de tato dos produtores.

Parece que se esqueceram como se cria algo decente, algo que assuste, algo que impacte ou traumatize.

Premonição 6 é a prova viva disso, mostrando algo bem feito, mas tão simples que cai no esquecimento, diferente dos seus antecessores.

Essa nova geração tá fogo.

Até hoje tenho medo de estradas, de aviões, de shoppings, de parques, de corridas e de pontes...

É isso.

Obrigado pela leitura, só quis comentar um pouco e pra mim, não compensou ver.

See yah

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