SérieMorte: Terça do Terror - Cópia, Curtas e Ideias

Essa nova série de terror antológico da Netflix é boa, mas tem um cheirinho forte de plágio de ideias logo no primeiro episódio. 

É que, apesar da sinopse anuncia-la como inspirada em fatos reais contados em uma rádio tailandesa (e não, não são fatos reais, são pura ficção sobrenatural), logo de cara o primeiro conto antológico é exatamente o mesmo de um curta da ALTER chamado "O Criador de Bonecos".


Chega a ser esquisito como até mesmo o plot twist do final é o mesmo, só que ao invés de tudo ser contado em 9 minutinhos, é esticado pra 40 minutos.

Não que tenha ficado ruim, na verdade pra quem não conhece o curta é bem capaz de soar um baita episódio de estreia, fazendo aquela abertura pra empolgar. Só que pra quem conhece, é muito difícil desvencilhar das semelhanças e ignora-las, e os exageros acabam saltando aos olhos com muita facilidade.

Ai fiquei me questionando, quem veio primeiro? O curta da ALTER de 2019, ou o conto original da rádio Angkhan Khlumpong no qual essa série de 2024 se inspirou? Quem plagiou quem?? Mas além disso, os demais episódios não deixam a desejar.

Enfim, bora dissecar isso.

Boa leitura.


O Primeiro Episódio
"Nossa Irmãzinha"


Vamos dar aquela resumida no episódio "Nossa Irmãzinha", mas sem esticar muito.

Ele conta a história de uma garota que sofreu um acidente de carro com a mãe, e a irmã. Ela então vive o trauma em depressão, ao lado da mãe, enquanto e consulta com um médico, sempre descrevendo que está ruim, mas a mãe tá pior ainda.


Daí um dia, a mãe que tá praticamente catatônica pela perda da filha, adota uma boneca feita com rituais xamãs, que apenas ela visualiza como sendo a filha perdida, mas viva. Ela então passa a cuidar dessa filha com carinho, amor, alegria, comida de verdade e os caramba, e também precisa seguir regras com a boneca, não pode se afastar muito de casa (respeitando um limite de fitas impostos pelo xamã) e tem que botar ela pra dormir na hora certa em uma caixa.


Enquanto a outra filha é ignorada cada vez mais em sua própria depressão. Ela só tem um passarinho, e conversa com um amigo chatíssimo no celular, que dá alguns conselhos e tal, e impede que ela acabe fazendo algo contra si mesma. 


De toda forma, ela fica muito incomodada com a neura da mãe, enquanto é assombrada pelas memórias da irmã, e até vê fantasmas que são difíceis de distinguir como reais ou pura alucinação.


E a boneca, feia pra burro pelo excesso de realismo nas expressões, da um medinho mesmo sem nem precisar andar, falar ou girar a cabeça em 360º. O clima é legal pra quem quer se cagar de medo.


Ai uma hora, a garota tenta tirar a mãe da loucura dela, afastando a boneca depois de uma experiência de pesadelo bem vívida com sua irmã morta aparentemente possuindo a boneca. Mas a mãe não curte, e decide matar a outra filha, num complô com a boneca silenciosa.


No meio do suspense, enrolação pra um jantar com veneno e cadeiras cheias de amarras, a mãe se mata primeiro tomando um baita copão de veneno, mas não antes de dar umas esfaqueadas na filha chocada com tudo isso, com ainda por cima a boneca só de olho.


Até que, depois de por um milagre conseguir fugir das facadas, a menina vai jogar a boneca fora e pronto, ela vira o sete pele, partindo pra cima e enforcando ela.


Tudo fica bem brutal mas, ela consegue ajuda da mãe que tem uma tolerância a veneno sem igual, e consegue sair da casa com a boneca em seu formato normal.

a protagonista fugindo com a boneca

Até descobrir que tanto a irmã, quanto a mãe dela, eram todas bonecas.


Ai tem aquele momento expositivo do médico explicando que ela perdeu as duas no acidente, e a primeira boneca, da mãe dela, foi ela quem comprou com o xamã. A segunda foi o estopim do pesadelo dela mas, ela também comprou.


Moral da história, ela tava zoada das cabeça, não tomava os remédios, alucinou legal com fantasmas, demônios e parentes ressuscitados, e até o amigo dela no celular era alucinação.


Faltou só o passarinho virar alucinação também, e o médico, mas de toda forma ela termina o episódio caindo na real, chorando na chuva, e pronto, sem solução, sem desfecho, apenas ela voltando à estaca zero da depressão.


O Curta 
"O Criador de Bonecos" 
da ALTER


É só 8 minutos, da pra assistir, colocarei o vídeo abaixo (tá no canal oficial):



Mas pra resumir a ópera:

Um homem e sua esposa sofrem a perda do filho, e compram um boneco com um vendedor de bonecos mágicos, que aparentemente tomaria a forma da criança deles enquanto eles respeitassem algumas regras, como nunca tira-lo da casa, e nunca passar mais de 1 dia com ele, sempre colocando-o pra dormir numa caixa por 1 dia pra voltar a usa-lo. O excesso de uso tinha propriedades viciantes.


Daí eles enxergam o boneco todo esquisito como o filho, e o negócio realmente funciona. Porém o marido com o tempo começa a ficar preocupado com a esposa, que passa a ficar cada vez mais catatônica e dependente emocionalmente daquele boneco de pano.


Apesar da ilusão funcionar, ele sabia que não era real, e tenta tirar ela dessa solução temporária, notando o quão ruim era pra ela, e testemunhando todo definhar dela. 


Ai um dia ele tira o boneco da casa, e sua esposa tenta impedi-lo, até que ele consegue tirar de fato e pronto, ele para de virar seu filho, e a outra boneca deixa de ser sua esposa.


Pois o plot twist é que ele próprio tinha comprado uma boneca da esposa, após perdê-la quando ela não aguentou ter o boneco tirado dela pela primeira vez, e tinha esquecido disso.


Daí ele volta pra casa, pede perdão e continua viver na ilusão eterna.

Note que há muitos pontos em comum nas duas histórias, e eu acabo preferindo a do curta por ela ser mais direta (e até mais clara), também por não precisar de exageros como fantasmas, pesadelos, alucinações e até demônios, pra incrementar uma história que por si só já basta. 

Enquanto a história "Nossa Irmãzinha" da série "Terça do Terror" foi escrita por Chayan Laoyodtrakool e Charchai Worapiankul, e com produção da BrandThink Cinema Prodution, a "The Toymaker" da ALTER foi escrita por Matias Caruso.

Acho muito difícil que os dois tenham pensando nas mesmas ideias do zero, e se a fonte de inspiração saiu da tal rádio, cabia uma menção criativa não?!


Segundo Episódio
Vestido de Noiva


Felizmente parece que as ideias começaram a ser mais originais no segundo episódio, com uma que eu não me recordo de ter visto antes. Ele conta a história de um Vestido de Noiva assombrado.


Apesar de um bom conto, é um pouco estendido de mais, gastando um bom tempo de tela com suspense, e idas e vindas na linha do tempo. É até meio estranho o jeito como ele constrói suas reviravoltas, pois pra cada evento macabro, rola um longo flashback pra explica-lo.


É um terror bom, com horror gráfico de dar agonia e uns efeitos legais. Tem uma cena de nudez frontal gratuita que podia ser ignorada, mas tirando isso, até que é tudo bem feito.

A narrativa por outro lado é costurada como uma colcha de retalhos pra contar algo bem simples. E ela nem enrola, ela só parece dar atenção de mais aos detalhes que menos importam.


Resumindo tudo, uma moça arranja emprego em uma loja de vestidos de noiva, e no meio de uam venda com uma cliente acima do peso, ela acha um vestido amaldiçoado por um fantasma.

Daí ela é assombrada por ele, chega a ser possuída e perde a memória sempre que o fantasma encarna nela. Daí a história é toda cortada, montada com cenas do presente e flashbacks longos, até chegar no fim e fazer tudo ficar claro.


O fim é que a dona da loja matou sua última funcionaria, que também fazia vestidos, e agora a loja é assombrada por ela.


O problema é que cara, demoram muito na cena de flashback dela pra explicar a origem do fantasma, contando uma história a parte, em que a antiga funcionaria era acima do peso, emagreceu fazendo cirurgia e praticando bulimia, além de tomar remédios, e nunca se enxergou magra. 


E ela fez isso tudo pra caber em um vestido que ela confeccionava e talvez se casar, mas ai ela surta, ataca a chefe e a chefe a mata em autodefesa. 


Só que, a chefe joga o corpo dela na caixa d'água da loja, e contrata outra pessoa pro lugar dela como se nada tivesse acontecido, dando inicio a assombração.


A nova funcionaria, coitada, pagou o crime da chefe, até a chefe voltar e se lascar de vez. O fantasma só queria se vestir de noiva e massacrar geral... como um bom fantasma vingativo e surtado faria.


Daí ela incorpora a nova funcionaria, casa com um cadáver do namorado dela, veste o tal vestido, e mata a chefe. 


Pô, ela faz todos os pontos pra ficar de boa e desencarnar, mas como o corpo dela tá na caixa d'água a tendência é permanecer ali matando quem vier.

 
Episódio 3

Assistindo, analisando, digitando...

O artigo está em desenvolvimento...

Manterei publicado até receber as próximas atualizações.

See soon.

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