CríticaMorte: Divertida Mente 2

Esquisito falar de um filme Pixar por aqui, ainda por cima uma continuação que eu julgava totalmente desnecessária, contudo, nunca senti tanta atração por um filme na vida, ao ponto de não conseguir evitar a ansiedade.

Divertida Mente 2 é engraçado e muito tocante, assim como foi o primeiro. Ele tem alguns furos lógicos e de continuidade, mas isso não afeta em absolutamente nada a experiência, trazendo todas as emoções necessárias para que terminemos com vontade de mais.

Enfim, bora falar o que achei do filme, afinal eu mal me segurei pra assistir.

Não tem spoilers, fica sussa.

Boa leitura.


O Maior Erro foi um Acerto

Novas 5 emoções chegam à mente de Riley, e o conflito delas com as 5 originais é o foco dessa nova história.

Esse é principal acerto e também maior erro do filme, pois apesar disso servir como essência pra nova fase da Riley, isso também cria alguns precipícios de continuidade que não dá pra ignorar.

Afinal, no primeiro filme havia uma piada recorrente que mostrava as 5 emoções (Alegria, Tristeza, Raiva, Nojo e Medo) na mente de outras pessoas além de Riley, como seus pais por exemplo. Até animais tinham as emoções, e sempre eram as mesmas 5. 

De variação o máximo que havia era a troca de posicionamento do líder (afinal, cada pessoa teria uma emoção mais forte que as demais) e a aparência em detalhes (como cabelo, formato, etc). Contudo eram sempre as mesmas 5.

Com a chegada das novas 5 emoções, algumas dúvidas nascem na cabeça do espectador, pois é fácil notar que essa inovação é forçada, e não combina com o que o próprio filme mostra.

Já que ainda há a recorrente piada, mostrando inclusive amigos da Riley (com a mesma idade, e passando pela mesma fase) com as mesmas 5 emoções principais.

As outras 5 apenas não existem na cabeça das demais pessoas, o que convenhamos, é estúpido. 

Só que essa é uma crítica baseada em um detalhe que não prejudica a trama, já que não é sobre as demais pessoas que o filme fala, é obre Riley, o mundo é ela, e o que importa é apenas ela.

Perde-se um pouco do sentido, mas se ignorarmos esse detalhe dá pra adorar o longa.


Quais são as Novas Emoções

Ansiedade, Inveja, Timidez, Tédio e Nostalgia, essas são as novas 5 emoções que invadem a cabeça de Riley, justamente por conta da temível Puberdade.

Era de se imaginar que usariam essa transição natural pra ilustrar o surgimento dessas novas sensações, mas o jeito que o filme faz é adorável, e segue o ritmo perfeito para nos agradar.

Ele começa com o impulso de exageros, aquele pico de emoções que torna o jovem na puberdade tão instável, e em seguida ele começa a mostrar novas vertentes das emoções principais, que lutam pelo controle do cerne da jovem Riley.

Ansiedade é o contraposto da Alegria, não apenas na forma de pensar e agir, mas como líder assumida da trupe, muito mais agitada, maluca e descontrolada, mas ainda com iniciativa para guiar a todos.

Timidez seria o contraposto da Tristeza, e é engraçado como ambos se conectam, quase como um casal fofo.

Tédio seria o contraposto do Medo, onde o Medo em si teme a tudo, e o Tédio apenas evita tudo, se afastando de geral.

Inveja é muito a cara da Nojinho, e ambas inclusive interagem muito bem juntas.

Por fim, não há uma relação direta com o Raiva, afinal a Nostalgia, uma emoção "idosa" e calma, só aparece em piadas pontuais pois ainda é cedo de mais pra ela. Mas, seria o contraposto dele, justamente por sua calmaria.

Não é preciso explicar muito o que é cada emoção pois o nome já diz tudo. Eles despertam as sensações correspondentes a eles em Riley, que reage mas, não se limita a isso pois a trama agora não é ela despertar ou não emoções, mas sim ela amadurecer.


A Nova Aventura

O formato é o mesmo do anterior: A protagonista chamada Riley vive sua vida, enquanto suas emoções tem interações paralelas dentro dela, fazendo manutenção do que ela sente. Então são duas histórias ao mesmo tempo, a de Riley passando por uma experiência pré-ensino médio, e suas emoções lidando coma Puberdade. Contudo...

Riley criou um núcleo de emoções que define quem ela é em seu âmago. Ela já não depende das emoções para reagir em vida, e nem é guiada por elas, mas ela ainda precisa da influência delas para algumas decisões.

Além disso, ela construiu esse núcleo recorrendo a ele inconscientemente, sempre que vai decidir algo, e as emoções só fazem a manutenção desse núcleo, incluindo as memórias que julgam melhores para que Riley seja sempre a melhor pessoa possível.

Com a Puberdade, as novas emoções tomam o controle, pois tudo pega as 5 principais de surpresa. Só que essas novas emoções não são muito amistosas, e apesar de também quererem o bem para o mundo, elas não fazem cerimônia em se livrar das originais.

Nesse ponto, a história repete a fórmula do primeiro filme, só que agora ao invés de Tristeza e Alegria indo corrigir uma falha, agora as 5 principais saem do console de controle pra irem na busca da solução dos problemas, e retomar o controle da mente da Riley.

Pra variar mais ainda, a Tristeza se separa do grupo, indo pra uma jornada solo, criando uma ressignificação de sua presença em Riley.

De certa forma, todas as emoções tem destaque, e a Alegria mantém o protagonismo, mas dando espaço para as demais, incluindo a estreante Ansiedade.

Há espaço até pra personagens novos, como os "Segredos", que são engraçados, mas não tão participativos.

Seriam eles personagens (como o Amigo Imaginário do primeiro filme) que vivem confinados nos cofres de segredos de Riley, e cada um deles tem sua própria arte, pois são personificações de memórias que Riley esconde, como o que ela gosta e se envergonha, seu primeiro amor, e o misterioso segredo obscuro.


Uma Continuação Decente

Quando pensei no fato de não fazer sentido continuar a trama de Divertida Mente, foi por não achar que tinha mais pra mostrar nesse universo, afinal o tema eram emoções e como estas definem a personalidade de alguém, mas com a mensagem de que no fim, toda emoção é válida, e devem conviver em harmonia.

Então vem um novo filme, com novas emoções, pra contar exatamente o que? Como as novas emoções devem encontrar a harmonia da convivência para criar uma personalidade mais madura? É praticamente mais do mesmo... era o que eu pensava.

Assistindo o que notei é que o filme quer contar uma nova etapa da harmonização mental, uma fase nova retratando justamente o amadurecimento do jovem para o adulto.

É errado rejeitarem essa ideia com a piada recorrente no primeiro filme? Sim, muito, mas provavelmente nem tinham pensado nisso na época, então dá pra relevar.

Tanto que no final desse filme, tem uma cena pós crédito que mostra os pais de Riley com a Ansiedade dando um oi em suas mentes, mas logo voltando para os bastidores.

Algo que também ocorre com a Nostalgia, que sempre surge pra dar um oi mas, retorna para os bastidores.

Isso significa que há mais emoções, e cria espaço para que elas surjam futuramente. Mesmo que, ao meu ver não há motivo algum para trazer mais um filme de Divertida Mente, eu também me vejo na mesma posição de antes, negando algo que desconheço, por mero preconceito técnico.

Boas histórias não precisam ser absolutamente originais para serem boas, e é isso que Divertida Mente 2 mostra. 

É agradável de assistir, a arte é incrível, a história é bem construída, e é divertido, fazendo rir muito. Também faz chorar, e bastante, e é algo que mesmo não sendo uma grande novidade, é interessante eu diria até indispensável de se acompanhar.

Assisti duas vezes, e creio que assistirei mais pois, eu realmente curti.

Me identifiquei, ainda mais com o desfecho sobre como a crise de Ansiedade pode arruinar a gente, ao mesmo tempo que é tão necessária... mas, se eu falar mais disso ai vou dar spoiler e não quero.

É isso.

Só falando por falar.

See yah!

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2 Comentários

  1. O filme é lindo (nem vi) mas sendo pixar não tem como ser ruim (eu falava a mesma coisa da marvel) mas cá estamos, já já vejo, mas acredito que seja tão bom quanto o hype que ta levando!!

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    1. Ele é sim, não é um Wall-e da vida, mas é lindo. Não chega a um Toy Story 2, mas vale como continuação decente. O filme pelo menos diverte, sem mentira.

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Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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