CríticaMorte: Sting - A Aranha Assassina - Melhor Filme de Aranhas que já vi

Não curto filmes de monstros quem dirá de "Aranhas Gigantes" mas caramba, este é um dos melhores de terror que já vi, e olha que já venci minha aracnofobia (achei que tinha vencido mas acho que voltou com tudo).


Ironicamente ele tem uma pancada de clichês do gênero, mas todas funcionam! É estranho notar que, mesmo usando coisas que todos estão cansados de ver, um filme quando bem executado funciona como um grande clássico! Mal acredito que seja um filme de 2024, época em que o gênero do terror parecia tão saturado.

O filme é de suspense e terror com monstros sim, mas também tem um cadinho de drama (bem realista e sem forçada de barra) e ainda tem ação e reviravoltas, ao estilo Stephen King. Diria até que há momentos em que quase parece um daqueles filmes de "heróis do terror", mas não, ele é apenas bem medonho mesmo.

Bora falar o que achei, e contar como eu quase fui vítima de um Sting!

Boa leitura.


Aranhas do Mal


Todo filme de terror com aranhas faz a mesma coisa: Bota os bichinhos pequenos tocando o terror sem serem exatamente letais, depois vai aumentando eles até virarem realmente mortais.

Mas, aqui as coisas são diferentes nesse sentido, pois a criatura é bizarramente medonha ainda pequetuxa. 


Ela cresce?! Claro, não perderiam a chance de brincar com um boneco animatrônico de efeitos práticos e grotesco, gigante e assustador, afinal o que mais assusta nas aranhas é a aparência escura, com pelinhos e muitos olhos, além das presas cheias de baba, com aquele barulhinho... meu deus...

Mas também usam e muito o medo causado pelo aspecto minúsculo. Nunca se sabe onde a aranhinha pode estar, e quando se percebe, bum, picadura pelas costas (pera...).


O longa sabe bem disso, e aproveita isso para construir suspense, juntamente com uma narrativa baseada em múltiplas tramas individuais. 

Cada personagem tem uma baita história antes da aranha surgir, mas a aranha é a primeira coisa que surge, e está lá o tempo inteiro só de olho na galera. 

O mais interessante é que, a Aranha nomeada Sting não é a única "aranha" da trama, pois a protagonista chamada Charlotte (nome curioso diga-se de passagem), também se comporta como uma "aranha".


Questões comportamentais de cada personagem ajudam a construir o terror, já que nunca sabemos exatamente pra qual tipo de filme a história nos levará. A princípio tudo parece o mais básico terror com monstros, em que uma criatura sai matando geral e pronto, carnificina é a atração. Só que tudo vai além disso, e mostram uma história mais rica do que um mero extermínio monstruoso.


Personagens Interessantes


Nos aproximar do elenco é a necessidade inicial para que um terror com mortes dê certo. Não basta botar vários personagens tendo mortes terríveis, para que o espectador libere endorfina, é preciso criar um ambiente em que nos importemos com eles, e nisso o filme triunfa.


Todos, sem exceção, são importantes, e igualmente atrativos. Todos tem uma performance digna de Oscar (exageros, mas eu realmente gostei), e mesmo os papéis mais simples, são funcionais.

A gente sabe que, dar carisma pra galera cria simpatia, e arrancar eles de nós cria a sensação de perda que torna o terror válido de atenção. Mas, e quando todos inclusive o monstro são simpáticos?!


O filme não tem vilões, nem o próprio monstro é um "vilão". Antagonista sim, vilão jamais! Afinal ele não faz mal por maldade, ele apenas foi educado assim.


No elenco principal temos Charlotte, que achei o nome curioso pois se não me engano, é um nome comum para aranhas (quem nunca viu "A Menina e o Porquinho"? Também chamado de "Charlotte Web", afinal a aranha simpática se chama Charlotte), mas o comportamento da mocinha também é similar a essa espécie.


Ela não cria teias nem escala paredes, muito menos se veste de vermelho e azul e sai pelas cidades tirando fotos e combatendo o crime, porém, a pequena Charlotte se esgueira pelas tubulações de seu prédio, espiona as pessoas, rasteja e pega o que precisa e deseja, voltando pra sua toca em seu quarto.


Até mesmo é silenciosa, e em momentos chega a assustar com seu semblante misterioso e perturbadoramente macabro, intimidando quem ousa pisar em sua "toca".

Tem o padrasto dela, que além de ser um artista incrível, mas em busca de um sucesso dificultoso, ele a inspira muito, em busca de sua aprovação.


Clichê? Acredite, não soa assim, ainda mais quando nos identificamos com o personagem e entendemos características que ele demonstra, como estresse acumulado, sensação de insuficiência pros demais, busca constante pela aprovação alheia e a necessidade de se trabalhar com o que não se gosta, para manter o sustento seu e dos dependentes.


O negócio piora quando o personagem mostra sinais de ansiedade, e enquanto desempenha a função de zelador do prédio, o acumulo de cobranças só aumenta mais ainda essa ansiedade, sendo difícil não esperar o pior disso.


Tem a mãe, sobrecarregada com trabalho e funções maternais ainda mais com seu bebê recém nascido, e o estresse por ter de ponderar e mediar a própria família. 

Não é suficiente ter uma filha que tá quase naquela fase rebelde, mas ela ainda precisa lidar com um casamento perdido, e um casamento recente que acaba entrando em conflito. Manter as estribeiras enquanto lida com os segredos, protegendo quem ama das verdades do mundo, é algo que a perturba, enfraquece psicologicamente, e cria uma vulnerabilidade sem igual, tornando ela bem frágil.


Mas, se não bastasse isso, ela ainda cuida da mãe com Alzhimer, e precisa conviver com o fato dela nem saber quem ela é, jamais a reconhecendo por conta da doença. Ainda tem a tia dela, real dona do prédio em que ela e sua família residem, que acaba dificultando muito sua vida com também cobranças e intervenções inadequadas.


E claro, tem o bebê. Ele não tem falas, mas rende cenas ainda mais tensas que aquela do bebê de "A Bruxa". O negócio é pesado viu...


Falando das duas senhoras, a velhinha com Alzhimer é simpática, coberta de crochê e cheirando naftalina, como todo bom idoso, sempre sorrindo, sempre feliz, sempre tricotando, independente do que ocorra ao seu redor.

É curioso que a trama se inicia a partir dela, usando sua condição mental para nos inserir no fim da história, sem que saibamos de nada, igual a ela. A sensação é bem desagradável, e por isso dá tão certo, já que já temos ciência de que tudo terminará "mal", mas não pra ela, criando as dúvidas do que aconteceu, e porquê ela foi poupada.


A tia chata é manipuladora, conversa com o marido da sobrinha, cobrando a perfeição mas também acusando ele de ser só mais um homem dentre muitos. É interessante que, por ela sempre estar maquiada e toda arrumada, isso dá a entender que ela tem um passado "chique". Talvez ela sofreu tantas desilusões amorosas que não acredita mais nisso, e desaprova qualquer um que surja, e isso também influencia nas suas atitudes.


Além do núcleo familia principal, há coadjuvantes que são todos tão importantes quanto! Por exemplo, o Dedetizador, que surge ainda no começo e parece ter sido tirado de um filme de comédia.


Ele fala muito, muito mesmo, e acaba parecendo um alívio cômico da obra, o que sempre é um mal sinal (filme de terror com alívio cômico tende a ser bobo e amenizar o medo). Mas é justamente isso que faz ele ser interessante, pois sua profissão, assim como sua presença, da a impressão que ele será mais importante no fim.

Mas o filme também aproveita essa característica pra criar reviravoltas e claro, surpreender. 

Há a moça hispânica, que quando surge está em depressão, mas ainda é sorridente e simpática. A razão de sua tristeza nunca é totalmente explicada, ela só olha pra uma foto de família e chora, com seu cachorrinho (aliás todos no prédio tem algum pet, por isso que é proibido ter pet em prédios... atrai aranhas).


Mas a lógica é que ela teria perdido a família, e vive lá sozinha agora, e não precisamos dos detalhes para entender sua tristeza.
 
Inclusive, nunca há exposição de detalhes sabe? Nunca param pra ficar conversando sobre o passado triste que tiveram, tirando o filme daquele terror aracnídeo e nos distraindo com roteiros secundários. As histórias secundárias fazem-se presentes, mas elas são secundárias, e permanecem dessa forma até o fim.

Um acerto sem igual, pois achamos que uma hora ou outra o filme vai se aprofundar no drama, e ao invés disso, ele retoma o terror de um jeito brusco e violento, mas sem perder o controle sobre si mesmo.


Um último personagem do qual necessito falar é o biólogo macabro. Um cara trancado em seu apartamento, que faz experimentos com animais, no caso peixes, para criar algo mutagênico em prol da humanidade, mas sempre num ar sombrio.

Parece aquele clichê do cientista maluco que vai piorar tudo? E tecnicamente é, mas não é por conta dele que a Aranha é tão terrível. De certa forma ele só aparece para nos dar algumas boas explicações de que, nada é ignorado.

E não, ele não explica o que o animal é ou porque é ameaçador, afinal isso a gente descobre na marra. Mas ele mostra que uma criança com um monstro escondido, não passa desapercebido pra sempre, apenas isso.


Ele é sinistro? Pra caramba, mas ele não é maligno, nem faz nada pra prejudicar, mesmo que o que faça acelere o que é inevitável.


A História da Aranha


Então né, dar spoilers é minha praia mas nesse caso, eu gostei tanto do filme que apenas recomendo que assista. Tá no Prime e compensa.

Mas em resumo: Uma aranha vem do espaço, é cuidada por uma mocinha inocente, e acaba crescendo mais do que deveria, procurando alimento cada vez mais compatível com seu apetite.

A aranha em si é só uma aranha, mas ela tem capacidades especiais como "absorção" de características das vítimas. Ela é esperta, sabe ser submissa a quem a alimenta, até que se torne independente, e ela segue seu rumo. 


Aliás, que tal ao invés de contar a história de Sting, eu conte a história da Mini-Elise?

A um tempo atrás, estava eu enfrentando uma infestação de formigas no meu quarto. Tempo quente, tinha umas formiguinhas minúsculas andando sempre a procura de um lugar pra se instalarem.

Já tive problemas antes, e uma vez achei uma infestação num controle de Xbox, e eram tantas, mas tantas, que o controle foi direto pro lixo. Infelizmente elas amam coisas eletrônicas e isoladas, e convenientemente meu quarto é repleto delas.


Mas, estava eu na batalha para vencê-las quando um dia, do nada, apareceu uma enorme. Tinha umas 10 vezes o tamanho de uma formiguinha, parecendo mais uma daquelas formigas comuns de barro (quase 1 centímetro). Eu havia pesquisado um pouco antes e soube que as Formigas Rainhas dessa espécie tem exatamente esse tamanho, e elas costumam criar vários formigueiros separados, cada um com sua rainha.

Aquela formiga era uma rainha procurando um novo ninho, e tava bem do lado do meu computador, na parede, ao lado do monitor. Me chame de mau mas, eu estapeei ela na intenção de mata-la, mas errei a mira, e o tapa a fez cair.

Procurei no chão, e não encontrei vestígios do inseto, imaginando que teria muito em breve uma infestação no meu PC. Só que, ao passar os olhos pelo canto da parede, ao lado da minha mesa, notei a formiga rainha presa numa teia minúscula.

Então, observei, e uma aranha pequenina apareceu, tão pequena que tinha praticamente o mesmo tamanho das formiguinhas. Ela foi faminta na direção da formigona, que se debatia em sua teia, até envolve-la em sua teia e puxa-la lentamente, pra um canto mais escuro.


Sim, eu observei por vários minutos ela almoçando, e ao invés de sentir medo, principalmente por ter uma aranha do lado de onde eu costumo botar minha mão no mouse, eu fiquei feliz. Já que tecnicamente, a aranha protegia meu PC!

Batizei ela imediatamente de "Mini-Elise" (Elise é um campeão aracnídeo de League of Legends, que eu tava jogando na hora que a conheci), e meio que a adotei.


Pensei "Nunca matarei a Mini-Elise", e a deixei ali. Se ela queria aquele ponto como seu ninho, que fosse. 


Alguns dias depois, vi outra formiga rainha, dessa vez no chão. Peguei ela, e ainda viva joguei na teia da Mini-Elise (a outra ainda estava la enrolada), e ela veio, quase como se me agradecesse pelo rango renovado.

Eu então rebatizei ela de "Mini-Elise, Devoradora de Rainhas", e sorridente continuei meus dias.

Até que, enquanto via uma série, uma aranha um pouquinho maior que a Mini-Elise, Devoradora de Rainhas, apareceu pendurada descendo na frente do monitor. Bati as palmas das mãos nela no mesmo instante que a notei.

E em seguida senti um frio na espinha, pois eu lembrei da Mini-Elise, Devoradora de Rainhas.


Meu pé congelou, meu chão sumiu, eu senti a perda e chorei. Sim, eu chorei por causa de uma aranha, mas principalmente por eu provavelmente tê-la matado. Parei o filme na mesma hora, chorei bastante... e procurei por ela na teia.

Não a vi, e chorei ainda mais. Eu era um assassino de aranhas... eu havia matado a defensora do meu PC, por reflexos, mas não tirava minha culpa.

Os dias passaram, e acabei esquecendo o ocorrido, até que uma nova formiga rainha apareceu. Eu a matei, e joguei ela na direção da teia. Foi quando me surpreendi... a Mini-Elise, Devoradora de Rainhas não estava morta. Na verdade, ela tava um pouco maior, ainda pequena, mas não tanto quanto antes, e ela puxou a formiga para um ponto um pouco mais fundo do canto da mesa.


Ela havia realocado sua teia, talvez por eu ser meio chato com os cliques do mouse, mas ela ainda estava ali.

Fiquei feliz, e tudo fez sentido, já que eu não tinha mais infestação de formigas a tempos. Ela permanecia protegendo o PC, e a aranha que eu matei talvez era da mesma família, mas não era ela. Aranhas costumam se reproduzir bastante afinal de contas...


Os tempos passaram, e um dia eu vi uma aranha saindo do canto dela, mas estava maior que ela, já tinha um tamanho notável. Em condições normais, eu a mataria por reflexos, mas eu apenas parei, olhei pra ela, e imaginei que era a Mini-Elise, Devoradora de Rainhas, se mudando.

Já que não tinham mais formigas por ali, ela provavelmente estava buscando um lugar para se alimentar melhor, e eu a vi partir, andando pela parede até a porta, e sumindo.

Espero que ela esteja bem, vivendo feliz, mas torço pra ela não aparecer gigante um dia.

Um novo medo foi desbloqueado.

É isso.

Obrigado pela leitura!!!

See yah.



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4 Comentários

  1. Não ia nem comentar, esse não parece o tipo de filme que me agrada, mas deixo minhas saudações para a mini-Elise, espero que ela esteja bem e saudável (admito que fui procurar a expectativa de vida de uma aranha, mas achei dados tão discrepantes que desisti).

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    1. Mini-Elise é um caso de amor e drama... eu sinto falta dela, mas também temo seu retorno. Não sei como reagirei caso revê-la...

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  2. Hahahaahaha a melhor parte foi saber da história da mini-Elise, e lembrar porquê o Shasy mesmo diz que ele é um cara doido, hahaha!!

    Que bom rever também o senhor Ed por aqui! Desejo que estejam os dois bem e sendo fontes de orgulho e alegria para suas mamães como comentei naquele post, hahaha!!

    E aliás: SENHOR ED, CADÊ O PRÓXIMO CAP DE ZARA? TÔ ESPERANDO!
    E O MESMO PRO SENHOR, SHADY!!! CADÊ KG?!

    Enfim, muito legal poder acompanhar por aqui como sempre! E sim, antes que me esqueça, lembra de Pearl? Pois tá chegando a sequência dela, "MaxXxine" já, já viu? E pelo visto deve ser melhor que os outros dois filmes, segundo aliás a própria Mia Goth! Até um assassino que realmente existiu na vida real vai ter no filme!

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    1. To na mesma ansiedade pelo próximo capítulo!!!

      Eu to esperando sair uma versão do filme pra ver "daquele jeito" rs. Mas to atento... há alguns materiais que preciso analisar o quanto antes.

      Sr Marcio, saudade hein, bom te ver sr!!! Eu pretendo desenhar logo... ta complicado rs.

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Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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