SérieMorte: Echo - Série Muda da Marvel

A Marvel já não sabe diferenciar filme de série, e parece que não conseguem mais construir uma história cinematográfica direito. Nos atuais critérios dos streamings, Marvel e Disney estão visivelmente perdidas: Echo é um filme praticamente mudo, dividido em 5 partes, e chamado de série. 


Não é ruim, tem suas mensagens, tem um forte embasamento cultural, mas ao mesmo tempo é mais do mesmo, e de um mesmo que já passou de saturado, já cansou.

Echo é a história de um vilão que vira herói, e seus poderes, em um mundo repleto de gente que voa e tem super força, é se comunicar com os espíritos de suas ancestrais mulheres, obtendo delas conhecimento e habilidades físicas no limite do que é possível pra humanidade. 

Com um baita poder desses, o "One for All" da Marvel vai peitar heróis como Demolidor, Gavião Arqueiro, e claro, vilões como o Rei do Crime. A gente aceita isso, afinal, fizeram homenagem aos índios, às mulheres e aos deficientes.

Falarei o que achei a seguir e, é minha opinião.

Boa leitura.

O Novo Selo


Nunca assisti Demolidor (tirando aquele filme da Electra), nem nunca curti Gavião Arqueiro (vi a série e nem falei dela pois esqueci logo depois, e o personagem nunca me convenceu), então veio a notícia de que fariam uma série derivada de um vilão secundário que aparece na série do Gavião, que por sua vez já é um herói secundário dos Vingadores.


Nem assistiria, ainda mais sendo uma obra da Marvel com a Disney (se os principais deixaram a desejar, imagina um personagem secundário) mas então saíram os 5 episódios juntos, no mesmo dia, e eram curtíssimos, além de terem o selo "Marvel Spotlight", que seria algo como "Mais Maduro". Sei lá, me rendi à curiosidade.


Só que, a série não tem tanta violência assim, e nem mesmo ação possui. Se tiveram 3 gotas de sangue derramadas, acho que foi muito.


Com o tema um pouco mais sério pelos diálogos, ela não sai daquela zona de conforto onde, ninguém se machuca, todo mundo é carismático, e os vilões só sabem ameaçar. Ver o Rei do Crime ajoelhar pra um personagem que não fez absolutamente nada, só olhou pra ele e fez ele lembrar dos pais, é o ápice de descaso.


Uma Série Muda


A primeira coisa que se nota é o fato dela ter mais legendas e linguagem de sinais, do que palavras. Ainda por cima quase não tem cenas de batalha, pois tudo ainda é muito focado em diálogos. Daí, nós nos vemos ali assistindo duas pessoas paradas, de frente uma pra outra, conversando caladas.


É diferente, e até mesmo fazem uma "piada" comparando o formato da série com filmes mudos do passado, com um episódio começando no formato de filme mudo. Porém, o resultado desse formato é um pouco inconveniente.


Isso pois, ao invés de aproveitarem que os diálogos não seriam o forte, e investirem em lutas para dinamizar mais a obra, apenas quiseram contar uma história longa em um lugar pequeno, com alusão a tradições e eventos passados em línguas diferentes.


O resultado é um filme paradíssimo, e chamo de filme pois, 2 horas e meia é um tempo de filme, não de série. A impressão é que queriam fazer um filme, e optaram por tornar em série em cima da hora, cortando em 5 partes.


As partes inclusive não entram em harmonia, com uma continuidade estranha, quebrada, repleta de flashbacks da outra série, e com diferenças de filmagem gritantes. A atriz mesmo, Alaqua Cox, quase não se parece com a versão vista na série do Gavião, algo que fica nítido sempre que as cenas são postas lado a lado.


Adaptaram a Personagem à Atriz


A atriz Alaqua Cox é deficiente auditiva e tem uma perna protética, algo que adaptaram na história da personagem Maya, combinando as características da atriz, com um enredo de superação construído pra personagem.


A Eco dos quadrinhos é apenas deficiente auditiva, e seria a antagonista do herói cego Demolidor, depois se convertendo em uma heroína disfarçada, sob o manto de Ronin. Na série do Gavião Arqueiro, ela aparece como antagonista caçando justamente ele, que havia assumido o manto de Ronin, quem ela achava que era o assassino de seu pai, fazendo uma mescla entre as histórias.

Mas, no fim da série ela é convertida em heroína ao descobrir que o Rei do Crime matou seu pai, e ela o mata por vingança. É a partir dai que começa a história dela convertida, mas ainda cometendo crimes.


Ela não busca redenção, ela busca pelo império do Rei do Crime, e ela continua executando pessoas a sangue frio, mostrando que na verdade não mudou em nada. Mas, a série também faz ela voltar pra sua terra natal, se reencontrando com seus familiares nativo americanos, e assim despertando a bondade em seu coração.


A Personagem Muda Do Nada


É bem esquisito. A evolução dela é repentina e dá-se por um poder que ela desperta só por ter pisado na terra de seus ancestrais.


Por ser indígena, pegaram todo o conceito de povo festivo e ritualístico, e incluíram memórias no tempo transmitidas como Ecos, para justificar o nome da nova heroína.

Porém, os poderes da Eco dos quadrinhos em nada se assemelham com os da série. Lá, ela tinha a capacidade de mimetizar seus oponentes, imitando seus movimentos como se fosse um eco deles. Além disso, ela tinha memória fotográfica, e assim como o Demolidor, podia sentir a vibração do mundo, ajudando em suas lutas.


Aqui, ela ganha memórias das mulheres de seu povo que vieram antes dela, incluindo sua mãe (esta sim, com o poder especial de Curar). Daí quando ela precisa, uma índia que era boa no futebol incorpora, e ela fica boa no futebol. Uma índia que era boa em atirar incorpora, e ela vira uma atiradora. E assim segue, por 4 encarnações, nenhuma super-humana.


As habilidades dela mesma, ficam totalmente ignoradas, onde aquela mulher que era excelente em combate físico, esquece disso quando realmente precisa meter um soco na fuça dos inimigos. 


Tem momentos em que ela desperta inteligência suprema, e vira uma técnica de ponta capaz de transformar Patins de Gelo em Armas Laser, algo que não tem relação com seus poderes, mas acharam que seria legal botar em tela.


A série as vezes não sabe como mostrar o que a personagem é capaz ou não de fazer, e se preocupa mais em esconder seu corpo das câmeras, ou fazê-la desfilar de moto por ai fazendo cara de brava, ao invés de mostrar ela em ação, até se transformar no que querem transforma-la.


Poxa, no final botam os coadjuvantes pra lutarem, com a desculpa de que os poderes de Eco podem ecoar em todos que tem seu sangue, compartilhando as memórias das guerreiras indígenas... mas sério... o poder da heroína é por os reféns pra lutarem!


Inclusão com Sinais


Boa parte do elenco conversa com sinais, e isso é bem feito. Contudo, alguns personagens como o Rei do Crime (que não morreu e já tá curado) nem se dão ao trabalho de aprender tal linguagem, e encontram outras formas de conversarem.


Uma delas é com intérpretes, mas considerando a temática do submundo, certas conversas não poderiam passar pelos ouvidos deles. Então, é mais do que óbvio que essas pessoas que traduziam de mais seriam descartadas (o que gera gasto de mais).


Daí criam uma ferramenta tradutora visual, colocada direto no olho da protagonista, e nos ouvidos de seus interlocutores, para fazer a tradução simultânea. Só que, é uma maluquice que me fez rir.


Tanta coisa pra inventarem e metem um tradutor de línguas digital, com sinais de mãos geradas por IA. Seria tão mais simples, realista e prático botar logo LEGENDAS, que é o que a gente tá lendo a série toda. Faz muito mais sentido, do que literalmente gerar mãos artificiais nos olhos da pessoa.

Mas, tudo bem, isso é só um paliativo pra fazer a história andar, o que logo em seguida é descartado, mostrando que não tem tanta coisa assim pra contarem nessas duas horas.


Desperdiçaram um Vilão


Tiveram a chance de construir a história de um vilão, ao invés da costumeira ascensão do herói, e seria algo que por si já bastaria para fazer valer os 5 episódios. Mas, desperdiçam isso para apenas investir em mais um herói, num universo superlotado de heróis, e a desconstrução de um vilão que era muito bom.


Eco veste a roupa de heroína (literalmente, ela veste roupa indígena pra dizer que ficou do bem), depois de passar 4 episódios dizendo que era do mal. Sua conversão se dá pelo conflito que tem com o Rei do Crime, quem matou o pai criminoso dela.


Ao invés de explorarem o impacto disso em seu psicológico, fazem ela se lembrar como se tornou braço direito dele, e como ela própria escolheu trilhar o caminho dos bandidos. A relação dela com o pai é posta de lado, pra mostrar como ela se aproximou muito do Fisk, o que apenas nos faz pensar "Opa, essa ai não tem salvação".


Com o retorno dele, e ainda por cima o fato dele perdoa-la e até entender porque ela tentou mata-lo, oferecendo o reinado ao seu lado, era de se esperar que ela aceitaria, afinal é tudo que ela queria. Mas, a série também introduz o tema "família". 


Um monte de pessoas que ela não vê a 20 anos (é sério, são 20 anos sem contato com eles), que ela de repente diz estar acima de tudo e todos, inclusive do próprio Fisk.


Ignorando as consequências de mexer com o Rei do Crime e rejeita-lo, ignorando os riscos em que poria esses familiares com quem não fala a duas décadas, e ignorando também o Blip (aliás, o blip, evento mais importante da Marvel, foi completamente ignorado aqui), ela opta pelo seu povo, pelo seu sangue, ao invés de seus sonhos e ambições.

Uma linda mensagem, muito mal contada por sinal.


Ainda há o fato de transformarem o Rei do Crime em um bebê chorão, rejeitado, que não sabe cometer 1 crime, e ainda por cima quer virar político.

O pós crédito da série é justamente ele se interessando em virar político, influenciado por um noticiário. Gente...


Echo poderia ser uma história linda, mas em algum ponto ela se perde. Tiveram a chance de realmente criar um vilão interessante, com direito a sua própria introdução em série, e alguém por quem nós simpatizaríamos. Mas a opção foi apenas gerar mais um herói, genérico e esquecível, em um mundo repleto de ameaças genéricas, e esquecíveis.

O fato de ter nativos americanos com sua cultura respeitada e relembrada, o fato de ter uma deficiente física que superou seus problemas pra enfrentar o mundo, e o fato de terem mulheres empoderadas lhe dando apoio espiritual, não é o suficiente pra fazer uma série ser boa, uma história ser boa.


Ela é confusa, não encaixa no todo (lembrando que, pra assistir essa série, você é obrigado a conhecer o universo cinematográfico destroçado da Marvel), e pra ser sincero, só é boa por causa da abertura.

A introdução é muito legal... pena que o resto não faz jus.

Lembrando, é só a minha opinião.

See yah.


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2 Comentários

  1. Marvel acabou pra mim com o miranha com 3 miranha (Esqueci o nome do filme) e com a série do Loki (a primeira temporada)
    Tudo o que veio depois é balela completa (COMPLETA)
    Tentaram meter umas ideia louca de multiverso, que admito, até parecia interessante, complexo, grande, depois se mostrou bem raso, e ''normal'' acho que é tudo uma questão de adaptação ruim da Disney até porque a Marvel tem histórias incríveis nos quadrinhos (imagina adaptar os antigos que demais q seria??)

    Acho que a Disney foi o veneno de tudo e principalmente a direção estranha que arrumaram pra os filmes e séries, tipo assim, O QUE TA ACONTECENDO AQUI?
    Realmente agora eu entendo, virou um estúdio pra filmes infantis agora, o que é triste (me falaram que ia virar isso a uns 4 anos atrás e eu não acreditei rs).
    E tipo nem da pra falar ''ah espero que melhorem'' porque não vai, vai ficar por isso mesmo porque tem MUITA, mas MUITA gente que compra e assina o Disney + pra assistir essas produções ruins.

    É...foda
    A Disney conseguiu fuder:
    Star Wars
    Marvel
    Fox
    E daqui a pouco a pixar também (os filmes estão decaindo um pouco)

    Ai cara, triste kkkk
    Mas pelo menos os filmes antigos ainda tão ai
    Inclusive
    Toy Story vai fazer 30 anos...
    É tamo ficando velho kkkkkkkkk
    (Descobri recentemente que kung fu panda tem a minha idade kkkkkk)

    É isso Sr!
    Belo texto maninho (falou o cara com metade da tua idade)
    É isso see yahh!

    (ah é, esqueci, já q tu ta recomendando vou recomendar tb, tem um filme chamado ''Princesa Mononoke'' é um filme de anime LINDO, assista se não assistiu ainda, e se assistiu, faça uma análise, queria mto saber a tua opinião pq eu simplesmente amei kkkkk, agora é só isso mesmo).

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    Respostas
    1. Pior que é, da pra notar que as obras mais recentes apenas não vingam. A pixar tadinha, tinha nada a ver com isso e também ta sendo prejudicada.

      Tem a série do What If, que te juro, não tenho a menor vontade de assistir, independente de ser bom ou não... tudo que ta saindo agora na Marvel parece não significar nada, e depois de todas as decepções, é impossível ter um pingo de empolgação.

      São um monte de promessas vazias, séries que trazem personagens novos, futuramente descartados em filmes, como foi o caso de Wanda, o caso do Gavião, o caso do Arqueiro, o caso da Marvel, o caso do próprio Loki, Shang Shi, os Eternos, tudo, tudo simplesmente é contado ali, e então desaparece em uma promessa de se tornar uma peça de algo grande, que quando observado no todo, mais parece uma colcha de retalhos completamente rasgada, furada, e desorganizada.

      Essas histórias repetidas, tudo com a mesma fórmula, um monte de produto de baixa qualidade, acaba mais afastando do que atraindo... torcendo pra isso acabar logo. A Netflix mesmo parece ter aprendido, e tá mostrando mais produtos decentes ultimamente... torcendo pra um dia, quem sabe, a Disney parar de fingir que não tá acontecendo nada.

      Bem, estamos idosos meu amigo, idosos.

      "Princesa Manonoke", beleza, anotado. Vamos ver pra ontem... to curioso de mais pra conhecer esse filme... só espero que não rasgue meu coração... vamos ver se virará uma CríticaMorte, um ReviewMorte, um Filme Recomendado ou um PedidoMorte! Pesquisando aqui pra... ah meu deus... é do Estúdio Ghibli... ai tu me lasca... eu sou fraco com todos os filmes desse estúdio.

      Mas, bem, acho que é uma boa explicar o porquê agora.

      See soon sr Wilson.

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Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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