CríticaMorte: Rebel Moon - Parte 1 - A Menina do Fogo - O Star Wars Genérico da Netflix

"Star Wars Genérico" é elogio, esse filme é praticamente uma fanfic mal pensada que repete clichês de ficção científica, e mistura com fantasia, numa trama simplória, sem graça, mal filmada, com efeitos especiais de dar vergonha, e uma direção lamentável, repleta de personagens esquecíveis, péssimas atuações, e criatividade mínima.


Tudo nele soa como cópia de Star Wars, desde a premissa até a conclusão. O filme já peca por anunciar previamente pelo título que isso é uma "franquia", dividida em partes. Já ai percebe-se a ganância por trás da ideia: "Bora copiar até mesmo a estrutura da ficção científica que marcou o cinema".

Mas, sejamos justos, até em caso de não haver conhecimento prévio de outras obras com um tema em comum, cheio de rebeldes enfrentando o império espacial que faz referência ao nazismo, em lutas repletas de tiroteios com armas lasers entre pequenos exércitos de péssima mira, até caso nunca tenhamos visto algo do tipo, "Rebel Moon" consegue se sair mal.

É apenas uma história desastrosamente contada.

Mas, falarei mais a respeito a seguir.

Boa leitura.


Cópia de Star Wars


Se fosse apenas a ideia até daria pra relevar. Inspirações são comuns entre obras, e qual o problema de um filme se parecer aqui ou ali com outro filme mais famoso?! O problema é que os caras copiaram TUDO de Star Wars, mudando detalhes, mas repetindo elementos, criaturas, até mesmo os ERROS, tornando o plágio gritante.


Não temos uma Estrela da Morte que explode planetas, nem um Encouraçado Gigantesco e ameaçador que leva terror através do universo, mas temos um Encouraçado mediano que leva terror através dos planetas, e claro, destrói mundos inteiros.


Não temos os famosos Jedi com seus famigerados Sabres de Luz, claro que não, mas temos uma mulher aleatória, sábia, cheia de conselhos, que carrega 2 Lâminas de Energia, e é uma exímio guerreira espacial.


Não temos os Storm Troppers, óbvio que não, mas temos exércitos de nazistas espaciais que abusam de fazendeiros e não sabem atirar.


Não temos Caçadores de Recompensa que congelam pessoas em Pedra e vendem pra quem pagar mais, mas temos Caçadores de Recompensa que capturam pessoas com máquinas paralisantes em forma de exoesqueleto, para vender pra quem pagar mais.


Não temos robôs de protocolo tradutores e de cor dourada ou prateada, que cria sentimentos e emoções ou pelo menos as demonstra enquanto tem sua própria jornada em paralelo aos heróis, não... aqui temos um robô ex-militar, que se recusa a lutar, e serve como carregador, sendo humilhado e claro, tendo sua própria jornada em paralelo aos heróis.


A ideia inclusive de uma criança adotada de outro mundo, que se torna a "Escolhida" é repetida. Ao invés de Luke Skywalker, temos Kara, uma garota que já lutou pelo exército imperial e hoje é uma rebelde não assumida, que se levanta para proteger sua fazendinha.


No fim ainda temos o vilão da vez sendo jogado na beira da água (ao invés de lava é claro), e resgatado todo ferrado, reanimado por tecnologia, e gritando diante a câmera. Soou familiar?! Sim, é o próprio Darth Vader! Mas com diferenças é claro.




A História


O enredo poderia até salvar a obra, mas ele peca feio na simplicidade e previsibilidade. Com uma notável visão mais "adulta", ele flerta com ideias, mas nunca chega longe de mais.


Temos uma garota de passado desconhecido, que ao ver sua fazenda e seus amiguinhos fazendeiros sendo ameaçados pelo terrível Império, decide juntar uma meia dúzia de guerreiros espaciais pra enfrentar os vilões.


Então ela e seu amigo fazendeiro saem em uma jornada pelo universo, para encontrar os maiores e mais procurados guerreiros espaciais, que convencem na base da lábia em questão de minutos, sem o menor desenvolvimento, e assim chega no clímax.


Onde, pasme, um deles é um traidor que os vende pra quem pagar mais (que no caso é o Império... acho que já vi isso antes hein, tipo o Lando de Star Wars!), e fim, temos o final com um confronto muito rápido e sem lógica alguma, onde os mocinhos vencem graças ao poder do roteiro.


Não há desenvolvimento de personagens. A galera se reúne como se fossem antigos conhecidos voltando aos velhos tempos, mas ninguém nunca nem se viu. Os caras vão entrando pro grupo como se fosse um RPG, e nem isso é feito direito.


Um deles é o caçador de recompensas, que no fim é o traidor. Ele entra num bar, atirando primeiro (jesus. Han Solo?), e dá a Nave que servirá de transporte pra todos.


O outro é um índio domador de feras, que tem todo um espetáculo em câmera lenta pra mostrar que domina bestas, só pra segundos depois isso não servir pra absolutamente nada (copiaram Harry Potter aqui, e o Bicuço).


Temos a Espadachim, que no MESMO INSTANTE em que os caras chegam de OUTRO PLANETA pra recruta-la, ela tá lá lutando contra a maior ameaça do planeta em que vive, derrotando uma mulher aranha que busca vingança pelas crias mortas, problema este que se resolve em questão de segundos. Daí ela entra pro grupo sem hesitar, e ainda manda a mensagem "Não lutem por vingança, faz mal".


Então vem o famoso General que está bêbado e jogado num coliseu espacial de outro planeta, e aceita entrar pro grupo depois que a protagonista fala "Vamos vingar seus homens", na cara da moça Espadachim mesmo, fod4-se.


Por fim, vem o recrutamento do guerreiro espacial fugitivo que faz parte dos Rebeldes. Ele, caçado pelo império a tempos, é achado e recrutado em minutos, sem nem precisar de motivação pra lutar.


Tudo é rápido, fácil, e beira o bobo.

E aliás, tem até um lado fantasioso nessa ficção toda, onde uma princesa antiga que aparentemente morreu (duvido que morreu) teria o poder de ressuscitar as pessoas. Inclusive, isso é contado em flashback pela protagonista, que além de ser uma antiga militar do Império, era próxima da princesa, e aparentemente testemunhou o golpe de estado em primeira mão (mas claro, ela não conta isso ainda).




Versão Mais Adulta



Os personagens falam palavrão e falam de sexo, mas nunca acontece nada, nisso não há o que se preocupar.


A violência é mínima, e dificilmente se vê alguma cena chocante, quando algo é insinuado, rapidamente é cortado pra expressão de alguém reagindo, tipo quando o Darth Vader Pink Blinder mata a galera. É sempre com as mãos limpas.


Justamente onde o filme poderia se destacar, sendo talvez mais sério e impactante, ele falha, apenas negando sua liberdade criativa e apostando no que é seguro e simples.

O chato é que mesmo não apelando pra coisas mais impactantes, ele também não deixa de insinua-las, como estupro, genocídio, escravidão, etc. Ele narra, cita, faz referência, e para por ai.



A Filmagem das Câmeras Lentas



O filme inteiro é lerdo, devagar, com muita conversa e pouca ação. Quando a ação começa, ela é reduzida a disparos de lasers pra todo lado, gente correndo, e CÂMERA LENTA.


Nem faz sentido os momentos em que tudo fica em slowmotion. 

O personagem pula, e tudo fica lento. 


O personagem se vira, e tudo fica lento.


O personagem finca uma bandeira no chão, e tudo fica lento.


O personagem se esconde atrás de uma parede ou mesa, e tudo fica lento.


O personagem anda lento, e tudo fica ainda mais lento.


Eu queria entender pra que tanta câmera lenta, e entendi no final, dei até um grito de surpresa: Zack Snyder.


Esse diretor tem o fetiche de por câmera lenta em tudo que faz, então ver o nome dele já me explicou tudo, mas aqui ele extrapolou, colocando isso em qualquer momento e pronto.


É apenas sem timing, algo feito sem motivo, e sem sucesso. Sem contar que mesmo se fosse feito de forma a destacar momentos épicos, ainda daria errado pois a coreografia de combate deste filme é risível.

Apenas não existe coreografia. O momento em que eu achei que a protagonista mostraria que é perigosa, na primeira luta em que ela enfrenta um monte de soldados armados equipada somente com uma machadinha, tudo vira uma bagunça roteirizada sem o mínimo de lógica.


10 caras armados apontando pra ela, e ela vence com um machado em câmera lenta, sem nem se dar ao trabalho de esquivar dos tiros, pois ninguém nem atira.


Fica fácil lutar quando a canetada é quem dita quem vence e perde. Os figurantes receberam a ordem "Não se movam, esperem ela matar vocês" e pronto. 

Aliás, os efeitos especiais até podiam ajudar a obra, mas se limitaram a colocar naves digitais, e cavalos com máscaras, ou pessoal com maquiagem pesada, tudo em participações relativamente rápidas só pra economizar.




A Divisão em Partes



Eu nem ia assistir, vi o trailer do filme até na televisão e notei que seria algo genérico, ainda por cima vi o título com "Parte 1" e logo pensei "Os caras nem terminaram a história e já filmaram."


Nem vi "Duna" por causa desse mesmo equívoco. Botar "Parte 1" num filme dá a impressão imediata de que ele não terá final. É o tipo de coisa que não se faz, ainda mais com algo "original". Mas enfrentei meu preconceito e assisti, quase parando algumas vezes por desgosto, mas alcançando o desfecho.

E o curioso é que o filme tem final! Os heróis vencem os vilões, pelo menos a primeira frota minúscula que eles se uniram pra destruir. Tudo é rápido e até bem fácil, e ninguém tem destaque, apenas jogam todos no mesmo lugar pra concluir a jornada e fim.


Mas, o filme indica continuidade com o vilão virando o Darth Vader Genérico (mas sem armadura, pois ele já seria um androide ou algo assim), se encontrando com Palpatine Genérico (sim, ele fala com o imperador, numa projeção mental), e recebendo a missão de caçar a galerinha.


E eles viajam pro planeta da fazendinha, pra viver o resto da vida pacífica deles em grupo. Tipo, ninguém tem vida própria é claro, venceram o Império e agora viram todos fazendeiros, com direito ao C3-PO genérico virando nômade guerreiro do deserto.


Ai a gente fica pensando "Jesus pra que continuar isso?" mas, provavelmente já até filmaram, só quiseram dividir em duas partes pra imitar o que Star Wars fez.

George Lucas, o criador de Star Wars, fez o Episódio IV sem nomeá-lo assim. Era apenas "Star Wars" na época, mas ele já tinha a história pras sequências. Se desse certo, como ocorreu, ele conseguiria investimento pras continuações, prequels, e por ai ia, caso contrário pelo menos ele conseguiria deixar seu filme na história do cinema. 


Era uma ideia louca, toda a jornada espacial e os efeitos especiais prometidos soavam impossíveis, mas ele conseguiu. Ele nem acreditava nisso quando o filme saiu nas telonas, ele nem mesmo assistiu a estreia, mas o resultado foi a obra gigantesca, que a Disney comprou e arruinou.

Contudo, veio a Netflix e pensou "Bora financiar essa ideia, novos tempos, mete um Parte 1 ai e dá sinal verde" sem nem ver se o primeiro teria boa recepção. E o pior, é que duvido que terá, pois ficou genérico de mais.


O Erro Repetido



Pra finalizar, não posso apenas ignorar o fato de que o maior erro de Star Wars é repetido aqui na cara dura. Falo dos Mundos reduzidos a pequenas cidadelas ou comunidades.


Em um universo tão grande, planetas inteiros são apenas uns vilarejos pequeninos onde todo mundo se conhece pelo nome. As pessoas viajam entre um planeta e outro com alta tecnologia, mas ainda vivem de um jeito retrógado, sem tecnologia, no meio do nada, como se nunca tivessem evoluído.


E isso vale não só pros fazendeiros, mas pra galera mineradora, o pessoal gladiador, os caçadores de recompensa. Todo mundo vive em lugares pequenos, pobres, e sem vestígios de tecnologia, além é claro de armas laser, e naves espaciais sucateadas e monocromáticas. 


O universo inteiro é um grande faroeste sem lei, em que um império tunado por soldados indisciplinados desfila, caçando o próximo coitado pra torturar e roubar.


É algo tão minúsculo, que fico imaginando "Será que trocaram a palavra 'Planeta' por 'Município' sem querer?".

Os caras chegam em uma lua ou planeta diferente em minutos, e sai também em poucos minutos. A transição é acelerada é claro, mas mesmo se não fosse, tamanha viagem espacial não demandaria mais tempo, recursos, gastos e trabalho que isso?


Não da pra engolir isso, juntamente com um grupo dos "Mais Procurados do Universo" se unindo por pura sorte, ao acaso, por uma fazendinha.


Eu não assistirei a continuação disso, pois se o começo foi uma merd4, imagina o quanto essa porcaria vai ser esticada. Aliás, me arrependi de ter dado 2 horas da minha vida pra isso.


Enfim...

See yah.

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2 Comentários

  1. Demorei mas comentei. Eu assisti lá o vídeo e li aqui o post. Não posso discordar de nada do que disse kkkk realmente foi um plágio ferrado, mas preciso admitir que não me incomodou tanto assim enquanto eu assistia (apesar de eu ter achado extremamente previsível). Acontece que a vibe que eu tava no dia que assisti combinou bastante com o filme, sabe quando você vai ver um filme já sabendo o que esperar? Igual ver um filme do Adam Sandler, são praticamente todos iguais mas às vezes eu paro pra ver já sabendo o que esperar e me divirto no processo mesmo assim, esse foi um deles. Beleza que é bem corrido, parece uma partida de RPG mal narrada, os personagens são extremamente superficiais (aquele general lá não fez nada inclusive), as atitudes são previsíveis. Pra ser honesto, tenho nada pra falar bem mesmo kkkk mas acho que já vi piores, até que consegui me manter firme durante todo o filme, eu já sabia que era um filme do Zack Snyder então as cenas de slow motion não me frustraram, na verdade eu fiquei rindo de todas que apareceram pq era o esperado (aí ficou tipo aquela expectativa de "quando será que vai ter outra cena de slow motion nada a ver?" E aí quando aparecia eu ficava "olha lá, mais uma"), provavelmente até verei a continuação, não sei pq estou fazendo isso comigo mas estou

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    1. Cara chegou pra ver um filme de ficção, saiu rindo de um filme de comédia. Sei bem a sensação.

      Tipo, o importante é ter uma experiência legal, e se de alguma forma o filme serviu, isso já vale muito.

      Eu acho que o tom meio sério de mais do longa prejudicou ele, talvez se fosse uma paródia autoconsciente ele seria divertido pra mim.

      É curioso né, as vezes tem coisas que mesmo sendo ruins, a gente curte... fazer o que!

      Aliás obrigado sr Ed. Espero que tenha gostado do vídeo kkkkk.

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