SérieMorte: Round 6 - Reality Show - O do Mr Beast foi melhor

Queria entender o que é "Reality Show" na concepção da Netflix, pois botar um monte de atores se enfrentando pra ver quem será a estrela do show, seria um baita contexto pra uma competição, mas com toda certeza não é "real".


A proposta de "O Desafio" é botar uma galera pra participar de jogos simulados e inspirados naqueles vistos na série "Round 6 - Squid Game", porém sem violência. A questão é que ao invés de investirem em colocar pessoas reais, com motivações verdadeiras e histórias de vida, eles botaram um monte de atores e subcelebridades fingindo seus respectivos papéis.

E se por alguma razão eles são mesmo só pessoas competindo por dinheiro, chega a ser estúpido o quanto tudo soa falso.

Falarei tudo a respeito a seguir.

Boa leitura.

Olha que a gente entra na experiência já esperando um aglomerado de dramatização e encenação, mas não do elenco completo. Eu jurava que teriam alguns coadjuvantes só pra instigar intrigas entre as pessoas, mas no fim parece só um monte de atores com histórias falsas de background.


Acho que o pior nem é essa forçada de barra pra instaurar algum tipo de intriga, e assim fisgar a atenção do público, mas a lacração constante que escapa do crível é absurda! Ao ponto de ter um personagem gay, que quando é "eliminado" é imediatamente substituído por outro personagem gay, que quando também é eliminado é substituído por mais um personagem gay, isso sendo que até então nenhum deles tinha sequer aparecido direito!


Pior mesmo foi ver nossa querida e amada dublagem Netflix tornando uma cena que nem era "lacração" em "lacração", mais uma vez impondo o "pronome neutro" onde nem mesmo havia isso! No idioma original, e nas demais traduções, não há nada disso.


A impressão que dá é que era preciso bater metas, e na seleção de atores aglomerados, aqueles que conseguissem puxar o holofote por mais tempo, e permanecer no jogo por mais tempo, ganharia um roteiro mais trabalhado.


Enquanto aqueles que não se destacassem ficariam de escanteio e teriam de se desclassificar propositalmente, ou forçar a desclassificação de seus colegas. 


No fim vira uma briga pelo holofote, onde quem não tem um papel ainda definido faz de tudo pra ganhar a chance de brilhar, e quando ganha, exagera no over acting e deixa óbvio que só ta representando.


Até ai, tranquilo, afinal mesmo não sendo real, e mentindo na cara dura pra gente, ainda é legal ver os jogos e como foram criativamente replicados, pelo menos a maioria deles é claro.


Num tipo de tentativa de dizer "Hollywood sempre faz melhor" a gente nota os caras pegando os jogos que na série sul coreana já funcionavam bem, e "melhoraram" com adições de regras, ou pequenas alterações.


Alguns eles apenas retiraram por completo da experiência e substituíram por seus próprios jogos, como a troca idiota do jogo do Cabo de Guerra por um jogo de "Batalha Naval". Jogo que é muito curioso, bem desenvolvido, e talvez seria muito melhor na série original (ainda mais com violência adicionada), mas aqui só foi uma escolha pois era perigoso de mais botar seus rostinhos bonitos em plataformas altas.


Pra piorar, o "reality" é todo manipulado pra dramatizar e deixar cenas extremamente lentas, pra assim consumir tempo de tela. 


Como em todo reality show é claro, sensacionalizar a tragédia da escolha, ou a busca por manter um momento empolgante em cena e alimentar o suspense, faz com que uma escolha feita em segundos leve horas. Mas aqui exageraram legal, tornando momentos que seriam simples de mais, em coisas complexas que consomem episódios inteiros.


Tanto que, pasme, a série acaba sem acabar!


Ela se conclui no episódio 5, depois de praticamente 5 horas de exibição, mas ainda com 3 jogos pra adaptar, e mais de 50 pessoas competindo.

Enrolam tanto com "mini jogos" chamados de "Testes" que no fim, mal conseguem adaptar dignamente os desafios originais.


Os participantes, se é que são participantes de verdade, parecem ter assistido a série original então eles, assim como nós, esperam testemunhar os jogos originais. Então quando novas regras surgem, ou algum jogo é totalmente mudado, fica estranha a sensação, como se tudo fosse pra surpreender mas ao mesmo tempo se distanciasse de mais do original.


Isso se é que todos viram a série, pois alguns nem parecem saber o que estão fazendo ali. Na espera de seus papeis de destaque, muitos coadjuvantes ficam só balançando de um lado pro outro, fingindo que conversam, e aguardando pela chance de fazer algo diferente. 


Tem alguns que inclusive se auto sabotam, seja pelo valor do cachê, ou por uma vaga tentativa de conquistar o público (que nesse caso são os próprios produtores é claro), e fazem coisas que vão muito além do natural.


O Show é mesmo Real?

Apontar dedos e dizer quem é real ou não é complicado, pois até que ponto pode-se considerar uma pessoa em um programa de televisão "real". Seja só um personagem ou não, ele pode muito bem adaptar a vida real do individuo pra servir ao palco.


É como o caso dos protagonistas, Troy e a mãe dele, que desde o começo tem destaque, mas sua história vem sendo "melhorada" com mais pano de fundo conforme se destacam mais e mais em suas participações.


Mesmo que as vezes a dupla se separe e até esqueça que são mãe e filho, eles estão lá e só de terem essa ligação já recebem um baita destaque.


Em pesquisa, Trey Plutnicki é de fato ator, e fez papeis pequenos em trabalhos pequenos ("Three Bullets & A Blank" um curta em que interpretou Warren Andrews em 2022, e "The Fentress Readings", uma web-série de 2021 em que ele foi Alex). Agora ele interpreta ele mesmo, mas não se entregando como ator é claro, apenas sendo um participante do show.


Sua mãe, LeAnn Wilcox Plutnicki, pode não ser uma atriz, mas é famosa esportista no passado, e editora aposentada do New York Times, casada com Ken Plutnicki, também editor.


Nota um padrão ai? Eu suspeito que muito disso seja fabricado. Como no caso do Dr. Rick Mercurio, o bom velhinho de terrível atuação, que conta toda sua história, seu robbie como apicultor, sua enorme família com 18 netos, e a gente pega isso e pensa "um pouco absurdo mas, faz sentido". Então se procurarmos pelas redes sociais, achamos algo feito em alguns minutos com justamente fotos desses destaques aparecendo.


Ele apicultor, ele com um monte de parentes em uma foto antiga. Nem precisa de muito pra rapidamente achar vários outros participantes com suas redes igualmente manipuladas em prol do show.

Ta errado isso? Claro que não, são pessoas reais e pessoas reais obviamente não tem vida antes de estrearem em um show televisivo na disputa por milhões.


Em questão de ser um programa de televisão que repete os feitos da série mas, se passando como algo real, eu diria que este é mais uma grande fachada mentirosa e até gananciosa.

Vale a Pena Assistir?

O pior é que nem acabou! Ter de aguardar até decidirem lançar o resto da história é a maior tortura de tudo isso, pois fica a dúvida sobre como adaptarão os demais jogos, quem será o vencedor que o roteiro escolherá, e se isso vai levar a algum lugar.


Fogo é que, nem é a primeira vez que vejo uma adaptação dos jogos de Round Six, mas a primeira vez que vi foi muito mais verdadeira e original do que essa série, e mais curta também.

Comparando as Versões

O Mr Beast financiou um reality com pessoas DE VERDADE se enfrentando nos mesmos jogos de Squid Game, só que obviamente adaptados.


E no caso dele, ele não substituiu eles (exceto o último), e ainda fez questão de mencionar o programa original, citar referências, explicar os jogos e tudo isso em menos de 30 minutos!


E olha que, mesmo sem ficar enrolando com entrevista com os participantes, e forçando drama com declarações tristes deles, e sem ficar expondo suas vidas, ainda dá pra gente escolher alguém pra torcer, e há situações de sabotagem, antagonismo, tudo isso sem tomar nosso tempo.


O primeiro jogo é o clássico "Batatinha 1, 2, 3" (Gren Light, Red Light), e o irônico é que na versão Mr Beast, ele usa um dispositivo que estoura no peito de quem se mover quando a música toca.


Enquanto no reality show temos uma explosão no peito com uma gosma preta. Chega a ser irônico como, apesar do investimento maior pra imitar o programa original, o reality show só pareceu imitar o vídeo do Mr. Beast, até mesmo com as mesmas ideias (até tem gente fazendo exatamente o que é feito no vídeo, como andar de lado).


O segundo jogo é o das Bolachas de Mel, e no Mr Beast o negócio não tem enrolação, eles formam filas, escolhem aleatoriamente qual símbolo irão ter de lamber, e pronto, todo mundo fica na mesma sala até o tempo acabar.


No show enrolaram, fazendo primeiro um mini-game onde os 4 primeiros da fila são forçados a escolher o símbolo pra todos, e caso não entrem em acordo, todos os 4 são eliminados e os próximos tem de fazer a escolha.


Algo idiota, pois independente do que escolhessem o desafio real nem tinha começado, mas mesmo assim o show mostra vários grupos sendo eliminados por não entrarem em acordo.


Depois ainda há mais enrolação, com 1 grupo entrando na sala pra lamber suas bolachas, uma fila por vez, e daí vai-se episódio de 1 hora.


O terceiro jogo é o do Cabo de guerra, e Mr Beast adaptou ele facilmente, apenas botando luvas nos participantes pra não ferirem as mãos, e ainda colocando proteção no centro da sala. Mas ainda referenciou a queda livre do episódio original.


Já o reality, trocou pra Batalha Naval, onde os times formados se enfrentavam colocando toda sua sorte nas mãos de 2 representantes, e estes usavam os demais participantes como barcos num tabuleiro.


Algo bobo, que basicamente tirava a chance dos demais, literalmente jogando tudo na sorte. Aqueles dentro dos barcos seriam eliminados caso o navio afundasse, e os capitães só seriam eliminados caso perdessem o jogo. Vencia quem afundasse 2 barcos do time oponente primeiro. 


Mas quem afundou já perdia ali mesmo. Achei legal o jogo, e seria ainda mais louco se as pessoas queimassem quando selecionadas (isso ficaria muito bom na série real), mas era muito mais lógico só adaptar o cabo de guerra mesmo. Tanto que vários grupos tinham se preparado pra isso, e seria natural respeitar a obra original.

O quarto jogo é o da Bolinha de Gude, onde no Mr Beast a produção observou quais participantes eram próximos, e colocaram eles pra se enfrentarem em jogos que eles acordassem, com bolinhas de gude.


Já a série interrompeu tudo ai, mostrando um monte de enrolação com Testes intermediários, e depois botando um piquenique de comemoração que, pra surpresa de zero pessoas, tinham bolinhas de gude para as duplas formadas.


Antes do quinto jogo, a série tinha uma baixa por uma guerra noturna entre os participantes, mas o Mr Beast adaptou isso pro jogo de Virar Carta que tinha na série original. 


Já o reality show fez exatamente o mesmo, mas na base da enrolação. Forçando muito a suspensão da descrença, eles fazem uma referência com o jogo da carta usando o velhinho e um amigo dele, e depois que não dá em nada, ainda botam vários desafios aleatórios de desclassificação.


Só pra enrolar, e tirando parte do elenco pouco a pouco.


Moral da história, o programa acaba com um clifhanger pra uma "segunda parte", já mostrando por alto quais serão os últimos jogos.


Mr Beast nem enrola pra isso, e o Quinto jogo é o da Ponte de Vidro, mostrando os participantes restantes pegando uma ordem aleatória pra atravessar a ponte, e passando por ela, com direito a acordos em cima da hora, e o risco de queda simulado, mas com tudo seguro é claro.


O Reality Show talvez adapte isso, mas sabe-se lá com quantos participantes já que até lá podem usar um monte de mini-games pra reduzir o pessoal.


E o último jogo, que na série é o Squid Game (famoso jogo coreano) acaba sendo substituído em ambas as adaptações. Mr Beast trocou pro Jogo das Cadeiras, simples assim.


E a série, bem, parece que será bem mais inventiva, com também cadeiras, mas no que parece um grande jogo de perguntas e respostas... ou sei lá.


Ter de esperar uma segunda parte de algo tão enrolado é desanimador, por isso digo: Assista a série real, ou o vídeo do Mr Beast, que vale muito mais a pena. Ele não é cruel, premia os participantes com valores justos, e incentiva tudo como um verdadeiro jogo pra se desafiarem mas, divertirem.


Ele sim foi o primeiro reality show de Squid Game / Round Six, e ele é muito mais crível, com pessoas que parecem mesmo reais, diferente dessa série Netflix que mais parece ter pego sub celebridades e atores desconhecidos pra um aglomerado de falcatruas.

É isso.

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10 Comentários

  1. Utilidade pública seu blog !

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  2. Não cheguei a considerar a possibilidade de assistir, achei a ideia ruim desde o início. Mas aparentemente eu estava errado, já que alguém utilizou da ideia e fez algo bom, só a série que não.

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    1. Pois é, eu vi um anúncio de "novos episódios" e pensei "Será que já saiu a segunda temporada?" (que julgo desnecessária), bastou ver a sinopse e já me desapontei com a proposta. Mas, vi que eram só 5 episódios e tomei coragem, me arrependi em parte, mas não foi um tempo totalmente desperdiçado... pelo menos rendeu um texto.

      Dar a chance de pessoas participarem do jogo sem sofrerem riscos reais é uma boa promoção pra série original em si (meio tarde mas ok), e também uma ótima forma de satisfazer curiosidade da galera... o que a netflix fez errado foi tentar faturar em cima da vida dos outros, enquanto explora suas experiências nos jogos, através de roteirização e manipulação.

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    2. Passando pra lembrar que foi renovada pra segunda temporada kkkk boa sorte

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    3. Acho que nem dá pra chamar de "segunda temporada" pois tecnicamente, deixaram o "reality" sem final, dividindo em duas partes já prontas. Agora, se de fato já querem lançar um segundo "reality"... meu deus.

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  3. Eu estava querendo assistir, mas depois dessa sua análise desisti kkkk conseguiram estragar a série então, com uma segunda temporada, e realmente, tem obras que não precisam de continuação

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    1. Sr Jonathan! Obrigado pela leitura, e desculpe por ferrar sua expectativa rs. Mas tipo, meus pais assistiram, e curtiram... o primeiro e segundo episódio, depois minha mãe saiu do quarto revoltada pois o negócio não ia pra lugar nenhum, e meu pai terminou com raiva pois não tinha fim kkkkk.

      Mas pera, essa não é a "segunda temporada" de fato, é apenas um show a parte que tomou carona na fama. A segunda temporada ainda ta sendo produzida pelos coreanos... apesar de eu concordar que nem era preciso isso (eu não acho que vai ser boa não).

      Eis uma coisa que me fez assistir, pois eu também achei que era a segunda temporada.

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  4. Ah bom, então apenas pegaram carona no nome, já que a continuação será com os coreanos, isso dá uma esperança de que seja legal

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    1. Né. O único problema é que a série em si tem um encerramento tão bom, não sei se compensa pra eles continuar. O jeito é esperar mesmo...

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