SérieMorte: Gen V - A 4° Temporada de The Boys

O spin-off de The Boys soava como um "X-Men" de adolescentes, com violência e nudez ao bom e velho estilo Prime Video, mas até que ele foi um pouco além, tendo uma boa história que adiciona bastante conteúdo ao universo dos supers, apesar de lembrar um "American Pie" de super-humanos.


A série tem 8 episódios, cada um com pouco menos de 1 hora de duração, e apesar de bater as metas de exigência mínima da plataforma em que foi lançada, ela não exagera tanto quanto um "The Boys" da vida. A violência é extrema, mas não muito constante, e a nudez perde espaço pra perversão levemente censurada, mas presente.

É um show não recomendado pra se assistir em família, mas não é tão pesado quanto a série mãe.

Ainda assim, ela se escora bastante nela, usando participações especiais constantes, e fazendo referências a eventos das temporadas de The Boys, o que torna quase que obrigatório conhecer a série principal, antes de assistir (ou muitos spoilers serão dados).

Falarei mais a seguir, e acho eu que não terá spoilers...

Então boa leitura. 

Tecnicamente, "Gen V" é a quarta temporada de The Boys, mas sem os "The Boys", por completo ao menos. Eles estão ali, a conduta e ideologia que defendem também, e o que combatem também. Aquela temática de que não há vilões ou heróis, apenas ideias equivocadas e objetivos egoístas é exatamente a mesma aqui.


Pra quem não conhece a série principal, nem se dê ao trabalho de assistir Gen V, pois provavelmente sairá sem entender grande coisa. Mas, apesar disso, há alguns eventos curiosos e a trama se concentra em um problema que se resume a jornada dos personagens vistos aqui.


A protagonista é uma garota negra chamada Marie, que tem um super poder de controlar Sangue, algo que descobriu ao ingressar na puberdade e causou vários incidentes, mas agora ela busca pela redenção, tornando-se uma heroína.


Heroína em um mundo já conturbado de mais pela presença de outros Super Heróis, que vem tendo seus males expostos cada vez mais, com acidentes terríveis e calamidades públicas que mancharam a reputação de qualquer super humano.


Mas, ela vai pra uma faculdade/escola de heróis, onde teoricamente eles seriam guiados pelo caminho do heroísmo e combate contra vilões, a favor da justiça. Mas na prática é só um colégio repleto de super adolescentes super pervertidos, festejando, se pegando, participando de redes sociais, competindo pela glória social, e quase sempre ignorando os estudos.


A escola inclusive não serve pra ensinar controle de poderes nem nada assim, é só pra ensinar o básico da socialização, e explorar ao máximo a imagem de seus estudantes. Já aí toda a ideia de escola para super heróis fica meio desperdiçada, sendo apenas um local para concentrar e prender jovens de potencial elevado.


E nessa premissa os jovens que acompanhamos descobrem que estão numa prisão, descobrem os podres do local, e todo o interesse dos manda chuva (a Vought), partindo pra uma rebelião desorganizada.


Combate é quase inexistente, com no máximo alguém dando um soco ou dois, e as vezes um grupo de pessoas aleatório sendo esquartejado pelos poderes de alguém.

A história se concentra mais nos jovens descobrindo sobre quem são, aprendendo a aceitarem quem são, e também desenvolvendo e aprimorando seus poderes (ou compreendendo a gravidade deles) com o passar do tempo, e com as cagadas que fazem.


Não que isso faça grande diferença pois no contexto geral, são todos meros brinquedos da Vought.

Um ponto interessante é o fato dos poderes mostrados aqui serem réplicas de poderes de outros super famosos, revelando que é possível haverem outros com potencial igual ou até maior que aqueles que já existem.


A repetição não é falta de criatividade, e serve como um tipo de demonstração de que a nova geração tem um potencial maior que a atual.

Também há a revelação de que a velha geração está fadada a um fim trágico por desgaste, algo que preocupa a nova que não sabe o que herdou através do Composto V, e também preocupa a velha que não faz ideia do que criou.


Lamentavelmente todo esse mistério é dissolvido em meio a uma trama adolescente repleta de traições e erros bobos de jovens, que nas mãos desses super idiotas, torna-se algo gravíssimo pro mundo.

Outra boa revelação e complemento ao universo "The Boys" é a existência de outros combatentes extremistas aos supers. Há soluções para lidar com ameaças ao nível Capitão Pátria, e muitas delas são excelentes e puramente científicas, como aparatos que reagem apenas aos Supers, ou até armas biológicas.


Mas, o lado dos supers também tem suas artimanhas, e o próprio Capitão Pátria traz sua ideologia distorcida pra preencher o final, botando todo mundo na palma da sua mão.

Sobre os demais "heróis" mirins da brincadeira, temos como principal destaque a pessoa bigênero que pode mudar de sexo, e de poderes (como homem tem força e resistência, como mulher tem telecinese), e abre espaço pra discussão de gênero é claro.


Tratando-se de uma obra no mesmo universo xenofóbico, racista e preconceituoso que a obra principal se passa, nem tentam fazer justiça social. Porém, isso só se preserva no idioma original.


Por alguma razão estranha na versão dublada (e legendada) os tradutores optaram por enfiar essa justiça em algumas falas, com "pronomes neutros" os adaptando em conversas sem grande importância.


O tosco é que muitas dessas falas apenas não souberam adaptar as originais pro nosso idioma, enquanto em outras traduções eles souberam fazer isso. Aqui, o uso de "Elis" substituiu o pronome neutro discutido na gringa "Them". Mas em espanhol por exemplo, eles adaptaram a fala pra um modo neutro facilmente, apenas reescrevendo o texto sem mudar o sentido.


Mas, isso é reservado a breves momentos, e nas reais cenas em que há algum tipo de discussão de gênero, isso vai muito além de meras palavras e como usa-las. Os jovens se descobrem, temem não serem aceitos (e passam pelo preconceito), inclusive algo que serve de pano de fundo pra história dessa personagem bigênero, de forma muito natural e facilmente compreendida.


Outra personagem de destaque é a garota com bulimia que reduz de tamanho. Isso é algo que adapta problemas que adolescentes passam de fato, na busca pela aceitação e padrões sociais, mas aqui não mira exatamente nisso.


O problema dela não está em sua estética humana, mas sua estética super humana. Ela não faz isso pra ficar magra, mas pra ficar pequena, e assim agradar. Da mesma forma ela aprende mas sobre esse poder, tanto seus prós e contras, e até como manipula-lo sem depender de ações físicas.


Mas óbvio que o carisma dela (e dos demais), nos faz temer por eles. É fácil imaginar os piores desfechos pra esses jovens que, tecnicamente nem importam pro universo de "The Boys", e poderiam ser descartados a qualquer instante. Medo esse que cresce quanto mais os conhecemos.


Também há o personagem super poderoso que enxerga fantoches em toda parte, e é tão instável que sua mera existência é um risco tremendo pra todo o mundo, amigo ou inimigo.


Eu fiquei ali na expectativa dele surtar e sair matando todos os fantoches que vê, e confesso que quando aconteceu algo assim eu fiquei temeroso pelos protagonistas. 


Tem o personagem telecinético que é filho de um super famoso (Polaridade), e herda suas responsabilidades, mas também suas fraquezas.


Este servindo pra ilustrar um pouco mais a situação difusa dos heróis mirins, e como eles estão perdidos no meio de uma verdadeira guerra política, quase sem terem opção.


Por fim há a telepata, que pode mudar e manipular a mente das pessoas, o que a torna uma ameaça gigantesca, caso se desenvolve-se mais.


Volto a dizer que senti medo pelos personagens, mesmo não sendo uma série de terror. Em um ambiente hostil em que qualquer um pode morrer em um piscar de olhos, eu nem queria me apegar ao elenco já no aguardo pelo esquartejamento de geral. Contundo, senti um pouco de decepção ao ver que pegam leve com eles.


Claro que há vários outros poderes, muitos sendo usados da forma mais sórdida imaginável, mas não é nada que não se espere de jovens com habilidades especiais. É só besteira que sai disso.


Em termos de mistério e reviravolta, o ápice é quando é revelado um vírus capaz de infectar e matar os supers. Não é algo usado aqui, e apenas é transferido pra série mãe e uma próxima temporada, o que posteriormente pode ser resumido apenas como "Descobriram isso naquela escola".


A Escola em si é só uma desculpa pra concentrar a Geração V, uma vez que tornou-se público que a criançada com poderes nasceu de um experimento da Vought.


Mas a tal escola já existia no passado, e atualmente apesar de não ser um grande laboratório, é ainda uma artimanha pra manipular a sociedade, e condicionar suas crianças.


Enfim, essa nem vale como uma série spin-off tecnicamente, pois muito dela complementa o que há na "The Boys", e repito, ela é como a quarta temporada, mas com outro nome.

Pra quem gosta de ver heróis se pegando, nudez mediana, muita sacanagem e sangue voando pra todo lado com pessoas explodindo, essa é mais uma daquelas séries que provavelmente agradará.


Tem muito drama aborrescente básico, mas pelo menos ele é apimentado com os poderes variados, tornando a experiência mais interessante do que vexaminosa. Não é apenas um dramalhão repleto de hormônios... há também composto V!

É isso.

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2 Comentários

  1. Tá bem, a parte do drama adolescente é bem chatinha. Mas pior que senti menos essa, acho que me afastei bastante desse tipo de drama e acabei dessensibilizando em relação ao tema, tem vezes que a gente fica saturado. Eu também curto muito essa obra e a questão dos poderes, daí achei divertido assistir, fui vendo aos poucos com minha namorada também, um conjunto de fatores fez eu gostar.
    Uma coisa que já está ficando batida na série é esse negócio de explodir coisas, tudo explode, nem a genitália do cara passou batida, coitado (coitado nada, assediador do caral...). No início foi até impressionante, o A-train lá atropelando a namorada do Hughie foi chocante, agora não mais, mas por ser bem condizente com a identidade da série é pouco provável que mude.
    Enfim, boa análise, tu assistiu bem rápido mesmo kkkk pegue leve nas coisas aí e beba água (calor tá brabo).

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    1. Pior que eu curti po. Achei até mais leve e interessante que a série principal. Eu tenho um pouco de raiva de The Boys pois acho que eles utilizam mal suas possibilidades. Aquele texto do Mochileiro eu escrevi por causa disso acredita?

      Mas, já me acostumei, inclusive esse fator das explosões é algo que me desagradou pela repetição também, mas virou a marca registrada da série né.

      Um único problema que eu nunca consigo superar é o de todo Super ter super força. Acho meio bobo isso, onde dependendo da força do roteiro, um murro que é capaz de atravessar o peito de uma pessoa comum, nem faz cócegas num super qualquer, mesmo o poder dele sendo sei lá, ficar invisível.

      Esse fator dá uma reduzida no perigo, mas ele ainda tá lá, só esperando a canetada certa pra massacrar geral.

      Ainda estou perplexo pelo final ter sido tão... pacifista? Eu jurava que todo o elenco ia de F...

      E, sim sr!! Eu maratonei porque acabei curtindo mesmo. Inclusive assisti o primeiro episódio duas vezes pois esqueci de tirar as fotos. Não costumo fazer isso então, foi uma boa série apesar dos pesares.

      E... aquela cena... jesus. O cara mereceu, mas saiu até que bem se parar pra pensar. Queria que ele tivesse sofrido mais.

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Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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