SérieMorte: Miracle Workers - 1° Temporada - A Empresa do Céu

Chega a ser injusto essa série ser tão curta. Eis algo que me impressionou e agradou tanto, que me fez perceber o quanto algo bom dura pouco.

Eis uma série da TBS, passada por aqui pela Warner, HBO e Prime, de humor besteirol daqueles que desligamos o cérebro pra assistir, e com Daniel Radcliffe como parte do elenco principal (sim, o eterno Harry Potter), sendo esta uma das coisas que me atraiu, mas apenas uma das muitas razões pra adorar o que assisti.


Ela não é só uma série de comédia, ela também é leve e muito divertida, e o melhor de tudo, é no formato Antologia, tanto por episódios, quanto por temporadas (isso vai ser legal de explicar).

Falarei mais a respeito a seguir, e nem grila, não terá spoilers.

Boa leitura.

O que é Miracle Workers?

Pra começar tudo, não entendo como deixei uma série tão boa simplesmente passar direto por mim, sem dar uma única chance. Eu me lembro bem quando vi um episódio aleatório pela primeira vez, e ao notar que Daniel Radcliffe estava nela (mesmo eu curtindo muito o ator de seu papel mais famoso) eu pensei "Ah, mais um filme genérico" e mudei de canal.


Isso ocorreu pois infelizmente, vários dos filmes que ele interpretou pós o famosos bruxinho acabaram não vingando muito bem. Sendo bons ou ruins, eu acabei nunca curtindo, e por puro instinto fugi de obras em que ele aparecia (pra não manchar minha memória do ator).

O louco é que, Miracle Workers é um dos trabalhos em que ele mais brilha, tendo uma atuação insana e hilária.


É uma série com 7 episódios por temporada, e cada um tem apenas 20 minutos de duração (eu fiquei abismado quando minha cunhada apontou esse detalhezinho, já que eu nem percebia o tempo passar ao assistir), ou seja, cada temporada é quase como um pequeno filme de pouco mais de uma hora e meia de duração (só cortar a abertura e os créditos e dá certinho).

Além disso, o formato dos episódios é quase antológico, contando uma história própria com inicio, meio e fim, mas utilizando os mesmos personagens num contexto que abrange toda a temporada.


Contudo, a temporada em si é antológica, onde tudo muda a cada novo arco, inclusive o universo em que a série se passa, todo seu contexto e seus personagens. A única coisa que se mantém são os atores, e claro o humor pastelão e abobalhado que é de matar.

Ou seja, não importa por qual episódio você comece a assistir, a experiência será satisfatória e completa, valendo até o desafio de assistir qualquer episódio sem nem ter ideia do que está vendo.


Comece Por Onde Quiser!


Foi inclusive o que rolou comigo na segunda vez em que tive a oportunidade de acompanhar essa obra prima. Um episódio começou e dessa vez eu decidi enfrentar, assisti e ri pra caramba. 


Quando o episódio acabou, começou um novo e eu pensei "Ah, pena que não to fotografando, seria o máximo escrever sobre" e do nada, tudo tinha mudado.

De um contexto religioso, a série havia mudado pra algo medieval, mas os atores e o modelo engraçado era o mesmo. Ri igualmente, talvez até mais, porém ao mesmo tempo fiquei me questionado o que tinha ocorrido, e o que tava havendo, porque tudo tinha mudado tão drasticamente e abruptamente. 


Mas o episódio foi completo, mesmo sem entender a troca dos papéis dos atores, eu rapidamente compreendi o novo universo em que se passava, e me deixei levar pela graça. Foi então que decidi pesquisar a respeito, e descobri que tinha acabado de ver o SEGUNDO EPISÓDIO da PRIMEIRA TEMPORADA, e o ÚLTIMO EPISÓDIO da SEGUNDA TEMPORADA.

Fiquei impressionado por ter entendido ambos, e não sentir um vazio de "algo em aberto" seja no primeiro ou no segundo. Muito pelo contrário, a série só me fez ter curiosidade pra assistir mais, e ver o quanto mais racharia de rir com ela.


Isso é um baita sucesso ao meu ver, pois uma vez que uma obra te permite começar de qualquer ponto, ela também te induz a buscar mais a respeito, e facilita muito o engajamento. 


Resumindo a Primeira Temporada.


A primeira temporada conta a história de anjos na Corporação Céu, que por pura inconveniência acabam apostando com "Deus" o destino da Terra. Como o planeta é um caos, "Deus" decide que a explodirá em 2 semanas, e dá esse tempo pra que um pequeno grupo da "Divisão dos Milagres" prove que vale a pena manter o planeta vivo, realizando um único "Milagre Impossível". 


Daí, a série se estende mostrando em cada episódio o grupo aumentando, com pequenas desventuras na tentativa de fazer um casal se apaixonar. 


A princípio a impressão que dá é que cada episódio mostraria um milagre impossível diferente, que falharia no fim. Porém é ainda mais legal e complexo que isso, sendo um mesmo milagre que eles não desistem e tentam, tentam muito.


Paralelo a isso há eventos com "Deus" (interpretado por Steve Buscemi), que é um personagem bem inconsequente e bobo (uma retratação mais puxada pro Chefe da Empresa que não sabe nem como ela funciona), e só faz bobagens sem ligar muito pros resultados.

Religiosamente falando, tudo isso soa um pouco ofensivo caso seja levado a sério, mas tratando-se de humor, seria absurdo considerar isso como um ataque a fé. Inclusive, a primeira temporada se conclui de um jeito tão profundo e tocante, com uma bela mensagem para o espectador, usando justamente essa imagem desastrada do grande criador.


Demais personagens também funcionam perfeitamente bem, como Eliza (interpretada por Geraldine Viswanathan) que é uma recém transferida pro Setor de Milagres, quem também causou o grande problema da destruição da Terra, e junto de Craig (Daniel Radcliffe), precisa arranjar um jeito de arrumar tudo.  


Mas ela é desajeitada à sua própria maneira, sendo exagerada e bem agressiva em suas decisões. Tanto que milhares de mortes ocorrem nos bastidores de seus feitos, o que é caótico, mas ironicamente cômico.

Sanjay é o Assistente Executivo de "Deus", interpretado por Karan Son, que também tem seus momentos desengonçados, criando pequenos infortúnios, mas ele seria um ex-funcionário do Setor de Milagres, que acaba de um jeito ou de outro ajudando o grupo na missão principal, paralelo aos seus afazeres com "Deus".


Tem Rosie, a Secretaria de "Deus", interpretada por Lolly Adefope, que por sua vez é aquela estereotipada funcionária descontente com o serviço, mas que tem potencial pra muito mais. A principio ela nem soa como uma das principais, mas tem seu próprio episódio de desenvolvimento e rapidamente consegue muita atenção.


E por fim, há o quase casal humano formado por Sam (Jon Bass) e Laura (Sasha Compere), que podem trazer a salvação do mundo caso deem o primeiro beijo. Algo fofo, mas quase impossível considerando o time de anjos que tá tentando bancar cupidos.


Tudo isso no controle de Craig, que mal sabe o que tá fazendo, é inseguro, covarde, tímido, mas tem amor pelo que faz, mesmo que seja pouco. Daniel Radcliffe soube projetar todas essas características, adicionando um ar maluco e descontrolado ao personagem, que é apenas incrível.



Um Universo Divertido, de Muitos


O bom da história é que ela não deixa de satirizar o modelo do Céu comparando-o com uma grande Empresa Disfuncional. Ela é tão antiga, entupida de setores diversificados, e com tantos funcionários, que já não tem controle algum.


Suas regras, seus sistemas, tudo isso é mostrado no tempo certo, acompanhando a narrativa, e sem jamais atropela-la. É louco como isso também faz com que aprendamos mais sobre o universo em que a temporada se passa, assim como também aprendemos os suficiente pra entender no mínimo o episódio em que estamos, sem depender dos demais, sem depender de flashbacks ou recapitulações.


Isso agrada muito, e tira o peso do conhecimento prévio de nossas costas, nos deixando aproveitar as patacoadas mostradas sem preocupações. Porém tudo se encerra aqui, pois tudo se renova na próxima temporada.

Mas, calma... tudo é só o começo.


A segunda temporada muda tudo sim, mas falarei dela depois.

Por enquanto é isso.

See yah!

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