O Filme Achado de Hoje: Deadware - Computadores em 1990 na visão da Geração Z

Estou apavorado, não pelo filme ser bom, mas por ele existir.

Em todo caso, quem decidiu pesquisar sobre, procurar, baixar e assistir foi o babaca aqui, e agora não tem mais volta, me sinto terrível.

Este é um dos piores, se não for o pior filme de todos os tempos, e olha que é um found footage... e eles já são ruins por natureza (mas eu os amo! menos esse...)

Tudo nele é ruim, mas explicarei em detalhes a seguir...

Boa leitura.

Deadware é filme de 2021, feito por duas pessoas atuando, dirigindo, escrevendo, tudo (deve ter sido algum projeto pra faculdade de cinema). O negócio porém tem uma ideia bem legal, que é porcamente aproveitada, resultando em uma atrocidade cinematográfica.

O filme erra em todos os sentidos, só isso.

Qual a história?

A história é de um casal de amigos, que está conversando via Webcam, no final do século 20 (acho eu que é em 1995, apesar de datas não terem sido reveladas).

Daí eles jogam um Adventure em um site que acessam, e descobrem que tudo está relacionado com suas vidas, e um fantasma de alguém que um deles matou, voltou pra cobrar sua dívida!

Ai no fim eles entram no jogo, e viram cadáveres flutuantes em uma imagem estática.

Cara, falando assim até que o filme parece bom, mas meu, ele é ruim, muito ruim, tremendamente ruim.

Ele erra nas atuações...

Os dois personagens conversam de forma muito anormal, quase como se estivesse lendo um roteiro. É muito mal feito, e eles mal conseguem improvisar, tanto que eles esperam o encerramento da fala um do outro pra poder continuar a trama.

Eu juro que não sei como aguentei até o fim. Todos os diálogos são muito falsos, repletos de risadas forçadas, caras de surpresa de dar vergonha, e aliás, que grito foi aquele no final? Meu, a mina que até então não reagia naturalmente a nada, da um grito de orgasmo ao ver a foto do amigo dentro do jogo (sem sentido nenhum) e morre? Que?

O cara mano, ele sai de casa, vai na casa da ex namorada, que deve morar colada na casa dele pois, demora menos de 2 minutos pra ele chegar (andando numa vontade que só por deus!) e ai, ele invade a casa, acende a luz, vê o Super computador da NASA que a mina tem, e a primeira reação dele é: Caramba, quantos desenhos!

E pior, o pior de tudo, o cara ainda mexe na máquina só porque a amiga (tudo em live viu) viu ele e gritou pra ele mexer, e lá ele descobre um vídeo da namorada morrendo, em que ELE MATOU! Ou pelo menos que ele rejeitou e depois ela morreu... eu sei lá mano, o filme é tão ruim que nem consegue explicar isso.

Os efeitos são péssimos...

Nesse caso é mais complicado ainda, pois ele usa efeitos digitais apenas, pra simular um computador de época e a tal vídeo-chamada. Só que, além de tudo ser ridiculamente artificial e fabricado, nada parece fluir direito. Eles teclam 30 vezes e sai 2 letras, eles clicam 4 vezes pro mouse ir pra cima... o negócio é feio viu.

O ponteiro do mouse se movimenta da forma mais mecânica que você possa imaginar, até porque nem deve ser um mouse de verdade, e sim apenas um ponteiro digital na tela, movido em vídeo mesmo, que nem tentaram fingir que era real.

Os personagens ficam encarando as webcams com as mãos paradas nos mouses, e o ponteiro fica lá estático, com eles pensando o que farão, antes de tentarem mexer ele. Quem que mexe o mouse assim? Ele nem dá uma tremidinha meu!

Meu, o negócio é tão falso, mas tão falso, que esquecem que por exemplo, a algumas décadas atrás, havia um reloginho de areia que aparecia quando o mouse executava suas ações. Hoje em dia as máquinas estão tão rápidas que a gente mal percebe isso... mas naquele tempo, vish, o reloginho era basicamente nosso passa tempo!

No filme esse relógio até aparece, mas em uma cena completamente sem sentido, em que ele parece carregar algo, e é só mais um de muitos vídeos dentro do powerpoint que eles chamam de livrestream.

E nem falo da trilha sonora pois, isso é o menor dos erros. tocam uma música contínua e tipo, a cada imagem do jogo, uma nova música surge (caramba, imagina quanta memória pra isso!). E a justificativa pra ter música é o jogo aberto, só isso mesmo... com direito a gritos e os clássicos barulhos de jumpscary, além de sussurros ao fundo, que todo filme de terror tem que ter né.

E quando os personagens vão conversar com outras pessoas? Como não tem ninguém mais em cena, a gente só escuta a voz deles, e o resto fica tudo mudo. É tão bizarro que, eu só ignorei.

Nunca viveram essa época...

A impressão que dá é que os atores (o diretor principalmente, que mete uma de ator e tá lá fazendo caras e bocas) nunca viveram essa época. Cheguei até a pesquisar, mas só descobri o nome da galera: Ali Alkhafaji e Sarah Froelich, e certeza que não tem mais de 30 anos (e se tem, meu deus gente, que vergonha deles, mancharam a reputação dos Millennials)

Eles nunca usaram um Messenger, nunca mexeram com internet discada, nunca nem mesmo viram o que é uma transmissão "ao vivo" pela rede naquele tempo. Cara, nunca que a imagem ficaria tão boa assim!

Botaram o que, uma distorção de cores do Instagram e acham que isso é o que os vídeos da época conseguiam produzir... QUEM DERA! Caramba, a minha webcam atual, que é full HD, num tem uma captura de imagem tão fluída quanto a desses caras em mil novecentos e bolinha!

O papo deles então, pelo amor de deus, o linguajar que usam é estranho, o visual deles é incompatível com a época! Aliás, eles chegam a cometer a gafe de falar sobre "Livestream" como se essa palavra existisse nessa época.. okay, existia, ela existia deste os anos 90, mas assim... ela não era em nada viável, quem dirá POPULAR, ao ponto de ser dita assim, como se fosse algo totalmente comum.

YouTube surgiu muito antes dessa palavra viralizar, de chamadas em vídeo se tornarem possíveis, não pela péssima qualidade da tecnologia na época, mas sim pela acessibilidade e principalmente pela REDE! Banda Larga da época era uma verdadeira merda.

Até dava pra fazer, mas o negócio era CARO, LENTO e MUITO PESADO.

Daí vem e diz que não só fizeram uma chamada em vídeo, mas sim 3 chamadas ao mesmo tempo, uma delas do gasparzinho, com direito a compartilhamento de imagem em tempo real, e até mesmo ações simultâneas em tela? Cara eles tinham 3 PCs da NASA?

O filme nem tenta explicar tamanho acesso à tecnologia que o casal e o fantasma tem. Na verdade, a história em nada se combina com esse fator. É o que, uma moça que come corações sendo morta pelo namorado maluco que agora vai atrás da amiga dela, usando um jogo do capeta que ele próprio não quer jogar.

Aliás, os caras nunca jogaram algo na rede da época também né? 

Eu demorava pelo menos 30 minutos só pra CARREGAR um joguinho do Fliperama (site de games da época). A BARRA DE LOADING era um pré-requisito de todo jogo, e meu, nem isso os caras conseguiram simular direito.

O doidão pega e acessa um site erótico pra zoar a mina, e o site carrega TODOS OS PIXELS SIMULTANEAMENTE. CARA! NUNCA FOI ASSIM! Não falo por experiência nem nada... mas SEMPRE CARREGOU DE CIMA PRA BAIXO!

Imagens na rede carregavam lentamente, de cima pra baixo, o negócio já foi representado na mídia tantas vezes que até quem nunca conheceu isso em primeira mão sabe como era. Aliás, um 2G da vida chega perto disso meu, e a regra vale até hoje.

Eu antigamente pegava um celular da Nokia blocão e  tentava carregar uma foto, usando plano de dados, já era demorado, e ainda vinha sem cores! Magina então 3 pessoas num jogo online!

Questão de imagem também, quando que uma imagem antes dos anos 2000 tinha uma resolução em HD??? Isso nem existia, e se existia só alguém com muita grana conseguiria usar, e com toda certeza nenhum dos três personagens teria tais recursos..

Ta certo, posso estar me espelhando muito na minha própria realidade que nunca foi das mais tecnológicas naquele tempo, mas posso garantir que as coisas num eram assim. A tecnologia globalizou de um jeito muito rápido, e o que era visto como "de ponta" era bastante inferior ao que foi mostrado nesse filme... da pra ter uma ótima noção disso vendo filmes mais antigos que tentavam mostrar o ápice da tecnologia, e sempre eram aquelas máquinas brancas com monitor de tubo gigante, com pouco layout e muito mais comandos em códigos.

Tirando a tecnologia, sobra o terror risível...

Não da pra se assustar com nada que é mostrado aqui.

Além das imagens serem estáticas de mais, paradas e pouco convincentes, o jogo em si nem é bem feito, combinando fotos de lugares que os jogadores clicam pra explorar, e tentam entender o que tá rolando.

Daí de uma cena pra outra botam um vídeo em FULL HD carregado em segundos, mostrando alguém andando (com uma distorção de filme antigo VHS falsa de mais), e pronto, o susto é ver tripas, sangue, coração palpitando, jumpscary de fantasma, e por ai vai.

E nem tem tanto disso, pois muito do filme é só o casal conversando sobre seus ex namorados, sobre livros que leram e suas vidas depois que um se afastou do outro, numa diferença de 1 ano apenas.

A mina viajou pra outra cidade pra namorar um cara e tomou um pé na bunda, e o cara largou a namorada pois ela virou um Ghoul. É isso, vida que segue, e bora pra live mortal que nunca é explicada.

O pior de tudo, é o HD.

Tipo, no fim, a gente até pode relevar toda a babaquice tecnológica de época que, apenas adolescentes pós 2010 imaginariam como algo real... mas dizer que naquele tempo, seria possível GRAVAR 3 LIVRESTREAMS E GUARDAR ISSO NUM COMPUTADOR!? Sem chance.

Um HD naquele tempo num passava de 512 MB e olhe lá! Isso era tipo PC Gamer tunado... imagina 3 assim... gravando mais de 1 hora contínua de filme... jesus.

Esse filme não convence, nem conta uma boa história, mas até que achei a ideia de um jogo assombrado em live bem legal... quem sabe um dia façam um filme que presta sobre isso.

Mas se um dia alguém te convidar pra ver Deadware... apenas dê um murro nessa pessoa, pois ela acabou de te insultar.

Enfim, é isso.

See yah!

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