CríticaMorte: John Wick - Capítulo 4 - Baba Yaga - Adaptando jogos de tiro pro cinema!

Filmes de ação não são minha praia, assim como jogos de tiro não são o que curto. Mas como toda regra tem uma exceção, eis que as vezes vejo e amo filmes de tiroteio e pancadaria. No topo da lista está franquia John Wick, que pra mim é um dos melhores filmes a adaptar jogos de tiro, mesmo que nem exista um jogo de tiro deles!

Loucura né? Bem, agora que a franquia chegou ao fim, acho que é um bom momento pra falar sobre.

Boa leitura.

"John Wick" é uma saga de 4 filmes que nunca decepcionou. Cada capítulo tem uma premissa simples, mas que rende muito tiroteio, mortes, lutas bem coreografadas e pronto, isso já basta pra ser incrível.

Keanu Reeves e seu jeitão travado e robótico na atuação, e estatura franzina e nada ameaçadora, junto de um carisma sem igual, é um baita ator que com toda certeza torna o personagem ainda mais interessante. Talvez, se ele fosse alguém mais musculoso, robusto, cheio de técnicas de luta e apelações não nos impressionaria tanto, pois é seu jeito "frágil" que faz com que compremos as lendas que os coadjuvantes espalham sobre o cara ser uma ameaça viva.

E assisti-lo matar geral, usando tudo quanto é artimanha e materiais diferentes, é algo divertido, empolgante, e rouba nossa atenção facilmente. Claro que, todos os filmes são uma mentirada atrás da outra mas, a gente aceita, pois é legal!

Eles nunca prometeram nada além disso, muita ação e pancadaria, sem nada tão apelativo, apenas bandidos se matando por objetivos simples. No primeiro filme John fez a lenda saindo da aposentadoria pra vingar seu cachorro assassinado injustamente (ninguém nem lembra do carro!). No segundo foi pra escapar da retaliação por quebrar uma regra. No terceiro pra se manter vivo após ser caçado pela administração. E agora, ele luta pra poder morrer em paz.

Com objetivos bem esclarecidos mas nada fáceis, ele conta apenas com suas habilidades e o respeito que conquistou no mundo do assassinato. Assim, entre caçadores de recompensa atrás de sua cabeça e possíveis aliados, ele viaja pelo mundo matando geral e tentando durar até os créditos chegarem.

De fato, sabemos como tudo acaba. John não tem nada pelo que lutar, além de sua simples paz e respeito. Ele é uma lenda viva que caminha entre os mortais e mostra pra eles o significado dessa palavra.

E o mais interessante de tudo está nessa parte, pois os filmes iniciam no final da história dele.

John Wick já é uma lenda, que se aposentou, e tá velho e detonado, tanto que da pra sentir a dificuldade em suas palavras, por mais que as feridas não transpareçam por trás de suas roupas chiques à prova de bala, o cara tá acabadaço e fica cada vez mais, a cada capítulo.

Mas ele é obrigado a voltar ao velho mundo que abandonou a muito custo, só pra sofrer mais, e apanhar de gente interesseira e orgulhosa, até que conquista seu respeito uma vez mais. Irônico que os maiores inimigos de John não são os velhos, mas sim os novos membros da organização de assassinos, que parecem ignorar seu simbolismo.

E claro que os velhos pagam o pato, muitos sofrem a fúria do antigo Baba Yaga e, no fim, a gente só curte o massacre.

A franquia começou no final sim, e ela não fica voltando no passado pra mostrar a era dourada do assassino, mas também não a ignora. O tempo inteiro personagens que conhecem bem o quão letal ele é, surgem e interagem com ele, como amigos, inimigos, ou os dois ao mesmo tempo. E isso só engrandece sua presença, tornando o show de balas mais criativo ainda.

Criatividade é outro fator em destaque em todos os filmes, pois conseguem criar situações de combate campal ou individual de encher os olhos. Tanto que, eu os assisto pensando em Hack and Slash e jogos de tiro dos mais frenéticos.

John Wick lembra Devil May Cry misturado com Alan Wake e Max Payne. É tiro pra todo lado, e quando os inimigos chegam perto, é faca e espadada pra todo lado, isso quando não surgem cachorros, cavalos, carros, motos, flechas e até os temidos lápis!

Eu vejo a franquia como uma adaptação de jogos que nunca existiram (mas se existissem seriam sucesso, talvez... quem sabe!) pois ele retrata só os melhores momentos dos famosos joguinhos de tiro.

Aliás, a estrutura narrativa de John Wick é basicamente a de um jogo. O personagem anda por cenários grandes e deslumbrantes, com uma arma em punho, descendo chumbo em dezenas de inimigos, alguns tão equipados que só morrem depois de vários tiros, e no fim rola até mesmo combate de chefões.

Poxa, a luta contra o Dente de Ouro é no formato perfeito de uma batalha de chefão: John derrota ele numa partida de cartas trapaceira seguida de luta com capangas, pra depois seguir numa perseguição no meio de uma Rave mesmo, com direito a gente dançando no meio dos tiros (que nem se abalam!) e mais uma luta com o chefão, pra ele ser jogado longe e peitar mais capangas, até ter o combate final do chefão... mano! É Devil may Cry isso ai! Perfeito.

Luta no meio do trânsito, com os carros em alta velocidade e os capangas atirando pra todo lado, meu, não tem como ser mais dinâmico que isso. Eu queria é jogar isso! Imagina poder pegar carros pra atropelar os caras atirando, depois sair e usar os mesmos veículos como escudo pra continuar lutando... meu!

Tem até uma longa cena em visão isométrica, que é um dos momentos mais loucos do filme! Aquilo é uma baita referência aos jogos clássicos de tiro que usavam a câmera nesse formato, o GTA por exemplo, os mais antigos pelo menos (que eu conheço, eu sou ruim com nomes poxa, mas sei que tem mais jogos assim).

E o tiroteio na escadaria então? Aquilo é um boss rush total! John subindo metendo bala em cada estágio, eu to cansado de ver isso nos Hack and Slash da vida! Muito irado. Deveriam tentar fazer filmes assim quando adaptassem jogos dos gêneros, e não aquelas bobagens repletas de diálogos e pouco show. O que queremos é ação!

Aqui é um espetáculo, cada capítulo, e o melhor de tudo é que eles despertam a curiosidade sobre o passado do personagem (duvido que não pensem na ideia de contar os tempos de juventude dele um dia)... mas é ainda melhor tê-lo em seu estado aposentado, mostrando que nunca deixou de ser um perigo, mas sim optou por isso.

Enfim, John Wick é uma franquia perfeita, que mesmo sendo exagerada, tendo um monte de cenas mentirosas, e tendo seus erros em coreografias as vezes, nunca deixa de empolgar, e sempre compensa ver.

Os 4 filmes são ótimos, se completam e são indispensáveis pra quem gosta de ação. Esse último fecha a saga com perfeição, e até o final que não é dos mais positivos, é satisfatório dentro do que foi prometido.

Aliás, de todos os personagens novos, o cara cego metido a demolidor foi uma adição sem igual! Ele é incrível, e cada cena dele é genial, divertida, e intrigante.

O Sr Ninguém também é bem legal, apesar de ser um personagem mais genérico (que só serve mesmo pra trazer um cachorro pra ação, o que virou costume), é bom ver que os jovens também respeitam a lenda.

E por fim, respeitaram a imagem de Lance Reddick, que interpretava Charon, o porteiro do Hotel de assassinos de New York (um dos maiores aliados de John), quem faleceu em 2023. Seu personagem morre de forma significativa no longa, e deixa um bom legado, sendo recordado mas sem que isso soe "forçado".

Não é só de ação que o filme é feito também. O universo dele é muito vasto e com regras próprias que enriquecem muito a trama, e elevam o desafio do protagonista. Regras da organização de assassinos que devem ser respeitadas em toda parte, o esquema das moedas, a proteção dos hotéis/santuários, a divisão de grupos em famílias, os contratos de caça/recompensa, as armas especiais e equipamentos, os serviços únicos que os assassinos possuem, todo o sistema dos submundo, é tudo tão grandioso e detalhado. Apenas é incrível e muito bem pensado.

Bem, este é um baita filme pra se ver, e repito, vale a pena assistir a franquia toda. Eu só queria compartilhar um pouco pois eu adoro John Wick!

É isso.

See yah.

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