O Filme Recomendado de Hoje: Tudo Em Todo O Lugar Ao Mesmo Tempo

 Preconceito, foi isso que me afastou dessa obra prima por tanto tempo.

Quando o filme saiu, era o auge dos clichês de multiverso, com o tema saindo em tudo quanto é filme, série, animação, jogo e sei la mais o que, principalmente de super heróis. Era tanto, e com uma qualidade cada vez pior, que apenas falei pra mim mesmo "Nem louco vou ver mais um filme genérico de multiverso, ainda por cima chinês", e decidi desprezar justamente uma das poucas coisas que soube abordar o tema com maestria.

Que filme viu, que filme.

Falarei tudo o que puder, sem spoilers, aqui mesmo, de forma coesa (se é que é possível).

Boa leitura!

Ainda bem que assisti

Fico feliz em não ter visto spoilers apesar de menosprezar a obra só por se tratar de um conto multiversal, pois assim pude me surpreender com tudo. Mas o longa não se trata só de uma história boa, bem filmada, bem dirigida, bem atuada, e repleta de significados. Ela é apenas uma obra espetacular que nos faz ir da risada ao choro em segundos, brincando com as emoções alheias como se estas fossem tudo ao mesmo tempo.

Eu não me lembro da última vez que chorei rindo, ou que fiquei assustado e animado, ou que apenas simulei a ação de um beijo (sim, eu fiz biquinho junto com os personagens torcendo pra se beijarem juro, eu fiz isso no automático!), junto com salsichas. É sério, eu mergulhei nesse filme, e eu não consigo expressar ou explicar com clareza a razão disso.

Tudo que posso dizer é que este é um filme divertido, e completo, com de tudo, absolutamente tudo, um pouco e o suficiente, ao mesmo tempo.

A História

O enredo é misterioso a princípio e não nos diz pra onde irá, soando até meio desinteressante, ainda mais pelo excesso de informações e diálogos logo de cara. A gente nem sabe quem são os personagens mas já cai de paraquedas nos problemas deles, sem saber nada do que tá acontecendo, apenas assistindo até que, as pistas do que ocorrerá de significante surgem.

Através de "possessões" misteriosas, somos apresentados ao conceito multiversal mais genial que já pude testemunhar, desde a ideia da Transmissão Mental do Logan em "Dias de um Futuro Esquecido": Pessoas viajando entre realidades apenas pela mente.

Isso porém não importa, pois o que importa é a razão das tais viagens, e conforme o longa avança, isso é explicado ao mesmo tempo em que conhecemos o real significado dos personagens aos quais ainda nem fomos apresentados, isto pois as vidas deles são apresentadas ao passo que o próprio filme nos apresenta outros personagens, como fragmentos de uma longa e turbulenta vida, repleta de caminhos diferentes.

Ficou confuso? Acredite, é muito simples e fácil de entender: A vida é uma só não importa quantas vidas viva.

O que tem de bom?

Além da premissa perfeitamente trabalhada, o filme acerta em tudo o que propõe. Ele tem uma ação desenfreada e espetacularmente coreografada, as vezes rápida e frenética, as vezes sutil e serena, até mesmo em câmera lenta, mas sempre de forma impressionante.

Ele tem efeitos especiais e práticos que apenas funcionam, e por mais "bobos" que pareçam, eles comunicam abertamente seus significados, e não basta mais do que uma cena para que entendamos a razão deles serem como são. Além disso, são todos bem executados.

As músicas que tocam preenchem todas as cenas com a emoção exata que naturalmente evocam, quando paramos apenas pra escutar. É uma seleção sonora de tirar o fôlego, e apenas combina, SEMPRE com tudo o que podemos ver (ou não). 

A edição e corte de cenas parece uma poesia visual, de tão perfeita e precisa, rápida e brusca quando deve, e cheia, muito cheia de material. Inclusive, a fotografia disso é maravilhosa, e estou perplexo com tudo que pude ver. Tu pode pausar o filme em qualquer parte que ele vai ter uma história pra contar, só pelas imagens que mostra. Mas ele nunca te pede pra fazer isso, pois a ideia é sobrecarregar nossa mente com informações, pra desviar do real tema até a hora certa.

Tema este que é desenvolvido pelo número carismático de atores que protagonizam, ou até mesmo e não excluindo os de papel secundário, terciário, ou até meros coadjuvantes de fundo. Todos tem importância, e dão o melhor em seus papeis.

Qual o gênero do filme?

Se parar pra pensar, ele é humor, mas ele tem o mesmo nível de ação, suspense, romance, drama, ficção científica, viagem no tempo e uma pitadinha de terror. De tudo um pouco, porém sempre puxando pro humor.

É um longa que aproveita todas as oportunidades que encontra pra arrancar risadas, e também lágrimas. Ele explora tudo que pode mas sem jamais soar exagerado, e até mesmo quando alcança o patamar fantástico porém filosófico, ele faz isso com certa segurança, sem nunca ir longe de mais e perder o foco. 

E olha que em questão de foco, este é um dos filmes mais difíceis de mantê-lo, tanto que o tema principal é baseado na perda de foco. A protagonista, assim como outros personagens, tem uma habilidade maluca de ao cometer atos imprevisíveis, alcançar uma realidade paralela e simultânea à própria, onde ela passa a existir na mente daquele que a representa, ao mesmo tempo em que permanece em seu universo padrão.

Claro que o filme sabe como mostrar isso, mas ele também sabe como comunicar o quanto isso perturba a ordem mental dos envolvidos, ilustrando com alterações constantes de configuração/resolução de vídeo, ou até usando imagens sobrepostas, distorcidas, ou apenas alterando entre plano para que acompanhemos o desenrolar de múltiplas situações, como uma colcha de retalhos muito linda sendo lentamente desdobrada.

Ele nem precisa apelar pra estilos visuais diferentes, pois no fim, tudo é tão parecido quanto diferente, e ele faz isso de um jeito consciente, para mostrar que mesmo o mundo sendo outro, ele partiu de uma ideia equivalente, apenas se ramificando.

Tem algum problema nele?

Pra ser justo, sim, tem: Ele acaba.

O filme é tão divertido que a gente pede por mais, mas ao mesmo tempo não há como ter mais, ele termina no momento ideal, e transmite sua mensagem precisamente como deve.

Mas é também um daqueles filmes que jamais poderá ser replicado, bastando-se e sem abertura pra continuações, mesmo os universos que ele apresentou sendo tão magníficos e amplos, com tantas possibilidades, no final das contas nada importa, pois sua história acabou.

E isso é um baita problema, pois como que alguém tem a audácia de conceber tamanha obra, pra então arranca-la com tanta crueldade em troca de lágrimas e uma moral de história repleta de pureza e amor? Estou revoltado! Mas feliz pois amei tudo que vi, e não vi (graças a deus!)

Este é um filme que vale muito a pena ver, e lamento não ter assistido antes (culpa da Marvel!).

Ele está atualmente no Amazon/Prime Vídeo, mas deve ter em outras plataforma de streaming, e se não tem, terá logo.    

É um filme feito pelo estúdio A24, e eu tô começando a me acostumar a ver filmes deles... ficarei mais atento e evitarei julgar algo pelo contexto da época. Vô ver é tudo!

Enfim, é isso.

Obrigado pela leitura...

E See yah!!!

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