O Filme Recomendado de Hoje: Ninho do Mal (Hatching)

Este filme finlandês é perturbadoramente bom.


Falarei o que achei a respeito a seguir.

Boa leitura.

São dois filmes em um...

Com absoluta certeza o que mais me agradou e aterrorizou foi o fato de haverem dois filmes de terror juntos. São duas narrativas, ambas apavorantes, e que são contadas ao mesmo tempo. Mesmo que façam parte da mesma premissa, uma pende pro lado "fantasioso", e a outra pro fator "social", e funcionam independentemente uma da outra, mesmo que no fim tudo se amarre.


O filme é sobre monstros, isso é um fato, e a ênfase é mesmo no plural, pois há mais de uma criatura botando terror. Tanto que, eu já me senti tremendamente incomodado antes mesmo do monstro fantástico ser incluído.

E não da pra não curtir isso, a atmosfera desagradável perdura desde os primeiros minutos do filme, e só aumenta até seu clímax, onde tudo acaba, mas sem que nada seja resolvido. Os monstros apenas se unem.


E aí que está, o primeiro monstro que se mostra na trama não é a criatura bizarra, mas sim a família da protagonista.

Qual a história?


Uma garota ginasta vive feliz com uma família perfeita, composta por um pai corno, um filho mimado, e uma mãe infiel, até que um dia ela encontra um ovo e cuida dele, até ele crescer e dá vida ao bode expiatório de todos os seus problemas.


E é isso, uma criatura medonha nasce do ovo, um pássaro que vai se desenvolvendo até se converter em um assassino, que tem como alvo tudo aquilo que sua mãe, a menininha, mais odeia. Paralelo a isso, tal criatura se torna mais humanizada, mas usando como padrão e exemplo os piores humanos que pôde conviver: a família da menina.

Ele é bom por quê?

O filme é grotesco, repleto de efeitos práticos excelentes e também muitas cenas nojentas que merecem um aviso de "evite se tiver estômago fraco".


Se acha que uma mãe pássaro regurgitando alimento pro filhotinho é nojento, imagine uma criança praticando bulimia pra alimentar seu doppelganger, tudo ali escancarado, pra gente assistir e vomitar junto.

O curioso é que nada soa forçado, pois tudo tem uma razão pra ocorrer e é plenamente justificado. Exceto é claro as ações e reações da bizarra família "perfeita".


Eles não são normais, e todo mundo sabe muito bem disso. A menina é a única que parece comum, e reage naturalmente as estranhezas camufladas de seus parentes, mas no fim até isso é "corrigido", o que só deixa tudo ainda mais desagradável e subversivo.

Ele assusta?

Ele assusta e não assusta, tudo depende da perspectiva do espectador. Afinal, ele tem sim cenas intensas e até violentas, e também sugestivas. Mas nem tudo é mostrado, e tudo depende de pra onde estamos olhando, ou o que estamos ouvindo.


Afinal, muitas vezes temos sobreposição de cenas e sons, que contam múltiplas versões de um mesmo momento. São situações ocorrendo em paralelo, e nem tudo é explícito.

Como há vários personagens, cada um tem sua interpretação do que está ocorrendo, e aquele com quem mais nos conectamos (se é que isso é possível) acaba sendo aquele que mais entendemos. 


Exemplo, o pai que ao ver sangue na cama da filha que vem agindo estranho, tem a interpretação que a maioria dos pais teriam, e por ser homem, prefere deixa-la com seus problemas de puberdade sozinha, ao invés de tentar explicar, conversar, ou entender melhor. 

Igualmente, em uma certa noite, enquanto um bebê chora desesperado, a filha sente falta de sua cria, paralelo a mãe que berra em seu próprio quarto com o amante. Tudo ali, escancarado em sons mesclados e abafados uns pelos outros, destacando aquele que melhor se comunica conosco, ou talvez apenas expondo a incômoda situação em que todos se encontram.


O mais assustador é o quão comum porém não natural as pessoas mostradas são. Perceba que apesar de todos serem estranhos, nenhum deles vai além do que já conhecemos ou podemos conhecer. 


As pessoas são todas assim, usando máscaras para fingir algo que não são, mas se revelando algo intimamente medonho e grotesco, quando observadas mais de perto, mesmo que não tirem o sorriso do rosto, mesmo que não removam a máscara, suas ações falam mais, e suas intenções acabam sendo expostas.

Conclusão...

Sinceramente, curti muito o filme, por isso o recomendo, assim como me foi recomendado.


A criatura evoluindo ao passar do longa só torna tudo mais bizarro, e eu senti empatia por ela, mesmo ela se revelando bem cruel depois. O problema não foi sua natureza, mas sim o ambiente no qual se desenvolveu.

Isso é uma boa metáfora... afinal o passarinho se tornou uma menina bem medonha, graças ao local em que cresceu... só achei errado ela ser culpada por tudo, quando na verdade ela foi a vítima... e convenhamos, pensar assim também é um baita problema afinal, quantos psicopatas existem por conta de um desenvolvimento familiar conturbado?! Complexo...


Enfim, atualmente o filme está no GloboPlay, mas nessa guerra de streamings nunca se sabe pra onde irá no futuro.

Por hora é isso.

See yah!

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