CríticaMorte: O Chalé (The Lodge) - Não zoe se não aguentar a zoeira


A muito tempo assisti este filme e achei ele interessante, porém não me lembrava o nome. Até que enquanto navegava pelo catálogo da Netflix me deparei com ele, e imediatamente me empolguei.


Não vi outra alternativa se não assisti-lo novamente, e dessa vez, para que não me esqueça, aqui vai o que achei.
E apesar do filme se lá do longínquo 2019, vou evitar spoilers.  

Boa leitura.

"O Chalé" é um tipo de filme que intriga mais do que assusta, pelo menos à primeira vista, e em seu desenrolar ele vai causando inquietação, e acaba passando por várias fases diferentes do terror.


De início ele foca num terror sobrenatural, repleto de suspense e sem dizer exatamente pra onde temos de olhar. 

Depois vira um mistério gigantesco sobre o que é real ou não, e nos faz acreditar no fantástico, mesmo que tudo sempre aponte o contrário.


E no fim, mesmo quando tudo é revelado, e toda a verdade fica escancarada, o que deveria ser um alívio se torna um agravante pro problema, e o medo realmente surge, numa conclusão terrível que praticamente desencadeia em puro horror.

Mas, apesar de não ser nem de longe um longa "leve", ele também não é nem um pouco explícito (tirando uma ou outra cena de violência ou nudez). Aliás, o que há de "explicito" é proposital para chocar, posto em situações bem específicas e apenas em um tempo bem calculado e propício de tela.

Qual a história?

Basicamente, é a história de duas crianças que odeiam a madrasta, por excelentes razões (na mente delas), e optam por tornar da vida dela um inferno, enquanto os 3 ficam isolados pela negligência do pai, em um chalé da família no meio da neve.


Perceba que só nessa sinopse existem várias possibilidades de bons filmes do gênero, e ele não ignora nenhuma delas, pois tem tons de claustrofobia, paranormalidade, psicopatia, imprevisibilidades físicas e naturais, e até mesmo há espaço pra metalinguagem e terror social. O negócio vai longe.

Afinal, o que poderia acontecer de errado em uma casa mal equipada e suspostamente assombrada, no meio do nada, cercada por neve, em plena tempestade, com duas crianças irresponsáveis que planejam travessuras, e uma madrasta indesejada que tem traumas do passado e é uma ex religiosa fervorosa de uma crença perturbadora e suicida, e que ainda toma remédios controlados escondida, além de estar armada?


São tantas chances de tudo virar uma bagunça que nossa função é apenas aguardar, esperançosos para que não seja algo tão trágico, mas também perplexos pelos resultados cada vez mais traumáticos.

O filme é bom?

Apesar de ser muito bom sim, ele acaba apelando pra um suspense exagerado baseado em contemplação de cenários, e muito mais enrola do que mostra.


O que falta de jumpscary nele, sobra em longos planos sequência mostrando nada, no escuro, e tocando músicas assombrosas que criam tensão, mas quase nunca se justificam, nem espantam.

O bom disso é que acaba nos preparando pras situações macabras e, quando algo ruim ou cruel acontece, nos pega de surpresa pois até então, nada parecia acontecer. Os personagens nunca parecem seguros, mas eles também não parecem em perigo, pelo menos não até que os alardes começam a ser postos em tela.


Com um bom jogo de câmeras, muitas vezes gera-se ainda mais aflição pela forma como os personagens interagem, tanto uns com os outros, quanto com as situações e ambientes que são obrigados a enfrentar.

Boa parte do longa se passa dentro do chalé, porém também há cenas externas que tiram o fôlego e causam nervosismo, além de alimentarem a trama com dúvidas e pistas de pra onde tudo está indo.


Aliás, algo bacana que ajuda na imersão é o fato do filme usar o tempo todo uma maquete do Chalé para contar sua história, quase como se fosse o encarte de cada capítulo e passagem. Isso gera uma atmosfera bem bizarra que prende nossa atenção e nos faz querer antecipar o que virá, relacionando coisas da maquete com o Chalé real.


Infelizmente, boa parte dessas pistas não passam de alucinações e sonhos, o que acaba sendo uma pequena artimanha narrativa pra gerar espanto, criando mais perguntas do que respostas ao término, e praticamente ignorando várias pontas soltas.

Mesmo assim, ele consegue se concluir de forma completa, e entrega um desfecho crível, e igualmente medonho, mesmo que termine de em aberto.


Pois sim, o filme não acaba mostrando tudo que tem pra mostrar. Ele deixa tudo ali, pra que a gente interprete a conclusão (mesmo que não haja possibilidades variadas além da principal e mais lógica).

Enfim...

Senti que precisava mesmo falar. Já tive "O Chalé" em minha mente como referência em outros artigos, mas por não lembrar o nome sempre deixei passar. Agora não há mais desculpas!

Existe inclusive outro filme que estou procurando, um em que uma mulher conversa com um cara através de uma televisão antiga em uma casa que acabou de comprar... e ele vive em outro período do tempo! Eu sei, estranho, mas me lembro que era um filme de tema antológico e terror, e eu realmente preciso assisti-lo. Um dia acho.

Por hora é isso. 

Obrigado pela leitura... bora pro próximo...

See yah!

Postar um comentário

0 Comentários