SérieMorte: Doctor Who - Flux - 13° Temporada (Jodie Whittaker)

Nessa nova fase da série, fiquei surpreso ao ver que mudaram absolutamente tudo, inclusive sua estrutura por inteiro, nessa que é a terceira temporada da versão feminina do Doutor.


Infelizmente é uma estrutura diferente de mais e pouco agradável.

Falarei o que achei dessa temporada, brevemente. Se você não gosta de Doctor Who, ou não conhece, foi mal, é que eu ando assistindo isso paralelo aos jogos, e calhou de falar a respeito.

Boa leitura.

A terceira fase de Doctor Who não é muito boa, apesar da nova intérprete do Time Lord ser excepcional, dando mais energia, carisma, e criando os melhores trejeitos do personagem (ultrapassando até mesmo o lendário David Tennant).


A equipe que a acompanha na 11° e 12° temporada é sublime: O velhinho pra lá de engraçado, que é sempre confundido com o Doutor; o jovem neto dele que luta pra entender seu lugar no mundo; e a policial que tinha problemas com a família; Todos os três configurando a "Família da Doutora", em viagens pelo tempo e espaço.


Então na 13º temporada, a equipe é reduzida pra policial (que do nada fica apaixonada pela doutora). A princípio tudo soava legal, ainda seguindo aquele modelo pseudo antológico mas, rapidamente tropeçando no exagero do elenco inflado.

Parecia uma regra, a cada novo episódio, incluíam um vilão potencialmente perigosíssimo, e novos personagens interessantes, que não tinham sua narrativa concluída. Isso dava abertura pra mais, pra uma exploração maior, e conflitos cada vez mais agravantes, algumas vezes tão grandes que pareciam insuperáveis.


E dessa forma, a constante implicação em terrores massivos, e calamidades universais, que acabavam todas tendo resoluções simples, em suas 1h de duração por episódio, davam uma sensação esquisita de repetição.

O pior é a forma como tudo ficava em aberto, com eventos quase que prometendo que seriam resolvidos no futuro. Futuro este que apenas nunca existirá.


A 13° Temporada fez a coisa que eu particularmente mais repudio, em toda obra de mistério que cria mais perguntas do que consegue responder: Eles usaram a regra da ANULAÇÃO. 

Quando não sabe como resolver um problema, ou como responder uma dúvida, anule com algo maior. Apague tudo, e dê a impressão de que nada importa, ou se importasse, não importa mais pois algo maior apagou.


É terrível quando uma obra se vê encurralada pelo próprio enredo e apenas descarta tudo, com resoluções artificiais e plenamente roteirizadas, para que assim um quadro em branco possa ser preenchido com novas ideias.

Chegaram ao cúmulo de aniquilar boa parte da história original da franquia, quase que blasfemando contra a origem dos Senhores do Tempo, e ainda criando deuses aos montes, e entidades alienígenas que jamais se explicarão. Alguns deles que até mesmo se contradizem, como os cachorros espaciais que protegem a humanidade em urgências, e jamais apareceram, mesmo o planeta Terra já tendo passado por inúmeros eventos de destruição e aniquilação iminente.


Até mesmo há um episódio nessas novas temporadas que mostra que a Terra foi destruída, e os poucos sobreviventes convertidos em Zumbis Espaciais (ou algo assim), sem que isso nunca fosse desfeito, e do nada, inventaram uma espécie que serve para salvar humanos!? QUE EXISTE ANTES MESMO DO INICIO DOS TEMPOS!!!

Foi inventividade exacerbada que tomou a mente do showrunner novo (Chris Chibnall), quem roteirizou não só os episódios principais, mas sim TODOS da 13° Temporada.


Trabalho não tão puxado assim, pois a temporada conta com apenas 6 episódios, e carrega a triste tarefa de tapar os buracos criados nas duas temporadas anteriores. Sem o menor sucesso.

Pra começar, é uma temporada sequencial e capitular, que só faz sentido se for totalmente assistida. Ela é a primeira inclusive que vi que tem subtítulo, o "Fluxo", e enumera cada episódio como um capítulo diferente.


Todos até tentam construir uma história própria mas, rapidamente uns criam amarras nos outros e tudo faz parte apenas de um grande filme de 6 horas. Bem produzido, mas muito mal dirigido e mal editado. O "filme" tem um hábito irritante de dar close na cara dos personagens como se escondesse as falhas dos figurinos escolhidos, estes bons até, mas mal filmados.

Mas, o pior está em como optaram por massacrar a história do doutor. Primeiro criando uma vida anterior as conhecidas que ele já teve (assim aniquilando a tradição de enumerar os doutores), vida esta que não só ainda existe, ou existiu, como permanece ativa e, teve várias versões anteriores também.


Literalmente criaram um segundo Doutor, ou melhor, Doutora, nada explicado, e jogado na história sem qualquer justificativa, e para resolver isso, optaram por apenas eliminar todo o universo, numa trama de "multiversos" e origens misteriosas, que no fim apenas nunca se resolvem satisfatoriamente. 

É a trama mais perdida que já vi na série, e com a estrutura adotada nessa temporada, tudo pareceu ainda mais confuso e sem nexo.


Tiveram a pachorra de enfiar vilões implacáveis, que perdem de forma humilhante, sem haver o menor esforço para ao menos justificar suas derrotas. Fiquei perplexo com o que assisti, e descrente que alguém achou uma boa ideia produzir isso.

Por outro lado, a Doutora é tão incrível, e consegue tanto segurar nossa atenção com seu estilo maluco e inquieto, falando sozinha o tempo todo, e com um jeito de inventora sem igual, que não tem como "odiar" a temporada.


Apesar de que seu novo Companion, "Dan", junto da policial Yaz, acaba por não ser lá uma boa adição, sem nada de memorável, e com uma qualidade esquisita na atuação (pareceu forçado).

Ainda há 3 especiais após essa esquisita temporada "Fluxo", e eu nem os assistiria, se não soubesse do anúncio do retorno do David Tennant no término desses especiais, com seu próprio especial posterior de também 3 episódios.


Estou ansioso por isso, e triste pela partida da doutora. Seu episódio de despedida (que é o último desses 3 extras dela) faz uma tremenda homenagem a todos os doutores da fase clássica, aparentemente ignorando todos da Segunda Fase... porém no fim acaba por trazer justo ele de volta, quem nem mesmo entende como pode ser o 10° e 14° ao mesmo tempo. David Tennant retornou!!!

Mas, Jodie foi muito boa, e ela merecia mais tempo. Espero que o sistema que ela criou de IA Projetada dentro da Tardis possibilite seu retorno ao papel mais vezes (além dos demais Doctors). A Doutora Mecânica é a melhor até agora (protagonizou uma das temporadas mais idiotas, mas, ela e seus companions valem a pena assistir). O jeito construtor dela é sem igual, ela construiu tudo, desde a própria Chave de Fenda Sônica até as atualizações na Tardis. 


Ela vestiu bem o manto, e conseguiu fazer bom uso dele... pena que ele é todo remendado pelos costureiros preguiçosos e sem criatividade.

Ah, e tem o Mestre agora interpretado por Sacha Dhawan, que só aparece em três episódios entre a 11° e 13° Temporadas, mas que com seu jeito Coringa de ser, é indiscutivelmente inesquecível. Torço muito pra que ele retorne, pois é aterrorizante e amedrontador, além de muito instável. Ele é um ótimo Mestre, que rivaliza muito bem com a Doctor.


O elenco dessas temporadas foi simplesmente o melhor possível (tirando o Dan, foi mal). 


Aliás, essa temporada já é reproduzida no Brasil pela Globoplay, enquanto as demais ficam com a exibição meio perdida por ai. Mas a dublagem dela está estranha... inclusive com erros que vão desde adaptação de falas, até mesmo edição sonora (em um dos episódios um personagem fala com uma voz robótica o episodio todo, sem motivo nenhum).

Futuramente, parece que a série passará no Disney+, e talvez tenha um tratamento melhor.

Enfim, é isso.

See yah.

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