SérieMorte: Black Knight

Boa série de ação com ficção pós apocalíptica.

Falarei tudo a respeito a seguir, sem spoilers.

Boa leitura.

Então, eu não dava nada por essa série, mas optei por assistir por serem só 6 episódios de 40 minutos cada.

É curta, e com inicio, meio e fim, além de ter um desenvolvimento perfeito.

Ela nem faz meu estilo, sendo mais ação com reviravoltas políticas porém, ela prende nossa atenção facilmente, ainda mais pelo suspense constante.

A história se passa em um mundo onde 99% da população já era junto com o planeta, e suas condições de vida. Um meteoro ferrou tudo e agora, os 1% restante sobrevivem num sistema de facções, isolados em cidadelas poluídas, e usando máscaras praticamente o tempo todo, pois o oxigênio do planeta está defasado.

Daí, uma empresa provê oxigênio, e também um sistema de entregas para o pessoal todo, além de gerir uma comunidade de elite em uma cúpula subterrânea.

É mais ou menos assim que as coisas são, mas tem bem mais tecnicidade em torno de tudo, por exemplo, as pessoas usam QR Codes nas mãos como identificação, e aquelas que não possuem, são discriminadas e isoladas das comunidades, tendo que sobreviver como Refugiados na superfície poluída, fugindo e se escondendo.

O governo é todo corrupto e favorece a empresa que vende os recursos, e no fim, todos apenas aprenderam a sobreviver nas regras desse mundo cruel.

E na perspectiva de um Entregador, uma Major, e um Refugiado, acompanhamos esse mundo até as coisas se acertarem.

Bem, confesso que há elementos de mais na história, que acabam poluindo o enredo e por pouco não nos confunde por completo.

Tudo tem potencial pra render a temporada toda, e quanto mais assistimos, mais elementos surgem e vão sobrepondo uns aos outros.

Temos o sistema de Entregas, onde os Entregadores são praticamente super guerreiros com caminhões, heróis que enfrentam a hostilidade do mundo para levar oxigênio e outras coisas para todas as comunidades, independente de serem oficiais ou não.

Temos os Saqueadores (que acabam esquecidos depois), que são pessoas que roubam (ou pelo menos tentam roubar) os entregadores no meio do trabalho.

Temos o Exército, que investiga de forma quase independente os crimes que rolam pelas comunidades.

Temos a Empresa, que trabalha em uma forma de realocar os sobreviventes do mundo, mas no controle de um Rapaz com uma doença misteriosa, que repudia os refugiados e por isso, quer fazer um mundo só pra quem ele escolhe.

Temos o Governo, que vem sofrendo com golpes internos de uma organização que sequestra crianças das comunidades. Crianças essas que são potenciais mutantes, filhos de miradores que foram expostos à radiação na época da queda do meteoro.

E tipo a história vai se ramificando mais e mais, criando um mundo cada vez maior mas que, no fim, se concentra apenas no núcleo dos personagens principais.

Apesar disso, eu gostei de como contaram tudo. Ela nos faz temer pelo destino de todo o elenco, mostrando desde o começo que ninguém está a salvo, e brinca com nossa expectativa, e sentimentos, revelando as grandes reviravoltas apenas nos últimos instantes de cada episódio.

Nunca estamos preparados pros desfechos, e o pior é que isso causa uma sensação esquisita e meio desagradável, onde nunca sabemos se podemos nos sentir bem, ou nos preparar pro choque que com toda certeza acompanhará qualquer sensação agradável.

A história é cruel, mas não é injusta. Ela se desenrola sabiamente, entregando tudo o que deve para suprir qualquer necessidade informativa que tenhamos.

Além disso, as cenas de ação são bem dirigidas, os efeitos práticos e especiais são ótimos (ainda mais num ambiente tão poluído) e a trilha sonora constrói bem a atmosfera.

Os atores então nem se fala, o protagonista é muito carismático, e torcemos pra que ele obtenha sucesso em seus sonhos, e no fim ficamos perplexos ao ver que ele pouco tempo tem pra aproveitar o que conquista.

O outro protagonista então, meu, que homem. O 5-8 é o cara mais épico que já vi em uma série, e ele justifica o fato de ser chamado de "lenda".

A outra protagonista, apesar de ser muito concentrada em regras e evitar descumpri-las, acaba também sendo uma baita mulher, que consegue mostrar a verdadeira razão de ser tão respeitada por sua equipe e familiares.

E aliás, é curioso como os três arcos se misturam de um jeito coeso. Eles já tinham uma forte ligação desde o princípio, mas tudo uma hora ou outra acaba por se encontrar, querendo ou não, mesmo o mundo sendo bem mais vasto do que todos os envolvidos imaginam, e cada um seguindo por uma rota própria até chegar ao destino em comum.

Pior que todos os personagens acabam tendo um arco legal de alguma forma. Mesmo os menos importantes, tem uma história que chama a atenção, e nunca sabemos quem realmente é o protagonista disso tudo.

É uma boa série... apesar de um pouco corrida e com certos furos (o jeito como os militares saíram ilesos foi estranho). Mas nem reclamo, é muito melhor algo contado de forma rápida, do que uma série enrolada que leva horas pra mostrar pouco.

Ela tem muita ação, ficção (por conta da tecnologia futurista), violência, choca, mas não é pesada, e tem momentos de drama e até humor que funcionam bem, mesmo as vezes tendo um forte teor político no meio.

Detalhe, a série se inspira numa Webtoon coreana chamada "Delivery Knight". Mas, ela não é tão fidedigna aos eventos... adaptando bastante o roteiro e até tirando um pouco das ênfases que a história original dava, além de mudar muito certos personagens.

Contudo, não é um problema. O quadrinho original é bom, e a essência dele, principalmente o drama, acaba sendo respeitado na adaptação. Ao menos foi o que notei.

Gostaria de ver mais trabalhos do tipo, e é bom adaptações desses quadrinhos mais simples.

Vale a pena ver.

Aliás, senti mó vontade de jogar Death Stranding agora... por que será?!

O quadrinho em si é sobre um entregador boa pinta e a necessidade deles pro mundo, o que eu sempre vi como uma ótima tradução da nossa realidade pandêmica. Death Stranding parte exatamente da mesma premissa... mas as semelhanças acabam aí.

São histórias diferentes, com propostas diferentes... mas ainda assim senti mó vontade de jogar.

See yah.