CríticaMorte: A Descoberta

Ontem de noite acabei puxando um filme na Netflix pra tentar dormir, e acabou que o filme tirou meu sono na metade.


Ironicamente era bem lento, e repleto de conversas, mas eu senti bastante curiosidade e não consegui parar e dormir. Acabei vendo até o final, e minha conclusão, é que no geral, é um filme qualquer.

Boa leitura.

Apesar de tudo, ele tem uma premissa interessante, que prende a atenção, mesmo ele sendo estruturado de um jeito meio desengonçado.

Não é do meu feitio escrever sobre filmes assim, mas acho legal ao menos cita-lo, uma vez que pode servir de referência no futuro.


"A Descoberta" é um filme de 2017 de Suspense e certo Drama, e que se sustenta na pergunta "E se o Pós-Vida fosse confirmado?" (Em tempos de What if, perdoe a semelhança, meu cérebro assimilou os conteúdos).

E, apesar de tal premissa ser bem chamativa, o longa não sabe lidar com ela de uma forma convincente.


Na verdade, pra aproveitar a proposta em sua plenitude, o espectador precisa simplesmente confiar no que o filme quer contar, sem provas, sem nem mesmo lógica, apenas descrições e afirmações.

O filme diz "Foi comprovado" mas não mostra nada. Ele diz "A prova é definitiva" mas sinceramente, pelo pouco que é citado, parece ser algo muito vago e questionável.


Ainda mais pela consequência dessa descoberta. Ela não é nem de longe crível: Milhões de pessoas passaram a cometer suicídio pra "Chegar Lá".

Mesmo caso a Descoberta tivesse sido algo realmente definitivo e palpável, ainda assim seria estranho essa reação da massa. Simplesmente descobrem que há uma vida após a morte, mas não descobrem como ela é, ou o que significa essa tal vida.


Basicamente, um cientista descobre através de uma máquina que quando alguém morre, suas ondas cerebrais permanecem existindo num nível quântico (e você decide como quer entender o que isso pode significar, pois o filme nem tenta se esforçar em mostrar isso). E isso, apenas isso, bastou como prova irrefutável de que a vida pós morte existe (???).

Se deixarmos isso passar, uma vez que tal descrição é o que dita o tom da obra, da pra aproveitar a história. Mas, se você for daquelas pessoas que já nota o tamanho do furo antes mesmo de avistar o precipício, aí não da pra engolir.

Por sorte eu tava sonolento, e consegui ser seduzido pela ideia. Assim, pude aproveitar o filme, sem ficar preso à questão: "Como ninguém questionou essas provas?".


Aliás, voltando pra ação do suicídio em massa, ele é ilógico. Nas provas, como elas são citadas, não houve qualquer confirmação ou negação a respeito da existência do Paraíso e Inferno. Na verdade, isso mais comprova a possibilidade deles existirem, e gera uma validação bíblica.

Mesmo assim, milhões de pessoas passaram a cometer o pecado maior só pra, ir pra outra vida? A tal revelação simplesmente acabou com as crenças religiosas e inclusive, o medo de ir pra um lugar pior?

Mas tudo bem, o filme não é sobre isso, tanto que há somente 1 cena de suicídio, e é censurada, presente no começo só pra dar uma chocada e deixar em evidência o conflito pela descoberta, além de reforçar que ela é de alguma forma irrefutável. 


Ao contrário, ele se concentra em mostrar como o Cientista, pai do Protagonista, se esforça pra trazer provas mais concretas de sua descoberta (viu, elas nem haviam!).

Usando uma máquina, talvez a mesma, sinceramente não ficou claro pra mim, ele busca filmar o que há no pós vida. Como? Sei lá. Parece que a máquina é capaz de capturar as ondas cerebrais e reproduzir num monitorzinho preto e branco, com direito a áudio. "Apenas, aceite." é o que o filme exige.


Mas o grande foco está no protagonista, que ainda cético pela descoberta vai aos poucos descobrindo que, ela é mais real do que ele imaginava.

Paralelo a isso, ele se envolve com uma desconhecida que, aos poucos vai se aproximando mais e mais, até que ambos se apaixonam.


E no fim, ele descobre que, tudo era a respeito disso.

A grande revelação do filme é feita através desse personagem, que simplesmente descobre que após a vida, as pessoas vão pra uma realidade alternativa onde revivem desde algum erro que cometeram, pra tentar arrumar. E isso se repete, infinitamente, eternamente, ao que parece.

Ele próprio já tava nesse looping, revivendo pra salvar a moça que conheceu de um suicídio pelo filho dela ter morrido. De início, ele apenas salva a vida dela do suicídio, pra ela morrer por um tiro no final do percurso.

Basicamente ele faz de tudo pra salvar a moça, sem saber que esse era seu objetivo, pois as memórias da vida anterior se perdem no processo, deixando meros resquícios no subconsciente. Mas depois de conseguir impedir o suicídio, ela acaba morrendo por outra causa, forçando ele a buscar uma alternativa, e viajar pra outra vida.


Sim, você deve ter notado que, isso lembra muito o conceito de Tensei, Nidome e Isekai. Rola troca de mundo, viagem no tempo, e mudança de corpo! Mas isso não ganha destaque, apenas é pano de fundo, pra um drama meio barato.

Em alguns momentos o filme até flerta com a possibilidade dos Sonhos serem vislumbres dessas outras realidades (pensamento esse que eu já divaguei muito). Mas, ele não se prende a essas ideias, e apenas vai contando sua história até o clichê do desfecho aberto e contínuo.

O protagonista, volta outra vez no tempo, ou viaja pra outra vida, após morrer, e salva o filho da moça de um afogamento (que sinceramente, nem mesmo na conversa que ambos tiveram sobre como a criança morreu, ficou claro que foi assim) e de alguma forma muda sua vida, pra em seguida ter um pequeno dejavu e, decidir, ou não, ir atrás da moça.


Isso tudo acontece depois de uma controversa cena na qual ele viaja entre as vidas, e conversa com a moça em seu primeiro encontro, no qual ela diz ser fruto da mente dele, e explica da forma mais expositiva possível que ele tá num looping entre vidas. 

Mesmo ela dizendo "Você já me salvou, agora seu ponto de retorno será outro" (com outras palavras é claro, pra parecer mais complexo do que é), nada fica muito claro. Não da pra saber se o cara ta vivendo apenas dentro da própria mente, ou se de fato ta pulando pra outros mundos, ou se isso afeta apenas ele, ou todos os outros.

Apesar de que, a grande Descoberta em Vídeo é feita de outra pessoa em sua vida paralela. Assim como o Cientista também acaba vislumbrando sua própria vida alternativa quando se expõe a máquina. Pode tudo ser apenas algo da consciência dele, ou de fato uma ponte para um monte de realidades alternativas pós vida.

Mas, nada disso afeta de fato o mundo no qual os personagens vivem. Geral quer se matar, mas eles nem sabiam dessa segunda, terceira, infinidade de vidas. Mesmo após descobrirem (algo que ai sim poderia causar um monte de suicídios), o objetivo dos personagens é esconder essa verdade.

A ilógica da problemática retorna no fim pra nos fazer perceber que, o filme é bem perdidão.

É isso.

Esse artigo serve só pra registro mesmo... vai que um dia uso esse filme como referência pra algo né?!

Gente... to precisando muito assistir um found footage!

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2 Comentários

  1. Carai que filme doido man, pena que é furado pacas, esse negócio dos caras conseguirem rastrear impulsos elétricos ou atividade cerebral por meio de dados quânticos me deixou pensativo, fiquei pensando como isso seria possível...sendo que dados quânticos na verdade são os dados do núcleo dos átomos, e atividade cerebral é normalmente vista como os impulsos elétricos...

    Ok ok, isso não me parece muito plausível, meio que os caras botam quântico em tudo para parecer mais complexo, são basicamente as "lacunas quânticas"




    Mas não deixa de ser uma ideia dahora, e que dahora...



    Mas ainda é meio furada porque a ideia do filme se embasa no argumento de que ainda há atividades cerebrais após a morte, então é uma crença da coincidência materialista (sabe, sem aquela ideia de corpo e alma).
    Sendo assim, conciência é gerada pelo cérebro, o que de fato é verdade, mas ai o filme usa isso para levantar uma questão mais espiritual do que tudo:


    Vida após a morte.

    Estranho...no mínimo.



    Mas essa parada te faz questionar o mais louco possível, o filme trabalha a ideia de que o que vivemos é na verdade uma simulação, dentro de uma simulação, que por si só é outra simulação (lembrei daquele episódio do Rick and Morty)...






    Esse filme, quebrou a matrix.

    (""Não, eu quebrei"").

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    1. Cara, o pior é que ele realmente parece mó filme cabeça, mas na prática, é mó bobinho.

      No entanto, ele faz pensar em algumas coisas que, ele próprio não aproveita bem, e no fim, isso gera uma boa experiência.

      Queria ver uma versão boa dele kkk, provavelmente seria épico.

      Excluir

Obrigado de mais por comentar, isso me estimula a continuar.

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